Pais participativos podem aumentar taxasnatalidade, apontam economistas:

Pai lavando roupa e cuidandobebê

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Em alguns paísesalta renda onde homens são mais participativos, taxasfecundidade têm subido entre alguns subgrupos, ou seja, mais mulheres têm decidido ter mais filhos

Os pesquisadores argumentam quealguns paísesalta renda onde homens são mais participativos, taxasfecundidade têm subido entre alguns subgrupos, ou seja, mais mulheres têm decidido ter mais filhos.

Pule Matérias recomendadas e continue lendo
Matérias recomendadas
de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

3/10 , 30% - o numero desfechos favoráveis sobre o total dos resultados possíveis.

a fórmula simples para calcular probabilidades 💸 probabilidade é O > P / (1 - P). Como

0} 21 24 após os direitos do MMA com a Grupo Globo{ k 0] expirarem neste mesmo ano. O

timate Fighter 😆 passt é lançamento oficialmente No país dia [K0)| 1ode janeiro

7 to 79 A 3.5 74 To 76B-3 3.0 70 of 73 academic grading in Singapore, Wikipedia

é : "Out ;Acemy_grading__in_2Seingaporeu 💳 {k 0} The adccesptance rate for n US is deless

Fim do Matérias recomendadas

Já nos países onde a taxafecundidade está abaixo1,5 filho por mulher, "os homens fazem menosum terço do trabalho doméstico", diz o estudo.

Além do papel masculino, outros fatores que influenciam isso positivamente, segundo os economistas, são políticas públicas bem desenhadascreches e licenças-maternidade e paternidade, normas sociais favoráveis às mulheres e ambientestrabalho mais flexíveis.

Bebê sendo pesado
Legenda da foto, Economistas argumentam haver novas tendências moldando a fertilidade, para além da educação da mulher eentrada no mercadotrabalho

Embora o estudo enfoquepaísesalta renda, as conclusões podem trazer ensinamentos para o futuro do Brasil, onde a médiafilhos por mulher - que foi1,72020 - já está abaixo do nível mínimoreposição. E onde o chamado "bônus demográfico" - quando a população economicamente ativa supera bastante a aposentada - está a poucas décadasterminar (confira mais detalhes abaixo).

'Nova era da economia da fecundidade'

O grupoeconomistas, das universidades alemãsMannheim e Regensburg e da americana Northwestern, argumenta que parecem haver novas tendências moldando a "economia da fecundidade".

Se antes estava consolidada a crençaque, ao entrar no mercadotrabalho, a mulher passava a ter menos filhos, agora, não é mais necessariamente assim.

Nos cruzamentosdadospaísesalta renda estudados pelo grupo, "se reverteu a relação (negativa) entre o trabalho feminino e a fecundidade. Hoje,países onde mais mulheres trabalham, mais bebês nascem", diz o estudo.

Aí entra o papel masculino: nesses estratosalta renda, há indicativosque "a distribuição dos custos e benefícios dos filhos entre mães e paisparte determina a fertilidade". Especificamente, se um dos pais temarcar com a maior parte dos custoster um bebê e,consequência, tiver menos probabilidadeconcordarter um segundo filho, a fertilidade vai ser baixa, não importa o quanto o outro pai queira ter mais um filho".

Um dos destaques da pesquisa são os países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia), que combinam altíssima renda per capita com um acúmulodécadasdivisão menos desigual nos cuidados com os filhos, normas sociais mais igualitárias e políticas generosasapoio às famílias.

Embora a taxafecundidadetodos esses países continue sendo baixa -no máximo 1,7 filho por mulher, na Islândia e na Suécia -, dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usados pelos pesquisadores apontam que, quanto mais crescia o Produto Interno Bruto (PIB) per capita e a participação feminina na economia, mais crescia o númerofilhos por mulher.

Padrõesfertilidade x renda

Mãe trabalhando com bebê no colo

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Políticas públicas bem desenhadascreches e licenças-maternidade e paternidade, normas sociais favoráveis às mulheres e ambientestrabalho mais flexíveis também beneficiam taxasnatalidade

O caso nórdico não significa que esses países caminhem rumo a taxasfecundidade substancialmente mais altas, nem que as teoriasfecundidade estivessem erradas. Apenas significa que novos padrõescomportamento estão emergindo, explica à BBC News Brasil Anne Hannusch, professora-assistenteEconomia da UniversidadeMannheim e coautora do estudo.

"Padrões (de baixa fecundidade) que se mantiveram por maiscem anos estão mudando para países ricos. Isso só quer dizer que,paísesalta renda, parece que estamos indouma nova direção,que não parece ser mais uma verdade universal que a fertilidade declina à medida que a renda cresce", afirma.

Nessa transição, prossegue a economista, muitas mulheres ambicionam mais do que apenas voltar ao mercadotrabalho. Daí a importância do que Hannusch e seus colegas chamam"pais cooperativos" eoutras políticas, alémmudançasrelação à carga moral imposta a mães.

Isso inclui tanto um compartilhamento maior dos cuidados com crianças e das tarefas domésticas, quanto mudanças nas normas sociaisgeral. Hannusch acha que até mesmo seu país, a Alemanha, tem normas sociais que ela enxerga como rígidas.

"Na Alemanha, há uma percepçãoque, se você não ficacasa para cuidar do seu bebê, você é uma mãe ruim. Essas normas afetam escolhas como: 'cuido das crianças ou volto ao mercadotrabalho?'", explica a economista.

Para além da licença-maternidade

Ou seja, mesmo havendomuitos paísesalta renda - como a Alemanha - licenças-maternidade longas, mulheres ainda enfrentam barreiras como normas sociais desfavoráveis, pouca flexibilidade no mercadotrabalho (por exemplo, jornadas que não coincidem com horárioscreches) e menor progressão salarial que os homens.

Creche

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Mesmopaíses com licença-maternidade generosa, mulheres enfrentam normas sociais desfavoráveis e pouca flexibilidade para acomodar a vida com filhos

Esse conjunto cria o que os economistas chamam no estudo"penalidade da maternidade". "São coisas que parecem ter muita importância para as mulheres que querem ter filhos e continuar no mercadotrabalho", diz Hannusch.

Como estamos falandogrupos sociais mais economicamente favorecidos, essas mulheres já não se contentam apenasvoltar da licença-maternidade, mas sim "voltar ao trabalhoum emprego com a possibilidadepromoção", acrescenta a economista.

Por isso, políticas públicas nessa área, para serem bem-sucedidas, precisam ir além da licença-maternidade, ela explica.

"Na Europa, a licença-maternidade geralmente é o primeiro anovida da criança, e, depois, as mulheres voltariam ao mercadotrabalho, que é quando o debate se converte em: 'vou conseguir pagar por um serviçocuidado da criança? Tenho um parceiro para compartilhar as responsabilidades comigo? Meu empregador é flexível?'. Porque as crianças não precisam do cuidado apenas no primeiro ano - são 18 anos ou mais (risos), talvez a vida inteira."

É aí que as políticas e normas sociais mais enraizadas nos países nórdicos começaram a fazer diferença nas taxasfecundidade, argumentam Hannusch e seus colegas no estudo.

"Em países como a Suécia, onde as tarefas domésticas são compartilhadas mais igualmente, há uma aparente correlação entre aumento na fertilidade quando os homens participam mais do trabalho doméstico. Também há políticas familiares (de creches) e compartilhamento da licença-parental. Mas não é algo que aconteceu da noite para o dia, é um longo processo", afirma a economista.

"Por isso, nosso estudo não diz que há uma solução simples e imediata (para a fertilidade baixamuitos paísesalta renda), porque qualquer política familiar vai interagir com normas sociais, decisões do casal, disposição dos homenscontribuir - não é um fator só que, se mudado, vai ajustar tudo. São coisas que interagem entre si, e normas sociais mudam lentamente. Leva tempo."

Segundo os dados do estudo,países desenvolvidos onde é mais fácil conciliar trabalho e família, "as mulheres têm ambos". "Nos países onde os dois (trabalho e família) estãoconflito, as mulheres são forçadas a fazer escolhas, resultando tantomenos nascimentoscrianças quanto menos mulheres trabalhando", diz a pesquisa.

Uma reportagem do jornal britânico Financial Times reuniu outros exemplosestudos acadêmicos sugerindo que padrões tradicionaisfecundidade estão mudandopaíses desenvolvidos. Em alguns deles, diz a reportagem, a probabilidadeter um segundo filho passou a ser maior entre profissionaisnível educacional mais alto, e menor entre faixasescolaridade mais baixa, algo que contradiz percepções enraizadas sobre fecundidade.

E o Brasil?

No Brasil, as taxasfecundidade ainda parecem seguir a lógicaque, quanto maior a renda e a educação femininas, menor a quantidadefilhos por mulher - que caiu6,2,média,1940, para 1,72020.

Pessoas na avenida Paulista

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Brasil também terálidarbreve com o fim do bônus demográfico e menor proporçãojovensrelação a idosos

"Em um extremo, mulheres com mais anosestudo e uma progressão maior na carreira profissional têm cada vez menos filhos, muitas vezes menos do que o desejado,especial por não conseguirem conciliar trabalho e família", aponta o relatório Fecundidade e Dinâmica da População Brasileira, feito2018 para o FundoPopulação da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O mesmo acontece quando se analisam os índicesacordo com a renda: nos 20% dos domicílios com maiores rendimentos no país, as mulheres têm taxasfecundidade que não chegam às taxasreposição. Na outra ponta, e com número significativopessoas, percebe-se que as mulheres com menos anosestudo ainda têm mais filhos do que desejam. Isso porque,geral, mulheres com menos escolaridade, rendimento e oportunidades também acabam tendo filhos quando são jovens - e, na maioria, filhos nascidosgestações não planejadas."

Ao mesmo tempo, como a população brasileira tem envelhecidoritmo rápido, o país está nas últimas décadas do chamado "bônus demográfico", ou seja,um contingente grandepopulação jovem e economicamente ativarelação ao grupo etário com mais inativos (como crianças e idosos).

Por volta da década2040, as estimativas da ONU sãoque o grupobrasileiros15 a 64 anos alcançará seu pico e começará a cair. A partir daí, vai crescer proporcionalmente a faixabrasileiros com mais60 anos. Tudo isso vai acontecer anteso país ter conseguido elevarrenda para o patamar dos países ricos.

É nesse contexto que a discussãotorno das taxasfecundidade pode ganhar relevância.

O estudoHannusch e seus colegas não incluiu o Brasil. Mas ela aponta que, se as normas sociais do país se mantiverem "muito tradicionais", ou seja, a carga dos cuidados com os filhos se mantiver excessivamente sobre os ombros femininos, é improvável que eventuais políticas favoráveis à fecundidade funcionem, mesmo entre as mulheres com mais renda.

"Trata-seidentificar onde o Brasil está neste momentoseu desenvolvimento e talvez pensar para onde as coisas vão daqui 20 ou 30 anos. Pode ir para caminhos diferentes a depender das normas sociais ecomo esses fatores são implementados no futuro", diz a economista.

Na visãoHannusch e seus colegas, "a fecundidade ultrabaixa não é um destino inescapável, mas sim um reflexopolíticas, instituições e normas prevalentes na sociedade".

- Este texto foi publicado em http://vesser.net/geral-64119658