Governo argentino causa polêmica ao remover estátuaColombo:
- Author, Marcia Carmo
- Role, Para a BBC Brasil,Buenos Aires
O governo da presidente Cristina Kirchner mandou retirar, no último sábado, a estátuaCristóvão Colomboseu pedestal no pátio da Casa Rosada - a sede da Presidência da Argentina. A determinação causou atrito com o governo municipalBuenos Aires, por ter ocorrido sem aprovação da CâmaraVereadores.
A estátua tem 60 toneladas e seis metrosaltura. Segundo o governo da cidadeBuenos Aires, ela foi um presente dos italianos entregue ao município1921.
O monumento seria levado para o balneárioMar del Plata, a quatrocentros quilômetros da capital argentina, mas, segundo a imprensa local, também "há resistênciarecebê-lo".
No lugar do descobridor da América, no pátio da Presidência, a intenção do governoCristina seria colocar uma estátua da libertadora boliviana Juana Azurduy – figura histórica que participoucampanhas militares contra forças espanholas na região do rio da Prata, no século XIX.
Diante da polêmica que a iniciativaremover a estátuaColombo gerou, o secretário da Presidência Oscar Parrilli disse à imprensa, nesta segunda-feira: "Talvez alguns preferissem ter (no lugarColombo) a estátua da rainha da Inglaterra".
Nos últimos dias, os governos da Argentina e da cidadeBuenos Aires mostraram publicamente suas diferençasrelação à estátua eremovê-laonde estava há décadas.
A decisãotirar a estátua do local era esperada há dias, mas surpreendeu os argentinos por ter sido cumprida no fimsemana e sem aviso prévio.
"Primeiro não poderiam ter tirado a estátua do pedestal, segundo há uma ordem judicial que impede que ela seja removida e terceiro fizeram isso sem avisar a ninguém. Daqui a pouco vão querer mexer também com o Obelisco”, disse o chefe da Casa Civil do governo da cidadeBuenos Aires, Horário Rodríguez Larreta.
O governo municipal argumenta que o monumento pertence à cidade, que também é capital federal da Argentina. Para tocar na estátua – mesmo para restauração – o governo federal precisaria da aprovação da CâmaraVereadores local.
Nova estátua
'Estamos fazendo tudo direito e nossa intenção é restaurá-la", disse Parrilli. Recentemente, ele disse que a presidente Cristina Kirchner "considera mais apropriado ter uma imagem da heroína da independência que a imagemColombo".
Segundo o jornal La Nación, a estátutaJuana Azurduy será maior que aColombo, com dez metrosaltura, e custaria US$ 1 milhão ( R$ 2,2 milhões) "enviados pelo governo boliviano".
Em uma homenagem póstuma, Cristina promoveu Azurduy a general do Exército argentino. Ela e o presidente boliviano Evo Morales também já realizaram cerimôniashomenagem à libertadora, na Bolívia. Cristina mandou ainda rebatizarem o Salão Colón (Slão Colombo), da Casa Rosada, como o nomeSalão dos Povo Originários.
Os principais sitesnoticias do país publicaram, nesta segunda-feira, que o governoCristina já teria gastado "pelo menos US$ 84 mil (R$ 184 mil)" na contratação das gruas usadas para descer a estátuaseu pedestal.
A polêmica foi um dos principais temas na rede social Twitter, entre os argentinos, no fimsemana. Os que estavam a favor da remoção criaram o hashtag 'chaucolon' ('tchau Colombo'). Um dos usuários da rede social escreveu: "O pensamento eurocêntrico é algo para se combater. O monumentoColombo não deve ser transladado, deve ser eliminado", escreveu.
Já a internauta 'Sievitaviviera' escreveu "Colombo, fique tranquilo, que vamos te buscar onde te levarem",defesa da permanência do monumentoBuenos Aires.
Dario Signorini, da FederaçãoItalianos na Argentina, disse que "não é um monumento qualquer, é histórico e foi pago por todos os italianos que moravam na Argentinaagradecimento ao país". Nesta segunda, a estátuaColombo continuava deitada no chão -meio as disputas políticas.