Faltam caminhoneiros nos Estados Unidos. E no Brasil?:casa de apostas 100
Um dos principais reflexos atuais da escassez é o encarecimento do serviço. Freitas, por exemplo, afirma que a disputa por mãocasa de apostas 100obra foi um dos principais motivos do aumentocasa de apostas 10020% do valor que paga aos caminhoneiros que contrata para guiarcasa de apostas 100frotacasa de apostas 100seis veículos, conforme chegam os pedidos.
"Um centavo a mais por hora, o que dá uma diferençacasa de apostas 100US$ 200 (R$ 761) no fim do mês, é suficiente para um motorista te trocar pelo concorrente", diz Freitas à BBC News Brasil. "Preciso pagar mais para reter os bons profissionais e atrair os que preciso. Mesmo assim, tenho uma alta rotatividade."
Em um país onde caminhões fazem 70,6% do transportecasa de apostas 100carga, grandes empresascasa de apostas 100outras indústrias americanas dizem estar preocupadas com o aumentocasa de apostas 100custos.
"Como outras empresascasa de apostas 100benscasa de apostas 100consumo, enfrentamos um contratempo significativo com o frete na América do Norte neste ano", disse a investidores a vice-presidentecasa de apostas 100finanças da Coca-Cola, Kathy Waller, segundo o jornal americano The Wall Street Journal. "O setorcasa de apostas 100caminhões está passando por uma grave crise. Faltam motoristas na era da Amazon", afirmou Robert Csongor, vice-presidente da fabricantecasa de apostas 100processadores e chips Nvidia, fazendo referência ao aumento da demanda por entregas trazido pela escalada do comércio online.
Economia aquecida
Um dos principais motivos por trás do deficitcasa de apostas 100caminhoneiros é o bom momento vivido pela economia americana, apontam economistas.
O PIB dos EUA sofreu um baque com a crise financeiracasa de apostas 1002008, mas voltou a crescercasa de apostas 1002010, enquanto a taxacasa de apostas 100desemprego, após chegar quase a 10% há oito anos, vem caindo desde então - hojecasa de apostas 1003,8%, é a mais baixa dos últimos 18 anos.
Ao mesmo tempo, a expansão do comércio eletrônico fez aumentar o númerocasa de apostas 100entregas e, consequentemente, o transportecasa de apostas 100carga.
"Conforme a demanda aumenta, as empresas tentam conquistar os motoristascasa de apostas 100outras transportadoras oferecendo bônus, pagamentos, caminhões e rotas melhores", explica Bob Costello, economista-chefe da ATA.
A organização diz não ser um problema apenascasa de apostas 100quantidade, mascasa de apostas 100qualidade. Um levantamento apontou que 88% das empresas recebem candidatos suficientes para novas vagas, mas a maioria não tem a qualificação necessária.
"A mãocasa de apostas 100obra até existe, mas as seguradoras exigem que contratemos motoristas com no mínimo dois anoscasa de apostas 100habilitação, sem nenhuma multacasa de apostas 100seu nome. Isso já elimina a grande maioria", diz o empresário Freitas.
"Além disso, a economia está aquecida, e o cara não quer ficar um mês foracasa de apostas 100casa. Prefere arranjar outro trabalho para ganhar a mesma coisa e ficar perto da família."
Vida na estrada
As horas na boleiacasa de apostas 100um caminhão cobram mesmo seu preço, diz Troy Blomdal. O americanocasa de apostas 10042 anos é caminhoneiro há seis. Trabalhava com a vendacasa de apostas 100imóveis até a crise da economia americana o fazer perder "quase tudo". Ele viu no transportecasa de apostas 100automóveis uma saída.
Blomdal diz que os primeiros três anos foram mais difíceis, com remuneração baixa. Ele diz ganhar hoje, com mais experiência e um bom histórico, cercacasa de apostas 100US$ 95 mil (R$ 360,6 mil) por ano, mais do que o dobro da média do setor,casa de apostas 100US$ 42 mil, segundo dados do governo.
Mas o motorista afirma que, para isso, temcasa de apostas 100ficar muito tempo longe da mulher e do filhocasa de apostas 10011 anos. "Passocasa de apostas 100duas a três semanas fora, volto e fico sócasa de apostas 100três a cinco diascasa de apostas 100casa com eles", diz.
"É duro, mas tenhocasa de apostas 100sustentar minha família e economizar para a aposentadoria. É um sacrifício que preciso fazer", diz o caminhoneiro, que conta que não encontra muitos motoristas jovens na estrada. "Alguns estão na casa dos 20 anos, mas a maioria dos motoristas tem entre 30 e 40 anos."
A idade média dos caminhoneiros americanos hoje estácasa de apostas 10049 anos, acima da média dos trabalhadores do país,casa de apostas 10042 anos. É um sinalcasa de apostas 100que a mãocasa de apostas 100obra do setor não está se renovando como deveria.
"Ser caminhoneiro sempre foi algo que passoucasa de apostas 100pai para filho. Nos últimos 30 anos, houve uma quebra dessa hereditariedade", diz Paulo Resende, coordenador do Núcleocasa de apostas 100Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral (FDC).
O própria famíliacasa de apostas 100Blomdal é um exemplo disso. Ex-militar, seu avô trabalhou como motoristacasa de apostas 100caminhão por 40 anos, mas seu pai, ao deixar o Exército, foi trabalhar com varejo. Se depender do caminhoneiro americano, seu filho não seguirá a profissão. "Não paga muito bem e causa muito estresse. Prefiro que ele faça outra coisa que não o leve para a estrada."
Resende diz ser pouco provável que os jovens queiram trabalhar com isso. "Em um mundo mais tecnológico, com mais possibilidadescasa de apostas 100emprego e com melhor remuneração, os jovens não têm muito interessecasa de apostas 100trabalhar como caminhoneiros."
O especialista explica ainda que o avanço da tecnologia traz incerteza sobre o futuro da profissão. "Já se fala hojecasa de apostas 100caminhões sem motorista. Por que um jovem vai entrar nesse mercado se não vai ter um emprego garantido amanhã?"
Por outro lado, a exigênciacasa de apostas 100mais conhecimentos para lidar com as novas tecnologias dos veículos, avalia o professor da FDC, "contribui para a faltacasa de apostas 100mão obra qualificada", principalmente entre as gerações mais antigas.
Também no Brasil, Resende diz que já são realidade a quebra da hereditariedade na profissão e a pouca familiaridade dos profissionais mais velhos com a tecnologia - o caminhoneiro brasileiro tem uma idade médiacasa de apostas 10044 anos e está há 18 na estrada,casa de apostas 100acordo com uma pesquisacasa de apostas 1002016 da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Sem segurança
No Brasil, outro obstáculo ao avanço na profissão é a faltacasa de apostas 100segurança nas estradas, o ponto negativo da profissão mais citado por caminhoneiros - 60,6% mencionaram esse problema na pesquisa da CNT. "Há muitos assaltos e acidentes. Essa característica brasileira reduz a atratividade da profissão", diz Resende.
Hoje, a faltacasa de apostas 100estatísticas oficiais impede dimensionar exatamente o númerocasa de apostas 100motoristascasa de apostas 100caminhõescasa de apostas 100carga no Brasil. A informalidade do mercado e a grande extensão territorial são alguns dos obstáculos para mapear essa mãocasa de apostas 100obra. A CNT afirma que há 477 mil caminhoneiros autônomos, mas não há dados sobre os que trabalham guiando os 1.108.122 veículoscasa de apostas 100empresas e cooperativas desta indústria registrados na Agência Nacionalcasa de apostas 100Transportes Terrestres (ANTT).
Associações brasileiras trabalham com uma estimativacasa de apostas 100que hajacasa de apostas 1001,5 milhãocasa de apostas 100caminhoneiros. Eles realizam 61% do transportecasa de apostas 100carga no Brasil.
A quantidadecasa de apostas 100motoristas brasileiros cresceu na década passada, explica o professor da FDC. Com economia aquecida, encontrava-se trabalho rapidamente. Ele também lembra que o governo deu subsídios e facilitou o financiamento da compracasa de apostas 100caminhões, o que aumentou o tamanho da frota.
Mas a instabilidade política e a crise da economia recentes levaram muita gente a vender seus caminhões para trabalhar com outra coisa ou se aposentar, explica Resende. "Chegamos a ter um excessocasa de apostas 100caminhoneiros. Hoje, neste momento pós-crise, o que temos só dá para o gasto."
Controle eletrônico
Nos Estados Unidos, a faltacasa de apostas 100caminhoneiros pode ter se intensificado com uma novidade introduzida no mercado neste ano: o registro digital das viagens. Desde o iníciocasa de apostas 1002018, é obrigatório um controle eletrônico da jornada,casa de apostas 100vez do antigo método com papel e caneta.
O novo sistema impede que o motorista burle as regras e trabalhe além do limite - o motorista pode ser penalizado com uma parada obrigatóriacasa de apostas 10010 horas caso não siga as regras, o que ajuda a prevenir acidentes, defende o governo.
A lei americana determina que um caminhoneiro deve trabalhar no máximo por 14 horas seguidas, sendo 11 delas efetivamente dirigindo. Depois, deve descansar por 10 horas.
No Brasil, uma leicasa de apostas 1002015 prevê, entre outras regras, um período máximo 12 horascasa de apostas 100trabalho, incluindo horas extras, com uma paradacasa de apostas 10030 minutos a cada 6 horas, e 11 horascasa de apostas 100descanso entre cada jornada, além do controlecasa de apostas 100papel ou eletronicamente.
A ATA diz que o novo sistema digital contribui para o déficitcasa de apostas 100motoristas nos Estados Unidos, porque, com o ponto digital, as empresas passaram a tercasa de apostas 100contratar mais caminhoneiros para transportar o mesmo volumecasa de apostas 100carga, o que eleva seus custos.
"O caminhoneiro acabava sempre trabalhando a mais. Dirigia por 12, 15 horas, virava a noite, porque assim ganhava mais dinheiro, mas isso acabou com o novo sistema. Isso deixou muitos deles assustados, que acabaram desistindo."
Crise
Uma pesquisa com 3,1 mil companhias realizadacasa de apostas 100janeiro pela Associação Nacional do Transportecasa de apostas 100Cargas e Logística (NTC&Logística), que representa empresascasa de apostas 100transportecasa de apostas 100cargas, apontou que havia 70 mil caminhões parados por faltacasa de apostas 100carga oucasa de apostas 100motoristas.
"Caminhávamos para essa mesma situação dos Estados Unidos, mas a recessão deu amenizada no problema porque, se a indústria não vende, não tem o que transportar", diz Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC&Logística.
Valdívia afirma ainda que, com a crise, muitos motoristas ficaram endividados - 44,8% têm obrigações vencidas ou a vencer, diz a CNT, e devemcasa de apostas 100média R$ 28,1 mil.
Muitos caminhoneiros acabaram tendo seus veículos confiscados pelo banco ou foram demitidos e tiveramcasa de apostas 100arranjar outra formacasa de apostas 100ganhar a vida. Isso fez a frota encolher.
Um sinal disso, diz o assessor da NTC&Logística, é que agora que com a leve melhora da economia, "as empresas já começaram a reclamar" da faltacasa de apostas 100mãocasa de apostas 100obra.
"Elas dizem que não conseguem contratar um autônomo, porque muitos estão com o nome sujo, e a agenciadoracasa de apostas 100risco não autoriza porque vê nisso uma chance maiorcasa de apostas 100ele cometer um delito. Se a empresa contratar, perde o seguro", explica.
Para Resende, da FDC, ainda que o númerocasa de apostas 100caminhoneiros seja "suficiente" no mercado como um todo, há déficits pontuais que já afetam alguns setores, como o escoamento da produção agrícola.
Ele acredita, no entanto, que esse problema da faltacasa de apostas 100caminhoneiros está no horizonte do Brasil. "Estamos uns 15 anos atrás dos Estados Unidoscasa de apostas 100logísticacasa de apostas 100cadeias produtivas. Esse fenômeno vai chegar por aqui na próxima década", diz. "A sorte é que isso dá sinaiscasa de apostas 100alerta, e podemos nos preparar, mas talvez seja exigir demaiscasa de apostas 100um país que vive situações complicadas como as do Brasil."