'Fugimossite 1xbetalgo muito cruel': as famílias que buscam vida melhor para filhos transsite 1xbetoutros Estados dos EUA:site 1xbet
Organizações e ativistas contam dezenassite 1xbetfamílias com crianças transgênero que recentemente tomaram a decisão drásticasite 1xbetdeixar seus Estados para trás, do Alabama a Idaho, devido à legislação que limita o acesso a cuidadossite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero e outras regulamentações que essas pessoas procuram.
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Nos últimos dois anos, legisladores estaduais republicanos apresentaram ao menos 300 projetossite 1xbetlei que afetam a comunidade trans, mais do quesite 1xbetqualquer período anterior. A maioria, maissite 1xbet80%, era voltada para a juventude.
Embora nem todas as propostas tenham ido adiante - apenas cercasite 1xbet15% viraram lei - e a aplicaçãosite 1xbetoutras esteja sendo questionada na Justiça, muitos ativistas alertam para um ambiente cada vez mais hostil aos direitos LGBTQ+ nas no legislativo estadualsite 1xbettodo o país, e atésite 1xbetalguns setores do legislativo federal.
Diante disso, Katie, como outros pais, foi clara: "Eu tinha que tirar Noah daquele ambiente e levá-lo do Texas".
site 1xbet ' site 1xbet Eu já sabia que era um menino site 1xbet '
Mas o que ela agora afirma enfaticamente não foi uma decisão repentina ou fácil.
E, para explicar como chegaram até ela, Katie pega um caderno no qual anota tudo - "desde a pandemia, as datas me escaparam e não quero ser incoerente" - e volta à infância do filho mais velho.
"Noah tem hoje 16 anos e vai para o ensino médio, mas já no jardimsite 1xbetinfância, quando tinha apenas cinco anos, sabia que era um menino", lembra.
"Olhando para trás, fica muito óbvio para nós porque ele durante anos inventou nomes, sempre masculinos, para si mesmo. Mas a gente achava que era uma fase e que ele ia superar", continua com uma história que é dela e, ao mesmo tempo,site 1xbetmuitos outros pais.
Levou um tempo para Noah encontrar as palavras para se definir e descrever o que realmente estava acontecendo com ele.
Em 2014, quando estava na terceira série, ele disse aos pais que era gay. Mas foi sósite 1xbet2018, quando tinha 12 anos, que entendeu o que significava ser transgênero, e que se tratavasite 1xbetdisforiasite 1xbetgênero.
Trata-sesite 1xbetum diagnóstico psiquiátrico que envolve angústia e desconforto significativo associado a uma discrepância entre a identidadesite 1xbetgênero e o sexo físico ou atribuído no nascimento, no qual as pessoas afetadas não se identificam ou sentem como elas mesmas.
"Foi um momento incrível para ele e para nós, porque as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar - as crises esporádicassite 1xbetdepressão, a ansiedade sem explicação aparente - e finalmente vimos a história completa", lembra a mãe.
Isso também marcou o pontosite 1xbetpartida para começar com o cuidadosite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero.
O que é afirmaçãosite 1xbetgênero?
O cuidadosite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero pode incluir um amplo espectrosite 1xbetintervenções sociais, psicológicas, comportamentais ou médicas destinadas a apoiar e afirmar a identidadesite 1xbetgênero,site 1xbetacordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Tende a variar com a idade e com a clareza do indivíduosite 1xbetrelação àsite 1xbetidentidadesite 1xbetgênero.
Assim,site 1xbetcrianças pequenas, a disforiasite 1xbetgênero tende a ser tratada com intervenções comportamentais e sociais não médicas, como mudançasite 1xbetnomes, pronomes ou roupas.
No início da adolescência, alguém com disforiasite 1xbetgênero pode começar a receber análogos do hormônio liberadorsite 1xbetgonadotrofina (GnRH), conhecidos como "bloqueadores da puberdade", que retardam temporariamente o desenvolvimentosite 1xbettraços incongruentes comsite 1xbetidentidadesite 1xbetgênero.
E mais tarde, na adolescência, eles podem começar a tomar hormônios, como testosterona ou estradiol.
É raro alguém com menossite 1xbet18 anos se submeter a uma cirurgia, mas alguns podem decidir fazer a cirurgia para mudar a aparência do peitoral, ainda na adolescência.
"Mas não existe uma abordagem única para todos. Ela se ajusta a cada indivíduo", disse Joshua Safer, médico e diretor executivo do Centro Monte Sinai para Medicina e Cirurgia Transgênero, à BBC News Mundo.
"Assim, há muitos que tomam hormônios, mas não fazem cirurgia. Há aqueles que não fazem nada, pessoas que não recebem bloqueadores da puberdade, mas tomam hormônios, pessoas que fazem uma cirurgia e não fazem outras."
Nos Estados Unidos, há um amplo consenso entre as principais associações do setorsite 1xbetsaúde - incluindo a Associação Médica Americana, Associação Americanasite 1xbetPediatria, Associação Americanasite 1xbetPsicologia e Associação Americanasite 1xbetPsiquiatria - sobre a necessidade médica e adequaçãosite 1xbetcuidadossite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero para jovens com esse tiposite 1xbetdisforia.
Organizações internacionais como a Associação Endócrina e Associação Profissional Mundial para Saúde Transgênero também concordam com isso, ambas com diretrizes e padrões para oferecer esse tiposite 1xbetatendimento.
E, embora haja algum debate dentro do próprio campo sobre quando e como as diferentes intervenções devem começar, os provedoressite 1xbetsaúde concordam que os tratamentos são muitas vezes essenciais. Muitas organizações especializadas alertam para os efeitos nocivossite 1xbetnegar o acesso a esses serviços.
Essa conclusão foi alcançada, por exemplo, por um estudo revisado por pares publicadosite 1xbetdezembrosite 1xbet2021 no Journal of Adolescent Health e conduzido por pesquisadores do The Trevor Project, uma organização sem fins lucrativossite 1xbetprevenção ao suicídio da comunidade LGBTQ+ nos Estados Unidos.
Descobriu-se que o usosite 1xbetterapia hormonalsite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero no ano anterior foi associado a uma probabilidade quase 40% menorsite 1xbetdepressão e tentativasite 1xbetsuicídio entre jovens transgêneros e não-bináriossite 1xbet13 a 17 anos.
Estima-se que 1,6 milhãosite 1xbetpessoas nos EUA se identificam como transgênero e quase umasite 1xbetcada cinco são jovens entre 13 e 17 anos. Esse é um cálculo do Williams Institute, um centrosite 1xbetpesquisasite 1xbetpolíticas públicas baseado na Faculdadesite 1xbetDireito da Universidade da Califórnia,site 1xbetLos Angeles (UCLA).
site 1xbet ' site 1xbet Se transformou site 1xbet '
Katie se lembra claramente da mudança que Noah viveu quando começousite 1xbettransição social na escola, usando seu novo nome e pronomes masculinos.
"Simplesmente se transformou", diz. "Era como se seus melhores aspectos brilhassem ainda mais, como se finalmente estivesse livre para viversite 1xbetmaneira genuína."
Os próximos passos foram dados com muito cuidado.
"A primeira coisa foi garantirmos que ele se sentissesite 1xbetum ambiente seguro, afirmado e amado, dando-lhe espaço para experimentar e que ele soubesse que éramos flexíveis e que aprendíamos junto com ele", explica a mãe.
A partir daí, eles focaram na saúde mental.
"O objetivo foi encontrar um psicólogo, uma equipesite 1xbetterapeutas e garantir que todos que o apoiavam emocional e psicologicamente estivessemsite 1xbetsintonia e tivessem as mesmas intenções da família: ajudá-lo a ser ele mesmo, da melhor maneira possível", continua Katie.
A transição física veio depois, "depoissite 1xbetalguns anossite 1xbetleitura intensa,site 1xbetconversar com médicos, revisar relatórios, encontrar outros pais e sabendo que estávamos sendo conduzidos por Noah, que ele estava bem informado e que era o momento certo."
"Iniciou terapiasite 1xbetreposição hormonal, tomando testosterona, há pouco menossite 1xbetdois anos."
"E aí chegou 2021 e tudo virousite 1xbetcabeça pra baixosite 1xbetnovo."
O anosite 1xbetque tudo mudousite 1xbetnovo
Durante a sessão legislativa daquele ano no Texas, foram apresentados maissite 1xbet30 projetossite 1xbetlei relacionados à população trans. Treze deles eram relacionados à juventude,site 1xbetacordo com a Equality Texas, organização que defende os direitos LGBTQ+.
Então começaram as viagens regularessite 1xbetKatie e Noah a Austin, capital do Texas, para protestar contra iniciativas,site 1xbetfrente ao Congresso estadual, ou se reunir com legisladoressite 1xbetseus corredores.
Em outubrosite 1xbet2021, Katie depôs contra um desses projetossite 1xbetlei - que visava proibir a participaçãosite 1xbetjogadores transsite 1xbettimes alinhados comsite 1xbetidentidadesite 1xbetgênero, que acabou indo adiante e entrousite 1xbetvigor - perante uma comissão estadual da Câmara.
"O que eu tanto temia que pudesse acontecer com Noah forasite 1xbetminha casa, quando ele não estivesse mais sob nossa proteção, começou a acontecersite 1xbettempo real."
E aconteceu rapidamente.
Em fevereirosite 1xbet2022, o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, republicano, emitiu uma opinião legal dizendo que o cuidadosite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero constituía "abuso infantil", algo que a Academia Americanasite 1xbetPediatria se apressousite 1xbetcondenar veementemente.
Uma semana depois, o governador do Estado, o também republicano Greg Abbott, ordenou que o Departamentosite 1xbetFamília e Serviçossite 1xbetProteção do Texas (DFPS) investigasse os pais que possam ter fornecido a seus filhos trans acesso a cuidadossite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero.
Ele acrescentou que a agência era "responsável por proteger as crianças contra abusos", acrescentandosite 1xbetum tuíte que o DFPS "encaminharia qualquer tiposite 1xbetabuso para processo".
A BBC Mundo entrousite 1xbetcontato com os escritórios do procurador-geral Paxton e do governador Abbott, solicitando comentários sobre o efeito dessas decisões, mas não obteve resposta.
A gestão Biden reagiu chamando-asite 1xbetmanobra eleitoral - tendosite 1xbetvista as eleições para governadorsite 1xbet8site 1xbetnovembro, nas quais Abbott terminou reeleito - e condenando-o por "colocarsite 1xbetrisco a vidasite 1xbetcrianças".
site 1xbet Famílias investigadas e site 1xbet ' site 1xbet pasta segura site 1xbet '
A família Laird, como muitas outras no Estado, entrousite 1xbetpânico.
"Conhecemos pessoalmente famílias que estão sendo investigadas pelo Serviçosite 1xbetProteção à Criança (CPS, órgão do DFPS) e lidamos diariamente com o medosite 1xbetsermos os próximos", lembra Katie, trêmula.
Por precaução, ela criou o que chamasite 1xbet"pasta segura", na qual guarda os registros médicossite 1xbetNoah, calendáriossite 1xbetimunização, prescrições para tudo, desde anti-histamínicos a testosterona, e cartas escritas por familiares, amigos, médicos, pastores e outros líderes da comunidade que garantiram que os Lairds se preocupam e cuidamsite 1xbetseu filho.
Noah começou a sofrer ataquessite 1xbetansiedade na escola, temendo que a qualquer momento ligassem para ele da direção.
"Isso rompeu a confiança deles nos professores, nos conselheiros, na administração (da escola), porque eles eram obrigados a se reportar ao CPS", lamenta Katie.
"Meu filho estava especialmente apavorado com a possibilidadesite 1xbetos serviçossite 1xbetproteção acabarem tirando-osite 1xbetnós e mandando-o para uma instituição juvenil."
Os antigos episódios depressivos voltaram e a autoagressão se intensificou.
"Eu sinto que, onde quer que eu vá, preciso estar escondido", descreve Noah no documentário intitulado Dear Noah: Pages from a Family Diary (Querido Noah: páginassite 1xbetum diáriosite 1xbetfamília,site 1xbettradução livre) e produzido pela rede americana NBC. "Tudo está cada vez pior, tudo está desmoronando ao meu redor."
À sériesite 1xbetproblemas dos Laird foi acrescentado que,site 1xbetmarço, o Texas Children's Hospital, centro que os tratavasite 1xbetHouston, suspendeu indefinidamente os tratamentos relacionados à afirmaçãosite 1xbetgênero.
"Foi a gota d'água. Embora tenha ocorrido uma pausasite 1xbetum mês, não sabíamos. Poderia ter sido para sempre, a clínica poderia ter sido fechada."
Várias famílias investigadas entraram com uma ação judicial contra a medidasite 1xbetAbbott, alegando que foi emitida sem a devida autoridade, violando a exigênciasite 1xbetseparaçãosite 1xbetpoderes da Constituição do Texas e os direitos constitucionaissite 1xbetjovens transgêneros e seus pais. Um juiz concedeu um amparo provisório, do qual houve recurso, e até hoje o caso continua sendo discutido na Justiça.
Mas, a essa altura, os Lairds já tinham o "planosite 1xbetfuga" pronto: Katie deixaria o Texas com Noah, seu filho mais novo, e o pai dele ficaria. "Eu poderia trabalhar remotamente, ele não."
Depoissite 1xbetconsiderar vários Estados, eles escolheram o Colorado,site 1xbetparte por causasite 1xbetsua localização central, o que facilitaria reunir a família.
"Tinha tudo o que precisávamos para o bem-estarsite 1xbetNoah: escolas muito inclusivas, muitos programassite 1xbetartes excelentes dedicados à comunidade queer e, o mais importante: uma incrível clínicasite 1xbetgênero para adolescentes", explica Katie.
Em junho, eles carregaram uma van com toda a vida deles e dirigiram 15 horas até Denver.
Do Alabama para Idaho
Esse contexto também fez com que Violet Augustine deixasse o Texas comsite 1xbetfilha Isa, uma menina transgênerosite 1xbetseis anos.
"O parecer do procurador-geral e a orientação do governador coroaram um clima geral que nós só tolerávamos. Canseisite 1xbetcriar minha filhasite 1xbetum ambiente no qual a incentivava a ficar quieta e passar despercebida. Eu queria o melhor para ela", disse à BBC Mundo.
Cinco meses atrás, deixaram Dallas e escolheram Los Angeles, na Califórnia, como seu novo lar.
Em setembro, a Califórnia aprovou uma lei que, a partirsite 1xbet1ºsite 1xbetjaneiro, o tornará um "Estadosite 1xbetrefúgio seguro" para famílias "que fogem do Alabama, Texas, Idaho ou qualquer outro estado que criminalize os pais que permitem que seus filhos recebam cuidados afirmativossite 1xbetgênero", segundo o texto.
Em junho, o presidente Joe Biden já havia assinado uma ordem executiva com o objetivosite 1xbetampliar o acesso a esse tiposite 1xbetatendimento e desenvolver formassite 1xbetcombater as tentativas dos Estadossite 1xbetrestringi-lo.
Mas o Texas não é o único Estadosite 1xbetque famílias com crianças trans enfrentam essa realidade.
Em quatro outros - Alabama, Arkansas, Arizona e Tennessee - foram promulgadas leis que proíbem total ou parcialmente o acesso a tratamentos médicossite 1xbetafirmaçãosite 1xbetgênero para menores, embora os dois primeiros tenham sido impedidos por decisão judicial.
Da mesma forma,site 1xbet2021, legisladoressite 1xbet20 Estados conservadores apresentaram projetossite 1xbetlei para esse fim, e este ano pelo menos mais 25 foram apresentadossite 1xbet15 Estados.
Muitas dessas iniciativas buscam restringir o acessosite 1xbetmenores a bloqueadoressite 1xbetpuberdade, terapiasite 1xbetreposição hormonal ou cirurgia relacionada à transiçãosite 1xbetgênero. E alguns consideram um crime fornecê-los.
Os defensores da proibiçãosite 1xbettais tratamentos apontam que as evidências sobre os resultados e consequênciassite 1xbetsua aplicaçãosite 1xbetadolescentes são "extraordinariamente fracas" e que isso implica "um alto riscosite 1xbetsofrer danos irreversíveis a longo prazo."
Esse foi o argumentosite 1xbetJoseph Ladapo, a mais alta autoridadesite 1xbetsaúde da Flórida - indicado ao cargo pelo governador republicano Ron DeSantis e apoiado por todos os representantes do partido na câmara baixa do Estado - quandosite 1xbetjunho pediu ao conselho médico do Estado que considerasse proibir tais tratamentos.
"Mas é apenas atendimento médico", diz Safer, diretor executivo do Mount Sinai Center for Transgender Medicine and Surgery.
Safer ajudou a escrever as diretrizes da Endocrine Society para o tratamentosite 1xbetcrianças e adultos transgêneros e contribuiu para a recente atualização dos padrões do WPATH.
"Na comunidade médica, os esforçossite 1xbetqualquer nívelsite 1xbetgoverno para se envolver e criar regulamentos sobre algo que é simplesmente assistência médica, para regular a relação entre médicos e pacientes, entre crianças e seus pais, são vistos com horror", continua ele.
"Somos nós, os profissionais médicos, que devemos decidir os detalhes do tratamento, discutir prós e contras, o que é melhor para o paciente e o que não é", afirma.
Algo que também defende Marci Bowers, médica e presidente da WPATH.
Ela acrescenta: "O maior mito espalhado pelos legisladores (sobre o cuidado da afirmaçãosite 1xbetgênero) é que muitos se arrependem e que os jovens são incapazessite 1xbettomar decisões permanentes sobresite 1xbetidentidadesite 1xbetgênero. E não há evidências documentadas para apoiar nenhum desses argumentos."
Enquanto isso, Katie e Noah esperam que a situação pela qual passaram fique logo no passado.
"Tenho a sensaçãosite 1xbetque um dia olharemos para trás e não faremos ideiasite 1xbetcomo superamos esse tempo", diz ela.
"Espero que neste dia, a gente esteja todos juntos novamente, na mesma cidade."
- Este texto foi publicadosite 1xbethttp://vesser.net/geral-64171245