Martin Sellner, o austríaco que é o novo rosto da extrema-direita na Europa:bet club 7 bet

Martin Sellner

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Martin Sellner tem sido um baluarte do chamado movimento identitário europeu, que se opõe à migração muçulmana

Ele é Martin Sellner,bet club 7 bet29 anos. Como muitosbet club 7 betsua geração, passa grande parte do tempo grudado à tela do seu celular - mas, no seu caso, isso costuma ser para escrever textos sobre os supostos "males do multiculturalismo" e "como os muçulmanos pretendem dominar a Europa".

Com seus discursos, Sellner virou o novo garoto-propaganda da extrema-direita europeia, e o GI tem atraído grande atenção da mídia e do público.

Mas, para muitos, é um movimentobet club 7 betcunho racista e violento - críticas que Sellner refuta.

Sellnerbet club 7 betmanifestaçãobet club 7 bet2017

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Sellnerbet club 7 betmanifestaçãobet club 7 bet2017; seu grupo é acusadobet club 7 betracismo e violência, o que ele refuta

Discurso inflamado

Em seus vídeos no YouTube, Sellner costuma estar acompanhado porbet club 7 betnoiva, Brittany Pettibone, vlogueira americana da "alt-right" (direita alternativa,bet club 7 bettradução livre) e dada a teorias da conspiração. Os posts dela versam sobre supostos "genocídio branco" e "gruposbet club 7 betpedofilia ligados a Hillary Clinton", a ex-candidata à Presidência dos EUA.

No início deste ano, Sellner e Pettibone foram deportados ao tentar entrar no Reino Unido. O governo justificou a deportação dizendo que "se o propósitobet club 7 betuma visita a este país é espalhar ódio, então, a Secretariabet club 7 betAssuntos Internos pode impedi-losbet club 7 betentrarbet club 7 betterritório britânico".

Alémbet club 7 betliderar o GI, Sellner tem sido um baluarte do chamado movimento identitário europeu, que se opõe à migração muçulmana - alegando que esta ameaça a identidade europeia e vai eventualmente substituir as populações originárias. O movimento nasceu na Françabet club 7 bet2012 e expandiu-se a nove países, como Alemanha, Itália e Reino Unido.

Embora tenha poucos membros, o movimento ganha atenção com enfrentamentos públicos e ações midáticas, como a ocupação da peçabet club 7 betteatro.

Cadeiras do Geração Identitária, movimentobet club 7 betSellner
Legenda da foto, Cadeiras do Geração Identitária, movimentobet club 7 betSellner que costuma alvejar eventosbet club 7 betintegração entre migrantes e locais

Em 2017, o GI arrecadou o equivalente a R$ 800 mil usados no aluguelbet club 7 betum barco no Mediterrâneo para agir contra ONGs que patrulham o mar e resgatam migrantesbet club 7 betperigo.

O GI pretendia deter migrantes irregulares e afundar suas embarcações,bet club 7 betuma campanha que teve apoiobet club 7 betum site neonazista e do líder da Ku Klux Klan americana, David Duke.

Mas a ação não saiu conforme o planejado. O barco do GI foi retido e seu capitão, preso, acusadobet club 7 better refugiados ilegais a bordo ebet club 7 betportar documentos falsos. Todos foram posteriormente libertados.

Alguns meses depois, o GI financiou um voobet club 7 bethelicóptero que levou um enorme banner ao topo dos Alpes Franceses, com dizeres anti-imigração.

Ao mesmo tempo, dentro da própria Áustria, as ações da organização, incluindo a invasão da peçabet club 7 betteatro, a colocaram na mira da polícia, que acredita que a retórica do GI fomenta o ódio contra muçulmanos, estrangeiros e refugiados. Por isso, o grupo está sendo considerado pelas autoridades como uma organização criminosa, e não como uma ONG, como se autodeclara.

Simpatizantesbet club 7 betSellnerbet club 7 betLondres

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Simpatizantesbet club 7 betSellnerbet club 7 betLondres; ativista foi impedidobet club 7 betentrar no Reino Unido por incitação à violência

Investigação

A Promotoria austríaca reuniu evidências das ações do GI nos últimos dois anos, incluindo a invasãobet club 7 betuma palestra na Universidadebet club 7 betKlagenfurt sobre refugiados e integração.

Enis Husic, estudante originário da Bósnia, estava na plateia. "Foi muito tenso e agressivo", diz ele. "Depois que tudo passou, fiquei com muito medo."

O reitor da universidade, Oliver Vitouch, foi ao encontro dos manifestantes e acabou agredido por um deles. "Embora eles (militantes do GI) digam que são completamente pacíficos e contrários à violência, ficou muito claro para mim que o preparo para usar a violência está lá", diz Vitouch.

Por anos, o GI foi menosprezado por críticos como "aspirantes a hipsters nazistas". Mas, na opinião da autora e pesquisadora Natasha Strobl, suas ações e retórica são uma ameaça ao país.

"Eles pintam os refugiados como invasores, como soldados perigosos do islã, que vêm aqui para destruir a Europa", diz ela. E,bet club 7 betreação a isso, "as pessoas ficam agressivas, importunam mulheres muçulmanas nas ruas".

Strobl escreveu um livro sobre o movimento identitário e,bet club 7 betseguida, começou a receber ameaças. "Abro o e-mail e vejo ameaçasbet club 7 betestupro, assassinato. Tento não repetir as mesmas rotas na cidade porque não quero ser seguida. A vida muda."

O GI, porbet club 7 betvez, diz que não é racista ou violento e apenas articula as visões compartilhadas por muitos austríacos.

Natasha Strobl
Legenda da foto, Natasha Strobl diz que passou a ser alvobet club 7 betameaças depoisbet club 7 betproduzir estudos sobre o movimentobet club 7 betextrema-direita austríaco

Líder extremista

Martin Sellner foi criadobet club 7 betum subúrbiobet club 7 betViena. Embet club 7 betadolescência, relata Strobl, ele foi atraído pelo movimento nacionalista austríaco. "Ele era parte da cena neonazista, e o mais proeminente neonazista, Gottfried Kussel, era seu mentor," diz ela.

Na época, Kussel já havia sido detido por tentar reviver o nazismo. Foi preso novamentebet club 7 bet2011 e mais tarde condenado a nove anosbet club 7 betprisão. Em 2012, Martin Sellner fundou o GI.

A reportagem da BBC foi à sede do grupo, no centrobet club 7 betViena - um apartamento simples, repletobet club 7 betcâmeras, notebooks e luzes para a gravação e ediçãobet club 7 betvídeos.

Sellner se mostra relaxado e confiante. No dia anterior, ele e outros 16 membros do GI haviam sido absolvidos da acusaçãobet club 7 betparticiparbet club 7 betuma organização criminosa. A Promotoria entrou com recurso contra a absolvição e está investigando as finanças do GI.

"Espero que esse veredicto tenha um efeito além desse caso e que vá além da Áustria na reabilitação do GI", diz Sellner.

O ativista diz que seu grupo não é racista ou violento, mas admite que se envolveu com neonazistas no passado. "Não havia alternativa. Não havia movimentosbet club 7 betdireita patriótica", argumenta.

A reportagem pergunta: "Então, você não era racista?"

Ele hesita. "Não acho que eu fosse".

Sellnerbet club 7 betum evento do GI na Alemanha,bet club 7 betagostobet club 7 bet2018

Crédito, Sean Gallup

Legenda da foto, Sellnerbet club 7 betum evento do GI na Alemanha,bet club 7 betagostobet club 7 bet2018; ele diz não acreditar na integraçãobet club 7 betmuçulmanos na Europa

"Certamente você saberia se fosse um racista, não?", a BBC prossegue.

"Eu não diria que eu era (racista). Era algo ambíguo. Eu diria que era um conservador, um patriota."

No iníciobet club 7 bet2018, antesbet club 7 betser impedidobet club 7 betentrar no Reino Unido, Sellner foi secretamente filmado durante uma viagem a Londres, na qual usou um termo racista e ofensivo - paki - para se referir a um imigrante paquistanês. Ele diz que foi um erro ingênuo. "Eu achava que 'paki' era um termo normal. Se soubesse que era considerado uma ofensa racista, certamente não o teria usado", diz.

A reportagem rebate. "Você esteve diversas vezes no Reino Unido. É inacreditável que não soubesse que o termo é ofensivo."

Ele insiste e se desculpa. "Se eu insultei alguém ao usar essa palavra, peço desculpas e nunca mais a usareibet club 7 betnovo."

As atividades do GI normalmente alvejam eventos que promovem a integração - isso porque ele diz não acreditarbet club 7 betintegração, mas sim na assimilação dos imigrantes muçulmanos.

"Assimilação significa que você se identifica completamente com o país, com a nação, combet club 7 bethistória", ele explica. Caso contrário, "é traição àquela comunidade, que está te dando braços abertos, aceitando você, então, você tem que colocar os interesses dela diante dos seus."

Jerome Trebing
Legenda da foto, 'Há pessoas que estão sendo autorizadas a falar coisas racistas, antissemitas, e ninguém está dizendo a elas que não há lugar para isso aqui', critica Trebing, ativista antifascismo

Tensão entre grupos

Sellner conta com a oposiçãobet club 7 betativistas antifascismo como Jerome Trebing, que diz ter estado com ativistas que participarambet club 7 betreuniões fechadas do GI. E, segundo seu relato, apoiadores do GI alegam nessas reuniões que não só muçulmanos como também judeus querem ocupar o lugar dos austríacos.

"Tem coisa muito pesada acontecendo", afirma Trebing. "Há pessoas que estão sendo autorizadas a falar coisas racistas, antissemitas, e ninguém está dizendo a elas que não há lugar para isso aqui."

Sellner nega ter qualquer preconceito contra judeus e diz, porbet club 7 betvez, que quer expandir o movimento identitário a outros países da Europa. "(Na Áustria) já temos um governobet club 7 betdireita. E queremos incentivar issobet club 7 bettoda a Europa; queremos mudar o discurso público".

Ele se refere ao Partido da Liberdade, agremiação nacionalista e anti-imigração que passou a integrar a coalizãobet club 7 betgoverno austríaco no ano passado.

Sua deportação do Reino Unido dificultou a proliferaçãobet club 7 betsua mensagem a potenciais simpatizantes, mas ele continua muito ativo na internet - embora tenha sido banido do Facebook.

E, na Europa continental, ele segue liderando ações que têm muçulmanos como alvo.

Besima e seu filho Mohammed
Legenda da foto, Besima e seu filho Mohammed estavam na peça que foi invadida pelo GI; 'não me sinto mais segura', diz a imigrante

A imigrante Besima era uma das atrizes da peça que foi interrompida pelo GI na Universidadebet club 7 betViena.

Seu filho, Mohammed, estava no palco com ela e conta que a experiência o impactou.

"Ele se recusa a sairbet club 7 betcasa, dizendo 'se eu for para a rua, algo ruim vai acontecer comigo'", ela relata.

Mohammed chegou a ser sequestrado no Iraque, seu país natal - e essa foi uma das razões pelas quais Besima fugiubet club 7 betBasra com seus três filhos. Ao chegar à Áustria, dois anos atrás, ela se sentiu bem-vinda e aceita. Mas acha que a percepção quanto aos imigrantes está mudando.

"Eu achei que tinha encontrado felicidade e paz aqui", diz ela. "Mas não me sinto mais segura."