O Brasil é o país do futebol?:os bets
Nos campeonatos regionais, a situação é ainda pior. Nas décadasos bets60 e 70 eram comuns jogos dos campeonatos regionais que reuniam maisos bets100 mil pessoas no estádio. Entre os 10 maiores públicos da história do futebol brasileiro, cinco foram registradosos betsclássicos do campeonato carioca.
Mas o público vem caindo a cada ano. Um outro levantamento da Pluri indica que o público médio dos 25 principais campeonatos estaduais do país teve uma quedaos bets9% neste anoos betsrelação ao ano anterior.
O maior e mais rico campeonato estadual,os betsSão Paulo, teve uma médiaos betspúblicoos betsapenas 6.217 pagantes por jogo, levemente inferior à do campeonato mineiro, oos betsmaior público, com 6.451 pagantesos betsmédia por jogo. Dos 25 campeonatos analisados, 11 tiveram média inferior a mil pagantes por jogo – os jogos do campeonato acriano foram vistosos betsmédia por 245 torcedores por jogo.
Em um ranking dos cem clubes com maior médiaos betspúblico no mundo, compilado pela Pluri, há apenas três equipes brasileiras -os betsmenor número que os quatro clubes da China ou os dez do México, por exemplo, e muito aquém dos 22 times da Alemanha e 20 da Inglaterra, países que dominam os rankingsos betspúblico.
O Santa Cruz,os betsPernambuco, com médiaos betspúblicoos bets36.916os betsseu estádio, no Recife, é o clube brasileiro mais bem colocado no ranking, na 39ª posição, mesmo disputando a série C do campeonato brasileiro (quarta divisão). Os outros clubes brasileiros no top 100 são Corinthians (65ª posição no ranking, com médiaos betspúblicoos bets29.424 ) e Bahia (100º, com médiaos bets22.741).
Os líderes do ranking são o alemão Borussia Dortmund, com médiaos bets80.552os betspúblico e 100%os betsocupação do estádio, e o Manchester United, com público médioos bets75.387 e 99%os betsocupação.
"Estádios catedrais"
"O Brasil não é nem nunca foi o país do futebol", afirma o jornalista esportivo Juca Kfouri. "A Inglaterra pode ser o país do futebol, com a reverência com que tratam o esporte e os jogadores, com estádios que parecem catedrais. Até a Argentina é mais país do futebol do que o Brasil", diz.
Ele comenta que a maioria das pesquisasos betsopinião pública no Brasil indicam que cercaos betsum quarto dos brasileiros não se interessa por futebol. "No Brasil, o maior contingente é o dos que não se interessam, depois vêm as torcidas do Flamengo e a do Corinthians. Na Argentina, primeiro vem a torcida do Boca Juniors, depois a do River Plate e só depois vêm os sem-time", diz.
Kfouri observa que a média histórica do campeonato brasileiro nunca foi superior a 15 ou 20 mil torcedores e que o público vem caindo por contaos betsquestões como diversificaçãoos betsopçõesos betsentretenimento e o temoros betsviolência nos estádios.
O consultoros betsgestão esportiva Amir Somoggi também considera que o Brasil está longeos betspoder ser chamadoos betspaís do futebol. "Temos 145 milhõesos betstorcedores, mas quantidade não significa qualidade", observa.
Segundo ele, o futebol é certamente o principal esporte do Brasil, sem rivais na capacidadeos betsatingir um público tão grande quanto os cercaos bets80% que dizem se informaros betsalguma maneira sobre futebol na mídia. Mas ainda assim, os estádios continuam vazios e as audiências dos jogos,os betsqueda.
Somoggi vê um paradoxo na atual situação do futebol brasileiro – apesar da perdaos betspúblico, os clubes nunca geraram tanta receita, principalmente com aumentoos betscotasos betspatrocínio eos betsTV. "Não há como indicar causa e efeito, como no caso do futebol europeu", comenta.
Para Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, o futebol brasileiro sofre com os problemasos betsgestão que afetam o esporte dentro e fora do campo. "O futebol brasileiro está perdendo público, com menos interesse sobre campeonatos e clubes e menos interesse sobre a seleção brasileira", observa. "O futebol no Brasil atrai hoje menos público que os rodeios", comenta.
Para ele, mais do que pessoas que não gostamos betsfutebol, o Brasil tem um grande contingenteos bets"indiferentes", que apesaros betsgostar do esporte, não frequenta estádios ou não acompanha o futebolos betsmaneira mais intensa. "Esse é o contingenteos betsconsumidores que o futebol está perdendo".
Ferreira elenca uma sérieos betsfatores que ajudam a explicar o problema, como excessoos betsjogos com qualidade ruim, diversificação das oportunidadesos betsentretenimento, concorrência da TV, violência nos estádios, popularização dos campeonatos europeus e, principalmente, o alto preço dos ingressos.
"Cobrar R$ 160 para um jogo entre Santos x Flamengo na primeira rodada do campeonato brasileiro é um escândalo. Estão cobrando o preço do showos betsuma banda que talvez se apresente a cada cinco anos para um jogo inexpressivo. Isso deixa o torcedor decepcionado", afirma.
Uma comparação feita por ele com o preço médio dos ingressos para o futebolos betsrelação à renda per capitaos betscada país levou à conclusãoos betsque o Brasil tem os ingressos mais caros do mundo. "Querem transformar o futebolos betsnegócio, mas não querem adequar o produto. Cobram preçosos betsEuropa, mas mantêm a bagunça do futebol brasileiro", comenta.
Pedro Daniel, consultoros betsgestão esportiva da BDO Brazil, concorda com a avaliação do sintoma – estádios vazios -, mas considera que a procura pelo futebol não diminuiu, apenas vem migrando, cada vez mais, para a TV.
Ele cita como argumento o crescimento acentuado nas assinaturasos betspacotesos betsfutebol na TV por assinatura, no chamado sistema pay-per-view. Os assinantes já ultrapassam 1 milhão no Estadoos betsSão Paulo , mas ainda ficam abaixoos bets10% do totalos betspessoas com acesso à TV fechada.
Um levantamento feito pela empresaos betspesquisas esportivas Informídia indica que o espaço ocupado pelo futebol na TV brasileira vem aumentando nos últimos anos, passandoos bets19.739 horasos betstransmissão e noticiárioos bets2007 para 28.901 no ano passado.
No entanto, apenas 1.588 horasos betspartidasos betsfutebol foram transmitidas na TV aberta. O restante – 12.746 horas – foram transmitidas na TV fechada, com alcance mais reduzido.
Para muitos analistas, essas tendências, alémos betsafastar o torcedor dos estádios, também tendem a elitizar o público do futebol, mesmo diante da TV.
Seleçãoos betsmá fase
O momento difícil do futebol brasileiro coincide, no campo esportivo, com a seleção brasileira emos betspior posição da história no ranking da Fifa – 22º lugar, atrásos betsseleçõesos betsmuito menos tradição, como Suíça, Grécia, Gana, Costa do Marfim ou Bósnia.
A posição do Brasil no ranking é influenciada negativamente pela ausência do país nas eliminatórias para a Copa do Mundo, já que como país-sede tem lugar assegurado, mas ainda com essa ressalva, o desempenho da equipe vem decepcionando os torcedores.
Desde que o técnico Luís Felipe Scolari assumiu o time,os betsnovembro, a seleção fez sete partidas. Perdeu a primeira, contra a Inglaterra,os betsfevereiro, empatou quatro e venceu apenas duas – contra a Bolívia,os betsabril, e contra a França, no último domingo.
Além dos questionamentos técnicos, os especialistas apontam ainda um afastamento da seleçãoos betsrelação aos torcedores brasileiros.
"A seleção brasileira ainda gera as maiores audiências do futebol na TV, mas vem perdendo muito da ligação com o público", comenta Amir Somoggi. "Há vários fatores que contribuem para isso, mas é essencialmente um problemaos betsgestãoos betsimagem. A CBF (Confederação Brasileiraos betsFutebol) tem uma péssima imagem, com envolvimentoos betsvários escândalos. A seleção tem um técnico bronco, que maltrata jornalistas. São erros clarosos betsgestãoos betsimagem", diz.
Para ele, a CBF peca por não ter um plano claroos betspromoção do esporte. "Vemos com frequência propagandas que tocam no tema da paixão do brasileiro pelo futebol, mas são todasos betsempresas privadas,os betspatrocinadores do futebol. Nada da CBF", diz.
Para Pedro Daniel, da BDO Brazil, um dos maiores desafios da CBF neste ano que antecede a Copa do Mundo será justamente recuperar o interesse dos torcedores na seleção. "Até o ano passado, a seleção jogava pouco no Brasil e enfrentava adversários pouco importantes. Isso afasta o público", observa.
Para Juca Kfouri, a perda do vínculo do torcedor brasileiro com a seleção foi resultadoos betsuma política deliberada da CBF para "internacionalizar" a seleção, com jogos fora do país e uma equipe composta por jogadoresos betsequipes europeias, acostumados ao estiloos betsjogo e até ao frio local.
"Durante um tempo, nos últimos anos, o estádio do Arsenal,os betsLondres, se tornou a ‘casa’ da seleção brasileira. Há uma perdaos betsvínculo óbvia, com jogadores que não jogam no Brasil", diz.
Ele comenta que hojeos betsdia os torcedores dos clubes brasileiros não têm mais a oportunidadeos betsver seus ídolos locais com a camisa da seleção. Ou, quando há jogadoresos betsnívelos betsseleção atuando no Brasil, o torcedor prefere até que ele não seja convocado para não atrapalhar o time.
A perdaos betspopularidade da seleção brasileira pode ter um efeito financeiro negativo também. Segundo um levantamento da consultoria alemã PR Marketing, o Brasil tem apenas o quarto maior contrato para fornecimentoos betsuniformes para a equipe nacional, atrásos betsFrança, Inglaterra e Alemanha, e com um valor apenas ligeiramente superior ao da Espanha, atual campeã mundial.
"O Brasil perdeu muito da exposição e do interesse com o futebol por conta dos maus resultados no campo e da má gestão fora dele", observa Peter Rohlmann, diretor da PR Marketing. Para ele, a Copa do Mundo é uma "janelaos betsoportunidade" para mudar esse quadro. "É a chanceos betsmostrar ao mundo o futebol brasileiro eos betslevantar a torcida local", diz.
A reportagem da BBC Brasil solicitou à CBF uma entrevista para comentar algumas das questões levantadas pelos especialistas, mas não obteve resposta após três semanasos betstentativas.