As estratégias da Alemanha para evitar que espaços ligados a Hitler se tornem 'santuários' neonazistas:roleta da escolha

Montagem com imagensroleta da escolhaHitler

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No aniversárioroleta da escolhaAdolf Hitler, velas e flores costumam aparecer nos arredores do Berghof, antiga casa do ditador

Entre as diversas estratégias utilizadas ao redor da Alemanha, a abordagem das autoridades bávaras visa ocupar o espaço do Berghof para negá-lo a simpatizantes do nazismo.

Desde 1999, funciona a poucos metros da antiga residênciaroleta da escolhaHitler o Dokumentation Obersalzberg, um centroroleta da escolhadocumentação gerido pelo Instituto para História Contemporânea Munique-Berlim que educa visitantes sobre o passado do prédio por meioroleta da escolhaexibições, eventos e palestras.

"Queremos conectar esse lugar idílico com os vastos crimes e genocídios decididos nele. Durante a décadaroleta da escolha1930, o Berghof tornou-se uma segunda sede do Terceiro Reich, onde as principais decisões sobre a guerra e os crimesroleta da escolhamassa do regime foram tomadas", explica Sven Keller, diretor acadêmico do centro.

Berghof, antiga residênciaroleta da escolhaHitler

Crédito, Institut für Zeitgeschichte

Legenda da foto, Autoridades bávaras costumam ocupar o espaço do Berghof para negá-lo a simpatizantes do nazismo

Para fazer essa associação, contudo, é preciso desconstruir a imagem pacífica do local criada pelos nazistas por meioroleta da escolhafilmes, fotografias e até miniaturasroleta da escolhabrinquedo do Berghof (para as crianças saberem onde o "Chanceler do Povo" passava suas férias).

"Isso tudo era para construir uma imagem mais humana e amigávelroleta da escolhaHitler eroleta da escolhaequipe", diz André Postert, historiador do Instituto Hannah Arendt,roleta da escolhaDresden.

Mesmo após maisroleta da escolha70 anos da morteroleta da escolhaHitler, essas imagens ainda estão muito conectadas com o antigo edifício e seus arredores. "(As fotos) podem ser usadas para dizer que Hitler não era tão mau assim. Nelas, ele aparece com crianças, andando pelas montanhas, aproveitando o sol, lendo o seu jornal no terraço como uma pessoal comum. E não foi isso que aconteceu neste lugar", afirma Keller.

"O que queremos mostrar é que ali estavam sendo decididos o assassinatoroleta da escolhamilharesroleta da escolhapessoas e todo o terror do Terceiro Reich. Queremos evitar que essa ideologia volte a crescer. Por isso, tentamos negar a esses grupos locaisroleta da escolhaidentificação", completa.

Como lidar com locais simbólicos do nazismo

Hitler

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Antiga casaroleta da escolhaHitler na Áustria ainda recebe simpatizantes do nazismo

A casa onde Hitler nasceuroleta da escolhaBraunau, na Áustria, foi expropriada pelo governo após uma batalha judicial com o antigo dono. A propriedade atrai simpatizantes do ditadorroleta da escolhatodo o mundo, motivo pelo qual as autoridades assumiram o seu controle para evitar que se torne um "santuário" neonazista. Há discussões sobre uma possível demolição, mas historiadores são críticos desta opção.

Em Berlim, o bunker no qual Hitler se abrigou nas últimas semanas da Segunda Guerra (Führerbunker) - e onde cometeu suicídio conforme os aliados avançavamroleta da escolhadireção à capital alemã - é vetado ao público. Os túneis foram implodidos pelos soviéticos, embora tenham sido parcialmente restaurados décadas depois.

O local onde o bunker era localizado, nas redondezas do turístico Portãoroleta da escolhaBrandemburgo, é mantidoroleta da escolhaforma bem discreta. A área é cercada por prédios residenciais e tem um estacionamento, alémroleta da escolhauma pequena placa informativa. Há sempre tours, mas não existe um museu específico.

Escolher a melhor forma para lidar com locais como o Berghof, o Führerbunker e a casa onde Hitler nasceu é um tema complexo, que precisa ser discutido com o público e moradores locais. Esse processo, porroleta da escolhavez, tende a ser complexo e longo.

"Há muitos exemplosroleta da escolhalugares onde memoriais foram criados somente após anos ou mesmo décadasroleta da escolhalongas discussões", conta Postert.

Ainda assim, Postert alerta, memoriais não fazem milagre. "Acreditar que um memorial ou museu automaticamente ensinaria extremistas é bastante ilusório. Na melhor das hipóteses, eles podem evitar um santuárioroleta da escolhapotencial."

"O que centrosroleta da escolhadocumentação e museus podem fazer é questionar e desconstruir os mitos históricos que cercam esses locais. Não devemos tentar nos livrarroleta da escolhalugares que tenham valor para a memória. Devemos usá-losroleta da escolhamaneira produtiva para colocar a propaganda no contexto mais amplo dos crimes e genocídio", completa Postert.

Neonazis ainda estão presentes

Dokumentation Obersalzberg, centro educacional sobre o passado do nazismo

Crédito, Institut für Zeitgeschichte

Legenda da foto, A poucos metros da antiga casaroleta da escolhaHitler, funciona o Dokumentation Obersalzberg, um centroroleta da escolhadocumentação que educa visitantes sobre o passado do prédio

Quando o Dokumentation Obersalzberg foi aberto, a estimativa era que o centro recebesse 30 mil pessoas por ano, mas os visitantes já passamroleta da escolha170 mil. Por isso, o centro vai ser ampliado e ganhará um novo espaço para exposição, entre outras modificações.

A expectativa é que ele consiga educar mais pessoas sobre o Berghof e que continue a manter os neonazistas que o visitam nas sombras. "Sabemos que as pessoas vão ao Berghof porque veneram Hitler. Isso tem sido o caso ao longo das décadas, mas isso é algo que não é feito abertamente. Estamos contentes por seremos bem-sucedidosroleta da escolhamanter (essa presença) no mínimo possível", diz Keller.

O diretor acadêmico do centro destaca não ser mais tão simples identificar extremistasroleta da escolhadireita, uma vez que não "são mais skinheads". Alguns até visitam o Dokumentation Obersalzberg. "Desde que se comportem e não cometam crimes passíveisroleta da escolhaprocesso, como mostrar tatuagens com símbolos proibidos, como a suástica, normalmente não intervimos, porque estamos abertos a esse grupo. Talvez tenhamos sucessoroleta da escolhaeducá-los, ainda que a chance seja pequena."

Se o centro não puder mudar a opiniãoroleta da escolhaextremistasroleta da escolhadireita, Keller espera que ao menos seja efetivo para quem for ao local "com curiosidade ou fascinação sombria por Hitler". "Talvez possamos educar essas pessoas e mostrar o resultado das decisões que foram tomadas neste lugar."