'Cérebro quântico', a ousada teoria que aponta caminhos sobre o mistério da mente humana:roleta online
Os dois estudos foram publicados pela revista Journal of Physics Communications e indicam que os nossos cérebros talvez funcionem como computadores quânticos. E, se os resultados dos pesquisadores forem confirmados, eles podem ajudar a compreender não só o funcionamento do cérebro, mas também o que acontece nos casosroleta onlinedeterioração cognitiva com a idade ou causada por doenças.
Clássico x quântico
No reino da física clássica, que inclui desde a mesa da cozinha até os planetas, os objetos têm locais e velocidades definidas.
Já na física do muito pequeno (a escala quântica), as partículas não têm localização fixa, mas sim uma probabilidaderoleta onlineque existamroleta onlineum lugar e momento determinados.
Nesta escala, ocorre também o chamado entrelaçamento quântico — um fenômeno que surge quando duas partículas estão tão conectadas que o acontece com uma afeta imediatamente a outra, não importando a distância que as separe.
"A física tradicional encarrega-seroleta onlineexplicar os efeitos macroscópicos que observamos", afirmou à BBC News Mundo, o serviçoroleta onlineespanhol da BBC, o cientista espanhol David López Pérez, doutorroleta onlineneurociências e um dos autores dos dois estudos.
Segundo ele, "a física quântica costuma ser probabilística, já que nunca podemos saber com segurança no que algoroleta onlineconcreto irá se converter".
No que consistiu o experimento?
No primeiro estudo, López Pérez e seu colega Christian Kerskens, do Trinity College, usaram máquinasroleta onlineressonância magnética modificadas para escanear o cérebroroleta online40 indivíduos.
Para obter imagensroleta onlineressonância magnética (MRI, na siglaroleta onlineinglês), potentes ímãs fazem com que as partículas magnéticas do corpo fiquem alinhadas na mesma direção. É possível então observar o movimento da matéria dentro do corpo.
No caso do estudo, os cientistas observaram no aparelho o comportamento dos prótons no cérebro.
"O cérebro tem muita quantidaderoleta onlineágua", explica López Pérez. "Na ressonância magnética, é enviado um sinal, um pulso para que os prótons da água fiquem excitados e retornemroleta onlineseguida àroleta onlineposição original."
"Digamos que você tenha uma festa. Todos estão conversando entre si e,roleta onlinerepente, o DJ coloca uma música que agrada a todos. Todos se voltam para o DJ para ouvir a música e, quando ela acaba, cada um volta a fazer o que estava fazendo. É o que acontece na ressonância magnética para medir os prótons da água."
Neste experimento, os cientistas constataram que era registrado o entrelaçamento quântico entre os prótons do cérebro. "Os prótons interagem entre si, como se estivessem separados e,roleta onlinerepente, é estabelecida uma relação", segundo López Pérez.
"O experimento é algo que não se havia feito até agora, porque o que fizemos foi saturar o sinal. É como se o DJ estivesse colocando a melhor música a todo momento e sempre tivesse as pessoas olhando para ele. Nesse momento, observamos esses efeitos", explica ele.
Qual a relação com a consciência?
Para explorar o funcionamento do cérebro, os pesquisadores aplicaram uma ferramenta desenvolvida no passado para tentar comprovar um fenômeno conhecido como "gravidade quântica".
Esta ferramenta destaca que, quando existem dois sistemas quânticos conhecidos que interagem com um sistema desconhecido, se os sistemas conhecidos forem entrelaçados, o desconhecido também deve ser um sistema quântico.
"Isso evita as dificuldadesroleta onlineencontrar dispositivosroleta onlinemedição para algo que desconhecemos", explica Kerskens.
No experimento com ressonância magnética, os sistemas conhecidos são os prótons que se entrelaçam e o sistema desconhecido com o qual eles interagem é a função cerebral.
"Nós afirmamos que os prótons estão entrelaçados porque existe uma função que está mediando o entrelaçamento e, para nós, esta função é a consciência, que age como mediadora", afirma López Pérez. "Não podemos medi-la diretamente, mas medimos os prótons."
O cientista explicou à BBC News Mundo que "a gravidade quântica é um mundo puramente teórico que ainda não foi explicado experimentalmente. Ele pretende unir duas teorias que,roleta onlineprincípio, não são compatíveis (a mecânica quântica e a teoria da relatividade). Para isso, foi criada a figura do gráviton, que é algo que não se sabe como é, mas que seria a ponte entre as duas teorias."
"É como se tivéssemos duas pessoas com opiniões políticas diferentes, que não conseguem chegar a nenhum tiporoleta onlineacordo e, graças a um negociador, podem colocar suas diferençasroleta onlinelado, sentar e conversar."
"No cérebro, nós propomos algo parecido. Nós propomos que a formaroleta onlinefuncionamento do sinalroleta onlineressonância magnética não pode ser explicadaroleta onlineforma clássica", prossegue López Pérez.
"Observamos que os prótons se entrelaçam, mas não sabemos como nem por quê. O que fizemos foi recolher as ideias da gravidade quântica e propor que existe um mediador nesse processo que permite que isso aconteça. Esse mediador, para nós, é a consciência."
Os cientistas começaram a pensar na relação com a consciência devido a um paciente que dormiu durante o experimento.
"Inicialmente, não pensamos que existisse uma relação com a consciência. Esta ideia nos veio devido a um participante que pediu desculpas por ter dormido no aparelho", afirmou López Pérez.
"Observamos como o sinal caía no momentoroleta onlineque o participante dormiu dentro do aparelho e voltava a surgir quando ele acordava. Foi aí que começamos a pensar que havia a possibilidaderoleta onlinerelação com o estado consciente do participante."
"É a única explicação que encontramos, mas precisamos reproduzir o experimento e realizar um estudo mais avançado, que nos permita demonstrar o que foi apresentado nos dois estudos que publicamos recentemente", explica o pesquisador.
O papel do coração
Os cientistas também observaram uma relação entre o sinalroleta onlineentrelaçamento e o funcionamento do coração.
López Pérez afirma que "nosso sinal é muito sensível a qualquer perturbação e o sinal que parte do coração certamente interrompe o entrelaçamento. Por isso, nosso sinal era semelhante aoroleta onlineum eletrocardiograma."
O cientista ressaltou que o sinalroleta onlineentrelaçamento é muito sensível. "Se você está no MRI e se move, o sinal se perde."
"E o coração está mandando sangue a todo momento. Com a entrada do sangue, o cérebro se expande e se contrai. Quando ele se expande, o líquido cefalorraquidiano sai e o sangue entra. Quando se contrai, o sangue se vai e o líquido retorna."
"De forma que nós acreditamos que esse movimento é o que gera a mudançaroleta onlinesinal, pois estamos perdendo essa relação quântica por culpa do movimento por um momento muito breve", explica ele.
Os cientistas colocaram um pulsômetro no dedo dos participantes para medir o fluxo sanguíneo. "Concluímos que as mudançasroleta onlinesinalroleta onlineentrelaçamento e os batimentos cardíacos estavam bastante relacionados no tempo, estavamroleta onlinesincronia", prossegue o pesquisador.
Quais podem ser as aplicações futuras?
Em um segundo estudo, os pesquisadores demonstraram que os sinaisroleta onlineentrelaçamento também dependiam da idade dos participantes.
Neste experimento, foram obtidas imagensroleta onlineressonância magnéticaroleta onlinedois gruposroleta onlinepacientes diferenciados por idade. Um deles tinha pessoasroleta online18 a 30 anos e o outro, pessoasroleta online65 anos ou mais.
"O que observamos é que, com a idade, havia mudanças muito importantes no sinal", segundo López Pérez. "É algo que ainda não podemos explicar. Também fizemos um piloto com alguns pacientes com depressão. Eram poucos, mas aparentemente os sinais também eram diferentes."
"Então, o que está acontecendo com o entrelaçamento? Essas comunicações cerebrais já não funcionam bem?", questionou ele.
"Sabemos que, com a idade, existem muitas mudanças estruturais no cérebro, que diminuiroleta onlinetamanho, a tensão aumenta e o fluxo sanguíneo muda. Talvez, no futuro, esses estudos possam ser utilizados para gerar algum tiporoleta onlinemedicamento."
Já Kerstens destacou que, "como as funções cerebrais também foram relacionadas ao rendimento da memóriaroleta onlinecurto prazo e à consciência, é provável que os processos quânticos sejam uma parte importante das nossas funções cerebrais cognitivas e conscientes".
Cérebro quântico
Os pesquisadores destacam que o passo seguinte é realizar estudosroleta onlinemaior escala.
"O que tentávamos com os experimentos era basicamente comprovar que o cérebro pode comportar-seroleta onlineforma quântica", afirma López Pérez.
"Queríamos estabelecer evidências físicasroleta onlinealgo sobre o que se vem falando há muitos anos. Porque são feitas conjecturasroleta onlineque o cérebro pode ser quântico desde que começou a mecânica quântica, nos anos 1930 ou 40", segundo ele.
"Mas ninguém havia conseguido provar. O que tentamos fazer no estudo é descartar continuamente a física clássica para provar que, afinal, o cérebro comporta-seroleta onlineforma quântica."
O cientista espanhol destacou que, com a física clássica, pode-se explicar muitos aspectos do cérebro, como as mudanças do fluxo sanguíneo ou a ativação dos neurônios.
"Mas a consciência, por exemplo, é algo que não se entende", afirma ele. "Creio que, se quisermos entender o cérebro, precisamos descer a mais um nível na escala quântica."
"Com este estudo, esperamos colocar nosso grãoroleta onlineareia no campo da neurociência e seguir uma linharoleta onlinepesquisa (o mundo quântico). Até agora, havia se teorizado sobre isso (embora, para muitos, este tiporoleta onlineentrelaçamento não possa existirroleta onlineum corpo quente e úmido, como o nosso cérebro), mas não se havia encontrado uma prova científica como a que apresentamos."
Para Kerstens, "os processos cerebrais quânticos talvez expliquem por que ainda superamos os supercomputadores quando se trataroleta onlinecircunstâncias imprevistas, tomadaroleta onlinedecisões ou aprendizadoroleta onlinealgo novo. Nossos experimentos... podem lançar luz sobre os mistérios da biologia e sobre a consciência."
- Este texto foi publicado em http://vesser.net/geral-64103781