O que pensam os que não acreditam que o homem chegou (12 vezes) à Lua:bwin m
Levantamento semelhante realizado pelo instituto Gallup nos Estados Unidos apontou que 6% dos americanos não acreditam que o homem tenha pisado na Lua. Mas outras sondagens chegam a apontar que esse número pode ser bem maior: na casa dos 20%.
De acordo com pesquisa recente realizada pela empresa YouGov, umbwin mcada seis britânicos acredita que a conquista da Lua foi encenada. E, entre os jovensbwin maté 35 anos, "informados" intensamente por canaisbwin mYouTube e fórunsbwin minternet, esse número é ainda maior: 21%.
Vamos aos fatos, portanto. Não tem conspiração. Até hoje, 12 pessoas pisaram na Lua. Todos homens, todos norte-americanos. Na ordem: Neil Armstrong e Buzz Aldrin (Apollo 11, por 2h31,bwin m21bwin mjulhobwin m1969); Pete Conrad e Alan Bean (Apollo 12, por 7h45,bwin m19bwin mnovembrobwin m1969); Alan Shepard e Edgard Mitchell (Apollo 14, por 9h21, nos dias 5 e 6bwin mfevereirobwin m1971); David Scott e James Irwin (Apollo 15, entre 31 e 2bwin magostobwin m1971, sendo que o primeiro caminhoubwin msolo lunar por um totalbwin m19h03 e o segundo, por 18h33); John Young e Charles Duke (Apollo 16, por 20h14, entre 21 e 23bwin mabrilbwin m1972); e Eugene Cernan e Harrison Schmitt (Apollo 17, por 22h02,bwin m11 a 14bwin mdezembrobwin m1972).
Contra os fatos
Os argumentos são os mais variados possíveis. Em fórunsbwin minternet há desde gente defendendo que seria impossível pisar na Lua porque ela se tratabwin m"uma bolabwin mluz" até outros tentando provar por A mais B que até seria possível levar o homem até lá - o problema, segundo eles, seria fazer o caminhobwin mvolta para a Terra.
Donobwin mum famoso podcast, o comediante americano Joe Rogan está entre os disseminadoresbwin mteorias da conspiração. Seu argumento mais convincente, conforme já afirmou, parece ser o mero prazer que tembwin mduvidar das coisas. "Eu tenho uma relaçãobwin mamor e ódio com teorias da conspiração", disse ele,bwin mumabwin msuas apresentações.
No YouTube, uma potente voz dos conspiradores é o canalbwin moutro comediante americano, Shane Dawson. Seu vídeo defendendo que o homem nunca pisou na Lua tem 6min22s e maisbwin m7 milhõesbwin mvisualizações.
Mesmo repaginados, os conspiracionistas atuais bebem na mesma velha fonte. Os mais antigos registrosbwin mteorias da conspiração sobre a chegada do homem à Lua estão no livro We Never Went to the Moon: America's Thirty Billion Dollar Swindle (em tradução livre para o português, 'Nós Nunca Fomos à Lua: A Fraude Americanabwin m30 Bilhõesbwin mDólares'), escrito pelo ex-oficial da Marinha americana Bill Kaysing (1922-2005).
Com a experiênciabwin mter trabalhado na fábricabwin mfoguetes Rocketdyne entre 1956 e 1963, Kaysing começou a defender que as alunissagens do projeto Apollo haviam sido forjadas pelo governo americano. No livro, ele afirma que as chancesbwin mum pouso bem-sucedido no satélite terrestre erambwin mparcos 0,0017% e, no auge da Guerra Fria, era mais fácil para os Estados Unidos falsificar um resultado do tipo do que ir efetivamente para a Lua.
Segundo Gontijo, uma tremenda bobagem. "Os russos, maiores competidores dos americanos, nunca denunciaram as viagens à lua como farsa", argumenta ele. "Eles sabiam muito bem o estado da tecnologia da época porque estavam tentando fazer o mesmo. E seus cientistas e engenheiro jamais levantaram dúvidas sobre o sucesso dos americanos."
Mas os conspiracionistas ganhariam novo fôlego no início dos anos 1980, com a entrada, no debate, da Sociedade da Terra Plana. Os terraplanistas, que argumentam que a Terra e a Lua são planas, a Nasa criou uma falsificação com ajuda do cinema. A Nasa teria, sob o patrocínio dos estúdios Walt Disney, contratado o diretor Stanley Kubrick (1928-1999) para forjar as cenas dos astronautasbwin msolo lunar.
"Se fosse para somente encenar, por que fazer isso tantas vezes? Por que não fazer uma vez só?", rebate o brasileiro Gontijo.
Um outro argumento que faz inferir a impossibilidadebwin mfraudar um projeto como o Apollo é o númerobwin mpessoas que precisariam ter sido cooptadas para guardar tamanho segredo. Ao longobwin mdez anos, 400 mil pessoas trabalharam para colocar o homem na Lua. Conforme já afirmou diversas vezes o cientista americano James Longuski, ex-projetista da Nasa e atual professor da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, seria mais fácil mandarbwin mverdade seres humanos para a Lua do que combinar com tanta gente assim.
No livro A Caminhobwin mMarte: A Incrível Jornadabwin mUm Cientista Brasileiro Até a Nasa, Ivair Gontijo conta que não são raras as vezesbwin mque ele é interpelado por alguém que diz não acreditar nas viagens do homem à Lua. "Até hoje muita gente me faz essa pergunta, se o homem foi mesmo à Lua ou não. É interessante notar que não é só no Brasil que tem gente que não acredita. Na Escócia e mesmo nos Estados Unidos também há pessoas que não acreditam. Acho que esse é um fenômeno mundial", escreve ele,bwin mum capítulo dedicado ao tema.
Em conversa com a reportagem, ele enfatizou que a melhor maneirabwin mcombater essa desinformação é, incansavelmente, insistindobwin m"informar a população". "Em geral, informações genuínas e independentes sobre o programa espacial não são muito acessíveis no Brasil por causa da barreira da língua", afirma. "Até nos Estados Unidos, muita gente não sabe onde procurar e acaba descobrindo muitas teorias da conspiração sobre o assunto. Assim,bwin mvezbwin mdiminuírem, as dúvidas às vezes aumentam. Há muita desinformação sobre esse tema nos meiosbwin mcomunicação,bwin mespecial na internet."
Argumentos
"Muitas pessoas pensam que o grande feito dos americanos seria algo inatingível com a tecnologia da época", argumenta Gontijo,bwin mseu livro. "Por isso elas têm dificuldadesbwin macreditar que isso possa mesmo ter acontecido. Também é verdade que as pessoas podem mudarbwin mopinião se os argumentos forem mesmo convincentes, mas sabemos também que ninguém convence ninguém. É preciso que cada um entenda primeiro os fatos e então tire as próprias conclusões."
Para o brasileiro, a melhor maneirabwin menfrentar essa desinformação é começar tentando entenderbwin mqual parte da conquista espacial o interlocutor não acredita.
O primeiro ponto: a descrença é só do lado americano ou também significa rebater que soviéticos lançaram foguetes? Pois se o ceticismo é geral, vale lembrar a história do satélite Sputnik, colocadobwin mórbitabwin moutubrobwin m1957. Em um "golpebwin mmestre", expressão cravada por Gontijo, os cientistas russos o lançaram equipado com um transmissor e quatro antenas, conjunto esse capazbwin memitir um pequeno sinalbwin mbipe nas frequênciasbwin m20 e 40 MHz.
A ideia era que a façanha pudesse ser comprovadabwin mforma independente. "Quando ele passava sobre uma parte da Terra, radioamadores que estavam lá embaixo podiam sintonizar seus rádiosbwin muma das frequências do Sputnik e captar o sinalzinho: o pequeno bipe que significava muito e que durou 22 dias, até que suas baterias se descarregaram", pontua o brasileiro.
O passo seguinte seria acreditar ou não que um ser humano orbitou o planeta. No caso, o cosmonauta soviético Iuri Gagarin (1934-1968), que viu a Terra azul a bordo da Vostokbwin m12bwin mabrilbwin m1961. Em 108 minutos, ele deu uma volta completa. "Imagino que a vasta maioria das pessoas concorde que esses fatos são verídicos e que tanto Gagarin quanto seus colegas cosmonautas realmente foram ao espaço e entrarambwin mórbitabwin mtorno da Terra", afirma. "Em pouquíssimo tempo, os foguetes foram aprimorados, alcançando órbitas circulares ebwin mmaior latitude,bwin mforma que os cosmonautas que vieram depoisbwin mGagarin puderam dar muitas voltasbwin mtorno do planeta Terra."
Nos Estados Unidos, os cientistas da Nasa estavam um pouco atrás dos russos na corrida espacial. No dia 5bwin mmaiobwin m1961, Alan Shepard (1923-1998) se tornaria o primeiro americano no espaço, aindabwin mum voo suborbitalbwin m15 minutos. Em 20bwin mfevereirobwin m1962, John Glenn (1921-2016) se tornou o primeiro astronauta americanobwin mórbita: três voltas ao redor da Terra,bwin m4h55bwin mvoo.
"Você acha que tanto os russos quanto os americanos foram capazesbwin menganar o mundo inteiro e que nenhum desses voos aconteceu? Seria possível convencer os milharesbwin mengenheiros e técnicos trabalhando nos programas espaciais tanto na União Soviética quanto nos Estados Unidos a montar um esquema para iludir o mundo sem que ninguém denunciasse isso?", provoca Gontijo. "Imagino que você vá concordar comigo que é mais fácil eles terem mesmo feito esses voos do que conseguiremos manter um segredo entre dezenasbwin mmilharesbwin mpessoas."
O cientista brasileiro enfatiza ainda o desenvolvimento técnico necessário para o passo seguinte,bwin m1963: a verdadeira dança espacial protagonizada pelas naves Vostok 5 e Vostok 6, respectivamente com os cosmonautas Valery Bykovsky (1934-2019) e Valentina Tereshkova (1937- ) a bordo. Elas chegaram a ficar a apenas 5 quilômetrosbwin mdistância,bwin mórbita, e, pela primeira vez, houve uma comunicação entre duas espaçonaves, diretamente e por rádio, sem nenhuma intermediação da Terra.
Os avanços seguiam a passos largos. Dois anos mais tarde, o russo Alexey Leonov (1934- ) protagonizaria a primeira atividade extraveicular da história espacial. E neste episódio, é possível citar ainda a falibilidade humana como um argumento contra as conspirações - afinal, se as coisas fossem inventadas, acidentes não ocorreriam, certo?
Pois no vácuo espacial, a roupabwin mLeonov inchou mais do que o esperado - dentro da vestimenta, a pressão precisava ser igual à atmosférica terrestre. Quando precisava voltar para a cápsula, um susto: daquele jeito ele não passava mais pela entrada. Ficou entalado. No sufoco, ele conseguiu "murchar" um poucobwin msua roupa, o suficiente para voltar para a nave.
"Não faz sentido achar que tudo isso foi uma enganação e que nenhuma dessas façanhas foi realizada. Seria simplesmente impossível manter um segredo assim e convencer milharesbwin mpessoas envolvidas a mentir", reforça Gontijo. "Além disso, os bipes do Sputnik foram capitados por radioamadores no mundo inteiro, provando que aquilo era real. Existem também muitas filmagensbwin mfoguetes decolando e alguns explodindo. Se você pode se convencerbwin mque tudo isso aconteceu mesmo, o resto - a descida na Lua, por exemplo - é uma sériebwin mdesdobramentos quase inevitáveis."
Preparando o terreno lunar
Em seu livro, o cientista brasileiro cita o sucesso técnico do projeto Gemini, com dez missões realizadas entre 1964 e 1966, como o grande salto tecnológico norte-americano que propiciou mandar as Apollos para a Lua. E todos os esforços científicos ebwin mengenheira envolvidos não poderiam ser simplesmente uma obrabwin mficção. Foi quando os Estados Unidos passaram à frente da União Soviética na corrida espacial.
Nas missões, foram bem-sucedidos os procedimentosbwin maproximação e acoplamento entre duas espaçonaves, assim como um aumentobwin mpermanência dos astronautas no espaço - condições necessárias para a futura missão lunar. "A partir daí eles já seriam capazesbwin mfazer um veículo sair da superfície da Lua levando os astronautas e acoplá-los a outro veículobwin mórbita lunar", descreve. "Dá para ver que a ida à Lua não foi feitabwin muma vez só, sem qualquer preparação."
Mas se todas as simulações iam relativamente bem, há outro argumento a ser derrubado: essas missões ocorriambwin mórbita da Terra. E ir até a Lua necessitaria romper o voo orbital. Mas a ciência explica que esse não era um problema. "Se um objeto estábwin muma órbita circularbwin mtornobwin mum planeta ou Lua ou qualquer outro corpo celeste, é preciso muito pouco para escapar do 'abraço gravitacional'", explica Gontijo. "Se a velocidade do objeto for aumentadabwin m41%, ele escapa. Isso é consequência das leis da física e já era um fato bem conhecido durante a corrida espacial. Então não era tão difícil assim fazer foguetes potentes o suficiente para escapar da órbita terrestre."
Outro problema era fazer os cálculos para "acertar" o satélite natural terrestre, considerando os movimentos do planeta, da Lua e, claro, a velocidade do foguete. Missões não tripuladas anteriormente não haviam conseguido, mas como ressalta o brasileiro, mais uma vez erros iniciais comprovam a veracidade dos acertos. No caso dos americanos, o laboratório incumbidobwin mrealizar os cálculos precisoubwin msete tentativasbwin mtrês anos - do programa Ranger - para finalmente atingir o alvo desejadobwin mmaneira satisfatória,bwin m31bwin mjulhobwin m1964, com a sonda que tirou as primeiras fotos da Lua antesbwin mcair no satélite natural da Terra.
Toda essa históriabwin merros e acertos são argumentos, na visão do cientista brasileiro, para defenderbwin mmodo sincero e paciente as acusaçõesbwin mfraude da corrida espacial. Até porque, se fosse para fingir, seria melhor reduzir ao máximo as alegadas missões, até para diminuir o númerobwin mpessoas envolvidas na suposta farsa.
Evidências comprovadasbwin moutras missões
Há ainda o fatobwin mque missões espaciais encontraram resquíciosbwin mmissões anteriores - e os registraram. Quatro meses depois da Apollo 11, a Apollo 12 alunissou a 50 metrosbwin mdistância da Surveyor 3, sonda não-tripulada lançadabwin m1967. Os astronautas recolheram a câmera e a pábwin mcoletabwin msolo do equipamento desativado e as trouxerambwin mvolta para a Terra - estão expostas no Museu Aeroespacialbwin mWashington.
Outro exemplo é o pontobwin mque a Apollo 17 desceu,bwin m1972. Em 2008, a sonda japonesa Kaguya fotografou marcas dessa missão americana, a última pisada humana na Lua.
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