Covid-19: EUA deveriam mandar vacinas paradas 'imediatamente' ao Brasil, diz pesquisadoratwitter estrelabetYale:twitter estrelabet

Vacinaçãotwitter estrelabetPorto Alegre

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Akiko Iwasaki, que chefia laboratório sobre o covid-19twitter estrelabetYale, diz que a situação do Brasil é 'terrível' e requer ajuda internacional; ela espera que o 'governo brasileiro não atrapalhe'

"A situação,twitter estrelabetfato, é terrível no Brasil. Os hospitais estão lotados, não há leitostwitter estrelabetUTI suficientes, alguns lugares até estão ficando sem oxigênio. Esta é uma situação crítica", disse Iwasakitwitter estrelabetentrevista à BBC News Brasil.

Há alguns dias, a cientista foi àtwitter estrelabetconta no Twitter, na qual tem maistwitter estrelabet123 mil seguidores, para pedir aos laboratórios Pfizer e Moderna que adequem suas vacinas para a nova variante brasileiratwitter estrelabetcoronavírus, a P1.

Akiko Iwasaki

Crédito, Divulgação/Yale

Legenda da foto, Com maistwitter estrelabet123 mil seguidores no Twitter, cientista pediu aos laboratórios Pfizer e Moderna que adequem suas vacinas para a nova variante brasileiratwitter estrelabetcoronavírus, a P1.

A preocupaçãotwitter estrelabetIwasaki surgiu ao se debruçartwitter estrelabetdados disponíveis sobre Manaus. Estimativas feitas após uma forte primeira ondatwitter estrelabetinfecçõestwitter estrelabet2020 sugeriam que cercatwitter estrelabet75% da população da capital do Amazonas teria anticorpos contra o SARS-CoV-2, o que poderia indicar que essas pessoas estariam relativamente protegidastwitter estrelabetnovas investidas do coronavírus.

Meses mais tarde, no entanto, uma segunda onda ainda mais letal varreu Manaus. Em meio à faltatwitter estrelabetmedidastwitter estrelabetcontenção da circulação do vírus, uma nova variante aparentemente foi capaztwitter estrelabetdriblar a imunidade que trêstwitter estrelabetcada quatro manauaras talvez já tivessem conquistado. Era a chamada P1.

Para Iwasaki, esse cenário acendeu dois alertas. Primeiro, reforçou a hipótesetwitter estrelabetque as pessoas poderiam ser reinfectadas pelo Sars-CoV-2, mesmo tendo anticorpos contra ele criados durante a primeira infecção.

Segundo, algo parecido poderia acontecer com pessoas que receberam vacinas feitas com basetwitter estrelabetvariantes mais "antigas" do vírus. Mas ela ressalta que os indícios apontam que as vacinas conferem proteção contra as novas variantes, e que essa não étwitter estrelabetprincipal preocupação.

EPA

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Brasil tem tido índices baixostwitter estrelabetvacinação e, ao mesmo tempo, recordestwitter estrelabetnovos casos e mortes por covid

"É provável que as vacinas existentes ofereçam proteção significativa. Minha única razão para sugerir a vacina feita com o spike da P1 é porque a P1 parece ser capaztwitter estrelabetreinfectar pessoas que já tiveram a infecção originaltwitter estrelabetSARS-CoV-2. Isso implica que a resposta imune induzida pela proteína spike original (e todas as outras proteínas virais) pode ser ineficaz na proteção contra P1", diz a especialista.

"Uma das vantagens do uso da vacinatwitter estrelabetRNA mensageiro (produzida pela Pfizer e pela Moderna) étwitter estrelabetversatilidade. O RNA mensageiro da P1 (outwitter estrelabetqualquer outra variante)pode ser usado para fazer uma vacina que seja perfeita contra ela e ofereça uma proteção mais forte", explica Iwasaki.

Para ela, no entanto, o Brasil precisa do máximotwitter estrelabetdoses das vacinas disponíveis, mesmo sem que elas sejam perfeitamente adequadas à P1. Até agora, o país aplicou ao menos uma dosetwitter estrelabetvacinatwitter estrelabetapenas 6% da população.

"Não quero que minha sugestão crie uma situação do tipo "o ótimo que é inimigo do bom". A questão mais importante e urgente é distribuir as vacinas existentes para as pessoas no Brasil, o mais rápido possível", argumenta Iwasaki.

Há uma escasseztwitter estrelabetvacinas e insumos no país. Em 2020, o governo Bolsonaro apostou todas as suas fichastwitter estrelabetapenas uma vacina, a AstraZeneca-Oxford, que seria produzida pela Fiocruz no Brasil. O imunizante, no entanto, apresentou problemas nos estudos, o que atrasoutwitter estrelabetmesestwitter estrelabetliberação e produção.

Além disso, o governo federal também boicotou publicamente a Coronavac, do Instituto Butantantwitter estrelabetparceria com a China, e rejeitou ofertastwitter estrelabetdezenastwitter estrelabetmilhõestwitter estrelabetvacinastwitter estrelabetdosestwitter estrelabetfabricantes como a Pfizer.

Nos últimos meses, com o agravamento da pandemia no país, passou a tentar comprar vacinastwitter estrelabetdiversos fabricantes, mas esbarra na escasseztwitter estrelabetdoses disponíveis para entregatwitter estrelabetcurto prazo. Isso explica a lentidão na imunização dos brasileiros.

Produção da vacina da BioNtech, junto à farmacêutica Pfizer

Crédito, EPA

Legenda da foto, Governo Bolsonaro boicotou publicamente a Coronavac, do Instituto Butantantwitter estrelabetparceria com a China, e rejeitou ofertastwitter estrelabetdezenastwitter estrelabetmilhõestwitter estrelabetvacinastwitter estrelabetdosestwitter estrelabetfabricantes como a Pfizer.

EUA afirmam estar 'cientes' do pedido

Segundo Iwasaki, tanto os Estados Unidos quanto os países europeus deveriam liberar "imediatamente" para o Brasil dosestwitter estrelabetimunizantes estocadas e sem uso nesses países no momento.

Há algumas semanas, integrantes do governo Biden e do fabricante da vacina AstraZeneca-Oxford, que ainda não recebeu autorizaçãotwitter estrelabetuso emergencial pela agência reguladoratwitter estrelabetmedicamentos nos EUA, a FDA, discutem a possibilidadetwitter estrelabetque os EUA liberem ao menos partetwitter estrelabetseus estoques desse imunizante para o Brasil.

O governo afirma ter cercatwitter estrelabetsete milhõestwitter estrelabetvacinas paradas, enquanto veículostwitter estrelabetimprensa americano, como o jornal The New York Times, dizem que o número estariatwitter estrelabettornotwitter estrelabet30 milhões, já que os americanos contam com fábrica própria da AstraZeneca,twitter estrelabetBaltimore, Maryland.

O país tem disponíveis estoquestwitter estrelabetPfizer, Moderna e Janssentwitter estrelabetquantidade suficiente para não depender das doses da AstraZeneca na imunizaçãotwitter estrelabetsua população. A Casa Branca, no entanto, resiste à possibilidadetwitter estrelabetvender ou doar as vacinastwitter estrelabetque dispõe, mesmo que não possam ser usadastwitter estrelabetterritório americano, já que atualmente menostwitter estrelabet15% da população americana recebeu duas dosestwitter estrelabetimunizantes contra a covid-19.

De acordo com Iwasaki, esse seria um erro estratégico no combate à pandemia.

"O vírus não respeita fronteiras. O que acontece no Brasil pode acontecertwitter estrelabetqualquer outro país. Na verdade, a variante P1 já está presentetwitter estrelabet25 países ao redor do mundo. Esta é uma pandemia global. Nós, como cidadãos do mundo, precisamos nos concentrartwitter estrelabetfornecer ajuda onde ela é mais necessária. No momento, o Brasil precisatwitter estrelabetajuda", argumenta a cientistatwitter estrelabetYale.

A pressão sobre os americanos aumentou ainda mais depois que, diante do que a Fiocruz classificou como o "maior colapso hospitalar da história do país", a Casa Branca anunciou o enviotwitter estrelabet4 milhõestwitter estrelabetdoses ao Canadá e ao México,twitter estrelabetacordos bilaterais.

No último sábado (20/3), o Itamaraty afirmou ter iniciado "tratativas" uma semana antes com os americanos para comprar dosestwitter estrelabetAstraZeneca e, no dia 19, o Senado brasileiro enviou um apelo à vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, para que as vacinas fossem colocadas à disposição do Brasil.

O Departamentotwitter estrelabetEstado americano não confirma que existam negociaçõestwitter estrelabetcurso para vender vacinas americanas ao Brasil. Em comunicado postado nesta terça-feira (23/3) na página da embaixada americanatwitter estrelabetBrasília, a gestão Biden afirma que "os Estados Unidos estão comprometidostwitter estrelabetcoordenar os esforçostwitter estrelabetvacinação da COVID-19 com os parceiros brasileiros, o governo e o setor privado".

O país afirma ainda estar empenhadotwitter estrelabetinvestir no consórcio Covax, esforço global para distribuiçãotwitter estrelabetimunizantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), do qual o Brasil optou por receber a cota mínimatwitter estrelabet42 milhõestwitter estrelabetdoses, sendo 9 milhões previstas até julhotwitter estrelabet2021.

"Os EUA estão cientes dos pedidostwitter estrelabetoutros países sobre as dosestwitter estrelabetvacinas do governo dos EUA, e quando determinarmos que podemos compartilhar mais vacinas, trabalharemostwitter estrelabetestreita colaboração com a Covax e outros parceiros internacionais. A Embaixada e os Consulados anunciarão as decisões relevantes quando tivermos mais informações para compartilhar sobre o pedido oficial do governo brasileiro", afirma a nota.

Nesta quarta (24/3),twitter estrelabetcoletivatwitter estrelabetimprensa, o líder da força-tarefa americana contra o coronavírus, Anthony Fauci, afirmou ver com preocupação a situação brasileira, mas não entrou no tematwitter estrelabetofertatwitter estrelabetdoses.

"Vamos conversar com autoridades brasileiras [...] Estamos muito preocupados com a difícil situação do Brasil e vamos discutir maneirastwitter estrelabetsermos úteis para o Brasil. Não posso dar detalhes, quero ver o que eles apresentam para podermos ver como ajudá-los no futuro", disse Fauci.

Liderança e medidastwitter estrelabetcontrole

Segundo Iwasaki, embora o Brasil deva se esforçar para "aumentar a vacinação o mais rápido possível", esse não é o único recurso para que o governo brasileiro possa conter o avanço da pandemia, que já custou maistwitter estrelabet300 mil mortes ao país.

"Há muitas coisas que podem ser feitas para mitigar a situação, incluindo lockdown, usotwitter estrelabetmáscara, e evitar aglomerações", diz a cientista.

De acordo com Iwasaki, no entanto, o mais importante nesse momento é que o país tenha uma liderança política consistente. Ela ecoa críticas feitas ao presidente Jair Bolsonarotwitter estrelabetter boicotado medidastwitter estrelabetdistanciamento, lançado dúvidas sobre a vacinação e propagandeado remédios sem eficácia contra a covid-19, como a hidroxicloroquina.

"A liderança é crucial para controlar a pandemia. Na ausênciatwitter estrelabetum líder que use dados e ciência para se guiar, temo que o Brasil se encaminhe para uma expansão ainda maiortwitter estrelabetinfecção, sofrimento e morte. As pessoas no Brasil precisamtwitter estrelabetajuda internacional. Espero que o governo brasileiro não atrapalhetwitter estrelabettais esforços", conclui a cientista.

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