No Egitocódigo bônus estrela betconflito, a 'guerra' também é midiática:código bônus estrela bet

Quase toda a imprensa egípcia se alinhou com o discurso do governo e dos militares

Crédito, Hugo Bachega

Legenda da foto, Quase toda a imprensa egípcia se alinhou com o discurso do governo e dos militares
  • Author, Hugo Bachega
  • Role, Do Cairo para a BBC Brasil

código bônus estrela bet A música tem um tom pesado, com um toquecódigo bônus estrela betterror e suspense. As cores são fortes e as imagens mostram carroscódigo bônus estrela betchamas, fumaça e forçascódigo bônus estrela betsegurançacódigo bônus estrela betação. Em um dos canais da TV egípcia, está no ar a cobertura Egito luta contra o terrorismo código bônus estrela bet .

No estúdio, os apresentadores têm o semblante fechado e convidados erguem o dedo e a voz para serem ouvidos, beirando a histeria. A tela se dividecódigo bônus estrela betvárias – ora mostrando ruas cheiascódigo bônus estrela betmanifestantes ora exibindo-as vazias após ação da polícia.

A tensão das ruas contaminou a televisão egípcia, já conhecida pelo baixo apego a teoriascódigo bônus estrela betimparcialidade. E a narrativa é uma só: a favor do governo. Veículos que eram favoráveis à Irmandade Muçulmana foram fechados logo após a deposição do ex-presidente Mohammed Morsi,código bônus estrela betjulho do ano passado – inclusive o canal local da rede Al-Jazeera, chamadocódigo bônus estrela betMubasher ("direto",código bônus estrela betárabe), que se mantém no ar realizando transmissões a partircódigo bônus estrela betsua sede, no Catar.

A televisão foi tomada por discursos e vídeos patrióticos, exaltando o Exército e o chefe das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi, que foi transformadocódigo bônus estrela betherói no país com ampla ajuda das emissorascódigo bônus estrela betTV, única fontecódigo bônus estrela betinformação para milhõescódigo bônus estrela betegípcios.

O discurso homogêneo ficou escancarado nos dias que antecederam o referendo à Constituição, realizado nesta semana e cuja aprovação deverá ser por uma grande maioria, sem nenhuma surpresa.

A forte campanha pelo "sim" que havia tomado as ruas migrou para as telas, com apresentadores atuando como militantes e opiniões discordantes sendo criticadas no ar. Um canal privado dizia que o voto afirmativo significaria o fim da Irmandade, grupocódigo bônus estrela betMorsi. Em outra emissora, telespectadores eram convidados a explicarem os motivos pelos quais aprovariam a nova Carta.

Uma mãe teria denunciado o próprio filho à polícia por ele pertencer a um grupo crítico ao Exército e à Constituição, após ter assistido a um programa na TV que descreveu este movimento como "traidor", informou um jornal online local.

"A imprensa deliberadamente não conseguiu cumprir seu papel", disse o Instituto do Cairo para Estudoscódigo bônus estrela betDireitos Humanos, que monitorou a imprensa local durante o referendo. Para o grupo, a mídia egípcia teve uma "cobertura propagandística", ausentecódigo bônus estrela bet"todas as normas e princípios profissionais".

Pôstercódigo bônus estrela betSisi durante demonstração no Cairo: a imprensa local apoia general

Crédito, Hugo Bachega

Legenda da foto, Pôstercódigo bônus estrela betSisi durante demonstração no Cairo: a imprensa local apoia general

"A mídia tornou-se uma campanhacódigo bônus estrela betmobilizaçãocódigo bônus estrela betuma nota só, com o único tom dissonante oferecido pela Al-Jazeera Mubasher Egito. No entanto, (ela) também não foi capazcódigo bônus estrela betfornecer uma cobertura profissional imparcial do processo", disse o relatório.

Do amor ao ódio à Al Jazeera

Discordar da linha oficial é quase proibido no Egito nestes dias. O diretorcódigo bônus estrela betum canal estatal foi afastado neste mês após a emissora exibir, por oito minutos, um documentário favorável a Morsi, cuja Irmandade foi considerada uma "organização terrorista" pelas autoridades, termo rapidamente adotado por grande parte da imprensa.

Alémcódigo bônus estrela bettoda a liderança do grupo ter sido presa, opositores que fizeram campanha pelo "não" no referendo desta semana também foram detidos, mesmo destinocódigo bônus estrela betrenomados ativistas egípcios críticos ao governo.

Mas é a Al-Jazeera que tem sido o principal alvo das autoridades. A rede, que causou a ira coletivacódigo bônus estrela betegípcios ao chamar a ação do Exércitocódigo bônus estrela bet"golpe", é vista como simpatizante à Irmandade. Ironicamente, o mesmo canal era idolatrado por manifestantes há três anos, porcódigo bônus estrela betcobertura das revoltas no mundo árabe.

A emissora teve seus escritórios no Egito fechados e cincocódigo bônus estrela betseus jornalistas continuam presos - dois deles há cinco meses. Os outros três, ligados ao canalcódigo bônus estrela betinglês da emissora, foram detidos enquanto trabalhavamcódigo bônus estrela betum hotel no Cairo e podem enfrentar acusaçõescódigo bônus estrela betenvolvimento com organização terrorista e ameaça à segurança nacional. No ano passado, outra equipe havia sido presa e deportada enquanto trabalhava na capital egípcia.

Críticos dizem que o canal local da rede exagera emcódigo bônus estrela betcobertura, inflando a participaçãocódigo bônus estrela betmanifestantescódigo bônus estrela betatos contra o governo oucódigo bônus estrela betseu discurso a favor da Irmandade.

Cartaz do presidente deposto Morsi, cujo partido foi considerado 'terrorista'

Crédito, Hugo Bachega

Legenda da foto, Cartaz do presidente deposto Morsi, cujo partido foi considerado 'terrorista'

"A Al-Jazeera Mubasher realmente tem sido a voz da Irmandade Muçulmana. Tudo é tendencioso, daí reação à cobertura. Isso não significa que seja uma boa ideia colocar jornalistas na cadeia", disse a professora Naila Hamdy, do Departamentocódigo bônus estrela betJornalismo e Comunicações da Universidade Americana no Cairo.

Durante a cobertura do referendo, cinegrafista que trabalhava para a agênciacódigo bônus estrela betnotícias Associated Press, foi detido enquanto retransmitia imagenscódigo bônus estrela betuma sessãocódigo bônus estrela betvotação no Cairo. O mesmo vídeo estava sendo televisionado, ao vivo, pela Al-Jazeera egípcia, o que levou autoridades à conclusãocódigo bônus estrela betque ele era empregado da emissora do Catar, informou a AP.

Câmera vista como ameaça

Não são apenas jornalistas da Al-Jazeera que se tornaram alvo no Egito. Correspondentes e fotógrafos estrangeiros relatam detenções ou questionamentoscódigo bônus estrela betautoridades quase diários enquanto trabalham no país.

A situação piorou após a ação das forçascódigo bônus estrela betsegurança que matou centenascódigo bônus estrela betpartidárioscódigo bônus estrela betMorsi,código bônus estrela betagosto do ano passado, quando a imprensa internacional passou a ser acusada por autoridadescódigo bônus estrela betser simpática à Irmandade – tese que foi amplamente acolhida por egípcios, que se tornaram apáticos à atuaçãocódigo bônus estrela betrepórteres estrangeiros.

Poucos casos revelam a atual relação das autoridades com a imprensa do que um revelado pela revista The Economist, e que virou motivocódigo bônus estrela betchacota na internet: uma equipecódigo bônus estrela betrelações públicascódigo bônus estrela betWashington foi contratada pelo governo para melhorar a imagem do Egito e enviou uma equipe para fazer gravações no país. O grupo, no entanto, foi detido horas depoiscódigo bônus estrela betiniciar seus trabalhos no Cairo.

Um fotógrafo estrangeirocódigo bônus estrela betum jornal local foi ao Twitter desabafar após ter seu material revistado sucessivas vezes ao trabalhar na emblemática praça Tahrir, no centro do Cairo: "Algo está errado quando uma câmeracódigo bônus estrela betuma praça da cidade é tida como tão perigosa quanto uma arma".