Objetivos e abordagem das ONGs seduzem doadores no Brasil:2 0 beta hcg

Claudia Stocco. Crédito: Rafael Gomez/BBC Brasil
Legenda da foto, Claudia diz que decidiu doar devido à causa da ONG e à abordagem na rua

Um dos três agentes trabalhando2 0 beta hcgfrente à estação, Daniel Henrique Coutinho, diz que aborda cerca2 0 beta hcg200 pessoas por dia. "Param para conversar entre 50 e 100 e, dessas, geralmente só umas três topam doar. Muitos são desconfiados", explica.

"Mas hoje, tivemos muita sorte. Já fizemos dez cadastros!", comemora, antes2 0 beta hcgpartir para mais uma abordagem.

Identificação

O chamado face to face, ou a abordagem direta nas ruas, tem sido uma arma cada vez mais comum das ONGs internacionais que atuam no Brasil na hora2 0 beta hcgbuscar novos doadores nas grandes cidades brasileiras.

Algumas ONGs, como é o caso da Fundação Abrinq - Save the Children, tem usado com frequência esse tipo2 0 beta hcgestratégia. Outras, como propagandas na TV, telemarketing e a mensagens pela internet também têm sido empregadas pelas organizações nessa "caça" aos doadores.

Ouvidos pela BBC Brasil, pessoas que doam regularmente para ONGs internacionais são unânimes2 0 beta hcgafirmar que o que as motiva é acima2 0 beta hcgtudo uma identificação com o projeto da organização.

Gustavo Thron, que trabalha como coordenador2 0 beta hcgprecificação, destina cerca2 0 beta hcgR$ 55 por mês à ONG Kiva, que descobriu2 0 beta hcgum vídeo que assistiu na internet.

A ONG utiliza o dinheiro que capta para realizar empréstimos sem juros a pessoas carentes2 0 beta hcgvários países. Depois2 0 beta hcgalgum tempo, o credor devolve o dinheiro ao doador, que pode então doá-lo novamente para outra pessoa se quiser.

Gustavo Thron. Crédito: arquivo pessoal
Legenda da foto, Para Thron, a ONG Kiva faz 'segundo passo' com pessoas que recebem o dinheiro

Ele diz que a proposta da Kiva o atraiu porque ela possibilita aos que recebem o dinheiro "ganhar autoconfiança e desenvolver2 0 beta hcgautonomia financeira e emocional". "Acredito que existem muitas ONGs fazendo o trabalho2 0 beta hcgbase e uma quantidade menor delas ajudando neste 'segundo passo'", explica.

De forma semelhante, Gabriela Bini, uma agente2 0 beta hcgviagens que colabora regularmente com o Greenpeace e a ONG Médicos sem Fronteiras, diz que o que a motiva é perceber que as organizações que ajuda têm um impacto positivo.

"Às vezes vejo pessoas do Greenpeace falarem nos jornais sobre problemas ambientais, e comentários2 0 beta hcgalguém da Médicos Sem Fronteiras sobre crises na África ou Haiti e percebo que contribuo para organizações que fazem a diferença," diz.

Abordagem

Um outro fator citado pelos doadores para contribuir é simplesmente o destino.

Gabriela disse que começou a dar dinheiro ao Greenpeace porque conhecia uma pessoa que trabalhava para a organização, e para a Médicos sem Fronteiras porque2 0 beta hcgfilha é doadora e a convenceu a fazer o mesmo.

Doadora do WWF desde 2010, a internacionalista Natália Muto lembra que o momento2 0 beta hcgque foi abordada por um agente da ONG teve importância crucial na2 0 beta hcgdecisão2 0 beta hcgajudar.

"Na época (em 2010) eu estava com essa vontade2 0 beta hcgajudar,2 0 beta hcgme envolver mais com o meio ambiente. E bem nesse momento, essa pessoa me abordou na rua. Foi a circunstância. Foi uma combinação2 0 beta hcgduas coisas, a vontade2 0 beta hcgajudar e a pessoa me abordar", explica.

Igualmente importante nesse tipo2 0 beta hcgsituação é a capacidade do representante da ONG2 0 beta hcg"vender" a organização, como sustenta Claudia Stocco.

"A pessoa que está abordando precisa ser informada e te passar as informações, e você precisa sentir uma segurança, porque você acaba passando seus dados pessoais."

Internacional x brasileira

A segurança é uma preocupação recorrente dos doadores, e muitos confessam enxergar o fato2 0 beta hcgas ONG com as quais contribuem serem internacionais como uma garantia2 0 beta hcgque seu dinheiro será bem utilizado.

"O fato2 0 beta hcgser uma ONG estrangeira me dá a tranquilidade2 0 beta hcgque ela vai ser auditada e estará sendo observada por jornalistas do mundo todo", diz Gustavo Thron.

Natália Muto. Crédito: arquivo pessoal
Legenda da foto, Natália acredita que ONGs internacionais são mais organizadas

Por2 0 beta hcgvez, Gabriela Bini e Natália Muto acreditam que muitas ONGs sem raízes no exterior ainda não operam com a mesma eficiência das internacionais.

"Creio que falta estrutura às ONGs nacionais para fazer o trabalho que as ONGs internacionais fazem, até mesmo2 0 beta hcgcaptação2 0 beta hcgdoações. Há exceções", diz Gabriela.

Para Natália, "tem muita ONG que não está fazendo nada, fica se matando para sobreviver e o trabalho não tem impacto". "Eu procurei uma organização que eu sei que é consolidada,2 0 beta hcgque acredito que meu dinheiro está sendo bem utilizado."

'Cultura acomodada'

Mas nem todos compartilham dessa visão. A arquiteta Claudia2 0 beta hcgPaula colabora com ONGs nacionais, mas não internacionais.

Ela diz se incomodar com o fato de, segundo ela, o trabalho dessas organizações não "acontecer bem2 0 beta hcgfrente"2 0 beta hcgseus olhos.

"Prefiro muito mais ajudar a campanha2 0 beta hcgarrecadação financeira para compra2 0 beta hcgbrinquedos do Dia das Crianças da igreja que minha mãe frequenta do que depositar para a WWF, pois eu posso ir até a igreja ver os brinquedos", diz.

Claudia também acredita que as ONGs internacionais podem criar condições para uma "cultura acomodada do 'eu deposito R$ 50 por mês para o Greenpeace e estou ajudando a salvar o planeta'.

"Ajudar estas ONGs é para aqueles que querem 'ajudar o planeta' e não sabem como - por isso essas ONGs são importantes, pois elas são uma 'porta2 0 beta hcgentrada' para muitas pessoas que, por exemplo, são alienadas do 3° setor. Elas também são importantes para quem quer atuar profissionalmente como ativista e mesmo para quem quer se engajar mais fortemente numa causa", completa Claudia.