O que China tem a perder ao apoiar Rússia?:zebet temps virement

Segundo analistas consultados pela BBC News Brasil, a forma cautelosa com que Pequim vem lidando com a guerra na Ucrânia é reflexo dos temores do paíszebet temps virementrelação a possíveis retaliações econômicas e políticas.

Nesse contexto, as açõeszebet temps virementPutin tornam mais distante o sonho chinêszebet temps virement"reanexar" Taiwan, segundo analistas. Ao contrário do caso ucraniano,zebet temps virementque a comunidade internacional no começo buscou sanções verbais e financeiras para só depois começar a enviar ajuda bélica,zebet temps virementum casozebet temps virementguerra sino-taiwanesa ézebet temps virementse esperar uma ação imediata.

Entenda:

Qual a posição da China no conflito?

Desde que a Rússia iniciou o enviozebet temps virementsuas tropas para a fronteira com a Ucrânia, no finalzebet temps virement2021, a China vem adotando um comedido discurso pró-Moscou.

Nas semanas que antecederam a invasão, o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, classificou as preocupaçõeszebet temps virementMoscouzebet temps virementrelação àzebet temps virementsegurança nacional como "legítimas", afirmando que elas deveriam ser "levadas a sério e discutidas".

Por meio da imprensa estatal, o governozebet temps virementPequim também afirmou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) adota uma posição agressiva ao se recusar a respeitar o direito soberanozebet temps virementoutros países - como Rússia e China -zebet temps virementdefender seu território.

"Tanto a Rússia quanto a China desejam criar uma posiçãozebet temps virementantagonismozebet temps virementrelação aos Estados Unidos e encontram nessa ambição uma posiçãozebet temps virementcomum", diz Alexandre Uehara, coordenador acadêmico do Centro Brasileirozebet temps virementEstudoszebet temps virementNegócios Internacionais da ESPM.

Para Vicente Ferraro Jr., cientista político e pesquisador do Laboratóriozebet temps virementEstudos da Ásia da Universidadezebet temps virementSão Paulo (USP), há também um componente ideológico envolvido na aproximação entre as duas potências.

"Ambas contestamzebet temps virementparte o liberalismo político e acusam o Ocidentezebet temps virementtentar 'exportar' seus modelos políticos,zebet temps virementmaneira inapropriada, a outras sociedades e contextos culturais. O liberalismo político e, indiretamente, a democracia representativa são apresentados por ambas não como valores universais, mas como construções do Ocidente instrumentalizadas para fins geopolíticos", diz.

Após o início oficial da operação militar russa na Ucrânia na semana passada, o governo chinês disse acreditar na "soberania e integridade territorialzebet temps virementtodos os países", mas também expressou a opiniãozebet temps virementque a Rússia tem "preocupações legítimaszebet temps virementsegurança" que "devem ser levadas a sério e tratadas adequadamente".

Na quarta-feira (2/3), Pequim ainda rechaçou a possibilidadezebet temps virementimpor sanções contra a Rússia e classificou as penalidades econômicas anunciadas por Estados Unidos e Europa como ilegais.

"Não aprovamos as sanções financeiras, especialmente as sanções lançadas unilateralmente, porque elas não funcionam bem e não têm fundamento legal", disse Guo Shuqing, presidente da Comissão Reguladorazebet temps virementBancos e Seguros da China,zebet temps viremententrevista coletiva. "Continuaremos a manter as trocas econômicas e comerciais normais com as partes relevantes", disse ele.

De forma bastante significativa, a China também não usouzebet temps virementnenhumzebet temps virementseus pronunciamentos a palavra "invasão" quando se trata das ações da Rússia na Ucrânia.

No entanto,zebet temps virementforma surpreendente, Pequim absteve-se do voto do Conselhozebet temps virementSegurança das Nações Unidas condenando a invasão russa da Ucrânia.

O país também preferiu se absterzebet temps virementuma segunda resolução, votada pela Assembleia-Geral da ONU. O texto, aprovado por 141 Estados-membros, também critica o governo russo por suas ações militares e classifica o reconhecimento da independência das regiõeszebet temps virementDonetsk e Luhansk como uma "violação da integridade territorial e soberania da Ucrânia, inconsistente com os princípios da Carta das Nações Unidas".

'Ajuda humanitária à Ucrânia'

Nesta terça-feira (8/3), o presidente Xi Jinping falouzebet temps virementforma direta sobre o confronto pela primeira vez e expressou uma posição mais solidária à Ucrânia.

Durante uma videoconferência com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz, o líder chinês pediu "contenção máxima" no conflito sobre a Ucrânia.

Durante a conversa, Xi declarou que estava "profundamente triste por acompanhar uma nova guerra no continente europeu", segundo a televisão estatal chinesa CCTV. Ele disse ainda que "aprecia os esforçoszebet temps virementFrança e Alemanha para atuar como mediadores na Ucrânia" e que Pequim também está disposto a desempenhar um papel ativo nas negociações.

"Devemos apoiar juntos as negociaçõeszebet temps virementpaz", afirmou Xi, que ainda disse que a China "está pronta para proporcionar ajuda humanitária à Ucrânia".

O que Pequim tem a perder?

Segundo especialistaszebet temps virementpolítica internacional, o maior receio da China ao apoiar Moscou é prejudicar seus laços econômicos com a Europa e os Estados Unidos.

"A China tem interesses econômicos gigantescos na Europa e tem que tomar cuidado para que seu apoio a Putin não fique tão óbvio a pontozebet temps virementprovocar reações negativas da França, Alemanha ou do continentezebet temps virementgeral", diz o americano Bruce Jones, diretor do Projeto sobre Ordem Internacional e Estratégia do think tank Brookings Institution.

Ao todo, a China exportou cercazebet temps virementUS$ 420 bilhões (R$ 2,1 trilhões)zebet temps virementbens para a Europazebet temps virement2020, segundo a própria União Europeia (UE), e foi a principal fontezebet temps virementorigem das importações do bloco. O montante só fica atrás do que foi comercializado pela potência chinesa para os Estados Unidos, que chegou a US$ 452 bilhões (R$ 2,2 trilhões).

Já o mercado chinês foi o terceiro principal destino das exportações europeiaszebet temps virement2020, responsável por 10,5% das exportações da UE.

O governo chinês teme que um apoio vigoroso e vocal à operação militar russa possa desencorajar seus parceiros comerciais na Europa e América a expandir ainda mais os negócios.

Ao mesmo tempo, receia que uma piora nas sanções aplicadas contra Moscou possa prejudicarzebet temps virementprópria relação econômica com o mercado russo.

A Rússia também é um parceiro comercial importante para a China e os dois países vêm estreitando ainda mais os laços nos últimos anos.

O comércio total entre as potências saltou 35,9% no ano passado, segundo dados da alfândega chinesa, e Moscou serve como uma importante fontezebet temps virementpetróleo, gás, carvão e commodities agrícolas para Pequim.

"Há uma expectativazebet temps virementque o aprofundamento das relações comerciais com a China poderá amortizar, ao menoszebet temps virementparte, o impacto das sanções econômicas impostas pelo Ocidente contra a Rússia", diz Vicente Ferraro Jr. "Contudo, o alcance dessa amortização ainda é uma incógnita e não é descartável um efeito colateral das sanções para empresas chinesas que têm relações comerciais tanto com a Rússia quanto com países do Ocidente".

Segundo o especialista, as sanções econômicas contra a Rússia podem gerar o encarecimentozebet temps virementcommodities devido às tensões, sobretudo petróleo e gás.

Contudo, a quebra das relações comerciais com a Europa e os EUA pode ser ainda mais danosa para Pequim. "O volume comercial entre a China e países do Ocidente é muito superior ao volume comercial da China com a Rússia", diz Ferraro Jr.

Afronta a interesses internos

Para além do impacto econômico, a China ainda tem interesses políticoszebet temps virementjogo.

Do pontozebet temps virementvista geopolítico, o governozebet temps virementXi Jinping pode estar buscando não se contradizer, pois uma mensagem repetida constantemente pelos líderes chineses é azebet temps virementque o país não interferezebet temps virementassuntos internoszebet temps virementoutros e que outras nações não deveriam interferirzebet temps virementsuas questões internas.

Para Alexandre Uehara, a China não aprovou o reconhecimento da independência das regiõeszebet temps virementDonetsk e Luhansk, e assim que a decisão foi anunciada por Putin passou a amenizar seu discurso a favorzebet temps virementMoscou.

"A China também possui territórios que demandam mais autonomia e independência, como Taiwan, Tibete e Xinjiang, e vê no reconhecimento da independênciazebet temps virementregiões separatistas na Ucrânia uma afronta aos seus interesses internos", diz.

Segundo Uehara, o governo chinês teme que se apoiar as ações da Rússia na Ucrânia, outros países possam tomar atitudes semelhantes àzebet temps virementPutinzebet temps virementrelação aos seus próprios territórios.

E ao se abster das votações nas Nações Unidas contra a Rússia, Pequim pode estar buscando sinalizar para o resto do mundo qual azebet temps virementposição verdadeira sobre o tema.

"Embora tal movimento não represente um veto contra a Rússia, ele traz diferentes implicações políticas. Pode representar uma sinalização à Rússiazebet temps virementque a China está preocupada com a escaladazebet temps virementtensões e com o impacto político e econômico que o conflito pode ocasionar no sistema internacional", diz Vicente Ferraro Jr., do Laboratóriozebet temps virementEstudos da Ásia da USP.

"Mas também pode sinalizar a paíseszebet temps virementdesenvolvimento e do sul global que a China não compactuazebet temps virementpráticas intervencionistas promovidas por grandes potências".

Ao mesmo tempo, quando o governo chinês rejeitou a imposiçãozebet temps virementsanções contra a Rússia, nos últimos dias, sabia que poderia receber tratamento semelhante se decidir tomar Taiwan à força, no que seria uma operação custosa e sangrenta.

A ilha se proclamou república independentezebet temps virement1911 e se estabeleceu como uma democracia, mas a China a considera parte inalienável do seu território e nos últimos anos tem se empenhado ostensivamente no projetozebet temps virementreunificação.

Durante um encontro regular com a imprensazebet temps virementPequim, Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, disse que a China nunca acreditou que sanções eram a melhor formazebet temps virementresolver problemas entre nações.

Para o Partido Comunista Chinês, a forma como a atual crise poderá impactar seu próprio povo ezebet temps virementvisãozebet temps virementmundo também é uma preocupação.

Por esse motivo, o governo está manipulando e controlando as informações sobre a situação na Ucrânia nazebet temps virementimprensa e mídias sociais.

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