Como os EUA passaram a exportar 'extremismo antigoverno':umob 1xbet

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Observadores veem semelhanças entre a violência que abalou Washingtonumob 1xbet6umob 1xbetjaneiroumob 1xbet2021 e a invasão e depredação dos três poderesumob 1xbetBrasília no domingo

Em entrevista à BBC News Brasil, o autor do documento, Colin Clarke, pesquisador sênior do Soufan Center, afirma que, nos últimos dois anos, os eventosumob 1xbet6umob 1xbetjaneiroumob 1xbet2021 se transformaramumob 1xbetum símbolo e um modelo para extremistasumob 1xbetoutros países.

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"Isso se tornou uma espécieumob 1xbetprotótipo para outros extremistas antigoverno invadirem o Congresso (em outros países)", diz Clarke à BBC News Brasil. "E muito disso é baseadoumob 1xbetdesinformação, negacionismo eleitoral e teorias da conspiração."

Clarke diz que é possível ver a inspiração do movimento extremista americanoumob 1xbetações recentesumob 1xbetdiferentes países, desde o Canadá, onde caminhoneiros bloquearam estradasumob 1xbetprotestos que duraram semanas, até a Alemanha, onde maisumob 1xbet20 pessoas foram presasumob 1xbetdezembro por suspeitaumob 1xbetplanejar invadir o prédio do Parlamento e derrubar o governo. E, agora, também o Brasil.

"O 6umob 1xbetjaneiroumob 1xbet2021 pode ter sido uma insurreição fracassada na perspectiva dos envolvidosumob 1xbetcombate ao terrorismo, já que conseguiram evitar que as coisas fossem ainda piores", observa Clarke.

"Mas, posso dizer, com base no monitoramentoumob 1xbetchats no (aplicativoumob 1xbetmensagem) Telegramumob 1xbetvários indivíduos que apoiaram a insurreição, que eles não consideram um fracasso. Eles na verdade veem totalmente como uma vitória. Porque o símbolo que dá a esta rede globalumob 1xbetextremistas antigoverno é palpável."

A diretoraumob 1xbetInteligência Nacional dos Estados Unidos, Avril Haines, disse recentemente que, apesarumob 1xbetnão haver, até o momento, evidênciasumob 1xbetum "nexo operacional" entre os extremistas domésticos americanos e atores no exterior, existe "uma espécieumob 1xbetnexo ideológicoumob 1xbetredes sociais".

Clarke também ressalta que não há no momento evidênciasumob 1xbetcoordenação prática entre os invasores brasileiros e membrosumob 1xbetgrupos americanos.

"Não é como se tivéssemos evidênciasumob 1xbetque eles estão coordenando ou se comunicando com os Oath Keepers ou os Three Percenters", afirma, citando dois grupos extremistasumob 1xbetextrema-direita dos Estados Unidos.

"Acredito que (o 6umob 1xbetjaneiro) é uma inspiração, antesumob 1xbetmais nada", salienta. "Mas vimos comunicação entre figuras como Steve Bannon (que foi estrategistaumob 1xbetDonald Trump), seja lá como você queira rotulá-lo, e pessoas no Brasil. Então há uma conexão política aí."

Segundo Clarke, o monitoramentoumob 1xbetchats no Telegram revela que extremistasumob 1xbetextrema-direita nos Estados Unidos estão "vibrando" com o que aconteceuumob 1xbetBrasília no último domingo.

"Porque isso gera solidariedade com pessoas na América Latina. E, quando coisas assim acontecem no exterior, unem essas várias redes (extremistas) e fazem com que pareçam um movimento maior do que na verdade são", observa.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Sedes dos três poderes foram atacadas por manifestantes bolsonaristasumob 1xbetBrasília

Semelhanças e diferenças

O professorumob 1xbetrelações internacionais Carlos Gustavo Poggio, do Berea College, no Estado do Kentucky, observa que a invasão ao Congresso americano é um problema que não se resume aos Estados Unidos, diante do papelumob 1xbetliderança desempenhado pelo país no cenário global.

"No momentoumob 1xbetque a democracia americana começa a se deteriorar, a gente começa a ver uma sérieumob 1xbetoutras consequências, são ondas que vão contaminando", diz Poggio à BBC News Brasil.

"Sem dúvida o sujeito olha e fala 'se invadiram o Congresso americano, por que eu não posso invadir o Congresso do Brasil?'. Isso é um elemento que me parece evidente", afirma Poggio, que é especialistaumob 1xbetrelações entre Brasil e Estados Unidos.

O professor ressalta que, no caso brasileiro, ainda é preciso descobrir quem financiou e quem está por trás da invasão. "Isso precisa ser descoberto, quem são esses grupos, como operam, qualumob 1xbetorigem", salienta.

Poggio ressalta entre as semelhanças entre os dois episódios "o fatoumob 1xbetas redes sociais e a internet servirem como uma ferramenta importanteumob 1xbetarticulação desses grupos mais radicais".

O professor conta que,umob 1xbetum artigo recente, analisou como "o Brasil virou uma espécieumob 1xbetmultiverso americano com dois anosumob 1xbetatraso".

"Desde que Bolsonaro foi eleito, dois anos depoisumob 1xbetTrump, no Brasil tudo foi acontecendo igual (aos Estados Unidos), só que com dois anosumob 1xbetatraso", compara.

Mas Poggio cita diferenças importantes entre as invasões nos Estados Unidos e no Brasil, entre elas o papelumob 1xbetTrump e Bolsonaro e os objetivos dos manifestantes.

A invasão ao Capitólio ocorreuumob 1xbetuma quarta-feira, quando o Congresso se reunia para contar os votos do Colégio Eleitoral e confirmar a vitóriaumob 1xbetBiden sobre Trump na eleição, realizada dois meses antes. Trump já havia sido derrotado nas urnas, mas ainda estava no cargo.

No episódio brasileiro, as invasões,umob 1xbetum domingo, tiveram alvo mais amplo, ocupando o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro, derrotado na eleiçãoumob 1xbetoutubro por Luiz Inácio Lula da Silva, já havia deixado o cargo e estava fora do país, no Estado americano da Flórida.

"A diferença central é que o presidente não era o Bolsonaro, era o Lula. O Bolsonaro estava na Flórida", salienta Poggio.

"A agenda das pessoas que invadiram o Congresso americano era bastante clara, eles queriam impedir a certificaçãoumob 1xbetJoe Biden. Mais do que isso, foram pessoas diretamente estimuladas e lideradas por Donald Trump", diz o professor.

No mês passado, depoisumob 1xbetquase dois anosumob 1xbettrabalho, uma comissão especial da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) que investigava o papelumob 1xbetTrump no episódio acusou o ex-presidenteumob 1xbetincitar uma insurreição eumob 1xbetobstruir procedimentos do Congresso, entre outros crimes federais relacionados ao ataque.

Segundo essa comissão, formada por sete democratas e dois republicanos, desde o dia da eleição Trump disseminou "alegações falsasumob 1xbetfraude", que "provocaram seus apoiadores a cometer violênciaumob 1xbet6umob 1xbetjaneiro (de 2021)". Os deputados concluíram que o então presidente acompanhou a invasão do Capitólio por horas, pela TV, antesumob 1xbettentar acalmar a situação.

"No caso brasileiro, Bolsonaro se tornou alguém que não teve um processoumob 1xbetliderança direta (no dia da invasão), serviu como inspiração mais do que uma liderança direta", avalia Poggio. "O que é preocupante por um lado, porque demonstra que o bolsonarismo talvez esteja se descolando do Bolsonaro."

Poggio destaca que o objetivo dos invasoresumob 1xbetBrasília era "criar caos para poder chamar uma intervenção militar" e compara o papel dos militares nos dois países.

"Os Estados Unidos são uma democracia estável, a mais antiga do mundo. O Brasil é uma democracia jovem com históricoumob 1xbetgolpes militares. Então, temos os dois (episódios) com inspiração golpistaumob 1xbetcerta medida, mas com objetivos distintos."

Futuro

Clarke, do Soufan Center, descreve o 6umob 1xbetjaneiroumob 1xbet2021 como "um gritoumob 1xbetguerra para extremistasumob 1xbettodo o mundo", e diz que o Brasil não deve ser o último país a ver eventos do tipo.

O pesquisador compara as estratégias dos grupos extremistas domésticos americanos às dos jihadistas que promovem a chamada "guerra santa" muçulmana.

"Eles (os jihadistas) não fizeram (de focoumob 1xbetsua mensagem) o que estava acontecendo no Egito, na Síria, ou no Afeganistão. Era sobre o que estava acontecendo com a comunidade muçulmana global, ao redor do mundo. Eles foram muito bonsumob 1xbettornarumob 1xbetretórica transnacional, e é isso que esses extremistas antigoverno estão tentando replicarumob 1xbetvárias maneiras", diz Clarke.

Clarke considera a ameaça representada pelo extremismoumob 1xbetextrema-direita "muito séria". "E,umob 1xbetmuitos casos, o que torna esses grupos tão perigosos é que têm ligações com partidos políticos que estãoumob 1xbetdiferentes governos ou parlamentos", afirma.

Para o pesquisador, cada novo episódioumob 1xbetviolência, como o visto no Brasil, pode servirumob 1xbetincentivo para outros extremistas. "Eles dizem, 'se eles podem fazer, nós também podemos'", destaca.

No caso específico do Brasil, Clarke diz que será crucial ver como os invasores serão tratados.

"Se houver consequências sérias pelo que ocorreu, é geralmente algo positivo, porque vai dissuadir outrosumob 1xbetseguir o exemplo", afirma.

"Mas se as penas forem muito brandas, isso pode encorajar comportamento semelhante não apenas no Brasil, masumob 1xbetoutros lugares."

- Este texto foi publicado em http://vesser.net/internacional-64234163