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Homem na Lua? Fraude eleitoral? Como a psicologia explica crençajogos online legaisteorias da conspiração:jogos online legais
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Fim do Matérias recomendadas
Em novembro, viralizou ainda um vídeojogos online legaisque alguns desses militantes atribuíam ao programajogos online legaisestudos geofísicos americano Haarp (High Frequency Active Auroral Research Program) — criado pela Força Aérea e Marinha dos EUA e a Universidade do Alasca — uma tentativajogos online legaisboicotar os atos golpistas ao alterar o clima e fazer choverjogos online legaisseu acampamento.
O Haarp é frequentemente alvojogos online legaisboatos e teorias conspiratórias — não só no Brasil, como também no exterior —, que classificam o projeto como uma espéciejogos online legaisarma usada para a criaçãojogos online legaistempestades, furacões ou terremotos ao redor do mundo, às vezes com fins políticos e eleitorais. As especulações foram tantas que as Forças Armadas americanas deixaram o programajogos online legais2014.
E não é incomum que as pessoas propagando essa ideia também desconfiemjogos online legaisoutras teses científicas, acontecimentos mundiais e decisões políticas, tal como a origem da vacina contra covid-19.
Mas, afinal, o que leva alguém a crerjogos online legaisnarrativas que preveem complôs ou sugerem tramas secretas como essas? E como a psicologia explica a relação entre crenças tão distintas, como a teoriajogos online legaisque a eleição foi manipulada, a ida do homem à Lua foi encenada e outras tantas que circulam no meio conspiratório?
Busca por respostas
A psicóloga Karen Douglas, professora da Universidadejogos online legaisKent, no Reino Unido, se dedica há anos ao estudo desse tema. Segundo ela, as pessoas são atraídas por teorias da conspiração quando uma ou mais necessidades psicológicas são frustradas.
"A primeira dessas necessidades é epistêmica, ou seja, a demanda por sempre conhecer a verdade e ter clareza e certeza sobre as coisas", explica Douglas à BBC News Brasil.
"As outras necessidades são as existenciais, ou aquelas que estão relacionadas à busca por se sentir seguro e ter algum controle sobre o que acontece ao nosso redor; e as sociais, que estão relacionadas à necessidadejogos online legaismanter nossa autoestima e nos sentirmos positivosjogos online legaisrelação aos grupos a que pertencemos."
"Isso significa que qualquer um pode ser vítimajogos online legaisteorias da conspiração se suas necessidades psicológicas não forem atendidasjogos online legaisum determinado momento", observa.
Justamente por isso, muita gente tende a buscar respostas e uma suposta sensaçãojogos online legaissegurança nas teorias da conspiraçãojogos online legaismomentosjogos online legaismaior instabilidade, como durante a pandemiajogos online legaiscovid-19 oujogos online legaiseleições extremamente polarizadas.
Uma sériejogos online legaisestudos mostram ainda que as explicações fornecidas pelas tramas especulativas às vezes satisfazem mais as necessidades por explicação do que fatos concretos e elucidações científicas.
Isso porque, segundo Douglas e outros estudiosos, para muita gente, apenas grandes causas e teorias podem explicar fatos que desencadeiam um forte impactojogos online legaissuas vidas — quando, na verdade, muitos dos acontecimentos têm causas mundanas oujogos online legaispequena proporção.
Da mesma forma, muitas pessoas possuem inclinações a identificar padrões baseadosjogos online legaiseventos passados, sem que haja nenhuma base para sustentar algum tipojogos online legaisrepetição ou tendência futura.
'Mentalidade conspiratória'
Existe, porém, uma outra corrente da psicologia que defende que alguns indivíduos tendem a acreditar maisjogos online legaisteorias da conspiração do que outros.
Trata-se da chamada "mentalidade conspiratória", que é entendida quase como um traçojogos online legaispersonalidade que, quando presente, faz com que seu portador tenha maior tendência a acreditarjogos online legaisnovas teorias.
"Essa teoria foi testadajogos online legaisdiversas formas, e os estudos mostram que a melhor formajogos online legaisprever se alguém vai acreditarjogos online legaisuma teoria da conspiração, é se ela já acreditajogos online legaisoutras", diz Quassim Cassam, professor da Universidadejogos online legaisWarwick, no Reino Unido, e autor do livro Conspiracy Theories ("Teorias da Conspiração",jogos online legaistradução livre).
Segundo o especialista, a discussão sobre a origem dos traçosjogos online legaispersonalidade, e inclusive da "mentalidade conspiratória", é bastante controversa.
"Mas,jogos online legaisforma geral, os estudiosos do tema acreditam que sejam determinados por uma combinação entre genética e ambiente", explica.
"Ou seja, uma pessoa pode nascer com uma predisposição a acreditarjogos online legaisteorias da conspiração e ver a mesma ser fortalecida ou enfraquecida pelo ambientejogos online legaisque se desenvolveu."
Para Cassam, a hipótese que relaciona a tendênciajogos online legaisacreditarjogos online legaisteorias da conspiração a necessidades psicológicas falhajogos online legaisexplicar por que algumas pessoas se envolvem muito mais com as teses do que outras.
"Todos nós temos essas necessidadesjogos online legaisalguns momentos, então por que só alguns entram no mundo das conspirações?", questiona.
O filósofo afirma, porém, que é importante avaliar também os aspectos políticos. Segundo ele, a identificação com algum espectro político pode influenciarjogos online legaisque tipojogos online legaisteoria da conspiração uma pessoa acredita.
"De forma geral, as pessoas tendem a acreditar nas teorias da conspiração que apoiam ou expressam suas próprias ideologias políticas", explica.
"No Brasil, por exemplo, a grande maioria das pessoas que acreditam que houve fraude nas eleições são apoiadorasjogos online legaisJair Bolsonaro. Essa teoria se encaixa perfeitamentejogos online legaisum discurso político e é usada como uma arma no debate".
Segundo Joseph Uscinski, cientista político especializado na área, o usojogos online legaisteorias da conspiração ou narrativas falsas com fundo especulativo é bastante comum no universo eleitoral.
"Costumo dizer que teorias da conspiração são para os perdedores", diz o professor da Universidadejogos online legaisMiami, nos EUA.
"Sempre houve quem tentasse usar acusaçõesjogos online legaisfraude para reverter a derrota, mas isso está se tornando mais comum atualmente."
E para Uscinski, alegações como essa ganham ainda mais força e são mais prejudiciais quando difundidas por líderes políticos com influência para convencer parte da populaçãojogos online legaissuas ideias.
"Não creio que as pessoas estejam mais conspiratórias atualmente do que no passado e nem há evidências para acreditar nisso. Mas, cada vez mais, líderes políticos estão usando retóricas conspiratórias e populistas para atrair apoiadores."
'Dissonância cognitiva coletiva'
O escritor e professor da Universidade do Estado do Riojogos online legaisJaneiro (UERJ) João Cezarjogos online legaisCastro Rocha estuda há alguns anos o fenômeno das teorias da conspiração e desinformação no Brasil.
Para o especialista, há no país hoje um contexto bastante particular e propício para a disseminaçãojogos online legaisteorias da conspiração.
Castro Rocha chama o cenário atualjogos online legais"dissonância cognitiva coletiva", um termo criado por ele para descrever a crençajogos online legaisalguns gruposjogos online legaisteorias conspiratórias que distorcem o contexto político brasileiro.
"Existem hoje no país centenas ou milharesjogos online legaispessoas presas 24 horas por dia e sete dias por semanajogos online legaisum sistema bolsonaristajogos online legaisinformação que basicamente criou uma realidade paralela", diz ele.
O professor explica que, no Brasil, há ainda uma diferença importante entre o que pode ser classificado como teoria da conspiração e as chamadas fake news.
"Fake news são mentiras empregadas retoricamente para obter um efeito político. Elas geralmente partemjogos online legaisuma verdade e a distorcem, não são totalmente delirantes."
"Já as teorias conspiratórias são algo mais complexo, são um conjunto dessas fake news organizadojogos online legaismodo a expressar uma certa visãojogos online legaismundo, que geralmente é lacônica, demoniza o outro e é intolerante a qualquer tipojogos online legaisdiversidade", observa.
Para Anthony Lemieux, professor da Universidade do Estado da Geórgia, nos EUA, e especialistajogos online legaismovimentos extremistas, esse é um ponto importante das teorias conspiratórias: elas costumam estabelecer uma rivalidade entre dois grupos opostos.
"Há um longo históricojogos online legaisgrupos que criam uma espéciejogos online legaisseparação dos demais, sempre 'nós versus eles'. Mas atualmente esses grupos estão se tornando mais transnacionais e emergindo cada vez mais", avalia.
"O mundo está caminhando para os extremos e, com isso, discursos e retóricas conspiratórias estão ganhando mais espaço."
Como ajudar alguém que crêjogos online legaisteorias da conspiração?
Para quem tem parentes, amigos ou conhecidos envolvidos com teorias da conspiração, especialistas elaboraram ao longo dos anos algumas orientações que podem ajudar.
Todos recomendam, primeiramente, sempre tratar as pessoas com respeito e calma, lutando contra qualquer impulsojogos online legaisdesdenhar delas ou questioná-lasjogos online legaisforma agressiva.
É interessante incentivar o pensamento crítico sobre as fontesjogos online legaisinformação. Pessoas que acreditamjogos online legaisteorias da conspiração tendem a demonstrar ceticismojogos online legaisrelação às fontes oficiais.
Uma boa tática é tentar ajudá-las a aplicar essa mesma desconfiança aos meiosjogos online legaisinformação, postagens e "especialistas alternativos" que acompanham.
Às vezes, as perguntas também podem ser mais eficazes do que as afirmações, dizem os especialistas.
"Focar nas táticas e técnicas usadas pelas pessoas que promovem a desinformação é uma forma mais eficazjogos online legaisabordar essas conversas do que tentar desmascarar as informações", afirmou à BBC Claire Wardle, da First Draft, organização sem fins lucrativos que luta contra a desinformação.
Porém, os estudiosos do tema sempre advertem que é preciso calma, já que para aqueles que confiamjogos online legaisforma profunda nas teoriasjogos online legaisconspiração, deixá-lasjogos online legaislado pode ser um processo bastante longo.
"Seja realista sobre o que você pode alcançar", disse o psicólogo Jovan Byford, professor da Open University, à BBC.
"As teorias da conspiração incutem nos crentes um sensojogos online legaissuperioridade. É um importante geradorjogos online legaisautoestima — o que os torna resistentes a mudanças."
- Este texto foi publicado em http://vesser.net/geral-64230992
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