Lucas Mendes: Indignados e indignos:grupo aviator f12bet
- Author, Lucas Mendes
- Role, De Nova York para a BBC Brasil
grupo aviator f12bet Na praçagrupo aviator f12betMadri, a musica é ruim, o copogrupo aviator f12betvinho é péssimo, a noite é esplêndida. A praça Puerta del Sol vivegrupo aviator f12betestadogrupo aviator f12betfesta permanente e não há vestígios dos protestos que nasceram aqui há dois anos, se espalharam por 58 cidades espanholas e, nos meses seguintes, mobilizaramgrupo aviator f12bet6 a 8 milhõesgrupo aviator f12betespanhóis.
Contra quem e o quê? Contra as eleições do dia 22grupo aviator f12betmaio, contra a proibiçãogrupo aviator f12betprotestos, contra os políticos no poder e fora do poder, contra a austeridade e a corrupção. Enfim, uma indignação contra o estado das coisas. Passagemgrupo aviator f12betônibus e metro não estavamgrupo aviator f12betjogo. E são carasgrupo aviator f12betMadrid.
O movimento nasceu com vários nomes: "Los Indignados", "Democracia Real Ya", "Tomar la Plaza", " Juventud Sin Futuro", mas acabou conhecido como 15-M ou 15grupo aviator f12betmaio, dia do nascimento dos protestos que, como no Brasil, não tinham pai. Nem mãe. Nem líderes. Nem herdeiros e, menos ainda, planos a longo prazo.
As conexões e mobilizações, como no Brasil, foram pela mídia social. Houve inspiração nos protestos da Tunísia e do Egito e o movimento chegou a ser chamadogrupo aviator f12betPrimavera Espanhola. O nome não pegou, como ainda não pegou no Brasil.
Entre os protestos brasileiros e espanhóis há uma grande diferença. Na indignação deles não apareceram os indignos que corrompem e destroem os valores dos indignados.
Na Espanha,grupo aviator f12betcentenasgrupo aviator f12betprotestos não houve violência maior. Nos piores dias, 24 foram presos, nove deles menoresgrupo aviator f12bet18 anos. Os "indignados" tinham um esquemagrupo aviator f12bet200 seguranças que continha os indignos.
Os protestos duraram, com maior ou menor intensidade, até o fimgrupo aviator f12bet2011. Houve regurgitaçõesgrupo aviator f12bet2012, como a "Cavalgada dos Indignados", que reuniu 3 mil pessoasgrupo aviator f12betdezembro. Este ano, 100 mil marcharamgrupo aviator f12betMadrid contra as medidasgrupo aviator f12betausteridade. Vale lembrar que os espanhóis não culpam os alemães nem os outros pela própria miséria. Eles reconhecem que gastaram o que não tinham.
Comparada com a economia brasileira, a espanhola vai pior, com o maior índicegrupo aviator f12betdesemprego na Europa,grupo aviator f12bet27%. Entre os jovens, 46%. Desde 2008, 350 mil espanhóis perderam suas casas por faltagrupo aviator f12betpagamento das hipotecas e foram despejados pela Justiça. Só no ano passado, outros 50 mil ficaram sem teto, quatro vezes mais do quegrupo aviator f12bet2008. O numerogrupo aviator f12betsuicídiosgrupo aviator f12betidosos é recordista.
Faltam crédito para pequenas empresas e pulso para novas reformas. 375 mil empregos públicos foram eliminados, milharesgrupo aviator f12betfuncionários demitidos, a idadegrupo aviator f12betaposentadoria subiugrupo aviator f12bet65 para 67 anos, ficou mais fácil demitir empregados no setor privado, mas a recessão resiste. Há dez vezes mais falências do que antes da crisegrupo aviator f12bet2008. Não há consumo nem investimentos.
O governo não tem força para enxugar mais os benefícios sociais ou baixar o salário mínimogrupo aviator f12betalgumas regiões, como querem os austeros. Os espanhóis não gostam do governo, menos ainda da oposição.
Neste túnel, há pontos iluminados. A Espanha recuperou o crédito e paga pelos seus empréstimos os mesmo juros que pagava antes da crise. O deficit no orçamento caiugrupo aviator f12bet11%grupo aviator f12bet2009 para 7% ano passado. A meta é 3%. Em 2012, as exportações espanholas cresceram mais que asgrupo aviator f12bettodos os outros países da União Europeia e o deficit na conta corrente saiugrupo aviator f12bet10% para um superavit.
Em Madrid, naquela vasto centrão, não há sinaisgrupo aviator f12betcrise. As ruas e os restaurantes estão cheiosgrupo aviator f12betturistas e madrilenhos. Depois da meia-noite, jovens andam sozinhas e tiram dinheiro das máquinas sem medogrupo aviator f12betassalto. Uma cidade segura. E bem iluminada. A prefeitura não economiza na contagrupo aviator f12betluz das ruas e das preciosas fachadas antigas nem na conta da limpeza.
Nova York, onde eu moro, não é uma cidade suja, mas, perto das ruas centraisgrupo aviator f12betMadrid, é um lixão. Temos o Central Park e dezenasgrupo aviator f12betoutros, mas Madrid é a campeã mundialgrupo aviator f12betnúmerogrupo aviator f12betárvores alinhadas e tem 16 metros quadradosgrupo aviator f12betverde por habitante. A recomendação da ONU égrupo aviator f12betdez metros. Quem moragrupo aviator f12betMadrid está, no máximo, a 15 minutosgrupo aviator f12betum parque.
Em quatro diasgrupo aviator f12betlongas caminhadas, eu e amigos vimos dois mendigos e nenhuma prostituta. Um madrilenho explica que elas não podem ficar nesta área central, mas há milhares delas fora dali e as brasileiras já não são maioria. "Jovens que ganhavam a vida como modelos hoje se vendem aos árabesgrupo aviator f12betpaíses do Oriente Médio", me conta um fotógrafo brasileiro que vivegrupo aviator f12betBarcelona.
E o M-15? O movimento já não mobiliza milhares para seus protestos, mas atuagrupo aviator f12betoutras áreas sociais, ele ajuda despejados a ocupar os milharesgrupo aviator f12betapartamentos vazios no país. É impossível medir com precisão as conquistas e derrotas do 15grupo aviator f12betmaio.
E no Brasil? As passagensgrupo aviator f12betônibus já foram reduzidas, a emenda PEC 37 deve ser derrubada. E depois? Quem vai pagar a redução nas passagens? De uma forma ou outra, eu e você. Porque não reduzir salários e verbas das mordomias do Executivo, deputados, senadores e vereadores? Os manifestantes condenam a impunidade. Por que nossos indignados não ajudam a policia a prender os indignos?
Última pergunta: quando este nosso Brasil, 6ª economia do mundo, vai ter educação, saúde e infraestrutura espanholas?
Daqui a um século chegamos lá. Sou um otimista.