7 pontos para entender energia nuclear e os desafios para substituir petróleo:app bet7

Imagemapp bet7chaminésapp bet7usina nuclear sob um céuapp bet7por-do-sol púrpura

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, As usinas nucleares usam a fissão atômica para produzir energia

Como Macron — que cinco anos antes havia prometido reduzirapp bet7um terço a produçãoapp bet7energia nuclear na França — muitos mudaramapp bet7posição sobre a energia nuclear, muito criticada desde o acidenteapp bet7Fukushimaapp bet72011.

"Observa-se uma mudançaapp bet7posição contra a energia atômicaapp bet7todo o mundo, embora tenha se intensificado no último ano com a alta do preço do gás, e a crise atual foi a gota d'água", explica o divulgadorapp bet7ciência e tecnologia nuclear espanhola Alfredo García à BBC News Mundo (serviçoapp bet7espanhol da BBC).

Gráfico mostra temperaturas aumentando no mundo entre 1850 e 2000

É possível substituir o gás natural, o petróleo e o carvão?

"Infelizmente, precisou haver uma guerra para nos mostrar que não podemos depender tanto dos combustíveis fósseis", diz García. Eles geram pelo menos dois terços da energia elétrica e das emissõesapp bet7gases do efeito estufa no mundo, segundo diferentes estudosapp bet7organismos internacionais.

A poluição do ar pela queimaapp bet7combustíveis fósseis causou 8 milhõesapp bet7mortesapp bet72018, 1app bet7cada 5 mortesapp bet7todo o mundo,app bet7acordo com um estudo da Universidade Harvard (EUA).

Nas taxas atuais, as emissões devem aumentar 14% nesta década, atrapalhando as metas do Acordoapp bet7Parisapp bet72015app bet7reduzir o aumento da temperatura global para 1,5°C até o final do século.

A necessidadeapp bet7um modelo energético que não dependaapp bet7combustíveis fósseis se torna cada vez maior. Há duas opções disponíveis: nuclear e renovável.

O Greenpeace acredita que é possível fazer a transição para a energia livreapp bet7combustíveis fósseis sem uso da energia nuclear.

"Adotar um modeloapp bet7energia 100% renovável e eficiente é tecnicamente possível, economicamente viável e sustentável", diz Meritxell Bennasar, chefeapp bet7Energia e Mudanças Climáticas do Greenpeace na Espanha.

No entanto, os defensores da energia nuclear questionam se isso é viável: as energias renováveis ​​têm capacidadeapp bet7geração limitada, exigem grandes quantidadesapp bet7espaço e materiais e dependem das condições climáticas para alimentar a rede.

A substituição por energia nuclear também tem suas dificuldades: construir uma usina nuclear e colocá-laapp bet7operação geralmente levaapp bet75 a 10 anos.

"Mudar um modelo energético não é fácil nem rápido e o processo deve ser gradual. A substituição progressiva exige eletrificar vários setores e assumir um compromisso firme com a energia nuclear e as energias renováveis, trabalhandoapp bet7equipe. O custo total é difícilapp bet7quantificar, mas nós teríamos que realizar o processoapp bet7menosapp bet7três décadas", explica García.

O presidente da França, Emmanuel Macron, um homem branco e jovemapp bet7ternoapp bet7um palanque

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O presidente da França, Emmanuel Macron, quer ampliar a energia nuclear no país

Como é produzida a energia nuclear?

As usinas nucleares usam a fissão atômica para produzir energia — ou seja, a divisãoapp bet7átomos.

Ao dividir um átomo pesado — geralmente urânio 235 — nêutrons são produzidos e a energia liberada gera uma reaçãoapp bet7cadeiaapp bet7uma fraçãoapp bet7segundo.

Isso libera nêutrons, raios gama e grandes quantidadesapp bet7energia. O calor intenso é então usado para aumentar a temperatura da água e produzir vapor. Esse vapor então gira as turbinasapp bet7um reator, que ativam um gerador para produzir eletricidade e, finalmente, alimentar a redeapp bet7eletricidade.

E a fusão?

O uso da fusão nuclear para a produçãoapp bet7energia é uma tecnologia que a humanidade ainda não conseguiu dominar. Ela consisteapp bet7liberar enormes quantidadesapp bet7energia através da fusãoapp bet7núcleosapp bet7átomos uns com os outros, algo que é feito através da aceleração dos átomosapp bet7alta velocidade. Isso é semelhante à reação que ocorreapp bet7estrelas, como o Sol.

A fusão é considerada por muitos como a solução definitiva para a geraçãoapp bet7energia futura da humanidade, pois ela não gera resíduos radioativos, não consome recursos valiosos e pode produzir energia quase ilimitada.

Mas recriá-la com sucesso na Terra requer uma tecnologia que ainda estáapp bet7desenvolvimento.

Gráfico mostra esquema explicando como funciona a fusão nuclear
Legenda da foto, O domínio da fusão nuclear para geraçãoapp bet7energia ainda não é uma realidade

É verde?

Em fevereiro, a Comissão Europeia (CE) classificou a energia nuclear como "verde", considerando-a necessária para a transição da energiaapp bet7combustíveis fósseis para a energia sem emissõesapp bet7dióxidoapp bet7carbono (CO2), principal gás causador do efeito estufa.

As usinas nucleares emitemapp bet7média 28 toneladasapp bet7CO2 para cada gigawatt-horaapp bet7energia produzida, bem abaixo das 888 Tn/GWh do carvão, das 735 Tn/GWh do petróleo e das 500 Tn/GWh do gás natural, segundo o relatório técnico da CE.

A energia solar emite quase três vezes mais CO2 do que a atômica, 85 Tn/GWh, enquanto as hidrelétricas e eólicas são as mais limpas, com produçãoapp bet726 Tn/GWh.

De acordo com o mesmo relatório, a energia nuclear também consome menos recursos minerais e fósseisapp bet7comparação com outras fontes e gera quantidades muito baixasapp bet7resíduos químicos,app bet7dióxidoapp bet7enxofre eapp bet7dióxidoapp bet7nitrogênio — que podem gerar chuva ácida.

A ONU, porapp bet7vez, alertouapp bet72021 que as metas globais para conter o aquecimento global não podem ser alcançadas se a energia atômica for excluída. A entidade afirma que no último meio século a energia nuclear reduziu o equivalente a dois anosapp bet7emissões globaisapp bet7dióxidoapp bet7carbono.

"A energia nuclear é tão verde e segura quanto as energias renováveis. Não é uma questãoapp bet7opinião, masapp bet7comparar vários estudos revisados ​​por pares que vão na mesma direção", diz García.

Mas nem todos concordam que a energia nuclear é limpa.

"Embora a energia nuclear não emita gasesapp bet7efeito estufa no mesmo nível que os combustíveis fósseis, na verdade emite mais CO2 por kWh do que qualquer uma das renováveis, já que um reator nuclear precisaapp bet7combustível para gerar eletricidade eapp bet7produção emite gasesapp bet7efeito estufa", assegura, porapp bet7vez, a representante do Greenpeace.

Bennasar cita dados da Agência Internacionalapp bet7Energia (AIE) ao observar que, mesmo triplicando a capacidade nuclear mundial, a redução das emissõesapp bet7carbono seriaapp bet7apenas 6%, impacto que considera insuficiente para cumprir os objetivos climáticos.

Os críticos da energia nuclear também afirmam que a extraçãoapp bet7urânio causa danos ambientais e que o desmantelamentoapp bet7uma usina é caro e poluente. Dizem ainda que há um risco muito baixoapp bet7acidente ou ataque militar a instalações nucleares, mas se isso acontecer as consequências são potencialmente desastrosas.

Usina nuclearapp bet7Chernobyl após o acidenteapp bet71986

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Acidentes como oapp bet7Chernobyl geraram temorapp bet7energia nuclear

E os resíduos?

Outro argumento contra a energia atômica é que a fissão nuclear produz resíduos radioativos com alto potencial poluidor.

Os resíduos são subproduto da geraçãoapp bet7energia nuclear e consistemapp bet7materiais sólidos e líquidos que contém isótopos radioativos.

Eles podem ser tóxicos por milharesapp bet7anos e seu tratamento é muito complexo. Por exemplo, resíduosapp bet7alto nívelapp bet7radioatividade devem ser armazenadosapp bet7três etapas diferentes, a última sob o solo a uma profundidade entre 200 e mil metros.

"A indústria nuclear não conseguiu encontrar uma solução técnica satisfatória e segura para este problema", disse o representante do Greenpeace à BBC Mundo.

Alfredo García, no entanto, sustenta que a energia atômica "é a única que se responsabiliza integralmente pelo custoapp bet7gestãoapp bet7seus resíduos, que são tratados com os mais altos padrõesapp bet7segurança e para os quais existem soluções tecnológicas cientificamente acordadas" .

Ativistas deo Greenpeace seguram placaapp bet7protesto escrito nuclear = perigo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O Greenpeace é uma das organizações contrárias ao usoapp bet7energia nuclear

É lucrativo?

Construir e manter uma usina nuclear é extremamente caro.

Por exemplo, a usinaapp bet7construçãoapp bet7Hinkley Point C, no sul do Reino Unido, que fornecerá 7% da energia do país a partirapp bet72025, custará cercaapp bet7US$ 30 bilhões (R$ 149 bilhões), segundo estimativas.

A Atucha 3, que será a quarta usina nuclear da Argentina, custará US$ 8 bilhões (R$ 39,8 bi),app bet7acordo com o acordo assinadoapp bet7fevereiro entre o país e a China.

Enquanto uma usina nuclear geralmente excede US$ 6 milhões (R$ 30 milhões) por megawattapp bet7capacidade, uma usina a gásapp bet7ciclo combinado tem o custoapp bet7cercaapp bet7500 mil por megawattapp bet7capacidade.

No entanto, produzir energia nuclear é muito mais barato, pois não requer um suprimento enorme e contínuoapp bet7combustível. Embora o urânio enriquecido seja um material caro, enormes quantidadesapp bet7energia podem ser geradas com pequenas quantidades.

Quais países apostam na energia nuclear?

Com 96 reatoresapp bet7operação produzindo maisapp bet790 gigawatts, os Estados Unidos respondem por quase um terço da produção globalapp bet7energia atômica, seguidos por China e França, com maisapp bet713% cada, segundo dados da Agência Internacionalapp bet7Energia Atômica (AIEA).

Na França, as usinas nucleares geram 70% da produçãoapp bet7eletricidade, o que a coloca como número um do mundo nesse quesito. O presidente francês Emmanuel Macron anunciou um plano energético para os próximos anos que inclui seis novos reatores com um custo estimadoapp bet7cercaapp bet750 milhõesapp bet7euros.

A Alemanha planejava fechar suas últimas três usinas nucleares este ano, mas a guerra na Ucrânia dificultou esse plano. O presidente do instituto Ifoapp bet7pesquisa econômica, Clemens Fuest, declarou recentemente que as usinas devem continuar operando "pelo menos até que superem a dependência do gás russo, ou seja, vários anos".

Essa diferençaapp bet7postura mostra a divisão da Europa quanto à energia atômica: os governos da Alemanha, Áustria, Dinamarca, Espanha, Luxemburgo e Portugal se recusam a promover a essa fonteapp bet7energia, enquanto a autodenominada "aliança nuclear"app bet7Bulgária, Croácia, Finlândia, França, Romênia e Eslovênia a defende. Recentemente a República Checa, a Hungria, a Polónia e a Eslováquia se juntaram a esse último grupo.

Na América Latina, a energia nuclear contribui com apenas 2,2% da produçãoapp bet7eletricidade da região. São sete reatores: três na Argentina, dois no México e dois no Brasil.

No mundo, quem mais aposta na energia nuclear é a China, que planeja se tornar a próxima superpotência mundial nesse quesito. Entre 2016 e 2020, o país dobrouapp bet7capacidade para 47 GW, com 20 novas usinas, eapp bet72035 deve chegar a 180 GW, quase o dobro da capacidade atual dos Estados Unidos.

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