Ensinar os filhosbaixar blaze no celularcasa ganha força no Brasil e gera polêmica :baixar blaze no celular
- Author, Mariana Della Barba
- Role, Da BBC Brasilbaixar blaze no celularSão Paulo
baixar blaze no celular Uma nova batalha vem sendo travada dentro e especialmente fora das salasbaixar blaze no celularaula do Brasil. A polêmica girabaixar blaze no celulartorno da chamada educação domiciliar,baixar blaze no celularque famílias optam por ensinar seus filhos na própria casa e não na escola.
De um lado da trincheira estão pais que defendem o direitobaixar blaze no celulareles próprios - e não o Estado - decidirem como e onde os filhos serão educados. Ao se dizerem insatisfeitos com o sistema educacional do país, eles mostram aprovações dos filhosbaixar blaze no celularexames como o Enem para corroborar a eficácia da educação domiciliar.
No outro lado da disputa estão o governo e alguns juristas alegando que tirar uma criança da escola é ilegal, alémbaixar blaze no celularalguns educadores, que criticam a proposta, especialmente com argumentobaixar blaze no celularque essa prática colocaria as criançasbaixar blaze no celularuma bolha.
Mais sedimentadobaixar blaze no celularpaíses como os Estados Unidos, o homeschooling (como também é conhecido pela expressãobaixar blaze no celularinglês) vem ganhando fôlego no Brasil. Segundo a Aned (Associação Nacionalbaixar blaze no celularEducação Domiciliar), há mil famílias associadas no grupo. Mas Ricardo Iene, cofundador do órgão, calcula que, pela quantidadebaixar blaze no celulare-mails que recebe, sejam maisbaixar blaze no celular2 mil famílias educando seus filhosbaixar blaze no celularcasa no Brasil.
O movimento também está conquistando espaço na esfera política. No próximo dia 12, haverá uma audiência públicabaixar blaze no celularBrasília para discutir o tema, na Comissãobaixar blaze no celularEducação e Cultura da Câmara. Na pauta, estará também o Projetobaixar blaze no celularLei (PL) do deputado Lincoln Portela (PR-MG), que autoriza o ensino domiciliar.
Advogados da Aned veem na própria Constituição brechas que defendem o direito da famíliabaixar blaze no celulareducar seus filhos (veja box), mas a associação acredita que uma lei específica daria mais segurança aos pais que optam por esta modalidadebaixar blaze no celularensino.
Por quebaixar blaze no celularcasa?
"Quando meu filho tinha 7 anos, um garoto da escola, que tinha 10 anos, batia nele e o perseguia por causa do nosso sotaque baiano", conta Ricardo Iene, cofundador da Aned (Associação Nacionalbaixar blaze no celularEducação Domiciliar), que é natural da Bahia, mas morabaixar blaze no celularBelo Horizonte (MG) há cinco anos. "Também havia um garoto que ficava assediando milha filha."
"Fui várias vezes na escola, reclamar, conversar, tentar resolver esses problemas. Mas nunca adiantou."
O bullying foi um dos motivos que, há três anos, influenciou Ricardo a tirar da escola, Guilherme,baixar blaze no celular13 anos, e Lorena,baixar blaze no celular15 anos. Mas certamente não foi a única motivação. Tanto para o publicitário que vivebaixar blaze no celularBH como para outros pais ouvidos pela BBC, é sempre um conjuntobaixar blaze no celularfatores que o impulsionam a tomar essa decisão.
Mas um deles parece estar sempre presente: o desejobaixar blaze no celularestar mais envolvidos e presentes na criação dos filhos.
"Vemos crianças hojebaixar blaze no celulardia que entram na escola às 7 da manhã e ficam até bem depois das 17h ou 18h, porque elas ficam fazem balé, natação e várias outras atividades. Além da agenda cheia como abaixar blaze no celularum adulto dessas crianças, mal sobra tempo para o convívio familiar", diz M.L.C, mãebaixar blaze no celular4 filhos, todosbaixar blaze no celularhomeschool, que não quis se identificar por temorbaixar blaze no celularser denunciada.
Ricardo também sentia falta do envolvimentobaixar blaze no celularoutros pais quando frequentava as reuniões na escola dos filhos, tanto das instituições públicas como das particulares. "Muitos pais nem participavam. E aí, ficava ainda mais difícil melhorar a situação da escola."
Outro ponto que impulsionou o publicitário e outras famílias a optarem pelo homeschool é o fatobaixar blaze no celularnão concordarem com alguns valores morais passados na escola. Ricardo diz que ele e outros associados da Aned costumam se incomodar especialmente com a abordagembaixar blaze no celulartemas como sexo e homossexualidade.
Vivendobaixar blaze no celularuma bolha?
Mas se do lado dos pais praticantes da educação domiciliar só se ouve elogios do tipo "agora meu filho aprende e não apenas decora", do lado dos educadores, o que se vem são dúvidas e críticas. Muitas críticas.
"Se os pais estão insatisfeitos com a escola, há muitas outras alternativas antesbaixar blaze no celularse colocar o filhobaixar blaze no celularuma bolha", afirma a educadora Silvia Colello, professorabaixar blaze no celularPsicologia da Educação e outras disciplinas da Faculdadebaixar blaze no celularEducação da USP.
"Além do mais, qual a lição subliminar que se está passando ao filho ao tirá-lo da escola? Certamente algo como, diantebaixar blaze no celularum problema, basta resolver apenas a minha parte, salvar a própria pele, e o resto que se dane."
Para a educadora, os pais também erram ao acreditarem que com educação domiciliar estão protegendo seus filhos, por estarembaixar blaze no celularum ambiente amigável, sem bullying, sem competição. "Infelizmente, a vida não é assim. Mais cedo ou mais tarde, essa criança vai se deparar com a realidade. Vai começarbaixar blaze no celularum emprego, por exemplo, onde há competição, bullying, tudo isso."
Silvia também cita a importância da escola não apenas pelo conteúdo, mas também pela convivência que se tem com outras pessoas e o aprendizado que se tem com isso, seja na horabaixar blaze no celularse aprender a lidar com o outro,baixar blaze no celularaprender com os colegas, comparar seus trabalhos e até mesmobaixar blaze no celularlidar com brigas e desentendimentos. "Toda essa vivência é tão importante quanto português, matemática ou história", diz a educadora.
Os homeschoolers, no entanto, dizem que as crianças não vivembaixar blaze no celularuma bolha e têm essa convivência ao encontrarem amigos no clube, na praça, na igreja ou na casa deles e ao frequentarem atividades, como natação, fotografia e judô.
"Acho contraditório", afirma a educadora. "Se o problema é a perseguição na escola, não tem bullying na aulabaixar blaze no celularnatação?"
'Lutabaixar blaze no celulartodos'
A educadora Maria Celi Chaves Vasconcelos, da Universidade do Estado do Riobaixar blaze no celularJaneiro (UERJ) aponta um outro problema na prática da educação domiciliar no Brasilbaixar blaze no celularhoje: a faltabaixar blaze no celularfiscalização do Estado. Algo que foi reforçado durante a pesquisa para seu pós-doutorado, sobre o homeschooling e suas implicações hoje tanto no Brasil comobaixar blaze no celularPortugal.
"Diferentemente dos portugueses, que já conseguiram colocar todas as suas crianças na escola, nós ainda estamos caminhando para isso. Então, no momento, seria difícil conciliar sistemas diferentesbaixar blaze no celulareducação", diz.
"Como o governo conseguiria fiscalizar as criançasbaixar blaze no celulareducação domiciliar se ainda não faz issobaixar blaze no celularmaneira satisfatória nem com as próprias escolas públicas?" Segundo ela,baixar blaze no celularPortugal, as criançasbaixar blaze no celularhomeschools são registradas nós órgãos regionais e as autoridades fazem um acompanhamento da educação delas.
Ela vê aspectos positivos no método, como ensinamentos passados não apenasbaixar blaze no celularsalasbaixar blaze no celularaula, mas tambémbaixar blaze no celularlocais como museus e planetários. E acredita que escolha dos paisbaixar blaze no celularrelação à educação dos filhos seja algo inevitável no futuro, quando o Brasil atingir suas metas educacionais.
Enquanto isso, Silvia, a educadora da USP, também defende que essa opção é prejudicial ao projetobaixar blaze no celulareducação do país como um todo.
"É claro que a ensino no Brasil ainda está bem aquém do esperado, mas é preciso se ter uma frentebaixar blaze no celularluta e nãobaixar blaze no celularalienação. E essa luta não é só do Estado, mas também das escolas, dos pais, dos professores ebaixar blaze no celulartoda a sociedade."