A vida da única família brasileira na Coreia do Norte:betboo izle
"Temos a exata noção da sensibilidade da situação. Não vivemos com medo oubetboo izlepânico. Mas não se pode negar que estamos apreensivos, especialmente por causa do atual momento", diz elebetboo izleentrevista por telefone à BBC Brasil, durante a qual se evitou tocarbetboo izleassuntos políticos ou polêmicos.
Na semana passada, durante a Assembleia Geral da ONUbetboo izleNova York, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um discurso com duras críticas ao regime norte-coreano. Segundo ele, "se os Estados Unidos forem forçados a defender a si mesmos ou seus aliados, não teremos outra escolha senão totalmente destruir a Coreia do Norte".
Trump também zomboubetboo izleKim Jong-un, que descreveu como "o homem-foguetebetboo izleuma missão suicida".
O líder norte-coreano reagiu, dizendo que Trump pagaria caro por seu "discurso excêntrico".
"Seja lá o que Trump estivesse esperando, ele irá enfrentar resultados alémbetboo izlesua expectativa. Eu certamente e definitivamente irei domar o mentalmente perturbado senil dos EUA com fogo", afirmou Kim Jong-un, prometendo medidas "do mais alto nível".
Há 11 anos no Itamaraty, com passagens por Harare (Zimbábue) e Genebra (Suíça), Schenkel chegou a Pyongyangbetboo izlejunho do ano passado, pouco antes da saída do embaixador Roberto Colin, hojebetboo izleTallinn (Estônia). Passou, então, a comandar sozinho a representação diplomática, que conta com seis funcionários locais e fica no térreo da casabetboo izledois andares onde mora com a família. A embaixada brasileira foi inauguradabetboo izle2009.
"Minha função é, predominantemente,betboo izleobservação política. O Brasil é o único país das Américas com embaixadas nas duas Coreias. Nossa presença aqui nos permite formar uma visão própria sobre as questões na península", destaca.
Trabalho e lazer
Munidobetboo izleseu inseparável chimarrão, Schenkel trabalhabetboo izle9h às 18h todos os dias, quando atualiza os colegasbetboo izleBrasília sobre os desdobramentos da política norte-coreana. Ocasionalmente, tem reuniões com membros do governo ou com representantes dos outros postos e organizações internacionais no país.
Apesar das sanções internacionais, o Brasil é um dos países que ainda negocia com a Coreia do Norte. No ano passado, segundo dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o fluxo comercial foibetboo izleUS$ 10,75 milhões (cercabetboo izleR$ 34 milhõesbetboo izlevalores atuais) - bem aquém do augebetboo izle2008, quando somou US$ 375,2 milhões.
No tempo livre, Schenkel dedica-se a assistir aos jogosbetboo izleseu time do coração, o Grêmio, pela internet, ouvir MPB e passear com a família pelas ruas do bairro diplomático, onde a embaixada está localizada. A família também costuma frequentar um clube restrito à comunidade internacional, que conta com piscina, academia e áreabetboo izlelazer. O acesso ao bairro é minuciosamente controlado: só entra quem é diplomata ou funcionário das 24 embaixadasbetboo izlePyongyang.
São poucas as opçõesbetboo izlelazer, contudo. Na vizinhança, há poucos restaurantes e um único centrobetboo izlecompras para estrangeiros, com barbearia, supermercado e lojasbetboo izleroupa. Produtos internacionais, como queijos, vinhos e cervejas, estão disponíveis, masbetboo izlepequena quantidade. Ali também é possível se comunicar mais facilmentebetboo izleinglês.
Tampouco há entretenimento ocidental. Cinemas, por exemplo, só passam filmes locais - sem legenda. Produçõesbetboo izleHollywood são vetadas.
A internet também não é completamente livre, mas sites como Google, Facebook ou Instagram não são bloqueados.
"Acabamos ficando bastantebetboo izlecasa pelas peculiaridades do país", conta.
Ele diz sentir falta da comida brasileira, especialmente do "churrasco".
"É difícil encontrar o tipobetboo izlecorte que temos no Brasil. E as carnes não têm a mesma qualidade do que a nossa. Mas cozinhamos arroz e feijão para matar a saudade", explica.
Estrangeiros também não usam a moeda local, o won. Todos os gastos só podem ser feitosbetboo izleeuro, dólar ou yuan chinês. A única exceção fica por contabetboo izleuma feira - a Tong-il ("Unificação",betboo izlecoreano) que acontecebetboo izleum grande pavilhão fora do bairro diplomático, onde a família costuma comprar frutas e verduras frescas.
"Ali a gente se comunica basicamente por mímica. O valor é assinalado na calculadora. Tiramos o dinheiro e fechamos o negócio", resume.
Uma situação curiosa envolvendo a barreira do idioma, por exemplo, aconteceu quando Schenkel obtevebetboo izlepermissão para dirigir no país.
"No caminho ao local onde faria o teste, percebi que meu intérprete revisava anotações. Não sabia que haveria prova escrita. 'Mas eu não deveria ter estudado?', perguntou. 'Não necessariamente. Sou eu quem tenhobetboo izledar a resposta certabetboo izlecoreano', respondeu o tradutor", lembra.
Limitações
Embora tenham livre circulação dentro do bairro diplomático, fora dele a movimentação é limitada - e usualmente monitorada e, dependendo do local, acompanhada por funcionários do governo norte-coreano. É preciso pedir autorização para frequentar os museus e até usar o metrô.
O mesmo acontece se a família quiser deixar Pyongyang para ir às praias na costa leste, por exemplo, a cercabetboo izleduas horasbetboo izlecarro da capital norte-coreana.
Para quem vembetboo izlefora, chegar à isolada Coreia do Norte também não é tarefa fácil. A imensa maioria dos voos partebetboo izleum único lugar: a China, a principal aliada do país.
Por essa razão e pela distância do Brasil, os Schenkels ainda não receberam nenhuma visitabetboo izleparentes. A maioria das que ocorreram foibetboo izlecolegas do Itamaraty servindo na Ásia.
Diferença cultural
Schenkel conta que, além das peculiaridades locais, a principal diferença que sentiu ao chegar à Coreia do Norte foi o que chamoubetboo izle"cultura militar" do povo.
"Eles são muito disciplinados. Existe uma cultura militar que é muito forte aqui e isso se refletebetboo izletoda a sociedade", conta.
"É normal passarbetboo izlecarro diantebetboo izleum pontobetboo izleônibus aqui e ver 50 norte-coreanos esperando pelo transportebetboo izlefila indiana. Outros povos asiáticos têm costume parecido, mas não deixabetboo izlesurpreender", acrescenta.
Em meio à intensificação da guerra retórica entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, Schenkel diz estar "acompanhandobetboo izleperto" os últimos desdobramentos.
Por enquanto, o retorno ao Brasil não está nos planos do diplomata ebetboo izlesua família.
Questionado pela BBC Brasil sobre um possível fechamento da embaixada brasileirabetboo izlePyongyang, o Itamaraty afirmou,betboo izlenota, que "dedica atenção constante àqueles postos nos quais possam vir a ocorrer situações capazesbetboo izlecolocarbetboo izlerisco nacionais brasileiros".
"O Ministério das Relações Exteriores mantém contato permanente com toda a redebetboo izlepostos no exterior. Nesse contexto, os setores apropriados do Ministério vêm mantendo diálogo regular com o Encarregadobetboo izleNegócios do Brasilbetboo izlePyongyang", informou o órgão.