Crise na Venezuela separa milharescontato estrela betcriançascontato estrela betseus pais:contato estrela bet
Outro garotos chegam acompanhadoscontato estrela betseus pais, mães, irmãos e amigos. Já Rubén não tem ninguém para torcer por ele.
Sua mãe, que antigamente o levava ao futebol, foicontato estrela betbuscacontato estrela bettrabalho para o país vizinho.
A Colômbia é o principal destino dos venezuelanos que fogem da pior crise econômica da história do país e buscam oportunidadescontato estrela betoutros lugares.
Uma análise recente do Acnur, o comissariado da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados, estimacontato estrela bet1,5 milhões o númerocontato estrela betpessoas que saíram da Venezuela nos últimos anos.
O país ocupa o quarto lugar entra as nacionalidades que mais pedem asilo no mundo, atrás apenas do Afeganistão, da Síria e do Iraque.
O Brasil e a Colômbia já tratam a situação como um crise migratória, mas ela também tem efeitos internos na Venezuela. Alguns são positivos, como o enviocontato estrela betdinheiro dos imigrantes para a sobrevivência da família que fica no país. Outro são negativos, como a ruptura familiar: o abandonocontato estrela betcrianças que ficam a cargocontato estrela betavós, tias, vizinhos... Oucontato estrela betninguém.
'Ela foi por nós'
Rubén se lembra vividamente do momentocontato estrela betquecontato estrela betmãe deu a notíciacontato estrela betque estava indo embora.
"Ela me disse e eu entendi: ela foi para lutar por uma vida melhor para ela, para mim e para meu irmão. Não foi por ela, mas por nós", diz ele, repetindo a fala dos adultos.
Seu quarto, com uma televisão com pouca definição, é seu refúgio.
Ali, ele assiste aos jogos da Copa do Mundo e se lembracontato estrela betsua mãe econtato estrela betseu irmãocontato estrela betoito anos. Depois que a mãe foi embora, o irmãocontato estrela betRubén começou a se comportal mal, o que fez com quecontato estrela betmãe o levasse embora antes.
O plano é quecontato estrela betjulho, depois do fim do semestre escolar, seja a vezcontato estrela betRubén. "Vai ser uma nova experiência, muito emocionante", diz o menino.
"A mãe dele vendia café e não ganhava o suficiente para manter os meninos", explicacontato estrela bettia Leivis, mãecontato estrela betuma garotinhacontato estrela bet3 anos que às vezes fica sob o cuidadocontato estrela betRubén.
Seu pai o abandonou faz tempo, algo que é bem comum na Venezuela, principalmente nas classes mais baixas. Comocontato estrela bettoda a América Latina, os bairros pobrescontato estrela betCaracas estão cheioscontato estrela betmãe, tias e avós que sustentam sozinhas famílias numerosas.
Consequências psicológicas
Ainda que Rubén tenha suas necessidades materias atendidas, o exôdo gera outras consequências.
"Tem implicações para as crianças mais fortes do que imaginamos", diz o psicoterapeuta Óscar Misle à BBC News. Misle é fundador da Cecodap, uma entidadecontato estrela betdireitos humanos que promove o cuidados com a infância e a adolescência na Venezuela.
As consequências também são sentidas na escola.
A rede beneficentecontato estrela betescolas jesuitas Fé e Alegria registroucontato estrela betcercacontato estrela bet3,7 mil alunos que ficaram sob os cuidadoscontato estrela betterceiros neste ano por causa da migração dos pais, entre os maiscontato estrela bet100 mil casos semelhantes no país todo.
"As crianças podem entender que os pais têm que ir. Mas no fundo não estão preparadas para lidar com o abandono", explica Noelbis Aguilar, diretora nacional do programa escolar da entidade.
"Sentir-se sozinho, triste e sem orientação afeta as crianças física e psicologiamente, o que vai se refletircontato estrela betseu desenvolvimento", diz Aguilar. Ela afirma que as crianças podem se tornar violentas ou retraídas.
Isso tudo sem contar as dificuldades econômicas que passamcontato estrela betum país com hiperinflação e desabastecimentocontato estrela betalimentos e outros produtos básicos.
Cada vez pior
Óscar Misle diz que a separaçãocontato estrela betfamílias por causa da migração tem se tornado cada vez mais frequente.
É uma situação nova sobre a qual não há dados oficiais. Mas pouco a pouco surgem números que a confirmam.
"Todo dia aparecem entre 30 e 40 pessoas pedindo ajuda porque vão sair do país e querem saber como transferir a guarda ou como obter autorização para levar os filhos junto", diz Nelson Villasmil, conselheirocontato estrela betproteçãocontato estrela betcrianças e adolescente da cidade da Sucre, na religião metropolitanacontato estrela betCaracas.
Segundo ele, as consequências desse fenômeno são difíceiscontato estrela betmensurar e ficarão mais evidentes no longo prazo. Uma delas é a chamada "infância perdida".
É o casocontato estrela betLuiz,contato estrela bet11 anos, que tevecontato estrela betassumir o cuidadocontato estrela betseu irmão Alonzo,contato estrela bet8 anos.
A mãe dos dois foi para a Colômbia e eles ficaram com o pai. Não falta comida, mas a vida dos dois mudou.
Comocontato estrela betmãe não os acompanha mais, eles andam uma hora sozinhos todos os dias para chegar à escola. E mais uma hora na volta. Quando chegamcontato estrela betcasa à tarde, Luiz esquenta a comida feita por seu pai, que trabalha o dia todo.
Luiz também lava a louça, varre o chão e vai comprar água, e ajuda o irmão mais novo com as tarefascontato estrela betcasa. Os dois passam quase a tarde toda sozinhos.
"Queria ir com a minha mãe porque sinto falta dela e não é igual", diz Luiz.
Culpa
Outro efeito da separação é a culpa que as mães e os pais sentem ao ir buscar oportunidades melhores.
É o casocontato estrela betVanessa Uribe, que não volta à Venezuela faz cinco meses. Ela está na Colômbia tentando ganhar dinheiro suficiente para recuperar os filhos, que deixou voluntariamentecontato estrela betuma entidadecontato estrela betproteçãocontato estrela betcriançascontato estrela betCaracas.
"Estava trabalhando muito e não tinha como cuidar deles", diz ela por telefonecontato estrela betValledupar, uma cidade no norte da Colômbia.
"Me arrependo", diz a mãe, que envia dinheiro para seus pais toda semana. Ela quer que os filhos voltem morar com os avós logo, senão a entidade terá que encontrar uma nova família para eles.
O sonhocontato estrela betUribe é se estabelecer na Colômbia e levar os filhos com ela.
Fome
As avós são quem, tradicionalmente, cuida das crianças.
Maria Meza,contato estrela bet54 anos, está criando as três netascontato estrela bet8, 7 e 3 anos. Sua filha também está na Colômbia. "Chegou um diacontato estrela betque ela já não tinha mais como alimentar as meninas", explica Meza sobre os motivos da viagemcontato estrela betsua filha.
A jovem agora trabalhacontato estrela betum restaurante e envia toda semana o dinheiro à família, com quem conversa todos os dias.
"Ela me disse que foi trabalhar para comprar nossa casa, roupas e comida para que eu engorde", diz Alexandra Valentina,contato estrela bet7 anos.
Apesarcontato estrela bettudo, a situação delas não é das piores. As meninas ainda têm comidacontato estrela betcasa e não precisam jantar na escola que frequentam,contato estrela betumas das áreas mais perigosascontato estrela betCaracas.
As crianças que estãocontato estrela betsituação pior jantam na escola, que recebe doações para conseguir alimentar os alunos mais necessitados. Desde o fimcontato estrela bet2017, 50 alunos foram retirados por seus pais para irem morar no exterior. E outros 66 tiveram pelo menos um dos pais indo morarcontato estrela betoutro país.
A rua
O Idenna, uma entidade governamental para auxílio a crianças sem teto, tem registrado cada vez mais casoscontato estrela betmeninos e meninas que vivem na rua.
E muitos deles estão relacionados com a imigração.
É o casocontato estrela betIsmael,contato estrela bet11 anos, que ficou com seu pai quando a mãe migrou, mas acabou indo morar na rua.
Ele fugiu duas vezes do centrocontato estrela betacolhida que o abrigoucontato estrela betCaracas. Na segunda vez, foi encontrado perto da fronteira com a Colômbia.
"Estava procurando minha mãe", conta ele.