A nova estratégiagalea betMaduro para tentar evitar inflaçãogalea bet1.000.000% na Venezuela:galea bet
Para o governogalea betMaduro, as causas do problema estão relacionadas à "guerra econômica" provocada pelos constantes aumentos pelos Estados Unidosgalea betsuas tarifasgalea betimportação, às "máfias colombianas" e à "oligarquia", a quem o presidente acusagalea betpráticasgalea betcontrabando e especulação para inflar os preços e obter lucros desmensurados.
Opositores e analistasgalea bettendência liberal acreditam que a raiz da crise está ligada à má gestãogalea betMaduro e afirmam que a proposta divulgada no fim da semana passada não apenas deve fracassar, mas contribuir para agravar a escaladagalea betpreços.
A BBC News Mundo, o serviçogalea betespanhol da BBC, detalhou as principais mudanças na economia anunciadas por Maduro.
1. Nova moeda
Uma das apostas do governo é a introduçãogalea betuma nova moeda, o bolívar soberano, que começa a circular nesta segunda-feira.
A hiperinflação fez com que o bolívar forte perdesse gradativamente seu valor. Notas com as quais, há dois anos, era possível fazer as compras da semana hoje não valem quase nada. Muitas vezes é possível encontrá-las jogadas pela rua.
O bolívar forte venezuelano está tão desvalorizado no mercado paralelo que é possível comprar cercagalea bet66 milhões com US$ 1 (R$ 3,9).
A resposta do governo para a desvalorização é o bolívar soberano, que terá um valor nominal com cinco zeros a menos e um novo cone monetário (conjuntogalea betmoedas) que, segundo Maduro, ajudará a estabilizar os preços.
Mas o lançamentogalea betuma nova moeda, no entanto, ainda gera dúvidas. Inicialmente, o presidente havia anunciado a entradagalea betcirculação do bolívar soberanogalea betjunho, mas logo adiou o plano.
O economista Asdrúbal Oliveros, da Ecoanalítica, acredita que "ajudará, ao menos, a racionalizar a contabilidade das empresas".
No cenáriogalea bethiperinflação, transações cotidianas na maioria das companhias acabam atingindo montantes bilionários - o que dificulta o registro das operações, já que os programasgalea betgestão da contabilidade nem sempre permitem o usogalea bettantos zeros.
O alívio, contudo, deve ser temporário, avalia Oliveros, que é céticogalea betrelação a eficácia da introdução da nova moeda.
O economista-chefe da Torino Capital, Francisco Rodríguez, que assessorou um dos rivaisgalea betMaduro nas eleiçõesgalea betmaio deste ano, afirma que "não se pode acabar com hiperinflação sem um programagalea betdisciplina fiscal e monetária, alémgalea betum compromisso crível para diminuir a taxagalea betcriaçãogalea betmoeda".
Maduro prometeu que o Estado venezuelano parariagalea betimprimir dinheiro (e, por consequência, cortaria uma das fontes que alimentam o processo inflacionário). Para Rodríguez e Oliveros, isso seria um passo na direção certa, mas eles não veem o presidente disposto a fazer issogalea betfato.
O perigo é que, se a principal fonte do problema não for enfrentada, a hiperinflação não será estancada. Isso faria com que o bolívar soberano,galea betpoucos meses, ficasse tão desvalorizado quanto o bolívar forte está agora, na avaliação dos especialistas.
2. Uma criptomoeda que vale o preço do petróleo
"Eles dolarizam os preços, agora eu 'petrolizo' o salário", disse o presidente durante o anúncio.
Essa é a lógica por trás do petro, a criptomoeda criada pelo governo venezuelano para driblar as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia e para dar estabilidade ao novo bolívar. Segundo o presidente venezuelano, o petro vai "proteger a capacidadegalea betcompra dos venezuelanos".
O governo fixou o valorgalea betcada petrogalea betUS$ 60 (R$ 234), valor ligeiramente menor que o preço médio do barrilgalea betpetróleo venezuelano no mercado internacional. Decidiu-se ainda que cada petro vai valer 3.600 bolívares soberanos.
A medida é uma tentativagalea betusar a enorme riqueza petrolífera da Venezuela para respaldar o petro e, por extensão, o novo bolívar soberano.
"A economia será ancoradagalea betuma moeda forte como o petro, que não tem emissão", declarou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.
Pilar fundamental das mudanças anunciadas, o petro também gera muitas dúvidas.
Luis Vicente León, presidente da Datanálisis, a principal empresagalea betpesquisa do país, diz que "o governo reconheceu a necessidadegalea betancorar a economia a uma variável externa, como o preço internacional do petróleo". Mas lamenta que o façagalea betforma "camuflada, usando como meio algo bastante comprometidogalea bettermosgalea betconfiança e credibilidade como o petro".
Rodríguez, da Torino Capital, destaca como principal fragilidade do petro o fatogalea betele "não ter preçogalea betmercado" e, por consequência, não gerar confiança.
Ele acrescenta ainda que não se sabegalea betque condições ele pode ser negociado e que a produção petroleira tem enfrentado um declínio nos últimos anos. "Se o governo levasse o petro a sério, deveria estar disposto a doar US$ 60 a quem aparecer com um petro", diz ele.
3. Salário mínimo multiplicado por 35
Maduro decretou também um aumento sem precedentes no valor do salário mínimo integral.
Fixadogalea bet5,2 milhõesgalea betbolívares fortes - valor que combina um salário mínimogalea bet3 milhõesgalea betbolívares e um bônusgalea betalimentaçãogalea betaproximadamente 2 milhões -, ele foi elevado a 180 milhões, valor quase 35 vezes maior e o equivalente a US$ 30 (R$ 117) no câmbio do mercado paralelo.
O presidente anunciou que o Estado vai assumir durante 90 dias os custos do aumento salarial para as "pequenas e médias empresas", mas não deu detalhesgalea betcomo isso será feito.
O ministro da Comunicação sustenta que a medida será implementada "sem aumento do déficit fiscal".
Oliveros teme que ela "jogue combustível na inflação": com mais dinheiro no bolso, as pessoas naturalmente devem consumir mais, o que pode desencadear um novo ciclogalea betaumentogalea betpreços.
Há consensogalea betque os salários, totalmente defasados pela hiperinflação, deveriam aumentar. Feito, por decreto, contudo, o reajuste "não serve para nada", avalia o economista, e será contraproducente. Ele prevê uma "etapa muito mais agressiva da hiperinflação" como consequênciagalea betuma "forte desvalorização e expansão monetária por meiogalea betsalários e bônus".
4. Gastar menos e arrecadar mais
De acordo com todos os economistas consultados pela BBC News Mundo, o déficit público descontrolado é o problema a ser resolvido se a Venezuela quiser sair da crise. O Estado venezuelano gasta muito mais do que arrecada.
Analistas internacionais estimam que a diferença entre arrecadação e despesa é o equivalente a 20% do PIB (Produto Interno Bruto).
O governo tem compensado o déficit com emissãogalea betmoeda, o que tende a agravar a hiperinflação, na avaliaçãogalea betmuitos economistas.
Agora, Maduro se comprometeu com o objetivogalea betreduzir o déficit a zero. Ele assegura que o ponto forte do plano é que ele não dependegalea betemissãogalea betdinheiro físico, já que está baseado no petro, uma criptomoeda.
Para Luis Vicente León, a proposta é "interessante", mas difícilgalea betser aplicada - alémgalea betcontraditória, diante do aumento expressivo dos salários.
Alejandro Grisanti, também da Ecoanalítica, se diz cético diante da política fiscal expansiva pela qual o governo tem demonstrado preferência. "Me custa acreditar que Nicolás Maduro tenha disciplina para controlar o gasto público".
A outra receita contra o déficit prometida pelo presidente venezuelano é aumentar arrecadação subindo impostos. "Na Venezuela, os ricos sonegam impostos", repetem autoridades.
O problema, neste caso, pode ser a dificuldadegalea betimplementar mecanismos para assegurar o pagamentogalea betimpostos pelos mais ricos.
5. Aberturagalea bet300 casasgalea betcâmbio
Desde 2003, a Venezuela vive sob um rígido sistemagalea betcontrole cambial. O Estado apenas permite compra e vendagalea betdivisas atravésgalea betum modelogalea betleilão restrito, conhecido como Sistemagalea betDivisas Complementares (Dicom).
Com uma demanda bem maior que a oferta oficial, porém, apenas 10% dos dólares que circulam na Venezuela passam pelo sistema. "A grande maioria das transações é feita no mercado paralelo a um preço muito mais alto", critica León, do Datanálisis.
A taxagalea betcâmbio oficial resultante dos leilões mostra com frequência um bolívar muito mais valorizado do que nas ruas.
O governo atribui a diferença à açãogalea betsites estrangeiros, como o DolarToday, que os venezuelanos usam como referência para saber o valor real da moeda dos EUA. Maduro diz que os dados são distorcidos e que os valores são propositalmente inflados para que alguns poucos lucrem com a vendagalea betdólar.
A elevada demanda por dólares e os poucos canais legais para obtê-los fazem seu valor disparar no mercado paralelo.
Para economistas, o governo reconheceu o valor do dólar no mercado paralelo ao anunciar a criaçãogalea betum mercadogalea betcâmbio livre com aberturagalea bet300 casasgalea betcâmbio autorizadas e a reforma da Leigalea betIlícitos Cambiais, que regula o sistema atual.
León argumenta que essa é "a mudança mais importante"galea bettodas, porque permitiria que o setor privado operasse com maior normalidade.
Mas ele e outros especialistas alertam que será preciso esperar para ver se a liberalização do mercadogalea betcâmbio é total, já que o governo fez anúncios semelhantes no passado que acabaram não sendo cumpridos.
Se não o fizer desta vez, advertem os especialistas, a depreciação da moeda venezuelana continuará e, com ela, o círculo vicioso da hiperinflação.