Como armas compradas pelos EUA acabaram nas mãos do Estado Islâmico:h2bet poker

James Bevan (esq) e o repórter Gordon Corera
Legenda da foto, Munições geralmente têm marcas que ajudam a identificar ah2bet pokerorigem

A casa tem ainda vestígios da família que ali vivia: roupah2bet pokercama e peçash2bet pokervestuário espalhadas pelos cômodos. Mas num quarto dos fundos, a equipe encontra o que buscava - caixas vaziash2bet pokermunição.

Eles conversam enquanto tomam notas e tiram fotos. O objetivo é entender como as armas foram parar nas mãos erradas.

"A comunidade internacional tem estado cega para o fatoh2bet pokerque armas estão sendo desviadas para áreash2bet pokerconflito", explica Bevan.

A equipe da CAR trabalha próximo da linhah2bet pokerfrente dos combates,h2bet pokeráreas recentemente retomadas do EI. Munições podem ser examinadas, mas as caixas vazias são mais úteis porque têm númerosh2bet pokersérie e da quantidade que continham.

A numeração das caixas é inserida pela equipeh2bet pokerBevan numa baseh2bet pokerdados para rastrear como o material saiu da fábrica e chegou a uma zonah2bet pokerconflito.

'Receita' para fazer bomba

Qaraqosh, uma cidade predominantemente cristã, se tornou cenárioh2bet pokeruma devastação quase apocalíptica - prédios reduzidos a escombros, crateras nas ruas, torresh2bet pokerigreja tombadas.

As ruas estão estranhamente silenciosas. Todos os moradores saíram quando o EI chegou. E o EI só deixou a cidade no fim do mês passado, após a ofensiva para libertar Mossul.

Durante o dia, uma milícia cristã local patrulha a cidade, mas há relatosh2bet pokerque à noite combatentes do EI às vezes voltam.

Soldado iraquiano e armas depois da derrota do EIh2bet pokerFalluja (fotoh2bet pokerarquivo)

Crédito, AFP

Legenda da foto, As forças iraquianas têm encontrado uma grande quantidadeh2bet pokerarmash2bet pokerlocais retomados do Estado Islâmico

Visitamos uma igreja e encontramos três fiéis. Eles lembraram exatamente quando foi a última celebração ali - às 16h do dia 6h2bet pokeragostoh2bet poker2014.

Depois, eles fugiram para a cidadeh2bet pokerErbil e só voltaram rapidamente para ver o que restara do templo.

Os quadrosh2bet pokertorno do altar foram rasgados e o prédio saqueado. No salão da igreja, a equipe da CAR encontra sinaish2bet pokerque o local também era usado pelo EI como uma fábricah2bet pokerarmas.

Partesh2bet pokerfoguetes estão espalhadas pelo chão. Ao ladoh2bet pokeruma vasilha com produtos químicos, uma "receita" - escrita à mão -h2bet pokercomo misturar explosivos.

O EI tentou fazer uma linhah2bet pokerproduçãoh2bet pokerarmash2bet pokermassa nas áreas que controlava e criou fábricash2bet pokermorteiros artesanais. Mas também há sinaish2bet pokerque os materiais usados vieramh2bet pokeroutros países.

Comprash2bet pokermassa

Perto dos bancos da igreja há sacos com produtos químicos - a equipe da CAR já viu isso antes. Eles são vendidos no mercado interno da Turquia, mas grandes quantidades chegam ao EI.

"Ao analisarmos as armas artesanais e os explosivos caseiros, sabemos que eles compram grandes quantidades, principalmente no mercado turco", diz Bevan.

"A redeh2bet pokercompradores do EI chega ao sul da Turquia e certamente tem relacionamentos muito fortes com distribuidores bem grandes."

Fronteira Turquia-Síria (fotoh2bet pokerarquivo)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Armamentos, munições e explosivos chegam à Síria procedentes da vizinha Turquia.

Em alguns casos a CAR encontrou provash2bet pokerque três mil a cinco mil sacosh2bet pokerprodutos químicos tinham sido comprados com um mesmo númeroh2bet pokerlote.

"Alguém foi lá (na Turquia) e comprou metade do estoqueh2bet pokeruma fábrica", diz.

O EI não tem problema para se armar - e o levantamento da CAR indica queh2bet pokerparte isso se deve às armas levadas para a zonah2bet pokerconflito pelos gruposh2bet pokerluta.

O papel da Turquia

O comércioh2bet pokerarmas é um mundo sombrio e oculto, mas a equipeh2bet pokerBevan encontrou pistas da fonte da munição usada pelo EI.

Na fase inicial do conflito, a maior parte foi conseguida no campoh2bet pokerbatalha,h2bet pokerforças iraquianas e sírias. Mas desde o fimh2bet poker2015, os investigadores começaram a ver o surgimentoh2bet pokeroutra importante fonte.

Caixash2bet pokermunição encontradas foram rastreadas até fábricas no leste europeu.

A equipeh2bet pokerBevan fez contato com vários países da região.

Combatente do EI com arma e bandeira (arquivo)

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em algum ponto do caminho até as forças que combatem o EI, armas e munições acabam sendo desviadas.

Eles descobriram que o material tinha sido vendido - legalmente - para os governos dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. Em seguida fora embarcado pela Turquia.

O destino eram os gruposh2bet pokeroposição (apoiados pelos EUA e pelos sauditas) no norte da Síria que combatem as forças do presidente sírio Bashar al-Assad.

A intenção nunca foi fazer a munição chegar ao EI, mash2bet pokeralgum ponto do caminho ela foi desviada.

Esta munição foi encontrada nas cidadesh2bet pokerTikrit, Ramadi, Falluja e agorah2bet pokerMossul - todos lugares onde acabou sendo usada para combater as forças iraquianas apoiadas pelos EUA.

A rapidez com que o EI está conseguindo esse material é alarmante - algumas vezes apenas dois meses depoish2bet pokersair da fábrica.

"Se você fornece armas e munição para grupos que não são estados e estão envolvidosh2bet pokerum confito muito complexo e interligado, o riscoh2bet pokerdesvio é muito, muito alto", explica Bevan.

Mapeando o fluxo das armas

Talvez o paralelo mais próximo para o problema do desvioh2bet pokerarmas tenha sido o apoio que os EUA e aliados deram aos combatentes mujahedin, que lutavam contra a antiga União Soviética no Afeganistão, nos anos 1980.

Naquela ocasião, as armas estavam sendo enviadas para alguns grupos aprovados pela CIA (o serviçoh2bet pokerinteligência americano), mas eram canalizadas para o serviço secreto do Paquistão e, às vezes, iam para outros grupos que combatiam a União Soviética e tinham propostas ainda mais radicais, como a rede Al-Qaeda do falecido Osama Bin Laden.

Combatentes do EIh2bet pokerRaqqa (arquivo)

Crédito, AP

Legenda da foto, Os combatentes do Estado Islâmico estão recebendo armas originalmente destinadas aos rebeldes que lutam contra o regime do presidente Assad, na Síria.

A situação atual é ainda mais complexa e confusa do que a do Afeganistão nos anos 80. Hoje, são conflitosh2bet pokerdois países, Iraque e Síria, com um número bem maiorh2bet pokerpaíses apoiando grupos diversos.

Bevan acredita que traçar a rota das armas é o primeiro passo para evitar o desvio.

"Nós podemos ir ao fabricante e dizer: essas armas são suas e sabemos que você as vendeu legalmente, mas o seu comprador as transferiu sem autorização. Então você tem um problema e agora precisa fazer algoh2bet pokerrelação a ele."

A prova da destruição provocada pelas armas estáh2bet pokertoda parte no Iraque e na Síria. Tentar conter esse fluxo não será fácil enquanto outros Estados estiverem apoiando grupos simpatizantes locais.

E no caos deste conflito não há garantiah2bet pokerquem vai terminar pondo as mãos nas armas nemh2bet pokercomo elas serão usadas.