3 razões que explicam o fim da era do petróleo barato:
Para o governo dos Estados Unidos, a agressividade dos cortes na produção se transformouuma manipulação do mercado, impulsionada pela Arábia Saudita, com o objetivoprovocar uma alta artificial do preço.
Os produtores estão lançando sinais divergentes. No Fórum Econômico InternacionalSão Petersburgo, na Rússia, eles concordarammoderar os cortes na produçãopetróleo neste ano. Porém, os mais céticos não consideram que este anúncio vá alterar a tendência do mercado no longo prazo -alta.
Por outro lado, há uma demanda crescente. Nos últimos anos, o excessoestoquepetróleo chegou ao fimvários países, segundo especialistas que têm acompanhadoperto o movimento do mercado petrolífero.
"Se esgotaram os gigantescos estoques (de petróleo) que mantinham os preços baixos", afirma Antoine Halff, pesquisador do CentroPolítica Global Energética da UniversidadeColumbia e ex-analista-chefepetróleo da Agência InternacionalEnergia (IEA, na siglainglês).
"Os estoques não diminuíram somente nos Estados Unidos e países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Também caíram os estoques chineses eoutros países."
2 - Sanções dos EUA contra o Irã
O fator Irã desempenhou um papel importante na recente altapreços do petróleo, diz Ellen Wald, analistapolítica e energia, autora do livro Saudi Inc e presidenteuma consultoria econômica, a Transversal Consulting.
"Os preços subiram se antecipando à retomada das sanções dos Estados Unidos contra o Irã. E subiramnovo quando as sanções foram anunciadas. Mas não está claro que quantidadepetróleo iraniano será removida do mercado. As estimativas vão desde 200 mil barris por dia até um milhão", afirma Wald.
Com esse alto nívelincerteza, Wald não é a única a questionar os potenciais efeitos da decisãoTrump. "Não há dúvidaque o anúncio do governo Trumpimpor novas sanções fez os preços subirem. Mas, se as sanções serão efetivas e irão impactar a receita do Irã advinda das vendaspetróleo, é algo que ainda não sabemos", falou Antoine Halff, do CentroPolítica Global Energética da UniversidadeColumbia.
3 - A queda do fornecimento venezuelano
Em meio a uma grave crise política na Venezuela, a indústria petrolífera do país sofreu uma forte queda. A produçãopetróleo caiu seis vezes mais do que o previsto pela OPEP, diz Francisco Monaldi, especialista venezuelanopolíticas energéticas latino-americanas da Universidade Rice,Houston, e pesquisador do CentroPolíticas Globais da UniversidadeColumbia.
"A velocidade da queda foi muito maior do que a esperada pelo mercado. E há preocupação, porque (a produção) segue caindo rapidamente".
"A Venezuela contribuiu para o aumentopreços porque perdeu um milhãobarris diáriospouco maisum ano", acrescenta Amrita Sen, analista-chefepetróleo da consultoria Energy Aspects.
Ainda assim, a Venezuela produz 1,4 milhãobarris por dia, explica Sen. "Como existe pouca capacidade extra (de produçãopetróleo)outras partes do mundo, qualquer perda (na Venezuela) pode provocar uma alta dos preços".
Além da Venezuela, Angola, Nigéria e Equador também estão produzindo menos petróleo.
Acabou a erapreços baixos?
De acordo com Sen, há ainda um outro elemento chave que precisa ser considerado para o futuro. "A faltainvestimento nos mercados petrolíferos durante o períodobaixos preços significa que teremos uma ameaçadora escassezoferta nos próximos anos".
Em geral, os especialistas concordam que haverá mais aumentospreço. Mas discordam sobre o longo prazo. "Cada vez mais o mercado muda, os observadores então acreditam que começou uma nova era, um novo paradigma, ou que houve uma mudança estrutural. Mas, mais cedo ou mais tarde, o mercado muda outra vez", afirma Antoine Halff.
"No final, o petróleo, como todos os outros mercadosmatérias-primas desde os tempos bíblicos, é cíclico".