'Este chocolate custa meia horacaminhada': estudos sugerem mudançasrótulosalimentos:
Segundo os especialistas da UniversidadeLoughborough, que se debruçaram sobre 14 estudos, rótulos nesses moldes poderiam diminuircerca200 calorias a ingestão média diária das pessoas.
Pode não parecer muito, mas os responsáveis pela pesquisa afirmam,artigo do Journal of Epidemiology and Community Health, que isso teria um impacto significativo nos níveisobesidade.
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, esses níveis chamam a atenção: a obesidade atinge umcada cinco brasileiros.
"Nós estamos interessadosformas diferentesfazer com que a população tome boas decisões sobre o que come e também tentando tornar esse público mais fisicamente ativo", disse a professora Amanda Daley, principal responsável pela análise.
Rotular os alimentos faria com que as pessoas entendessem mais facilmente o que estão consumindo e as encorajaria a tomar decisões melhores.
Sobre calorias
- O tantoenergia contidoum alimento ou bebida é medidocalorias (kcal);
- Nosso corpo precisa delas para funcionar;
- Mas consumi-lasexcesso, sem queimá-las, leva à obesidade;
- Comer demais todos os dias faz com que esse excesso seja armazenado pelo corpo como gordura;
- Homens precisam,média,2.500 kcal por dia e mulheres,2.000 kcal.
Para saber quantas calorias determinada atividade consome, basta aplicar uma fórmula simples.
Deve-se multiplicar o peso (em quilos) do indivíduo, pelo tempo (em horas)atividade física e pelo MET, o chamado equivalente metabólico da tarefa.
O resultado deve ser comparado ao númerocaloriasum prato determinado.
Imagine a seguinte situação: uma mulher que tenha sobrepeso, marcando 80 quilos na balança, decide andarbicicleta (atividade cujo MET equivale a 10) por uma hora. Como resultado, seu gasto calórico será800 kcal.
O valor pode ser, então, comparado aos alimentos consumidos. Pensando na ceiaNatal, por exemplo, 100 gramasperu correspondem a 163 kcal,acordo com a Tabela BrasileiraComposiçãoAlimentos, da Unicamp (Universidade EstadualCampinas). Adicionar uma porção similararroz integral somaria 124 kcal à conta.
Se, para a sobremesa, a opção for chocolate ao leite, lá se vão 540 kcal, também pela porção100 gramas. Só com esses três itens, o valor total consumido já ultrapassou27 kcal o gasto calórico da horaexercício.
'O bolochocolate vale a pena?'
Daley afirma que muitas pessoas ficariam chocadas ao perceberquanta atividade física precisariam para queimar caloriascertas guloseimas.
"Nós sabemos que a população costuma subestimar o númerocalorias contido nas comidas", afirma.
"Se você compra um muffinchocolate e ele contém 500 calorias, por exemplo, isso equivaleria a 50 minutoscorrida"
A professora explica que não se tratamodelar dietas. "É educar o público sobre como, ao consumir alimentos, existe um custotermosenergia, para que eles pensem 'eu realmente quero passar duas horas queimando as calorias desse bolochocolate? O bolochocolate vale a pena?'."
A Royal Society for Public Health declarou apoio à inclusão dessas informações nos rótulos e acredita que a exigência teria apoio da maioria da população.
"Esse tiporotulagem realmente coloca o consumo calórico individual contextualizado com o gastoenergia", declarou a entidade.
"Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença no consumocalorias e,última análise, no ganhopeso."
A professora Daley espera que alguma rede ou empresaalimentos esteja disposta a testar embalagens do tiposeus produtos, para que o sistema possa ser avaliado na "vida real".
Entretanto, há quem faça ressalvas ao modelo.
Tom Quinn, da organizaçãocaridade Beat, que lida com transtornos alimentares é um deles. "Ainda que nós reconheçamos a importânciareduzir a obesidade, rotular alimentos dessa forma pode ser um gatilho terrível para aqueles que sofrem ou estão vulneráveis a transtornos alimentares."
"Nós sabemos que muitas pessoas com transtornos alimentares acabam fazendo exercícioforma compulsiva, então dizer exatamente o tempoexercício necessário para queimar calorias pode agravar esses sintomas."
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