Conservação e 'economia verde' são legadoseurowin loginMendes:eurowin login

Fazenda Capatará. Foto: Fábio Pontes/ BBC Brasil
Legenda da foto, Acre deixoueurowin loginliderar o desmatamento da Amazônia, mas grande parte da mata virou pasto

Indo para o outro lado do Acre, na parte mais ocidental da Amazônia brasileira, o impacto do agronegócio é bem menor.

O isolamentoeurowin loginquase 40 anos da região por conta da estrada sem pavimentação é apontado como uma das razões para a baixa ação humana. É nela onde se concentram 88% da cobertura florestal acriana.

Educação

Para Ângela Mendes, filhaeurowin loginChico Mendes, a luta do líder seringueiro contra a destruição da floresta é um dos principais motivos para o Estado ainda contar com uma ampla floresta intacta.

"Graças ao empenhoeurowin loginmeu paieurowin loginchamar a atenção do mundo para o que acontecia na Amazônia, o Acre tem 46%eurowin loginseu território protegido por unidadeseurowin loginconservação", comenta ela. "Saltamos dos maiores desmatadores do Brasil para sermos, 25 anos depois, o menor", compara.

Entre florestas públicas, parques, reservas e terras indígenas, o Estado possui 16 milhõeseurowin loginhectares como áreas naturais protegidas.

Para evitar mais desmatamento e o avanço do agronegócio, o Acre iniciou,eurowin login1999, no governoeurowin loginJorge Viana (PT), uma política econômica que tinha como foco a exploração sustentável das riquezas naturais, visando colocareurowin loginprática as ideias defendidas por Chico Mendes.

Ângela Mendes acredita que os avanços na educação dos povos da floresta são um dos resultados positivos da política.

Famíliaeurowin loginagricultores. Foto: Fábio Pontes/ BBC Brasil
Legenda da foto, Crianças têm mais acesso a escolas, mas mais educação pode acabar esvaziando meio rural

"Somente na reserva Chico Mendes temos 52 escolas, algumas até com o ensino médio. Em 25 anos foram maiseurowin login18 mil pessoas alfabetizadas. Se levarmoseurowin loginconsideração que até 1980 a grande maioria dos seringueiros e seus filhos era analfabeta, nós tivemos um grande avanço", diz.

Mas o economista da Universidade Federal do Acre (Ufac) Carlos Estevão observa que a alfabetização dos seringueiros produz o efeitoeurowin loginsaídaeurowin loginseus filhoseurowin logindentro da floresta.

"Como eles passaram a estudar mais, se qualificar, muitos não querem viver no seringal e vão para as cidades. É possíveleurowin loginalgumas décadas a floresta estar despovoada", analisa Estevão.

Recuperando o extrativismo

Do pontoeurowin loginvista econômico, nos últimos 15 anos, desde a chegada do PT ao governo do Acre, o Estado tentou ressuscitar a economia extrativista.

Uma das ações adotadas nesse sentido foi o manejo madeireiro com a concessãoeurowin logingrandes áreaseurowin loginfloresta para a exploraçãoeurowin loginmadeira por empresas privadas, alémeurowin loginoutros planoseurowin loginmanejo comunitário, feito pelos próprios moradores.

Com a borracha e a castanha-do-pará tendo pouca rentabilidade, o principal produto explorado passou a ser a madeira.

Númeroseurowin login2012 do IBGE apontam que o Acre produziu 647 mil metros cúbicoseurowin logintoras, com rendimentoeurowin loginR$ 47 milhões. A borracha, por outro lado, teve produçãoeurowin login327 toneladas, somando R$ 1,2 milhão. A madeira é o segundo produtoeurowin loginexportação do Estado, atrás somente da carneeurowin logingado.

No entanto, analistas questionam se a estratégia adotada pelo governo acrianoeurowin loginfato tem trazido benefícios para a maior parte dos moradores da floresta.

"Um reduzidíssimo grupoeurowin loginlideranças sindicais foi 'assimilada' pelo blocoeurowin loginpoder e obteve, sim, melhorias nas suas condiçõeseurowin loginvida via remunerações pela prestaçãoeurowin loginserviços", diz o sociólogo Elder Andradeeurowin loginPaula, que esteve ao ladoeurowin loginChico Mendeseurowin loginseu movimentoeurowin loginresistência.

"Todavia, para a grande maioria que necessita vivereurowin loginseu próprio trabalho nos campos e florestas, as carências fundamentais permanecem."

'Economia verde'

Amigoeurowin loginChico Mendes e governador do Acre entre 1999 e 2006, o hoje senador Jorge Viana (PT) reconhece que problemas ainda existem, mas "não se pode negar que mudanças significativas ocorreram na vida dos povos da floresta".

Viana considera que o conceitoeurowin loginfloresta como ativo econômico foi concebido a partir da bandeira do líder seringueiroeurowin logindefesa do extrativismo.

Para ele, o diferencial da militânciaeurowin loginChico não ocorreu só na defesa do "terra, pão e trabalho", mas pela necessidadeeurowin loginum desenvolvimento econômico diferenciado para a Amazônia.

"Até 1999, 100% da madeira explorada no Acre eraeurowin loginorigem ilegal. Agora 90% dela está certificada. Estamos dando valor à nossa riqueza natural, precisamos deixareurowin loginolhar a floresta como empecilho e vê-la com propulsor do desenvolvimento", diz o senador.

Outro sinaleurowin loginavanço da "economia verde" na terra do líder seringueiro é a vendaeurowin logincréditoseurowin logincarbono,eurowin logintroca da preservação da mata. Até o fimeurowin login2012, o Acre já tinha assegurado R$ 107 milhões.

Para Elder Andrade, contudo, estas políticas não resultaram na garantiaeurowin loginrenda para quem está dentro das reservas, e a maioria dos moradores da floresta são cadastrados nos programas assistenciais do governo, incluindo o Bolsa Família.

"Jorge Viana ofereceu migalhas com a mão esquerda e com a direita impulsionou a espoliaçãoeurowin loginlarga escala no Acre", afirma.