O mistério dos príncipes sauditas desaparecidos na Europa:cash out no pixbet

O príncipe Sultan bin Turki, no centro

Crédito, EPA

Legenda da foto, O príncipe Sultan bin Turki, no centro, foi sequestrado pela própria família

Inconsciente, ele foi levado para o aeroportocash out no pixbetGenebra e colocadocash out no pixbetum avião particular.

Anos depois, já exilado, Sultan fez um relato do episódio para uma corte na Suíça.

Serviço encerrado

No diacash out no pixbetque Sultan foi raptado, secretáriocash out no pixbetcomunicações dele, Eddie Ferreira, o esperavacash out no pixbetum hotel suiço junto com outros funcionários.

"Tentamos contatar o príncipe e não houve resposta. O dia foi passando e o silêncio se tornou ensurdecedor", conta Eddie. "Nós não conseguíamos falar com os seguranças — esse foi o primeiro sinal vermelho."

À tarde, dois visitantes inesperados apareceram. "O embaixador saudita na Suíça chegou com o gerente do hotel e simplesmente disse para a gente sair", diz Eddie. "Ele disse que o príncipe estavacash out no pixbetRiyadh (capital da Arábia Saudita) e que nossos serviços não seriam mais necessários."

Mas o que o príncipe Sultan havia feito paracash out no pixbetprópria família tê-lo drogado e raptado tão violentamente?

No ano anterior, ele tinha ido à Europa para um tratamento médico e havia começado a dar entrevistas nas quais fazia críticas ao governo saudita. Ele condenava o histórico do paíscash out no pixbetabusoscash out no pixbetdireitos humanos, condenava a corrupção entre príncipes e oficiais, e propunha uma sériecash out no pixbetreformas.

O país é governado por uma monarquia absolutista desde que foi fundado,cash out no pixbet1931, pelo rei Abdulaziz, conhecido Ibn Saud.

O príncipe Turki bin Bandar com o ministro das finanças paquistanêscash out no pixbet2003

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O príncipe Turki bin Bandar com o ministro das finanças paquistanêscash out no pixbet2003

Arrastados

Com um alto cargo dentro da polícia saudita, o príncipe Turki bin Bandar chegou a ser responsável pela segurança da família real. No entanto, depoiscash out no pixbetuma disputa familiar acirrada sobre a herança, acabou sendo colocado na prisão. Quando conseguiu sair, fugiu para a França, onde começou a postar vídeos no YouTube pedindo por reformas na Arábia Saudita.

Os sauditas reagiram com a mesma atitude que tiveram com o príncipe Sultan: tentaram convencer Turki a retornar. Quando o ministro do interior, Ahmed al-Salem, ligou, o príncipe gravou a conversa e colocou na internet.

"Todos estamos ansiosos pelo seu retorno, Deus te abençoe", disse o ministro.

"Esperando meu retorno?", respondeu Turki. "E as cartas que seus oficiais me enviaram dizendo 'seu filho da puta, nós te arrastaremoscash out no pixbetvolta como fizemos com Sultan'?".

O ministro responde: "Eles não vão encostarcash out no pixbetvocê. Eu sou seu irmão."

"Não, as cartas são suas. O ministro do interior que as mandou", diz Turki.

O príncipe continuou publicando vídeos até julhocash out no pixbet2015. Depois,cash out no pixbetalgum momento do ano seguinte, ele desapareceu.

"Ele me ligava uma vez por mês", diz seu amigo Wael al-Khalaf, que é ativista e blogueiro. "De repente ele sumiu por quatro ou cinco meses. Eu fiquei desconfiado. Aí ouvicash out no pixbetum oficial da monarquia que Turki bin Bandar estava com eles. Então concluí que ele tinha sido sequestrado."

Um artigocash out no pixbetum jornal do Marrocos da época dizia que Turki estava voltando para a França depoiscash out no pixbetuma visita ao país quando foi preso. Então, seguindo um pedido das autoridades sauditas, foi deportado com a aprovação da justiça marroquina.

Ainda não se sabe com certeza o que aconteceu com Turki bin Bandar. Antescash out no pixbetseu desaparecimento, ele deu a seu amigo Wael a cópiacash out no pixbetum livro que ele havia escrito, na qual ele deixou uma nota:

"Querido Wael, essa declaração não deve ser compartilhada a não ser que eu seja sequestrado ou assassinado. Eu sei que eles vão me raptar ou me matar. Também sei que vão abusar dos meus direitos e dos direitos do povo saudita."

Na mesma épocacash out no pixbetque o príncipe Turki sumiu, outro membro da realeza, Saud bin Saif al-Nasr, também desapareceu. Ele tinha relativamente pouca importância dentro da família e um gosto por cassinos europeus e hotéis caros.

Em 2014, Saud começou a postar críticas à monarquia saudita no Twitter. Ele pedia que os oficiais que haviam apoiado a queda do presidente egípcio, Mohammed Morsi, fossem processados.

Em setembrocash out no pixbet2015, quando duas cartas anônimas, supostamente escritas por algum membro da realeza, clamavam por um golpe para remover o rei Salman, Saud os apoiou publicamente – foi o único membro da realeza a fazê-lo. Isso é equivalente à traição, e pode ter sido o que selou seu destino.

Depoiscash out no pixbetalguns dias, ele postou: "Clamo para que a nação transforme o conteúdo dessas cartascash out no pixbetpressão popular". Depois disso, suas publicações pararam.

Outro dissidente, o príncipe Khaled bin Farhan, que fugiu para a Alemanhacash out no pixbet2013, acredita que Saud foi enganado e convencido a embarcarcash out no pixbetum vôocash out no pixbetMilão para Roma para discutir um negócio com uma companhia Russo-Italiana que queria abrir filiais no golfo.

"Um jatinho particular da empresa levou o príncipe Saud, mas não pousoucash out no pixbetRoma. Pousoucash out no pixbetRiyadh", diz Khaled. "A agênciacash out no pixbetinteligência saudita tinha inventado a operação toda", afirma. "Seu destino é o mesmo que ocash out no pixbetTurki: uma prisão clandestina".

Exílio

Já o príncipe Sultan, que estava acima na hierarquia da família real, vivia entre a cadeia e a prisão domiciliar. Mas quandocash out no pixbetsaúde começou a se deteriorar,cash out no pixbet2010, ele recebeu permissão para buscar tratamento médicocash out no pixbetBoston, nos EUA.

Na segurança do exílio, ele entrou com uma ação criminal na justiça da Suíça acusando o príncipe Abdulaziz e o xeque Saleh al-Sheikhcash out no pixbetresponsabilidade por seu sequestrocash out no pixbet2003.

Seu advogado americano, Clyde Bergstresser, conseguiucash out no pixbetficha médicacash out no pixbetum hospitalcash out no pixbetRiyadh, onde Sultan havia sido admitidocash out no pixbet2003. O documento atestava que um tubo havia sido colocado emcash out no pixbetboca para ajudá-lo a respirar enquanto estava anestesiado, e que um dos ladoscash out no pixbetseu diafragma estava paralisado como resultado do ataque.

Foi a primeira vez que um membro importante da realeza entrou com uma ação criminal contra outro familiar, ainda por cimacash out no pixbetuma corte ocidental.

Bergstresser diz, no entanto, que as autoridades suíças mostraram pouco interesse no caso.

"Nada foi feito para investigar o que aconteceu no aeroporto", diz ele. "Quem eram os pilotos? Quais eram os planoscash out no pixbetvôo quando esses aviões da Arábia Saudita chegaram? O rapto aconteceucash out no pixbetsolo suíço e écash out no pixbetse imaginar que haveria interessecash out no pixbetdescobrir o que aconteceu."

Deserto árabe visto do avião

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Legenda da foto, Os príncipes foram sequestradoscash out no pixbetjatinhos privados

Em janeirocash out no pixbet2016, Sultan estavacash out no pixbetParis e foi convencido a embarcarcash out no pixbetum avião.

Ele planejava visitar seu pai – que também era crítico ao governo saudita – no Cairo, quando o consulado da Arábia Saudita ofereceu um jato particular a ele e seus 18 acompanhantes – incluindo um médico, enfermeiras e seguranças dos EUA e da Europa.

Apesar do que havia acontecido com elecash out no pixbet2003, Sultan aceitou. Doiscash out no pixbetseus acompanhantes contaram o que aconteceucash out no pixbetseguida – mas pediram para não serem identificados.

"Era um avião enorme. Foi estranho porque havia muitos tripulantes a bordo, todos homens", diz um deles.

O avião decolou com os monitores dizendo que o destino era o Cairo. Mas depoiscash out no pixbetcercacash out no pixbetduas horas no ar, os monitores apagaram.

O príncipe Sultan estava dormindocash out no pixbetseu compartimento privado, mas acordou uma hora antes do pouso. "Ele olhou pela janela e ficou ansioso", descreve um dos acompanhantes.

Quando ficou evidente que estavam prestes a pousar na Arábia Saudita, Sultan começou a socar a porta da cabine do piloto e gritar por ajuda. Um tripulante mandou os funcionários do príncipe permaneceremcash out no pixbetseus assentos.

"Olhamos pela janela e vimos um grupocash out no pixbetpessoas com rifles cercar o avião", diz um dos funcionários.

De acordo com os relatos, os soldados e os tripulantes arrastaram Sultan para fora do avião. Ele gritava para que seus funcionários ligassem para a embaixada americana.

O príncipe e seus médicos foram levados para uma vila e ficaram sob vigilância armada. Os outros aguardavam no avião, nervosos. Depois foram levados para um hotel, onde ficam presos por três dias sem passaportes ou acesso a telefone. Mais tarde, receberam permissão para tomar um vôo para o destino que desejassem.

Antescash out no pixbetsaírem, um oficial saudita, reconhecido como um dos "tripulantes" do vôo, pediu desculpas. "Ele disse que estávamos no lugar errado na hora errada. E que ele sentia muito pelo inconveniente", diz o servidor.

O outro funcionário complementa: "Não foi um inconveniente, eu fui sequestrado! Fui preso contra a minha vontadecash out no pixbetum país para o qual eu não queria ir."

Foi uma situação excepcional: 18 estrangeiros tinham sido raptados, levados para a Arábia Saudita e mantidos sob a guardacash out no pixbetmilitares.

Depois desse evento, não houve mais notícias do príncipe Sultan.

Questionado pela reportagem, o governo da Arábia Saudita preferiu não comentar.

Prince Khaled
Legenda da foto, O príncipe Khaled fugiu para a Alemanha para não ser preso porcash out no pixbetfamília

O príncipe Khaled, que atualmente está exilado na Alemanhã, tem medocash out no pixbettambém ser forçado a retornar à Riyadh. "Havia quatro membros da família real na Europa. Todos nós criticávamos a família e a maneira como ela governava nosso país. Três foram sequestrados. Sou o único que sobrou", diz ele.

"Tenho certeza que sou o próximo da lista. Se pudessem me sequestrar, já o teriam feito. Eu não tenho liberdade, preciso ser cauteloso o tempo todo."