Como a baunilha se tornou produtoemail realsbetluxo, mais caro que a prata, e mudou a vidaemail realsbetuma comunidade:email realsbet

Crédito, Fellipe Abreu

Legenda da foto, A baunilha é o frutoemail realsbetorquídeas trepadeiras onde nascem favas como essas, após as floradas, recheadasemail realsbetsementinhas do produto

Os pontos gravados nas cascas identificam o dono da plantação. Os que vemos pertencem a Leon Charles, um homem apelidadoemail realsbet"Baba". Ele e a mulher, Oristin, cultivam café e baunilha na aldeiaemail realsbetAmbanizana, localizada na margem do Parque Nacional Masoala, no lado nordesteemail realsbetMadagascar.

É um lugaremail realsbetdifícil acesso, sem estradas. Para chegar a partir da capital da ilha, Antananarivo, é preciso encarar dois voos, duas horasemail realsbetlancha e 30 minutosemail realsbetcanoa.

Legenda da foto, Produtores têm feito marcas na casca das vagens, como esses pontos da imagem, para indicar a propriedade e impedir o roubo

A aldeia onde Leon planta é cheiaemail realsbetmúsica. Melodias animadas, dançantes, ecoam através da cortina rosa que cobre a entradaemail realsbetsua casa, uma estrutura retangularemail realsbetmadeira com um teto pontudo.

Aqui, a floresta encontra o mar, e condições como alta umidade, sombra e temperaturas moderadas a tornam perfeita para o cultivoemail realsbetbaunilha.

Cada pé que Leon poda possui favas que acabarão vendidas por maisemail realsbetUS$ 150 (R$ 615) o quilo, uma vez que estiverem secas e prontas para uso.

email realsbet Violência e justiça com as próprias mãos por causa da baunilha

Para impedir seu roubo, os agricultores das redondezas gravam seus nomes ou númerosemail realsbetsérie nas cascas enquanto as favas ainda estão no pé. Mesmo quando estão secas, as marcações podem ser feitas.

Legenda da foto, Leon Charles e família: 'Estava trabalhando no meu campoemail realsbetarroz e aproveitaram para roubar a baunilha. Perdemos tudo'.

Leon foi roubado antes da colheita do ano passado - e isso foi devastador paraemail realsbetfamília. "Estava trabalhando no meu campoemail realsbetarroz quando aproveitaram para roubar", diz ele.

"Fiquei triste demais, até chorei, perdemos tudo. Fiquei sem dinheiro para mandar as crianças para a escola, e temos passado dificuldades o ano inteiro." Mas poderia ter sido ainda pior.

A vigilância dos agricultores contra os ladrões tem que ser feita 24 horas por dia. Os roubos são frequentemente violentos. Houve dezenasemail realsbetassassinatosemail realsbetMadagascar relacionados à baunilha.

Várias comunidades tentaram e não conseguiram obter proteção da polícia. Em resposta, aldeões dizem queemail realsbetum vilarejo próximo, uma multidão armadaemail realsbetfacões surpreendeu cinco supostos bandidos, golpeando o grupo até a morte. Os assassinatos ainda não foram solucionados pela polícia.

Moradores dizem que não há vontade ou capacidade nas forças policiais para investigar os roubosemail realsbetbaunilha ou os casosemail realsbetjustiça com as próprias mãos que às vezes se seguem a eles.

O líder da aldeiaemail realsbetLeon, Oreis, teme que a mesma coisa ocorra no lugar onde vivem. De aparência jovem, usando shorts e sandálias com uma camisa roxa brilhante, ele para na casaemail realsbetLeon para dizer oi. Sua expressão fica séria quando ele fala sobre os roubos.

"Nós temos que fazer o nosso melhor para garantir que os ladrões não consigam nos roubar. Porque, se o sustentoemail realsbetalguém é tirado, as pessoas são capazesemail realsbetfazer qualquer coisa, até matar."

Um sabor cada vez mais caro - e artificial

Legenda da foto, O sabor da baunilha é normalmente encontradoemail realsbetsorvetes e doces, mas a maior parte da matéria-prima usada nas receitas é artifical

A milharesemail realsbetquilômetrosemail realsbetdistância,email realsbetLondres, a sorveteria Oddono's ficaemail realsbetuma rua movimentadaemail realsbetSouth Kensington, bairro nobre da cidade.

O estabelecimento tem uma infinidadeemail realsbetprêmios pendurados na parede. Os proprietários se vangloriamemail realsbetter os melhores ingredientes naturaisemail realsbetseu autêntico gelato italiano.

A lista inclui chocolate Valrhona da França, pistaches da Sicília e avelãs do Piemonte. No ano passado, porém, outra variedadeemail realsbetsorvete estavaemail realsbetfalta.

"Quando eu disse aos clientes que não tínhamos sorveteemail realsbetbaunilha, muitos ficaram chocados", diz Christian Oddono, que administra a loja.

"Eu tive que explicar que não queríamos oferecer a eles produtosemail realsbetmá qualidade, e que também nunca usamos produtos químicos. Aí entenderam."

O preço da safraemail realsbetbaunilhaemail realsbetMadagascar disparou no passado, mas a qualidade caiu tanto que Christian decidiu tirar o sabor do cardápio.

"As vagens tinham muita umidade e algumas vinham até com cheiroemail realsbetmofo, um sinalemail realsbetque o processoemail realsbetcura (a secagem e maturação antesemail realsbetestarem prontas para uso) não foi feito adequadamente", diz ele.

"Neste ano, encontrei um fornecedor melhoremail realsbetMadagascar. Os preços ainda estão altos, então, também tivemos que aumentar os nossos, mas os clientes não reclamaram. Vemos uma tendência geralemail realsbetcrescimento na demanda por alimentos naturais, e os clientes evitando os que são artificiais ou contêm químicos."

Estamos acostumados a ver baunilha por todos lados -email realsbetessênciasemail realsbetvelas,email realsbetcupcakes e sobremesas. Mas esse cheiro e sabor são, provavelmente, artificiais: menosemail realsbet1% do saboremail realsbetbaunilha no mundo saememail realsbetfavasemail realsbetverdade.

Cientistas vêm fabricando vanilina sintética, o composto que dá aroma à baunilha, desde o século 19. Ela tem sido extraída do carvão, do alcatrão, do fareloemail realsbetarroz,email realsbetpolpaemail realsbetmadeira e atéemail realsbetestercoemail realsbetvaca.

Hoje, porém, éemail realsbetpetroquímicos que sai a maior parcela. A versão sintética pode ser 20 vezes mais barata que a real.

Ao mesmo tempo, o crescente interesse por comida feitaemail realsbetmaneira artesanal, usando métodos tradicionais, explica um pouco da demanda pela baunilha natural. E muito do preço nas alturas pode ser explicado por regras alimentares dos dois lados do Atlântico.

Na Europa e nos Estados Unidos, o sorvete "de baunilha" deve conter extrato naturalemail realsbetvanilina das vagensemail realsbetbaunilha. Se o sabor tem origem total ou parcialmenteemail realsbetfontes artificiais, a embalagem deve dizer "saboremail realsbetbaunilha" ou "baunilha artificial".

A baunilha extraída das vagensemail realsbetbaunilha tem sabor e intensidade únicos, característicos da área onde é cultivada, assim como acontece com produtos como o vinho.

A que é cultivadaemail realsbetMadagascar tem um gosto peculiar, que lembra o rum, e o aroma adocicado, razões pelas quais é a preferidaemail realsbetfabricantesemail realsbetsorvete.

Crédito, Fellipe Abreu

Legenda da foto, A baunilha extraída das vagens tem sabor e intensidade únicos, característicos da área onde é cultivada

E há cada vez mais pressão sobre as empresasemail realsbetalimentos para que troquem a baunilha artificial pela que é extraída das vagens.

Grandes corporações, como a Hershey e a Nestlé, começaram a comprar grandes quantidadesemail realsbetextrato naturalemail realsbetbaunilha para seus produtos, o que injeta mais demanda na cadeiaemail realsbetsuprimentos limitada e aumenta ainda mais os preços.

email realsbet Preços passaram por altos e baixos na última década

Na última década, os preços da baunilha passaram por dramáticos altos e baixos.

Os 80 mil produtoresemail realsbetMadagascar produzem mais baunilha do que qualquer outro país, por isso, o que acontece na ilha afeta a indústria mundial.

Em marçoemail realsbet2017, o ciclone Enawo atingiu a região e destruiu grande parte da safra daquele ano. Duas das maiores áreas produtoras foram diretamente atingidas.

Pequenos produtores têm enfrentado dificuldades desde então para atender à demanda, já que são necessários três a quatro anos para uma nova planta produzir as vagens. E, com isso, os preços dispararam.

Cinco anos atrás, o quilo da baunilha saía por US$ 20 (R$ 82). Jáemail realsbet2018 ele ficou ligeiramente mais caro que o da prata, atingindo um picoemail realsbetUS$ 600 (R$ 2463), antesemail realsbetsofrer uma leve redução, para US$ 515 (R$ 2114),email realsbetjunho.

Crédito, Fellipe Abreu

Legenda da foto, O preço do quilo da baunilha disparou nos últimos cinco anosemail realsbetMadagascar e hoje se situa na casa dos R$ 2 mil

A orquídea baunilha é nativa do México, mas o país produz pouco - foi ultrapassado por Madagascar ainda na décadaemail realsbet1960. O segundo lugar no rankingemail realsbetmaiores produtores é da Indonésia.

Colonizadores franceses levaram baunilha pela primeira vez para a ilha Reunião, vizinhaemail realsbetMadagascar, no início do século 19. A planta cresce como uma vinha trepadeira, atingindo até 90 metrosemail realsbetcomprimento.

As vinhas crescem bem fora do México, mas nenhuma fruta, sob a formaemail realsbetfavasemail realsbetbaunilha, foi produzida. E os horticultores acabaram descobrindo o que estava faltando.

O pólenemail realsbetuma floremail realsbetorquídea baunilha é inacessível para a maioria dos insetos, incluindo abelhas típicas. A pequena abelha Melipona, que vive apenas no México, foi a única capazemail realsbetalcançar esse pólen e fertilizar as flores.

Entretanto, depender das abelhas para a polinização pode ou não funcionar, já que as orquídeas brancas pálidas florescem apenas um dia por ano e a flor é fértil por apenas oito ou doze horas após desabrochar.

Cultivo da baunilha exige delicadeza e muito trabalho

Mas foi lá,email realsbetReunião, que um menino escravo chamado Edmond Albius inventou, aos 12 anosemail realsbetidade, uma forma meticulosaemail realsbetpolinizar à mão.

Legenda da foto, Para os produtores, perder a janelaemail realsbetfertilizaçãoemail realsbetuma flor, ou danificar a planta, significa perder vagens preciosas

Uma vara fina e afiada é usada para levantar a frágil membrana que existe entre as partes masculina e feminina da flor, que são então empurradas umaemail realsbetdireção à outra para que a polinização ocorra.

O processo tem que ser repetidoemail realsbetcada uma das flores,email realsbettodas as videiras, para que a fruta seja produzida - ou seja, a vagem da baunilha cheiaemail realsbetmilharesemail realsbetminúsculas sementes pretas que eventualmente veremosemail realsbetum sorveteemail realsbetbaunilhaemail realsbetalta qualidade.

Os agricultoresemail realsbetMadagascar precisam checar suas plantas todas as manhãs. Perder a janelaemail realsbetfertilizaçãoemail realsbetuma flor, ou danificar a planta, significa perder vagens preciosas - para se ter ideia, são necessárias 600 flores polinizadas à mão para produzir apenas 1 quiloemail realsbetfavasemail realsbetbaunilha curadas.

Após a polinização, leva-se nove meses para as vagens amadurecerem, e, então, serem colhidas.

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Legenda da foto, Pequenos agricultores normalmente vendem a baunilha a intermediários que coletam grandes quantidades e revendem aos exportadores

As favas ainda verdes começam a fermentar rápido, por isso os compradores têmemail realsbetser encontrados depressa.

Os pequenos agricultores normalmente vendem o produto para intermediários que coletam grandes quantidades para vender aos exportadores locais.

Nessa altura da cadeia produtiva, as vagens não têm o cheiro ou o sabor característicos da baunilha. A dura jornada que enfrentam - da polinização à cura e secagem, e depois à preparação para exportação - demora cercaemail realsbetum ano.

O produto acabado é uma favaemail realsbetbaunilha escura-amarronzada e fortemente enrugada que é mole, flexível e tem a textura semelhante ao couro, com um forte aroma.

Alta demanda cria 'mercado paralelo' do fruto

Em uma rua empoeirada no meio da cidade comercialemail realsbetMaroantsetra,email realsbetMadagascar, os vendedores no "mercado paralelo" negociam a baunilha antes mesmo do períodoemail realsbetcolheita.

A BBC conversou com um "comissário" (ou atravessador). Ele é um intermediário. Tinha apenas 300 gramas disponíveis e admitiu: "Não éemail realsbetboa qualidade".

Legenda da foto, No mercado paralelo, que funciona no meio da ruaemail realsbetMadagascar, o valor do quilo da baunilha pode superar R$ 3 mil

"São 2kg", diz o negociante com tom orgulhoso, "por 3,3 milhõesemail realsbetariari (a moedaemail realsbetMadagascar)", ou R$ 4,1 mil.

Eu digo a ele que não posso comprar. Ele encolhe os ombros e sorri, mas não fica desapontado - haverá outros compradores dispostos a pagar o montante.

As vagens são embaladas a vácuo, uma prática que o governo está proibindo, porque reduz a qualidade do produto pela qual Madagascar é tão conhecida. E o processo pode ser usado por especuladores para conservar vagens que foram colhidas antes do tempo, que ficam armazenadas para serem vendidas depois a preços mais altos.

Mas, imaturas ou curadasemail realsbetforma inadequada, elas têm um teor mais baixoemail realsbetvanilina e, muitas vezes, gostoemail realsbetmofo.

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Legenda da foto, As vagens são embaladas a vácuo, uma prática que o governo está proibindo porque pode ajuda a reduzir a qualidade do produto

Muitos produtores optam por antecipar a colheita para evitar perdê-la para os ladrões. O governo tentou impedir isso estabelecendo datasemail realsbetcolheita fixas para cada aldeia. Para reforçar a ideia e pressionar para que os produtores respeitem o calendário, as autoridades recentemente queimaramemail realsbetpúblico 500 quilosemail realsbetvagens colhidas prematuramente.

Mas há atravessadores menores sob imensa pressão para pegar as favas mais cedo - e por um preço menor. Eles obtêm adiantamentosemail realsbetdinheiroemail realsbetgrandes exportadores e precisam entregar o produto.

No entanto, esperar até o período da colheita, quando a demanda excede a oferta - empurrando os preços para cima - pode ser arriscado.

Arman Ramarokootonirina tem trabalhado como atravessador, comprando baunilhaemail realsbetfazendeirosemail realsbetMaroantsetra, há maisemail realsbetsete anos. Há muitos novos operadores inescrupulosos na indústria, diz ele. O setor está atualmente cheioemail realsbetdinheiro.

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Legenda da foto, Em Madagascar, os altos preços da baunilha significam que uma boa safra pode representar uma mudançaemail realsbetvida

"É a ganância dos grandes patrões que está causando o problema. As pessoas obtêm grandes adiantamentos, embora ainda nem tenham feito o plantio. Depois, precisam roubar a baunilha das plantações dos outros para atender as encomendas."

A baunilha movimenta a economia da ilha

Mas, para os produtores que conseguem proteger suas colheitas, uma boa safraemail realsbetum anoemail realsbetpreços altos podem mudar a vidaemail realsbetum agricultor.

Um quiloemail realsbetfava curada vale entre US$ 400 (R$ 1,6 mil) e US$ 500 (R$ 2 mil)- uma quantia considerávelemail realsbetum país onde a renda per capita média anual éemail realsbetUS$ 1500 (R$ 6,2 mil).

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Legenda da foto, Um dos lugares mais pobres do mundo, Madagascar tem a economia movimentada e vê oportunidades com a cultura da baunilha

Na aldeiaemail realsbetAmbanizana, é possível ver o dinheiro da baunilha na prática. É com ele que os pais conseguem pagar a mensalidadeemail realsbetescolas melhores para seus filhos, fora da aldeia.

Casasemail realsbettijolos modernas também estão surgindo onde antes existiam apenas moradias tradicionaisemail realsbetmadeira.

Há um grande canteiroemail realsbetobras às margens da aldeia. O encarregado da obra revela que a construção éemail realsbetuma discoteca e restaurante, a primeira do tipoemail realsbetAmbanizana.

O dono do projeto é um "baunilhionário", alguém quem fez dinheiro tanto como produtor quanto como atravessador do produto.

Os agricultores podem estar ganhando mais do que antes, mas seus pequenos lotesemail realsbetterra produzem quantidades limitadas. Quem realmente está fazendo fortuna a partir da cultura são os atravessadores e exportadores.

A dificuldadeemail realsbetacesso às regiões produtoras significa que elas são uma parte essencial da cadeiaemail realsbetsuprimentos.

Os homens que fazem a intermediação das vendas viajam pelas aldeias, comprando grandes quantidadesemail realsbetvagensemail realsbetbaunilha para vender a empresas exportadoras que as curam e enviam para o mundo todo.

Legenda da foto, Baunilha é vendida no mercado paralelo mas também a grandes empresas que exportam o produto para vários países

O maior edifícioemail realsbetMaroantsetra é a sedeemail realsbetuma dessas exportadoras. Pintadoemail realsbetbranco puro com revestimento verde escuro, o prédio contrasta fortemente com as casasemail realsbetmadeira dos dois lados.

Até quatro toneladasemail realsbetbaunilha são exportadas pela empresa todos os anos. Câmerasemail realsbetsegurança traçam o caminho até o grande armazém na parteemail realsbettrás do complexo. Grandes cadeados trancam os portões e barrasemail realsbetferro cruzam as janelas.

Sylvan Chen administra o lugar. Eles revistam os funcionários no finalemail realsbetcada dia para garantir que nenhuma baunilha esteja sendo levada escondidaemail realsbetbolsas, sapatos ou roupas íntimas.

Ainda não está na época da baunilha, então, as mulheres que trabalham no andaremail realsbetbaixo do armazém estão atualmente peneirando cravo - outra especiaria exportadaemail realsbetMadagascar, mas nememail realsbetlonge lucrativa como a baunilha.

O andar superior é onde a baunilha fica armazenada enquanto está secando. O espaço está cheio até o tetoemail realsbetcolchões baratosemail realsbetespuma.

Sylvan vendeu 2 mil deles no ano passado a agricultores, que preferem dormir assim do queemail realsbettradicionais tapetesemail realsbettecido. O valor que pagam por isso, no entanto, representa muitas vezes o que ganham pelo trabalho com a baunilha - e que dessa maneira acaba retornando à empresa.

Qualidade e reputação da baunilha e Madagascar estão ameaçados

O momento está bom para a indústria, agora que o preço da baunilha está nas alturas, reconhece Sylvan. Mas há o temoremail realsbetque ganhosemail realsbetcurto prazo provoquem danos a longo prazo à qualidade e reputação da baunilhaemail realsbetMadagascar.

"A baunilha daqui é muito cara, e as pessoas podem recorrer a outros países que são dotadosemail realsbetpadrõesemail realsbetqualidade. O setoremail realsbetbaunilha aqui pode não ter mais futuro se a qualidade não melhorar."

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Legenda da foto, Há o temoremail realsbetque ganhosemail realsbetcurto prazo causem danos a longo prazo à qualidade e reputação do produto

Em uma lancha que cruza a costa às margens do Parque Nacionalemail realsbetMasoala, vejo trechosemail realsbetterra nua cortando a floresta verdejante.

O guarda florestal Armand Marozafy e o ativista ambiental Clovis Razafimalala dizem que esse é o impacto no parque do aumento dos preços da baunilha.

Eles mostram outras partes da faixa costeira da floresta que foram queimadas para que plantações, principalmenteemail realsbetbaunilha, sejam cultivadas. Dentro da floresta, as árvores que foram cortadas tinham maisemail realsbetcem anosemail realsbetidade.

Quando esse tipoemail realsbetdano ocorre, um ecossistema frágil é afetado. Plantas, insetos e animais começam a desaparecer.

As pessoasemail realsbetMadagascar estão preocupadas com a perda da reputaçãoemail realsbetsua baunilha, mas, no parque nacional, um ecossistema delicado está sendo seriamente prejudicado para atender à demanda global.

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Legenda da foto, O cultivo da baunilha têm levado a derrubadaemail realsbetáreasemail realsbetfloresta e a prática ameaça animais como os lêmures, e traz outros danos

À medida que as árvores começam a desaparecer, as condições únicas que tornam este local perfeito para cultivar baunilha também começam a sumir. As florestas fornecem a quantidade certaemail realsbetchuva, umidade e solo para cultivar a cobiçada baunilhaemail realsbetMadagascar.

Derrubar a floresta para plantar mais baunilha acabará por dificultar o cultivo do frutoemail realsbetqualidade na ilha. A indústria teráemail realsbetencontrar meiosemail realsbetgarantir qualidade consistente, a fimemail realsbetevitar que os compradores procurem o produtoemail realsbetoutro lugar.

François Ravelonjara, produtoremail realsbetMaroansetra, assume um aremail realsbetresignação enquanto marca um númeroemail realsbetsérie na vagememail realsbetbaunilha ememail realsbetpequena fazenda.

O número corresponde aoemail realsbetseu "cartãoemail realsbetprodutor", registro que o governo distribui aos produtores para provar a posse e coibir o roubo. As marcações, entretanto, não impediram os ladrõesemail realsbetinvadirem seu terreno duas vezes.

"Seria melhor se os preços caíssememail realsbetnovo", diz ele. "Não ganharíamos muito, mas pelo menos não vivemos com medo. "

Muitos produtores e comerciantesemail realsbetlongo prazo ecoam esse sentimento. Como o florescimento da flor da orquídeaemail realsbetbaunilha, eles sabem que o boom atual não durará muito tempo. Mas os efeitos dele, sim.