'Cidade'google novibetcemitério no Cairo resiste às mudanças do Egito:google novibet
A história da Cidade dos Mortos, como o Al Qarafa é conhecido, datagoogle novibet642 a.C. A ocupação começou há quase um século. Não se sabe ao certo quantos moram aqui – as estimativas variamgoogle novibet10 mil ao exagerado meio milhão, que incluiria também moradores dos prédios erguidos ao redor do cemitério, ausentegoogle novibetmuros ou grades.
Os túmulos são praticamente pequenas casas, com portões e grandes jardins, conforme dita a tradição localgoogle novibetreverenciar os mortos – antigamente, familiares passavam semanasgoogle novibetluto dentro dos mausoléus, que têm quartos e banheiros.
Lado a lado, as pequenas "casas" formam uma imagem parecida a um vilarejo do interior: as ruas estreitas e sem asfalto, os balcões improvisados com salgadinhos e refrigerante vendidos nas janelas e vizinhos papeando nas calçadas. Todos parecem se conhecer pelo nome.
Basta alguns minutos para se ver que pouco mudou aqui nos últimos três anos, quando quase tudo parece ter mudado no Egito. A política parece distantegoogle novibetAl Qarafa –google novibetnenhuma das casas ou ruas, por exemplo, havia cartazes do chefe militar e candidato presidencial Abdel Fattah al-Sisi, que se multiplicaram pelas ruas do Cairo.
Quando perguntados sobre ele, residentes desconversavam. Amor ao Exército ou ódio à Irmandade Muçulmana, sentimentos que dão à tônica ao Egito atual, sequer foram discutidos. Al Qarafa parece viver uma realidade paralela, na qual o caosgoogle novibetfora é simplesmente ignorado.
"Aqui é melhor do que lá fora", diz Mustafa, que como outros moradores prefere dar apenas o primeiro nome e não se deixar fotografar.
Tão perto, tão longe
Crianças jogam bola por todas as partes e dividem as ruas com dezenasgoogle novibetcachorros e gatos. Homens dedicam horas sentados fumando narguilé. Há um cheiro no ar,google novibetpilhasgoogle novibetentulho e lixo acumuladasgoogle novibetalgumas esquinas.
O silênciogoogle novibetAl Qarafa é um contraste ao barulho das buzinas da movimentada estrada que passa num dos limites do cemitério, que se estende por maisgoogle novibetseis quilômetros. A proximidade com o centro do Cairo permite com que muitos trabalhem fora e só retornem à noite.
Há uma demanda grande por moradias no local, que se deve, principalmente, à migraçãogoogle novibetegípciosgoogle novibetáreas rurais do interior ao Cairo, megalópolegoogle novibet18 milhõesgoogle novibethabitantes. Com o alto custogoogle novibetresidências na capital, os jazigos se tornaram a escolhagoogle novibetmuitas famílias, que preferiram morar entre os mortos a viver nas populosas favelas.
"Eles estão bem melhores aqui do quegoogle novibetqualquer outra casa que encontrariamgoogle novibetoutras áreas... como as favelas", disse a socióloga Madiha El-Safty, da Universidade Americana do Cairo (AUC na sigla inglesa). "E as pessoas não saem porque é caro."
Hassem chegou há 30 anos, aos 5google novibetidade. Trabalha como mecânico numa pequena oficina improvisada no meio da rua. A inflação e o desemprego crescentes têm feito com que mais famílias procurem o cemitériogoogle novibetbuscagoogle novibetmoradia, diz ele.
A imprensa local diz que criminosos estariam aproveitando as ruas escuras e desertas para vender armas e drogas - o que teria aumentado os níveisgoogle novibetcriminalidade na região.
Hassem, no entanto, desconversa. "Não tem nenhum problema, não tem crime. É sossegado. Todos se conhecem. Se alguém fizer alguma coisagoogle novibeterrado...", diz ele, fazendo um gesto com o dedo indicador no pescoço.
Nem todos são tão amigáveis. Muitos moradores fecharam as portas ao notar a presençagoogle novibetestranhos. Outros interromperam a conversa ao saberem que falavam com um jornalista, o que se tornou corriqueiro no Egito atual.
Inglês é falado apenas por alguns mais jovens, que parecem mais acostumados com a visitagoogle novibetestrangeiros – o cemitério tornou-se atração para turistas e fontegoogle novibetrenda para moradores. "American? American?", grita Mahmoud,google novibet23 anos, ao reconhecer à distância alguémgoogle novibetfora. "Quer ver minha casa? 5 libras. Só 5 libras", diz.
Ignorando as mudanças
Os portões entreabertos revelam varais com roupas para todos os tamanhos e idades. Entre um deles, vê-se Saleh,google novibet55 anos, alimentando as cabras que são mantidasgoogle novibetum cercado. Tudo dentro do jazigo. Ele chegou aqui ainda criança, conheceugoogle novibetesposa, casou e tem dois filhos, Samirgoogle novibet13 anos, e Mohamed,google novibet8,google novibetmais uma das históriasgoogle novibetromance que se passam dentro do cemitério.
Ele exibe orgulhoso o cômodogoogle novibetque vivem, onde pedaçosgoogle novibetlençóis amarrados no teto criam divisórias entre quartos, sala e cozinha. Diz-se feliz, mas deixaria Al Qarafa se pudesse.
A retiradagoogle novibetmoradores começou a ser desenhada por autoridades antes da revoluçãogoogle novibet2011, mas o plano parece ter sido abandonado com a instabilidade dos últimos anos. "O governo afastou-se do problema pela faltagoogle novibetuma alternativa. Você não pode simplesmente despejá-los", disse Madiha, da AUC.
Segundo Saleh, representantes do governo visitaram o cemitério oferecendo novas moradias, geralmentegoogle novibetbairros afastados no subúrbio do Cairo. "Eles nos ofereceram casa, mas nunca retornaram. Claro que se eles me derem a chancegoogle novibetmorargoogle novibetoutro lugar, eu irei", diz. "Mas sou agradecido por ter este lugar para morar... Esta é a minha vida e eu a amo".
Os protestos que se tornaram parte do cotidiano do Egito passam longegoogle novibetAl Qarafa e alguns moradores disseram simplesmente ignorá-los – um sinalgoogle novibetque as mudanças que acontecem no Egito, por enquanto, ainda não chegaram aqui.