Por que a Rússia acredita que a violência doméstica não deve ser considerada crime:palpite vasco e brusque
"Depois que ele me bateu enquanto eu estava na cadeirapalpite vasco e brusquerodas, fui à polícia", lembra ela, que agora vive num abrigo para mulheres vulneráveis no subúrbiopalpite vasco e brusqueMoscou.
"Meu rosto estava inchado e meus lábios, dividos no meio. Mas mesmo isso não o deteve. Eu estava na delegaciapalpite vasco e brusquelágrimas dizendo que não podia voltar para casa porque ele iria me bater", conta Marina.
"Mas o policial disse 'isso não é um hotel, nós não podemos mantê-la aqui', e foi isso."
'Proteção à família'
Se o presidente Vladimir Putin assinar a mudança na lei, como esperado, réus primários que baterempalpite vasco e brusquemembros da família, mas não forte o suficiente para que a vítima seja hospitalizada, não serão sentenciados à prisão.
A penalidade máxima será uma multa ou até uma noite na prisão sob custódia policial. A emenda tramitou no parlamentopalpite vasco e brusquemeio a discussões sobre como proteger a famíliapalpite vasco e brusqueinterferência.
"Para nós, é extremamente importante proteger a família como uma instituição", explicou Olga Batalina, uma das autoras da emenda.
A proposta dela reverte uma mudança aprovadapalpite vasco e brusquejulho passado, quando baterpalpite vasco e brusqueparentes foi definido como uma ofensa criminal.
Celebrada por ativistaspalpite vasco e brusquedireitos das mulheres, a mudança gerou alvoroço entre a cada vez mais conservadora classe política russa.
Deputados a condenaram como "contra a família", argumentando que um estranho poderia bater numa criança e ter uma multa, enquanto um pai que fizesse o mesmo seria condenado à prisão.
Combate aos valores ocidentais
Reverter essa mudança é partepalpite vasco e brusqueuma contraposição mais ampla na Rússia aos valores ocidentais, que muitos veem como estranhos ao país.
"Estamos falandopalpite vasco e brusqueconflitospalpite vasco e brusquefamílias. Você não deveria olhar para esse problemapalpite vasco e brusqueum pontopalpite vasco e brusquevista liberal", argumentou o deputado ultraconservador Vitaly Milonov.
"Isso é como ter três numa cama. Você está dormindo compalpite vasco e brusquemulher - e uma organizaçãopalpite vasco e brusquedireitos humanos."
Mas Marina e aqueles que coordenam o abrigo acreditam que vítimaspalpite vasco e brusqueabuso precisampalpite vasco e brusquemais proteção legal, não menos.
Hoje, há cinco famílias apertadas numa casa no terrenopalpite vasco e brusqueum mosteiro ortodoxo.
O lugar tem o barulhopalpite vasco e brusquecrianças brincando - é agradavelmente caótico, confortável e seguro. Financiado por entidadespalpite vasco e brusquecaridade, dá abrigo e aconselhamento às mulheres.
Elas também recebem orientação sobre como prestar queixa criminal contra os abusadores, um processo difícil mesmo antespalpite vasco e brusquea lei ser mudada.
"Apenas uma mulher conseguiu levar seu caso à Justiça", disse a diretora do abrigo, Alyona Sadikova. Mesmo assim, o agressor recebeu anistia e foi solto depoispalpite vasco e brusqueum mês na prisão.
"Agora a punição máxima por espancamento é uma multa. E se a mulher for para casa, o marido pode se vingar", alerta.
A mudança legal também devolve a responsabilidadepalpite vasco e brusqueprestar queixa criminal e coletar evidências para a vítima: os policiais não vão automaticamente abrir o caso.
"Para uma pessoa que está numa crise profunda, isso é simplesmente irreal", argumenta a diretora do abrigo.
'Liberdade para bater'
Um projetopalpite vasco e brusquelei específico para tratar da violência doméstica foi enviado ao parlamento há maispalpite vasco e brusqueum ano. Ele inclui ordenspalpite vasco e brusquerestrição, prevenção e treinamento especial dos policiais.
Mas a proposta não teve avanço. Em vez disso, deputados abrandaram as penalidades contra abusadores.
"É como se tivessem liberdade para bater, como se um tapa ou um empurrão não fossem algo sério. Mas isso pode levar a consequências muito graves", alerta Irina Matvienko.
Ela é responsável por um serviço telefônico no centro Anna, que recebeu cercapalpite vasco e brusque5 mil chamadas ano passadopalpite vasco e brusquemulheres buscando ajuda.
"A violência doméstica não é uma brigapalpite vasco e brusquefamília normal. Estamos falandopalpite vasco e brusqueum comportamento sistemático. Então permitir a impunidade é muito perigoso, porque a mulher está cara a cara com seu agressor", argumenta.
Marina agora está segura e, pouco a pouco, começa a reconstruirpalpite vasco e brusquevida.
Ela tem um emprego na padaria do mosteiro e está fazendo economias para se mudar para um apartamento com a filhapalpite vasco e brusque10 anos. Mas não conseguiu evitar que a mais nova fugissepalpite vasco e brusquecasa descalça epalpite vasco e brusquepânico - e luta contra o marido porpalpite vasco e brusquecustódia.
"Como eles podem deixar que ela fique com ele, apesarpalpite vasco e brusquetudo o que ele fez?", questiona Marina.
Apesar das cicatrizespalpite vasco e brusqueseu corpo, seu marido nunca foi condenado. A preocupação é que menos agressores vão responder a processos agora, e intervir antes que o abuso se torne perigoso pode ficar ainda mais difícil.