As possíveis explicações para o acenobet ixKim Jong-un a um diálogo entre Coreia do Norte e EUA:bet ix

Kim Jong-un

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Legenda da foto, Especialistas apontam diferentes razões para a disposição dos norte-coreanosbet ixnegociar uma possível desnuclearização da península

Apesar da certezabet ixTrumpbet ixque é o único responsável pela mudançabet ixpostura dos norte-coreanos, especialistas ouvidos pela BBC Mundo, o serviçobet ixespanhol da BBC, veem diferentes razões para explicar a repentina disposiçãobet ixKim Jong-un a negociar.

Alguns analistas até citam a "variável Trump", dada à intensa pressão que o governo dos EUA tem imposto contra o país asiático, mas listam outros possíveis fatores que podem ter motivado a nova posturabet ixPyongyang como, por exemplo, a disposição da Chinabet ixrespeitar as duras sanções e o papel desempenhado pela Coreia do Sul a partir do ano passado.

Não descartam, ainda, que seja apenas uma estratégia dos norte-coreanos para conseguir um "respiro econômico" ou até mesmo uma tentativabet ixdesestabilizar as relações da Coreia do Sul com os EUA.

Kim Jong e Chung Eui-yong

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Legenda da foto, Kim Jong-un se reuniu com representantes do governo sul-coreanobet ixPyongyang

Pressão real

As múltiplas sanções são vistas como um dos fatores que podem ter forçado Pyongyang a aceitar um diálogo, na avaliaçãobet ixespecialistas.

Em 2017, o Conselhobet ixSegurança da ONU impôs três sériesbet ixsanções à Coreia do Norte. A última,bet ixdezembro, foi anunciada como a "mais dura" até o momento, com restriçãobet ixpraticamente 90% do fornecimentobet ixpetróleo e combustível ao país.

A China, principal parceiro econômico da Coreia do Norte, comprometeu-se a respeitar 100% das sanções. Enquanto isso, os Estados Unidos continuaram a pressionar o país com outras medidas unilaterais.

Ainda assim, é difícil comprovar as consequências dessas ações na economia norte-coreana, pois se desconhece qual foi o crescimento econômico do país no ano passado.

Mas uma análise do Conselhobet ixRelações Exteriores, centrobet ixestudos dos EUA, indica que o impacto das sanções foi "misto". A entidade pondera, no entanto, que as duras sançõesbet ixdezembro podem ter um "impacto potencialmente maior" para este ano.

Nikki Haley

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Legenda da foto, Na ONU, os Estados Unidos pressinaram por sanções mais duras contra a Coreia do Norte

"As sanções estão exercendo uma pressão real sobre o regime", disse à BBC Mundo Abraham Denmark, que trabalhou no ano passado para o Pentágono analisando assuntos da Ásia e agora é diretorbet ixum programabet ixestudos para a região do Wilson Center,bet ixWashington.

No entanto, o analista ressalta o progresso do regimebet ixrelação ao programa nuclear ebet ixlançamentobet ixmísseis alcançado no ano passado. Em 2017, a Coreia do Norte realizou uma sériebet ixtestes com mísseis, aumentando a tensão na região e também fazendo crescer o receiobet ixque Kim Jong-un poderia promover um ataque a qualquer momento.

Mesmo com acesso restrito a combustível, os ensaios nuclearesbet ixsérie e lançamentosbet ixmísseis balísticos intercontinentais supostamente capazesbet ixalcançar os EUA são exemplos sólidos do êxito norte-coreano diantebet ixtantas sanções, avalia Denmark.

Também são indicativosbet ixque dominam a tecnologia. "Eles conseguiram a capacidade técnica que queriam", observa Michael Madden, especialistabet ixCoreia do Norte e diretor do site NK Leadership Watch, especializadobet ixmonitorar o país oriental.

Os avanços técnicos abriram uma janelabet ixoportunidades para Pyongyang, na avaliaçãobet ixMadden. Isso porque, segundo o analista, permitiriam que o regime negociebet ixpébet ixigualdade com outras nações, confiantebet ixque suas armas são elementos dissuasores,bet ixespecial para Washington.

Novos ares do Sul

Outro fator importante está bem ao lado dos norte-coreanos. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que assumiu o cargo depoisbet ixum escândalobet ixcorrupção envolvendo a antecessora, é considerado uma peça-chave no novo cenário político, segundo analistas ouvidos pela BBC Mundo.

Na campanha, Moon defendeu uma reaproximação com o Norte e, apesarbet ixenfrentar críticas dentro do próprio país, está cumprindo o que prometeu.

Presidente sul-coreano Moon Jae-in

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Legenda da foto, Postura na Olimpíadabet ixInverno foi vista como acenobet ixMoon Jae-in, presidente sul-coreano, aos vizinhos do norte

O primeiro passo para quebrar o gelo entre os dois países foi dado durante a Olimpíadabet ixInverno na Coreia do Sul. O enviobet ixuma delegação norte-coreana para competir nos Jogos foi um forte gestobet ixaproximação. E as delegações das duas Coreias marcharam juntas na abertura, carregando uma bandeira com o mapa dos dois países unidos.

Isso permitiu a realizaçãobet ixum encontro histórico neste mês: pela primeira vez desde que assumiu o poder,bet ix2011, Kim Jong-un recebeu representantes da vizinha Coreia do Sulbet ixPyongyang.

"Ele (o presidente sul-coreano) alcançou o que prometeu, mas se isso conduzirá à desnuclearização permanente (da península) ainda é uma dúvida", disse Lisa Collins, especialistasbet ixassuntos coreanos do Centrobet ixEstudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na siglabet ixinglês).

A especialista admite ter uma visão pessimista sobre os motivos reais da Coreia do Norte. Ela não descarta que a ofertabet ixPyongyang seja apenas uma estratégia para conseguir um "respiro econômico" e tentar minar a aliança entre os EUA e a Coreia do Sul.

Cirurgia completa

Na terça-feira, o emissário sul-coreano declarou, após a reunião com o líder norte-coreanobet ixPyongyang, que a Coreia do Norte se mostrou disposta a estabelecer um diálogo direto com os EUA e prometeu suspender os testes nucleares ebet ixmísseis enquanto essas conversas estiverembet ixandamento.

Chung Eui-yong, conselheiro para segurançabet ixMoon Jae-in, afirmou que a Coreia do Norte também expressoubet ixdisposição para a desnuclearização caso a segurança do país esteja garantida.

Segundo a agênciabet ixnotícias oficial norte-coreana KCNA, Kim Jong-un disse durante a reunião que ébet ix"firme vontade avançar vigorosamente" e "escrever uma nova história da reunificação nacional".

Os dois países concordaram aindabet ixorganizar uma reuniãobet ixcúpula no próximo mês na cidade fronteiriçabet ixPanmunjom.

Essa será a terceira reuniãobet ixcúpula entre os dirigentes dos dois países desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953). As anteriores acontecerambet ix2000 ebet ix2007.

Fronteirabet ixPanmunjom

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Legenda da foto, Panmunjom é a zona desmilitarizada onde reuniãobet ixcúpula entre as duas Coreias pode ser realizada

Mas analistas ainda esperam que a Coreia do Norte se pronuncie oficialmentebet ixrelação à desnuclearização, já que apenas diplomatas sul-coreanos verbalizaram essa disposição.

O especialistabet ixassuntosbet ixsegurança Jim Walsh participou, no passado,bet ixnegociações com funcionários norte-coreanos. Pesquisador associado ao MIT (Institutobet ixTecnologiabet ixMassachusetts, na siglabet ixinglês), nos EUA, ele acredita que as mudanças não serão imediatas.

"Digamos que todas as partes estão sendo sinceras e no primeiro dia das negociações a Coreia do Norte concordabet ixabrir mão das armas nucleares. Isso levaria dez anos para se tornar realidade", explica.

De qualquer forma, a avaliação é que uma hipotética negociação para desnuclearizar a Coreia do Norte será difícil e pode demorar muito até que as partes concordembet ixtodos os itensbet ixum possível acordo.

Walsh acredita que os norte-coreanos vão exigir que "os EUA abandonem a política hostil" contra o país.

"E o que isso significa? Alguns norte-coreanos me disseram no passado que isso significa fazer com que os EUA retirem todas as tropas da península", explica o analista.

A propaganda na fronteira

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Legenda da foto, Propaganda com cartazes e fitas com mensagensbet ixreunificação no muro que separa as duas Coreias

Diferente das tentativasbet ixnegociações passadas, os três novos protagonistas - Kim, Trump e Moon - podem até concordar com o fim da presença militar americana na região, na avaliaçãobet ixWelsh.

O presidente sul-coreano ébet ixum partido que busca "maior autonomia e soberania", explica o pesquisador. Isso pode ajudar o país a se afastar dos EUA,bet ixespecial porque Trump não é um entusiastabet ixalianças internacionais.

Mas no momento Jim Walsh se mostra cauteloso. Diz ser otimista, mas está "morrendobet ixmedo".

"Te dizem que você vai morrer, mas que existe uma operação que pode te salvar, apesarbet ixser muito arriscada. Se você se submete à operação, pode morrer antes do que morreria. Mas se não a faz, com certeza vai morrer."

Ele próprio explica a metáfora: "Se a diplomacia funciona, fantástico. Mas se as negociações colapsarem, todas as partes vão se irritar e podem assumir uma postura mais agressiva que antes".