A fotógrafa que deixou o mundo da moda para mostrar a face feminina da luta contra o Estado Islâmico:aposta ganha figueirense

Jana Andert com câmera e celular

Crédito, Gabriel Chaim

Legenda da foto, A fotógrafa Jana Andert está há quase seis meses acompanhando os combates contra o Estado Islâmico na regiãoaposta ganha figueirenseMossul

"Mas o medo também me mantém concentrada e alerta", continua a fotógrafa,aposta ganha figueirense33 anos, que há pouco maisaposta ganha figueirenseum ano esteve pela primeira vez no norte do Iraque para registrar a situação dos refugiados sírios.

Refugiados

Dali para o front, como profissional independente, foi um pulo.

"Foi a minha primeira vez numa zonaaposta ganha figueirenseconflito. Vi como a vida é difícil na guerra e que existem muitas histórias a serem contadas e registradas."

Jana vive na Holanda há 13 anos -aposta ganha figueirenseDordrecht, cidadeaposta ganha figueirensepouco maisaposta ganha figueirense118 mil habitantes no sul do país.

Montagem. Esquerda, fotoaposta ganha figueirensemodaaposta ganha figueirenseJana Andert. Direita, fotoaposta ganha figueirensejovem pehsmerga

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Jana Andert largou a carreiraaposta ganha figueirensesucesso como fotógrafaaposta ganha figueirensemoda para registraraposta ganha figueirenseperto o drama dos refugiados sírios e da guerra no Iraque

Ela estudou fotografia e depois psicologia, "o que ajuda muito quando você trabalha numa zonaaposta ganha figueirenseconflito", admite.

A mãe, assistente social, e o irmão, gerenteaposta ganha figueirensevendas, continuam na República Tcheca. O pai, engenheiro, morreuaposta ganha figueirensecâncer,aposta ganha figueirense2009.

Durante quatro anos Jana trabalhou como fotógrafaaposta ganha figueirensemoda e publicidade, com vários estilistas e empresas, mas abriu mão do conforto dos estúdios.

Dois tanques atirando contra o EI

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Soldados peshmergaaposta ganha figueirensetanques atiram contra posições do Estado Islâmico, durante a ofensiva para libertar a cidadeaposta ganha figueirenseBashiqa.

A tcheca conta que a vida front não tem sido fácil, mas já melhorou bastante, especialmenteaposta ganha figueirenserelação à convivência com os soldados.

"Este é um mundoaposta ganha figueirensehomens. Eles (os soldados) não estão acostumados com a presençaaposta ganha figueirenseuma mulher no front", observa, lembrando que rotinas simples, como ir ao banheiro, tomar banho e dormir, transformam-seaposta ganha figueirenseuma espécieaposta ganha figueirensetranstornoaposta ganha figueirenseum ambiente onde quase não há outras mulheres.

Outro desafio foi conquistar o respeito dos militares e fazer com que eles a vejam como uma profissional "e não apenas como mulher".

Guerra feminina

E foi convivendo com os militares curdos que ela descobriu a face feminina da guerra contra o EI.

Três mulheres combatentes

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, As combatentes peshmerga lutam aos lados dos homens e ficam na mesma base, mas têm suas próprias comandantes.

"Passei quase cinco meses no front dos peshmerga ao sulaposta ganha figueirenseMossul. Ali ouvi falar sobre as jovens iranianas que lutam pelo Partido Azadi do Curdistão" (PAK, na siglaaposta ganha figueirenseinglês), lembra.

Também chamadoaposta ganha figueirensePartido da Liberdade do Curdistão, o PAK é um partido político que luta pela unificação do Curdistão - uma região autônoma do Iraque e que fraz fronteira com Irã, Turquia e Síria - e tem unidades armadasaposta ganha figueirensecombatentes no Irã e no Iraque.

Peshmerga é uma palavra curda que significa "aquele que enfrenta a morte", e essas unidades são conhecidas como "Falcões da Liberdade do Curdistão". Elas lutam ao lado das forças regulares curdas.

Muitas unidades receberam treinamento militar dos EUA e foram decisivas, por exemplo, na retomada da cidadeaposta ganha figueirenseKirkuk,aposta ganha figueirenseoutubro.

Garota peshmerga mirando com fuzil AK 47

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, As garotas combatentes foram uma das unidades dos "Falcões da Liberdade" e são vistas como iguais pelos soldados no campoaposta ganha figueirensebatalha

As meninasaposta ganha figueirenseBashiqa

Os curdos são a mais numerosa nação sem Estado do mundo: calcula-se que sejam 26 milhõesaposta ganha figueirensepessoas, a maioria muçulmanos sunitas, organizadosaposta ganha figueirenseclãs e que falam a língua curda.

Jana conseguiu autorização do comandante do PAK para se aproximar das jovens e registrar o dia a dia delas.

"São cercaaposta ganha figueirense50 garotas peshmerga, e a maioria tem no máximo 20 anos. Parte delas ficaaposta ganha figueirenseKirkuk e parte nas montanhasaposta ganha figueirenseBashiqa (cidade que foi tomada do EI há cercaaposta ganha figueirensetrês semanas)".

As garotas guerrilheirasaposta ganha figueirenseBashiqa vivemaposta ganha figueirenseduas casas abandonadas pela população.

"A casa delas é, na verdade, a frenteaposta ganha figueirensebatalha. Elas são muito unidas e cuidam umas das outras."

Três garotas peshmergas perfiladas

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Os cabelos, geralmente compridos, são arrumados com cuidadoaposta ganha figueirensetranças ou rabosaposta ganha figueirensecavalo.

Atualmente, elas protegem e patrulham a cidade, enquanto esperam para lutaraposta ganha figueirenseHawija, cidade vizinha a Kirkuk, explica a fotógrafa.

Na ofensivaaposta ganha figueirenseBashiqa, segundo Jana, uma guerrilheira foi morta e duas ficaram feridas por morteiros do EI.

"As garotas me disseram que os combatentes do EI mandavam drones para localizá-las e depois disparavam muitos morteiros contra as posições delas."

Se, por um lado, elas são vistas como iguais pelos soldados curdos e peshmergas, as garotas despertam pavor entre os combatentes do EI.

Duas combatentes com armas

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Os militantes do Estado Islâmico acreditam que, se forem mortos por uma mulher, vão para o inferno.

A explicação para esse medo circula no front como uma espécieaposta ganha figueirenselenda: militantes do EI acreditam que, se forem mortos por uma mulher, não irão para o paraíso, ao encontroaposta ganha figueirensedezenasaposta ganha figueirensevirgens - algo que muçulmanos radicais acreditam ser a recompensa para quem morreaposta ganha figueirense"guerras santas". Mas, sim, serão amaldiçoados e acabarão no inferno.

Uniformes, fuzis, tênis e maquiagem

O grupoaposta ganha figueirenseguerrilheirasaposta ganha figueirenseKirkuk vive na mesma base que os homens. Mas ocupa alojamentos separados e tem seus próprios comandantes.

"Elas estão aqui para lutar. Quando pergunto se querem casar e ter filhos, dizem que isso não é importante. Talvez depois que tudo termine..."

Algumas guerrilheiras falam um poucoaposta ganha figueirenseinglês e Jana também já aprendeu um poucoaposta ganha figueirensecurdo.

As guerrilheiras se transformamaposta ganha figueirense"Falcões da Liberdade" com uniformes militares camuflados e fuzis russos AK-47.

Duas combatentes na montanha

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, As meninas protegem e patrulham a cidadeaposta ganha figueirenseBashiqa para impedir a volta dos combatentes do Estado Islâmico.

Mas nessa guerra não há coturnos protegendo seus pés, mas tênis comuns.

As sobrancelhas são desenhadas e os cabelos, geralmente compridos, enfeitados por presilhas, fivelas e pentes coloridos. E arrumados com cuidado.

"Elas gostamaposta ganha figueirenseestar bonitas no dia a dia", diz Jana, destacando que algumas usam um poucoaposta ganha figueirensemaquiagem.

"Preocupam-seaposta ganha figueirenseser femininas, mas ser uma combatente é mais importante, é tudo."

Mani, Haja e Koderstan: três jovens guerreiras

Jana fala sobre algumas das guerrilheiras que filmouaposta ganha figueirenseBashiqa. Uma delas é a iraniana Mani,aposta ganha figueirense22 anos, uma das mais velhas combatentes no front, e que se juntou aos "Falcões da Liberdade" há cercaaposta ganha figueirenseum ano.

Closeaposta ganha figueirenseMani, Haja e Kordestan

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Mani (esq.) foi lutar depois que o pai morreu; Haja (centro) escreve um diário para entregar à mãe; Kordestan (dir.) se tornou comandante.

"O pai dizia que ela não era forte e corajosa o bastante para se juntar ao PAK, mas ele estava muito doente e morreu. Depois disso, Mani saiuaposta ganha figueirensecasa e veio para o Curdistão se juntar aos combatentes do PAK. Veio pelo pai, para deixá-lo orgulhoso", conta a fotógrafa.

A peshmerga Haja, que tem 18 anos e há 11 meses chegou ao front, evita assuntos pessoais, segundo Jana.

"Ela não fala sobre como era a vida antesaposta ganha figueirensevir para cá. Tem um diário e escreve tudo o que faz, como se sente e o que aconteceuaposta ganha figueirensemais importante."

A jovem disse que está escrevendo para a mãe.

"Ela quer que a mãe saiba o que está acontecendo e se orgulhe, se ela morreraposta ganha figueirensecombate."

Nas cenas que a fotógrafa filmou, Haja desmonta e limpa minuciosamente um fuzil AK-47.

Veículos atiram contra o EI

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Soldados peshmerga lançam foguetes na ofensivaaposta ganha figueirenseKhazir para libertar as cidades a lesteaposta ganha figueirenseMossul.

E ela afirmou a Jana: "A guerra não é só combate. Vivemos na guerra. Temos que viver o nosso dia a dia, nos divertir e gostaraposta ganha figueirenseestar juntas".

Comandante aos 18 anos

A ligação com a família também é forte para Kordestan,aposta ganha figueirense18 anos. Ela sonhavaaposta ganha figueirenseser uma comandante, quando se juntou ao PAK, há quase um ano.

"Ela adora lutar e é muito corajosa. Dois meses depoisaposta ganha figueirenseentrar para o PAK, virou comandante e é agora responsável por seis garotas", observa.

Kordestan fala inglês e estuda a língua porque futuramente quer trabalhar como tradutora para o partido, disse à fotógrafa.

Nas cenas filmadas por Jana, ela contouaposta ganha figueirenseinglês como convenceu os pais a deixá-la ir para a guerra.

"Meus pais me perguntaram por que eu queria lutar no norte do Iraque. Eu disse: não temos nada, não temos liberdade, não temos direitos. Quero lutar pela nossa liberdade, por uma vida melhor para todo o povo do Curdistão. Se ninguém for lutar, nada vai mudar."

O orgulhoaposta ganha figueirenseser peshmerga é grande, diz a fotógrafa.

"Elas me disseram que não têm medo do EI e que se não lutarem pelos seus direitos e pela liberdade, vão morrer e viver por nada."

A foto favoritaaposta ganha figueirenseJana Andert é um flagrante noturno da aldeiaaposta ganha figueirenseSultan Abdullah, que é controlada pelo EI.

Vista noturnaaposta ganha figueirenseSultan Abdullah, Iraque

Crédito, Jana Andert

Legenda da foto, Esta é a foto favoritaaposta ganha figueirenseJana Andert: "Mostra a beleza da paisagemaposta ganha figueirensemeio ao drama da guerra".

"Gosto dessa foto porque ela mostra a beleza da paisagemaposta ganha figueirensemeio ao drama da guerra."