De legalização da maconha ao retorno da penamorte: os destaques das consultas populares estaduais:

Folhamaconha sobre a bandeira dos EUA

Crédito, Thinkstock

Alémescolher o futuro presidente dos Estados Unidos, os eleitores americanos também votaram154 referendos e plebiscitos35 Estados, sobre temas que iam da penamorte e controlearmas à legalização da maconha e obrigatoriedade do usocamisinhasfilmes pornôs.

De todos os pleitos, os principais "vencedores" foram os que buscaram a legalizaçãoformasuso da maconha e os que queriam a volta - ou a manutenção - da penamorte.

As consultas legalizaram o cultivo e o consumo recreativo da cannabis para os maiores21 anos na Califórnia, Massachusetts e Nevada. As projeções indicam aprovação também no Maine. No Estado do Arizona, porém, a legalização foi rejeitada.

Mulher rega pémaconha na fazenda Steve Dillon,Humboldt County, na Califórnia.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Na Califórnia, onde o uso medicinal da maconha era liberado desde 1996, o consumo recreativo da droga acabaser legalizado

Já na Flórida, Dakota do Norte e Arkansas, os eleitores aprovaram o uso apenas medicinal da maconha. O emprego da drogatratamentos médicos agora passa a ser legal na maioria dos Estados (25, mais o distrito federal).

A Flórida passa a ser o primeiro Estado sulista - região reconhecidamente conservadora - a adotar uma política fortemente liberal para a maconha.

Califórnia libera geral

Em 1996, a Califórnia foi um dos primeiros Estados a legalizar a utilização da cannabis com fins medicinais.

Agora, o Estado promete destinar o dinheiro arrecadado com os impostos sobre a venda e o cultivo da droga a programas sociais para os jovens, à proteção ao meio ambiente e à melhoria do policiamento.

Durante a campanha, no entanto, os críticos afirmaram que a aprovação também do uso recreativo abriria caminho para a promoção do consumo da drogashows, colocandorisco a saúde e segurançacrianças e jovens.

Em Massachusetts, a nova lei já vai entrarvigordezembro, com um sistemataxação semelhante ao da Califórnia.

Desafio para o governo Trump

Pela lei federal americana, a maconha continua proibida e está enquadrada na categoria reservada às drogas mais perigosas, como heroína.

Apesaro governo federal respeitar a legislação dos Estados, o conflito entre as leis causa vários problemas para empresas nesse mercado, entre eles a impossibilidadeabrir contasbancos, que temem ser processados pela lei federal por receber dinheiro provenientecultivo ou vendadrogas.

Segundo analistas, a vitória do "sim" para uso recreativo, especialmente na Califórnia, poderia aumentar a pressão sobre o governo federal para mudarpostura. Mas a vitóriaDonald Trump torna incerto o rumo dessa política.

Vários Estados realizaram consultas populares sobre outros assuntos. Veja algumas:

Volta da penamorte

No Nebraska, por exemplo, a penamorte voltará a ser adotada - no ano passado, a medida tinha sido abolida pelos legisladores estaduais.

Embora desde 1997 ninguém tenha sido executado no Estado, há 10 homens no corredor da morte.

A Califórnia é o Estado onde estão presos 25% dos condenados à morte nos EUA. Por lá, os eleitores rejeitaram a propostasubstituição da execução pela prisão perpétua com direito a liberdade condicional.

Oklahoma também votou pela volta da pena capital e ainda determinou que a medida não possa ser declarada uma punição cruel ou excepcional.

A expectativa éque estes resultados influenciem a discussão nacional sobre a penamorte, que ainda é adotada30 Estados e pelo governo federal, mas que já foi abolida por 20 Estados.

Suicídio assistido

No Colorado, os eleitores aprovaram o suicídio assistidodoentes terminais por meio"medicamentos que possam ser administrados por eles mesmos" - e passou a ser o 6º Estado do país a permitir o suicídio assistido.

Salário mínimo

Cinco Estados opinaram sobre o valor do salário mínimo. No Arizona, Colorado e Maine, o valor mínimo da hora subirá para US$ 12 (R$ 39) e,Washington para US$ 13,50 (R$ 44).

Já no Estado da Dakota do Sul, uma propostaredução do salário mínimo para trabalhadores menores18 anos foi rejeitada: o valor foi mantidoUS$ 8,50 (R$ 27,70).

Controlearmas

Os protestos da Associação Nacional do Rifle, a principal organizaçãodefesa do portearmas no país - e que chegou a ser presidida pelo ator Charlton Heston -, não foram suficientes para impedir que o controlearmas passassetrês Estados.

Em Washington, a Justiça vai poder cassar o portearmascertos casos, como oacusadosviolência doméstica.

Na Califórnia, quem quiser comprar munição terápassar por uma rigorosa verificaçãoantecedentes.

Com uma margem estreita, os eleitoresNevada aprovaram uma checagem maiorantecedentes e a compraarmas apenasrevendedores autorizados.

O Maine manteve a tradição e rejeitou a proposta - que tinha o apoio do bilionário Michael Bloomberg -verificaçãoantecedentes para compradores e vendedoresarmas.

Mudança climática

Os eleitoresWashington rejeitaram o que teria sido o primeiro imposto sobre emissõescarbono. A proposta previa a cobrançaUS$ 25 (R$ 81) por toneladadióxidocarbono a partir2018. A ideia era aumentar a taxação gradualmente durante 40 anos, até chegar a US$ 100 (R$ 326) por tonelada.

Camisinha e bolsas plásticas

Os moradores da Califórnia rejeitaram a ideiaobrigar os atoresfilmes pornôs a usarem preservativos durante as cenassexo.

Em outra consulta, esses eleitores aprovaram a proibição do usosacolas plásticas descartáveis no Estado.