Lucas Mendes: Indignados e indignos:betano é segura
Entre os protestos brasileiros e espanhóis há uma grande diferença. Na indignação deles não apareceram os indignos que corrompem e destroem os valores dos indignados.
Na Espanha,betano é seguracentenasbetano é seguraprotestos não houve violência maior. Nos piores dias, 24 foram presos, nove deles menoresbetano é segura18 anos. Os "indignados" tinham um esquemabetano é segura200 seguranças que continha os indignos.
Os protestos duraram, com maior ou menor intensidade, até o fimbetano é segura2011. Houve regurgitaçõesbetano é segura2012, como a "Cavalgada dos Indignados", que reuniu 3 mil pessoasbetano é seguradezembro. Este ano, 100 mil marcharambetano é seguraMadrid contra as medidasbetano é seguraausteridade. Vale lembrar que os espanhóis não culpam os alemães nem os outros pela própria miséria. Eles reconhecem que gastaram o que não tinham.
Comparada com a economia brasileira, a espanhola vai pior, com o maior índicebetano é seguradesemprego na Europa,betano é segura27%. Entre os jovens, 46%. Desde 2008, 350 mil espanhóis perderam suas casas por faltabetano é segurapagamento das hipotecas e foram despejados pela Justiça. Só no ano passado, outros 50 mil ficaram sem teto, quatro vezes mais do quebetano é segura2008. O numerobetano é segurasuicídiosbetano é seguraidosos é recordista.
Faltam crédito para pequenas empresas e pulso para novas reformas. 375 mil empregos públicos foram eliminados, milharesbetano é segurafuncionários demitidos, a idadebetano é seguraaposentadoria subiubetano é segura65 para 67 anos, ficou mais fácil demitir empregados no setor privado, mas a recessão resiste. Há dez vezes mais falências do que antes da crisebetano é segura2008. Não há consumo nem investimentos.
O governo não tem força para enxugar mais os benefícios sociais ou baixar o salário mínimobetano é seguraalgumas regiões, como querem os austeros. Os espanhóis não gostam do governo, menos ainda da oposição.
Neste túnel, há pontos iluminados. A Espanha recuperou o crédito e paga pelos seus empréstimos os mesmo juros que pagava antes da crise. O deficit no orçamento caiubetano é segura11%betano é segura2009 para 7% ano passado. A meta é 3%. Em 2012, as exportações espanholas cresceram mais que asbetano é seguratodos os outros países da União Europeia e o deficit na conta corrente saiubetano é segura10% para um superavit.
Em Madrid, naquela vasto centrão, não há sinaisbetano é seguracrise. As ruas e os restaurantes estão cheiosbetano é seguraturistas e madrilenhos. Depois da meia-noite, jovens andam sozinhas e tiram dinheiro das máquinas sem medobetano é seguraassalto. Uma cidade segura. E bem iluminada. A prefeitura não economiza na contabetano é seguraluz das ruas e das preciosas fachadas antigas nem na conta da limpeza.
Nova York, onde eu moro, não é uma cidade suja, mas, perto das ruas centraisbetano é seguraMadrid, é um lixão. Temos o Central Park e dezenasbetano é seguraoutros, mas Madrid é a campeã mundialbetano é seguranúmerobetano é seguraárvores alinhadas e tem 16 metros quadradosbetano é seguraverde por habitante. A recomendação da ONU ébetano é seguradez metros. Quem morabetano é seguraMadrid está, no máximo, a 15 minutosbetano é seguraum parque.
Em quatro diasbetano é seguralongas caminhadas, eu e amigos vimos dois mendigos e nenhuma prostituta. Um madrilenho explica que elas não podem ficar nesta área central, mas há milhares delas fora dali e as brasileiras já não são maioria. "Jovens que ganhavam a vida como modelos hoje se vendem aos árabesbetano é segurapaíses do Oriente Médio", me conta um fotógrafo brasileiro que vivebetano é seguraBarcelona.
E o M-15? O movimento já não mobiliza milhares para seus protestos, mas atuabetano é seguraoutras áreas sociais, ele ajuda despejados a ocupar os milharesbetano é seguraapartamentos vazios no país. É impossível medir com precisão as conquistas e derrotas do 15betano é seguramaio.
E no Brasil? As passagensbetano é seguraônibus já foram reduzidas, a emenda PEC 37 deve ser derrubada. E depois? Quem vai pagar a redução nas passagens? De uma forma ou outra, eu e você. Porque não reduzir salários e verbas das mordomias do Executivo, deputados, senadores e vereadores? Os manifestantes condenam a impunidade. Por que nossos indignados não ajudam a policia a prender os indignos?
Última pergunta: quando este nosso Brasil, 6ª economia do mundo, vai ter educação, saúde e infraestrutura espanholas?
Daqui a um século chegamos lá. Sou um otimista.