Um mês depois, manifestantes avaliam legadopix bet365megaprotestos:pix bet365
- Author, Paula Adamo Idoeta
- Role, Da BBC Brasilpix bet365São Paulo
pix bet365 Denis se converteupix bet365uma liderança comunitária depoispix bet365organizar uma caminhada pacífica; Bruno diz que as coisas estão mudando, mesmo sem saber se para melhor ou pior. E Lucio avalia quepix bet365geração saiu da "sonolência" política.
Eles são alguns dos jovens que engrossaram as multidões que tomaram as ruas do país na ondapix bet365manifestações que se espalhou por todas as regiões do Brasil.
Exatamente um mês atrás,pix bet36517pix bet365junho, os protestos alcançaram diversas cidades brasileiras e culminaram com a tomada do teto do Congresso Nacional pelos manifestantespix bet365Brasília; poucos dias depois,pix bet36520pix bet365junho, a multidão que saiu para protestar foi estimadapix bet365maispix bet3651 milhãopix bet365pessoaspix bet365todo o país.
Mas até onde vai o impacto da mobilização vistapix bet365junho na vida dos jovens do país? E qual é o papel que eles veem para si nos rumos da política do país?
"Essa geração, que já é a maior parcela da população brasileira, assumiu um novo tipopix bet365protagonismo, e acho que isso é irreversível", opina à BBC Brasil o cientista político Paulo Baía, da UFRJ.
"Eles não têm a obrigaçãopix bet365serem gratos pelo fim da hiperinflação como a geração anterior. Demandam reconhecimento, respeito, participação no processo decisório", diz Baía.
"Mas as instituições comuns não os representam neste momento. São pessoas que sabem o que não querem e estão abertas a possibilidades" - mesmo que essas possibilidades ainda não estejam totalmente claras, acrescenta o acadêmico.
A BBC Brasil conversou com cinco jovenspix bet365diferentes perfis e grauspix bet365militância política,pix bet365São Paulo, Riopix bet365Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, e perguntou como os protestos mudaram suas expectativaspix bet365relação ao país - bem como suas próprias vidas. Confira:
Denis, do RJ: 'Estou respirando política'
A ondapix bet365protestos acabou transformando Denis da Costa Neves,pix bet36527 anos,pix bet365uma liderança na favela da Rocinha (RJ), onde mora.
"Fui nos dois primeiros protestos (de 17 e 18pix bet365junho), no Centro do Rio, mas depois resolvi fazer algo diferente: um protesto com a pauta (das reivindicações) da Rocinha", diz o estudantepix bet365Design na PUC-RJ.
Da ideia saiu a caminhada que levou milharespix bet365pessoas da Rocinha a um protesto diante da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon,pix bet36525pix bet365junho. "Com amigos, criei o evento no Facebook e fiquei surpreso quando 2 mil confirmaram presença. Quando a favela desce pro asfalto o pessoal acha que vai dar problema, mas a caminhada foi pacífica", conta.
O grupo conseguiu se reunir com Cabral e com o prefeito Eduardo Paes, levando demandas específicas: "O principal é o dinheiro do PAC (Programapix bet365Aceleração do Crescimento), do qual um terço é previsto para ser gasto com um teleférico. A comunidade se divide quanto a se quer o teleférico, mas é unânimepix bet365uma coisa: temos outras prioridades, como saneamento, saúde", conta.
Denis conta que Cabral se comprometeu a finalizar obras do PAC 1, que ele diz estarem paralisadas, antespix bet365debater o teleférico. Outro passo concreto foi a criaçãopix bet365uma comissãopix bet365fiscalização das obras, formada pelos próprios moradores da Rocinha.
"Valeu a pena protestar, porque estamos conseguindo ser consultados, mas estamospix bet365olho", prossegue Denis, que se diz neófito no jogo da política.
"Passei a receber telefonemapix bet365deputados, sofri pressão política enorme, foi muita exposição e minha mãe ficou até preocupada. Mas quero me manter apartidário. Estamos aprendendo a quem recorrer (no casopix bet365demandas populares), com quem conversar."
Denis diz que no momento tem "respirado política", mas não pensapix bet365virar candidato e mantém seus planospix bet365trabalhar na áreapix bet365jogos eletrônicos. Ao mesmo tempo, suas perspectivas quanto ao Brasil mudaram.
"Antes dos protestos, não imaginava que isso pudesse acontecer. As pessoas veem os brasileiros como um povo acomodado, então dá orgulhopix bet365lutar pelos nossos direitos."
Bruno,pix bet365BH: 'Não sei se melhorou, mas algo mudou'
O educador e jornalista Bruno Vieira, 27,pix bet365Belo Horizonte, se descreve como um "militantepix bet365movimentos, mas nãopix bet365partidos" desde 2010. Participou dos protestospix bet365junho com seus colegas do coletivo jornalístico Conexão Periférica e, desde então, vê mudanças no dia a dia da capital mineira.
"Eu já vivia próximopix bet365pessoas politizadas, mas vejo agora rostos novos (participando das discussões), o que me faz crer que era gente que não tinha interesse por política antes disso", diz.
"Isso não quer dizer que aumentou o diálogo", agrega, opinando que o prefeitopix bet365Belo Horizonte, Marcio Lacerda, tem se mostrado "inacessível" às demandas populacionais.
"Não sei se melhorou, mas algo mudou. As pessoas estão se posicionando mais. Não sei avaliar se é certo ou errado, mas é algo real."
Um avanço concreto, segundo ele, é o estabelecimentopix bet365"assembleias populares horizontais", grupos cidadãos constituídos após os protestos e que continuam se reunindopix bet365Belo Horizonte.
"Havia movimentos dispersos que, com os protestos, encontraram pautaspix bet365comum, como meio ambiente ou o passe livre no transporte. Isso abriu um campopix bet365discussão entre pessoas que já eram militantes mas não se conheciam entre si, ou mesmo entre não-militantes."
Lucio, do RJ: 'Minha geração se redimiu'
A primeira participaçãopix bet365Lucio Amorim, 29, nos protestospix bet365junho foi com uma foto que ele fez da janelapix bet365seu escritório, mostrando a av. Rio Branco, no Riopix bet365Janeiro, completamente tomada por manifestantes,pix bet36517pix bet365junho. A imagem foi compartilhada 28 mil vezes no Facebook.
Depois, ele também foi para as ruas participar dos protestos seguintes – os quais, segundo ele, "redimirampix bet365geração", por tirá-la da inércia política.
"Soupix bet365uma geração que pegou o fim da década perdida (anos 1980) da hiperinflação, mas minha realidade foi a do plano real. A gente cresceu com grande liberdade social e estabilidade, eu comecei a votar aos 16 anos. Criou-se uma certa sonolência", opina o jovem, que é consultorpix bet365marketing.
"Tive sortepix bet365me conscientizar (politicamente) ao estudarpix bet365escola federal, mas muitos não. Os protestos oferecem a realidade das ruas, e até quem não tinha acesso à informação viu que a coisa é importante. Então, acho que a grande vitória dos protestos é simplesmente o fatopix bet365eles terem acontecido."
Ele acha que até o atopix bet365compartilhar mensagens no Facebook tem ampliado a consciência política das pessoas, mesmo que mudanças concretas demorem mais para acontecer.
"Dizer apenas 'a culpa é (da presidente) Dilma' não adianta, temos que entender quem manda no quê (na política). E as pessoas começaram a entender o que é uma PEC (propostapix bet365emenda constitucional), a saber o que faz o STF (Supremo Tribunal Federal)."
Maitê,pix bet365SP: 'Foi bacana ver tanta gente se mexer'
Os protestospix bet365junho foram os primeirospix bet365que a paulistana Maitê Peres, 21, participou empix bet365vida.
"Sempre fui do lado do PT, e minha mãe foi uma cara-pintada na época do (impeachment do ex-presidente Fernando) Collor, mas até então eu nunca havia sido muito ligadapix bet365política", diz a redatora publicitária. "Achei bacana ver tanta gente se mexer."
Maitê se diz "mais otimista", passado um mês desde que saiu às ruas para participar dos protestos.
"Era tanta gente querendo mostrar que estavapix bet365saco cheio. Todo o mundo viu que as pessoas estão se preocupando. Até mesmo pessoas (amigas) que eu nunca imaginei estão discutindo política."
Maitê diz que se acha "mais atenta" às decisões sendo tomadaspix bet365Brasília para dar respostas aos manifestantes, mas reclama mais conscientização popular.
"Tem muita gente que ainda vota por brincadeira, como os que votaram (no deputado) Tiririca porque era engraçado. (As mudanças) têm que partir dos cidadãos. Mas pelo menos muita gente passou a se interessar por coisas como as PECs (propostaspix bet365emenda constitucionais), mesmo que seja compartilhando pelo Facebook."
Maria Claudia,pix bet365Brasília: 'Ainda é tudo meio incipiente'
A administradora Maria Claudia Nunes Pinheiro, 31, participou dos protestospix bet365Recife, onde nasceu, epix bet365Brasília, onde mora.
"Não foram meus primeiros protestos na vida, mas foram os mais relevantes", diz ela. "Faço há muito tempo trabalhos sociais no meu Estado, Pernambuco, e sei exatamente onde a corrupção estoura. Então não saípix bet365casa por 'modinha', mas porque vi uma oportunidadepix bet365mudanças reais."
Essas mudanças reais, porém, por enquanto foram muito "imediatistas". "A (presidente) Dilma parou para responder os protestos, a PEC (propostapix bet365emenda constitucional) 37 caiu. Talvez tenhamos avanços na questão do uso (por autoridades) dos aviões da FAB. É um momentopix bet365que as coisas estão aflorando, mas é tudo meio incipiente ainda."
Maria Claudia vê "força e bons argumentos" entre os manifestantes, mas avalia que faltam "liderança e foco" – e mais consciência política.
"Algumas pessoas estão mais atentas à política, mas são nichos. Tenho amigos aquipix bet365Brasília que estão pouco preocupados, porque já foram aprovadospix bet365seus concursos, vivempix bet365seus mundos e essa luta não é muito a deles."
Questionada se voltaria às ruas para novas manifestações como aspix bet365junho, diz que "certamente".
"Estamos num momento importante, no ano que vem temos eleições. É a chancepix bet365mudarmos."