Escassezthe pokercomida leva a longas filas e desesperothe pokerCuba: ‘A gente quase se mata para comprar uma línguathe pokerporco’:the poker
"Esta situação tem entre suas causas o recrudescimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos e o aumento das perseguições financeiras", afirmou o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, durante uma reunião da Comissão Agroalimentar do Conselhothe pokerMinistrosthe pokerCubathe pokerabril.
"Além da quebrathe pokerequipamentos e outros problemas internos, a faltathe pokeralguns produtos nos mercados se deve a essas medidas unilaterais promovidas pelo governo dos EUA, o que também provocou a reduçãothe pokercréditothe pokerfinanciamento", afirmou.
Como reação, o governo anunciou neste mês um planothe pokerracionamento "temporário" para "conseguir maior equidade na distribuiçãothe pokeralguns produtos" e "evitar a acumulação compulsiva".
Desde então, comprar salsicha, frango, arroz, ervilha, feijão, ovo ou óleo se tornou um desafio diário para muitos cubanos, alémthe pokermotivothe pokerdiscussão e pancadaria.
"Eu tenho pesadelo com as filas. Há fila para tudo. Você perde a vida nas filas", diz Blanco Rodríguez.
Enquanto isso, fotografiasthe pokerfrigoríficos vazios,the pokerfilas imensas vigiadas por policiais e agentesthe pokersegurança (alguns com armasthe pokeralto calibre) e até mesmothe pokerconfrontos entre cubanos para comprar produtos como frango, começaram a circular nas redes sociaisthe pokerCuba, às quais cada vez mais pessoas têm acesso.
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Mas, apesarthe pokeras imagens do desabastecimento na capital terem mais visibilidade, a situaçãothe pokeralgumas províncias do interior da ilha parece estar pior, segundo vários cubanos relataram à BBC News Mundo.
"Outro dia eu estava na fila porque conseguiram cabeça, pata e línguathe pokerporco, e dois homens começaram a se agredir. A polícia teve que intervir. É incrível que depoisthe poker60 anos da revolução, as pessoas quase se matem para comprar uma línguathe pokerporco", diz Pinar del Rio Teresa García,the poker86 anos.
Por que isso está acontecendo?
"O impacto do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA a Cuba por maisthe poker60 anos sempre foi um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do país", afirmou a vice-ministrathe pokerComércio Exterior, Ileana Núñez,the pokerentrevista coletiva durante a feira Expocaribe, realizadathe pokerHavana.
"Sem dúvida, há um recrudescimento palpável", acrescentou Núñezthe pokerresposta ao jornalista Will Grant, correspondente da BBCthe pokerCuba.
O presidente da Câmarathe pokerComérciothe pokerCuba, Orlando Hernández, lembrou, porthe pokervez, no mesmo evento que o governo da ilha estimathe pokerUS$ 4 bilhões o prejuízo que o embargo causa à economia do país.
"Mas muitos dos impactos que Cuba sofre não são medidosthe pokernúmeros: quantas pessoas deixaramthe pokerinvestir no país? Quantos turistas teriam vindo e não vieram por causa da natureza intimidadora das medidas dos EUA?"
A ministrathe pokerComércio Interior da ilha, Betsy Díaz Velázquez, reconheceu durante um programa oficialthe pokertelevisão que, além das sanções dos EUA, o racionamento se devia aos problemas financeiros do governo (que é o único que pode importar alimentos).
"Por causa das restrições financeiras internas, do bloqueio e das medidas dos EUA contra a nossa economia, começamos a ter problemas com fornecedores e instituições financeiras que não queriam negociar conosco", sinalizou.
A ilha, que tem uma populaçãothe pokermaisthe poker11 milhõesthe pokerhabitantes, importa entre 60% e 70% dos alimentos que consome, segundo dados oficiais.
Ricardo Torres, pesquisador do Centrothe pokerEstudos da Economia Cubana, explica à BBC News Mundo que um fator decisivo nesse sentido foi a crescente perdathe pokercapacidadethe pokerimportação.
"Cuba viveu durante três anos uma situaçãothe pokerque as receitasthe pokerexportação caíram. Isso,the pokeruma maneira geral, afeta a disponibilidadethe pokerdivisas do país e, portanto, implicathe pokermaiores restrições quando se tratathe pokerimportações", diz ele.
Em 2014, quando o governo cubano anunciou pela última vez o valor dathe pokerdívida, o montante chegava a US$ 18,9 bilhões, embora alguns economistas acreditem tenha sido reestruturadathe pokergrande parte nos últimos anos.
No entanto, tudo indica que a faltathe pokerpagamento também levou alguns fornecedores a fecharem suas portas.
"À medida que Cuba não pode pagar seus fornecedores,the pokerdeterminado momento, os fornecedores paramthe pokerenviar os itens porque não podem mais acumular dívidas", diz Torres.
Outro fator, emthe pokeropinião, diz respeito às relações com o Brasil, onde Cuba fazia parte do Programa Mais Médicos até o fimthe poker2018, quando Havana cancelou a participação no programa, após a eleição do presidente Jair Bosonaro.
"No caso do Brasil, que era um importante fornecedorthe pokeralimentos, por alguns problemas nos pagamentosthe pokerCuba, esse crédito não foi ampliado e agora as compras precisam serthe pokerespécie", diz ele.
Alguns economistas também sinalizam que a crise na Venezuela, principal parceiro comercial e aliado político da ilha desde a gestãothe pokerHugo Chávez, também é responsável pelo cenáriothe pokerdesolação nas lojasthe pokerHavana.
Qual o impacto das sanções dos EUA?
Depoisthe pokeruma breve aproximação que levou à reaberturathe pokerembaixadas nos dois países, houve um revés nas relações entre Cuba e Estados Unidos com a chegada ao poder do presidente Trump.
A Casa Branca, que mantém um embargo à ilha desde a décadathe poker1960, anunciou nos últimos meses novas sanções que incluem restriçõesthe pokerviagem para cidadãos americanos e a ativação da terceira parte da Lei Helms-Burton (que permite a quem perdeu suas propriedades após a revolução processar o governo).
Havana considera essas sanções e o embargo como os principais motivos para a atual crisethe pokerdesabastecimento.
"As sanções e as medidasthe pokerTrump não têm uma influência direta sobre essa escassez. Mas é certo que isso deixa os bancos estrangeiros mais relutantesthe pokerquerer negociar com Cuba, e buscar outros bancos encarece o processothe pokercomérciothe pokergeral e as importações", avalia Torres.
"Mas o desabastecimento começou antes mesmothe pokerTrump anunciar essas medidas", acrescenta.
Por uma cláusula especial do Congresso dos EUA, Cuba pode comprar alimentos do país, algo que não foi alterado por Trump.
De acordo com dados da organização independentethe pokeragricultores American Farm Bureau Federation, dos US$ 2 bilhões que a ilha gastathe pokerprodutos agrícolas por ano, cercathe pokerUS$ 150 milhões são destinados a compras no país vizinho.
O 'período especial' pode voltar?
Os cubanos consultados pela BBC News Mundo dizem que a maior preocupação da população é que o desabastecimento se torne crônico, e a ilha retorne ao chamado "Período Especial", que segundo eles, significa passar fome comothe pokertemposthe pokerguerra.
Cuba entrouthe pokercrise nos anos 1990, quando a queda da União Soviética deixou a ilha sozinha no cenário internacional, perdendo toda a ajuda que recebia do bloco.
A partirthe pokerentão, alimento, transporte, vestuário e eletricidade se tornaram artigosthe pokerluxo, até que Havana encontrouthe pokerCaracas um novo aliado.
O governo cubano nega que a ilha esteja à beirathe pokerum novo "período especial" e garante que o desabastecimento será temporário.
"Não é uma questãothe pokervoltar à fase aguda do Período Especial... Mas temos que estar preparados para a pior variante, precisamos estar alertas e conscientesthe pokerque estamos enfrentando problemas adicionais e que a situação poderia piorar no futuro,the pokeralguns meses", anunciouthe pokerabril o ex-presidente Raúl Castro.
Muitos economistas concordam que a atual crisethe pokerdesabastecimento não tem solução no curto prazo.
Enquanto isso, muitos cubanos se perguntam qual produto estaráthe pokerfalta amanhã ou até onde será que as filas vão chegar.
"Você vê as pessoas na frente das lojas, esperando os estabelecimentos abrirem. Ontem a fila dava a volta no quarteirão. As coisas mais básicas voltaram a ser um luxo. Basta imaginar que as pessoas ficam felizes quando conseguem comprar um pedaçothe pokerfrango", diz Blanco Rodríguez.
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