Por que milhõesparipesa casinojovens com alta escolaridade estão abandonando a Rússia:paripesa casino

Chirikovaparipesa casinoprotesto por Khimkiparipesa casino2011

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Legenda da foto, Fenômeno russo que faz jovens como Evgenia Chirikova abandonarem o país é chamadoparipesa casino'poravalism', segundo correspondente da BBC

paripesa casino A principal ativista ambiental da Rússia é uma das centenasparipesa casinomilharesparipesa casinopessoas - a maioria jovens com alta escolaridade - que fizeram as malas e deixaram o país nos últimos anos. Os russos têm até um nome para o fenômeno: "poravalism" (algo como "movimento da horaparipesa casinocair fora"). A repórter da BBC Lucy Ash conta quais são as razões apresentadas por elas:

"Se tenho saudadesparipesa casinocasa?", diz Evgenia Chirikova. "Na verdade, não. Muita gente aqui fala minha língua. Eles são amigáveis, cheiosparipesa casinoenergia e curiosamente educados. Estou vivendo na Rússia dos meus sonhos!"

Ela fala da Estônia, onde tem morado nos últimos dois anos e meio, fugindo da perseguição política que sofreu por ser ativista ambiental e por criticar o presidente Vladimir Putin.

Chirikova se tornou militante há 11 anos, depoisparipesa casinoconhecer com a família a floresta Khimki, antigo local caça dos czares, cheioparipesa casinocarvalhos centenários, javalis selvagens e borboletas raras.

Jovensparipesa casinopraçaparipesa casinoMoscou

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Legenda da foto, Maisparipesa casino1,8 milhãoparipesa casinorussos, emparipesa casinomaioria jovens, abandonaram o país entre 2000 e 2014

"Eu estava grávida, planejando um piquenique com minha filha mais velha e meu marido, quando vi uma coisa estranha", conta. "Havia cruzes vermelhas pintadasparipesa casinodiversos carvalhos e bétulas. Me perguntei porque essas árvores perfeitamente saudáveis precisariam ser cortadas."

Khimki era uma reserva natural, conhecida como o "pulmão verde"paripesa casinoMoscou. Chirikova e o marido, Mikhail, tinham se mudado para a região justamente para fugir do caos do centro e para estarem próximos à natureza.

Ao voltar do passeio, Chirikova ligou para a autoridades ambientais para relatar o que tinha visto. Ela tinha suposto que uma empresa estivesse ilegalmente tentando burlar a lei.

Mas ficou abismada ao descobrir que o desmatamento tinha sido aprovado para a construçãoparipesa casinouma rodovia que cortaria a floresta pelo meio - mesmo havendo outras rotas possíveis menos agressivas para o ambiente.

Chirikova fazendo campanha no bosqueparipesa casinoKhimki

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Legenda da foto, Em defesa da floresta Khimki, Chirikova organizou um dos maiores protestos ambientais da história da Rússia

Membros do Ministérioparipesa casinoRecursos Naturais disseram a ela que a decisão tinha sido aprovada pessoalmente por Vladimir Putin - que depois, já como primeiro-ministro, assinou um decreto flexibilizando a proteção à floresta para permitir obrasparipesa casino"transporte e infraestrutura".

Chirikova suspeitavaparipesa casinoque a verdadeira razão para a autorização era abrir terreno para o mercado imobiliário.

Chirikova próximo aparipesa casinocasaparipesa casinoTallin
Legenda da foto, Movimentação criada por ativista convenceu bancos internacionais a pararemparipesa casinofinanciar rodovia próxima a bosque

Ela deixou seu emprego como engenheira para organizar uma oposição ao projeto. O primeiro protesto do seu grupo, Salve a Floresta Khimki, reuniu 5 mil pessoas e colheu 50 mil assinaturas - uma das maiores demonstraçõesparipesa casinofavor do ambiente na história da Rússia.

Sua atuação convenceu o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento e o Banco Europeuparipesa casinoInvestimento a pararemparipesa casinofinanciar a rodovia.

Perseguição

Mas o sucesso teve um custo: Chirikova foi presa várias vezes, outros ativistas foram agredidos e jornalistas que cobriam a história foram perseguidos.

Quando o editor do jornalparipesa casinoKhimki, Mikhail Beketov, levantou suspeitasparipesa casinoque políticos locais estariam lucrando com o projeto, seu cachorro foi morto, seu carro foi incendiado e ele foi agredido fisicamenteparipesa casinomaneira tão brutal que sofreu sequelas no cérebro e nunca recuperou a habilidadeparipesa casinofalar. Morreuparipesa casinoataque cardíaco alguns anos depois.

Chirikova se lembraparipesa casinovisitá-lo na UTI. Ele havia perdido diversos dedos, tinha tido uma perna amputada e perdido parte do crânio após apanhar com uma barraparipesa casinoferro.

Mikhail Beketov

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Legenda da foto, Editorparipesa casinojornalparipesa casinoKhimki morreuparipesa casinoataque cardíaco poucos anos depoisparipesa casinoser brutalmente agredido

"Minhas pernas começaram a tremer tão violentamente que sentei no chão do hospital", diz ela. "Pela primeira vez, eu estava realmente com medo. Qualquer um que tivesse capacidadeparipesa casinofazer isso com outra pessoa não tinha nenhum princípio moral. Eu me dei contaparipesa casinoquão mafioso era o regime que tinha tomado o poder no meu país."

Chirikova foi atacadaparipesa casinooutra forma - através do seu ponto fraco, seus filhos.

"As autoridades espalharam mentiras sobre mim, dizendo que eu batia nas minhas filhas e não as alimentava direito", diz ela. "Um cara do serviço secreto apareceu no meu prédio e pediu para meus vizinhos assinarem um documento dizendo que eu era uma péssima mãe."

Sua filha mais velha começou a ter medoparipesa casinoir para a escola por causaparipesa casinodiversos homens mascarados que ficavamparipesa casinocarros observando a família. Quando alguém batia na porta, as meninas se escondiam debaixo da cama.

Eventualmente a família teveparipesa casinose mudar para um bairro mais próximo ao centroparipesa casinoMoscou. Mas a perseguição continuou, dessa vez na formaparipesa casinoameaças por telefone.

Chirikova diz que suas filhas tiveram que fazer três anosparipesa casinoterapia para se recuperar. E queparipesa casinoansiedade não paravaparipesa casinopiorar, principalmente quando o serviço social ameaçou separá-laparipesa casinosuas filhas.

Protesto contra rodoviaparipesa casinofloresta Khimki
Legenda da foto, Protestos dificultaram, mas não impediram construçãoparipesa casinorodoviaparipesa casinoKhimki | Foto: AFP

"Eu ficava acordadaparipesa casinomadrugada, imaginando o que faria se fosse presa e minhas filhas, mandadas para um orfanato", diz ela. "No fim, foi isso que me fez tomar a decisãoparipesa casinosair do país."

Mesmo tendo ganhado um prestigioso prêmio internacional porparipesa casinocampanha, a ativista não conseguiu impedir a construção da rodovia ligando Moscou a São Petersburgo. Ela acha, no entanto, que os planos originais foram modificados e, assim, uma área menor da floresta foi destruída.

Da Estônia, ela continua a incentivar outros ativistas que ainda estão na Rússia por meioparipesa casinoseu site.

Debandada

Entre os anos 2000 e 2014, aproximadamente 1,8 milhãoparipesa casinorussos deixaram o país,paripesa casinoacordo com Alina Polyakova, diretoraparipesa casinopesquisa para a Europa no think tank Atlantic Council, um centroparipesa casinoanálises políticasparipesa casinoWashington.

Ela afirma que esse movimento tem se intensificado e que a migraçãoparipesa casinotanta gente - emparipesa casinomaioria jovens com alta escolaridade - é uma "ameaça significativa à segurança nacional da Rússia".

Calcular o número exatoparipesa casinopessoas que abandonaram o país é complicado, pois a maioria mantém seu passaporte russo mesmo quando consegue documentosparipesa casinooutros países. Mas as estatísticas oficiais do país apontam que 350 mil pessoas deixaram a Rússia sóparipesa casino2015 - dez vezes mais queparipesa casino2010.

No último andarparipesa casinoum shoppingparipesa casinoBerlim, a capital alemã, outra expatriada contaparipesa casinohistória à BBC.

Asya Parfenova,paripesa casino33 anos, era jornalistaparipesa casinoMoscou e foi parte do movimentoparipesa casinoObservação das Eleiçõesparipesa casino2012 e 2013. Ela escreveu sobre situações como o transporteparipesa casinopessoas entre diversas regiões eleitorais - aparentemente para votarem maisparipesa casinouma vez - e urnas suspeitas.

"Sou provavelmente a única dos meus amigos que participaram da observação das eleições que nunca esteve na cadeia", diz.

Asya Parfenova
Legenda da foto, Parfenova foi observadora das eleições e diz ser uma das poucasparipesa casinoseu grupo que não foi presa

A jornalista criou uma empresa que lhe permitiu conseguir um vistoparipesa casinotrabalho na Alemanha. Ela hoje administra um Escape Room - um espaço para um jogoparipesa casinoque os participantes ficam trancadosparipesa casinoum quarto e precisam resolver diversos enigmas para poder escapar.

"Gostoparipesa casinoregras claras, e não temos isso na Rússia", diz ela. "O governo está sempre vendendo a ideiaparipesa casinoestabilidade, mas na verdade o país é o lugar menos estável possível no momento, porque ninguém consegue prever o que vai acontecer amanhã ou como as leis vão passar a ser interpretadas - e isso é muito ruim para os negócios."

Parfenova diz que muitos empreendedores russosparipesa casinosucesso estão tentando fincar os pésparipesa casinomercados estrangeiros. "Eles querem preparar, digamos, uma 'rotaparipesa casinosaída', um refúgio seguro caso se torne insustentável continuar na Russia."

Horaparipesa casinodar tchau

A palavra "poravalism" - que dá a ideia um ideiaparipesa casinoum movimento da "horaparipesa casinocair fora" - virou até uma gíria, segundo o críticoparipesa casinomúsica Artemy Troitsky, que também trocouparipesa casinoterra natal pela Estônia.

Em 2011, ele e outros diversos intelectuais e representantes da oposição participaramparipesa casinoprotestos contra fraudes nas eleições. Todos usavam fitas brancas, e Putin os ridicularizou dizendo que elas pareciam camisinhas. Em uma resposta bem humorada, Troitsky subiu ao palco vestido com uma capa branca emborrachada.

Artemy Troitsky
Legenda da foto, Muitos dos ativistas russos estão trocando a vida no país pela vizinha Estônia | Foto: Jeremy Nicholl

No mesmo ano, ele enfrentou uma enxurradaparipesa casinoprocessos por difamação. Mas o que o fez deixar o país também foi a preocupação com os filhos.

Logo após a Russia anexar a Crimeia,paripesa casino2014, e a guerra na Ucrânia que se seguiu, Troitsky diz ter visto surgir um "perverso festivalparipesa casinonacionalismo, militarismo e ortodoxia".

"Passava mal com as coisas que meus filhos acabavam ouvindo na escola. Minha filha me disse que 'fascistas estavam prestes a invadir o país e que tínhamos que nos defender, e que Putin era uma ótima pessoa etc. etc.", conta ele, que, apesarparipesa casinotudo, diz ter muitas saudadesparipesa casinocasa e continuar imerso na cultura russa.

Ele às vezes visita o país, e diz ter esperançasparipesa casinopoder voltarparipesa casinovez.

Gerações mais novas, no entanto, talvez não sejam tão apegadas, ele ressalva. Só um quarto dos filhos dos seus amigos, jovensparipesa casino20 e poucos anos, ficaram no país. O restante está estudando, trabalhando e construindoparipesa casinovida no exterior.

Mikhail Khodorkovskyparipesa casino2015
Legenda da foto, Mikhail Khodorkovsky, ex-diretorparipesa casinouma petrolífera, passou dez anos atrás das grades antesparipesa casinodecidir sair da Rússia | Foto: Alamy

Londres é um dos destinos populares entre os russos que decidiram deixar o país.

Um dos que moram na cidade, Mikhail Khodorkovsky passa a maior parte do seu tempo na internet, tentando modificar seu país pelo ladoparipesa casinofora.

Ele comandava a petrolífera Yukos antesparipesa casinoser preso,paripesa casino2003, sob acusações vistas como tendo motivações políticas. Depoisparipesa casinodez anos atrás das grades, ele escreveu a Putin pedindoparipesa casinosoltura para que pudesse dizer adeus à mãe, que estava morrendo no exterior. Mas uma vez fora do país, recebeu alertasparipesa casinoque, caso voltasse, seria alvoparipesa casinonovos casos criminais.

Assim como Chirikoba, Khodorkovsky hoje vê a internet como seu "campoparipesa casinobatalha". Diz que as pessoas podem pensar que ele, do escritórioparipesa casinosua fundação, a Open Russia, estaria por fora da realidade do país. "Eu preciso convencê-los do contrário. Então vivo realmente o tempo todo no mundo virtual. É uma escolha que fiz."

A vozparipesa casinoquem fica

Questionada sobre o que ama na Rússia, Nadya Tolokonnikova responde: "Isso é como perguntar o que você ama emparipesa casinomãe. É simplesmente minha mãe, e não consigo me imaginar minha vida sem ela."

Tolokonnikova foi alçada à fama aos 22 anos, quando ela e outras duas artistas da banda punk Pussy Riot foram presas por cantarem "Virgem Maria, mãeparipesa casinoDeus, nos livreparipesa casinoPutin" na Catedralparipesa casinoMoscou.

Nadya Tolokonnikova

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Legenda da foto, Nadya Tolokonnikova alcançou fama internacional com a banda Pussy Riot

Tolokonnikova passou quase dois anosparipesa casinoum campoparipesa casinodetenção, costurando uniformes da polícia por 16 horas por dia. Mesmo assim continuou comprometida a permanecer no país.

"A língua é o fator número um, porque me sinto uma idiota tentando expressar meus pensamentosparipesa casinouma língua diferente. Você não consegue usar detalhes, nuances e melodiaparipesa casinouma língua estrangeira da mesma forma como faz com a sua. Isso é precioso para mim. Além disso, há a cultura, os ícones e a religião. O cinema e a literatura. O povo russo é selvagem, perigoso, criativo e extremamente corajoso", afirma ela.

"Eu amo fazer parte dessa comunidadeparipesa casinopessoas corajosas que estão arriscando suas vidas para mudar seu país. Dá um sentido para minha vida."

Depoisparipesa casinoser libertada, ela fundou um siteparipesa casinonotícias independentes focado no sistemaparipesa casinoJustiça, o MediaZona. Também criou o Zona Prova, que faz campanha por melhores condições prisionais.

Ela diz ter visto diversas presas gravemente doentes terem a medicação negada enquanto estava atrás das gradesparipesa casinoMordovia, no norte do país.

Bonecas das Pussy Riot
Legenda da foto, As Pussy Riot se transformaramparipesa casinoícone da dissidência russa | Foto: EPA

Tolokonnikova diz que a maior parteparipesa casinoseus leitores têm menosparipesa casino35 anos, mentes inquietas e estão impacientes por mudanças. Ela acredita que uma sede por aventura, por ações significativas e por orgulho - que não pode ser confundido com nacionalismo - talvez faça que alguns jovens não saiam do país e traga outrosparipesa casinovolta.

As pessoas que protestaram contra corrupçãoparipesa casinodiversas cidades neste ano também são motivoparipesa casinoesperança para ela.

"São os verdadeiros patriotas. Não o tipoparipesa casinopatriota apoiadorparipesa casinoPutin, que prefere viver no exterior e ganhar dinheiro com a indústriaparipesa casinopetróleo e gás. As pessoas protestando nesse momento contra Vladimir Putin querem tornar a vida melhor para o seu país", afirma a ativista.

"Eles querem desenvolver a economia, a arte, a mídia. Querem ter canaisparipesa casinoTV melhores, não só essa maquinaparipesa casinopropaganda oficial que a televisão é hoje."