Bolsonaro na Argentina: como visita365 freebetpresidente brasileiro pode mexer com eleições no país:365 freebet
Visto como peronista moderado, Alberto Fernández renunciou ao cargo no governo Cristina365 freebetjulho365 freebet2008 e fez duras críticas à365 freebetadministração.
Os pré-candidatos devem se inscrever até o dia 22365 freebetjunho para que disputem as primárias365 freebetagosto e, finalmente, as eleições365 freebetoutubro. As pesquisas365 freebetopinião divulgadas até o momento mostram Macri e Cristina oscilando365 freebettorno365 freebet30% das intenções365 freebetvoto.
A quatro meses da eleição, portanto, o cenário ainda está completamente indefinido. Ambos os candidatos têm acenado aos argentinos que estão distantes dos extremos da polarização, justamente porque os votos dos eleitores365 freebetcentro devem definir o desfecho, ressaltam cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil.
Nessa disputa apertada, qualquer detalhe pode pesar para um lado ou outro da balança.
"E Bolsonaro é uma figura incômoda", resume Fernando Manuel Suárez, professor do departamento365 freebetHistória da Universidad Nacional Mar del Plata (UNMdP).
Além dos comentários polêmicos do presidente sobre a comunidade LGBT e sobre as mulheres considerados preconceituosos e machistas entre os argentinos, ele também se refere, por exemplo, à postura do governo365 freebetrelação à ditadura.
O tema é um dos poucos que une direita e a esquerda na Argentina, país que até hoje julga e condena os responsáveis pelo desaparecimento365 freebetquase 30 mil pessoas durante o regime365 freebetexceção que se estendeu365 freebet1976 a 1983.
A ditadura argentina e o papel atual das Forças Armadas
A eleição365 freebetMacri365 freebet2015, que colocou fim365 freebetum ciclo365 freebet12 anos365 freebetgestão kirchnerista, considerada365 freebetesquerda, não veio acompanhada365 freebetum maior apoio popular às Forças Armadas - ao contrário do que aconteceu no Brasil,365 freebetque a vitória365 freebetBolsonaro deu-se365 freebetparalelo a um movimento365 freebetreconquista365 freebetprestígio dos militares.
"Em uma sociedade com muito poucos consensos como é a argentina, até hoje é consenso a catástrofe econômica, social e humana que foi a ditadura", diz o antropólogo Alejandro Grimson.
A "deslegitimidade" das Forças Armadas, como qualifica o historiador Manuel Suárez, vem365 freebetdécadas e se deve a uma conjunção365 freebetfatores. Primeiramente, há o fiasco da Guerra das Malvinas, o conflito contra o Reino Unido que terminou365 freebetjunho365 freebet1982 com uma derrota humilhante para a Argentina e que selou o fim da ditadura militar.
Depois, o próprio caráter violento da repressão, além dos julgamentos dos crimes da ditadura, possibilitados pela revogação,365 freebet2005, das leis365 freebetanistia - chamadas365 freebet"Punto Final" e "Obediencia Debida". Ainda hoje há cerca365 freebet500 causas ativas que tramitam na Justiça.
Cerca365 freebet2,2 mil pessoas foram denunciadas por delitos ligados a crimes365 freebetlesa humanidade e 660, condenados, conforme os dados compilados pelo Espacio Memória y Derechos Humanos, organização que funciona na antiga Escuela365 freebetMecánica365 freebetla Armada (ESMA), um dos maiores centros365 freebettortura da ditadura argentina, por onde passaram 5 mil presos políticos - dos quais apenas 200 sobreviveram.
No Brasil, lembra o ex-Procurador Geral da República Claudio Fonteles, que foi membro da Comissão da Verdade, o julgamento sobre a validade ou não da Lei365 freebetAnistia está parada no Supremo Tribunal Federal e, por isso, uma série365 freebetdenúncias feitas pelo Ministério Público Federal contra militares envolvidos no aparato repressivo da ditadura estão travadas.
Força política dos movimentos365 freebetdireitos humanos
Graças à atuação365 freebetuma série365 freebetmovimentos365 freebetdireitos humanos, o país acabou com o serviço militar365 freebet1994 e marca o dia 24365 freebetmarço, data do golpe365 freebetEstado365 freebet1976, como um dia365 freebetreflexão, inclusive nas escolas, com marchas e eventos.
Esse grupo heterogêneo365 freebetativistas - que inclui, por exemplo, as Mães da Praça365 freebetMaio - teve papel fundamental na denúncia dos abusos cometidos durante a ditadura e no processo365 freebetredemocratização, acrescenta Grimson, que é professor na Universidad Nacional San Martín.
E ainda hoje são peças importantes no xadrez político do país.
Um exemplo nesse sentido, ilustra a cientista política Maria Esperanza Casullo, aconteceu365 freebet2017, quando a Suprema Corte argentina permitiu a redução365 freebetpena365 freebetum ex-torturador com base365 freebetum regime conhecido como "2 x 1" (dos por uno), que beneficia aqueles detidos por mais365 freebetdois anos365 freebetprisão preventiva.
Após um protesto que levou uma multidão às ruas, oposição e situação se uniram e o Senado aprovou por unanimidade que o 2 x 1 não se encaixava nos crimes365 freebetlesa humanidade.
"Há certas coisas que não podem ser ditas na Argentina", diz a cientista política, autora do recém-lançado ¿Por qué funciona el populismo?.
Sendo assim, o fato365 freebeto presidente Bolsonaro ter estimulado as Forças Armadas a comemorarem o golpe365 freebet64 é algo "impensável" no contexto argentino, ela ressalta.
Já os elogios ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pela Justiça brasileira, na Argentina poderiam ser denunciados por "apologia del delito", afirma Daniel Tarnopolsky, do diretório365 freebetorganismos365 freebetdireitos humanos do Espacio Memoria.
A avaliação365 freebetBolsonaro como possível "aliado incômodo" tem como precedente a viagem oficial ao Chile,365 freebetmarço deste ano, a primeira e única até então a um país latino-americano.
No dia seguinte à visita, o presidente Sebastián Piñera chegou a declarar que os comentários do colega brasileiro sobre as ditaduras americanas eram "tremendamente infelizes".
Entre os exemplos, citou a frase "Quem procura osso é cachorro",365 freebetreferência a um cartaz que Bolsonaro mantinha na porta365 freebetseu gabinete na Câmara dos Deputados e que se referia aos parentes365 freebetvítimas da guerrilha do Araguaia. A imagem foi exibida por grupos que protestavam contra a presença do presidente brasileiro no Chile.
Declaração365 freebetvoto
Para Suárez, a oposição pode tentar explorar a "imagem pouco simpática"365 freebetBolsonaro. "Os opositores vão fazer essa afiliação (da proximidade entre os dois presidentes)", afirma.
O líder do bloco kirchnerista na Câmara, deputado Agustín Rossi, diz, porém, que "não recomendaria" a estratégia a nenhuma candidatura365 freebetoposição. Prefere centrar a crítica ao governo na política econômica e365 freebetseus efeitos.
A expectativa, para ele, é que a visita365 freebetBolsonaro não chegue a desequilibrar a corrida eleitoral. "A não ser que ele fale algo muito grave e que Macri não se contraponha", admite.
Um potencial foco365 freebetdesconforto nesse sentido, na visão do cientista político Marcos Novaro, é o fato365 freebeto presidente brasileiro vir repetindo que os argentinos devem evitar Cristina e votar pela reeleição365 freebetMacri, sob o risco365 freebetque o país se transforme365 freebet"uma Venezuela".
Foram pelo menos três comentários no último mês365 freebetmaio, inclusive durante a visita ao Texas,365 freebetque Bolsonaro esboçou preocupação sobre as eleições argentinas com o ex-presidente americano George W. Bush.
"Em outros momentos Macri daria algum tipo365 freebetdeclaração365 freebetdesagravo", avalia.
Protestos marcados para esta quinta-feira
A agenda preliminar divulgada pelo Itamaraty prevê que Bolsonaro chegue à Casa Rosada, sede da presidência, por volta das 11h desta quinta-feira.
Além365 freebetreunião com o presidente e com a cúpula do Congresso, na programação consta ainda encontro com o presidente da Suprema Corte365 freebetJustiça e encontro com empresários.
Nesta semana, diversos movimentos sociais fizeram uma convocação para um protesto no dia da visita. Batizado365 freebet"Argentina Rechaza Bolsonaro", ele está marcado para as 18h desta quinta-feira na Plaza365 freebetMayo,365 freebetfrente à Casa Rosada.
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