Eritroblastose fetal: 'perdi minha filha uma semana anteswin mr betela nascer por incompatibilidade no sangue':win mr bet
- Author, Simone Machado
- Role, De São José do Rio Preto (SP) para BBC News Brasil
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win mr bet Foi durante a última consultawin mr betrotina do pré-natal, com 39 semanaswin mr betgestação, que a autônoma Karine Gehlen,win mr bet29 anos, foi informada pelo médico que os batimentos cardíacos dawin mr betbebê estavam muito abaixo do normal. Para exames mais detalhados e até mesmo com a possibilidadewin mr better que adiantar o parto, Karine foi orientada a ir até o hospital.
Saindo do consultório médico, a autônoma foi até o pronto-atendimento do hospital públicowin mr betToledo (PR), cidade onde mora. Chegando lá, a surpresa:win mr betbebê teve uma parada cardíaca e morreu.
"Fizemos um eletrocardiograma e um ultrassom e não escutávamos mais o coraçãozinho dela, ele já não estava mais batendo. Nesse momento meu coração acelerou, comecei a ficar desesperada e o médico simplesmente me olhou e falou: ela está morta. Eu não sabia o que tinha acontecido com a minha bebê. Sugeri que fizéssemos uma cesárea para tentarmos reanimá-la, mas ele disse que nada mais adiantaria", relembra.
Sem saber exatamente o que havia acontecido para resultarwin mr betum aborto já no fim da gestação, apenas duas horas após ter ouvido os batimentos cardíacos do bebê, Karine ficou internada por quase 10 horas até passar por uma cesariana para a retirada do bebê.
"Me colocaramwin mr betuma sala isolada porque eu estavawin mr bettotal desespero e me sedaram para que eu pudesse me acalmar. Jamais uma situação assim tinha acontecido na família e todos começaram a ir para o hospital desesperados, sem saber exatamente o que estava acontecendo", acrescenta a autônoma.
Foi durante as horaswin mr betespera para passar pela cesariana que uma médica explicou à Karine que ela possuía eritroblastose fetal, popularmente conhecida como incompatibilidade sanguínea, e isso havia feito com quewin mr betbebê tivesse anemia profunda, resultandowin mr betparada cardiorrespiratória.
Ela conta quewin mr betmédica explicou que havia uma diferença no RH do sangue do pai e da mãe, e que essa diferença fez com que o seu corpo 'atacasse' o corpo da bebê.
"Mas foi muito difícil entender tudo aquilo, porque eu nunca havia ouvido falar sobre o problema, então como aquilo podia ter acontecido?", recorda Karine.
Após a cesárea, Karine ficou internada por mais cinco dias, não podendo acompanhar o enterro da filha.
Estudando sobre o assunto
Inconformada com a perda dawin mr betbebê já tão próximo ao nascimento, tendo que superar o lutowin mr betvoltar para casa sem ela e encarar o quartinho pronto e todas as roupinhas arrumadas, Karine decidiu entender melhor o que havia acontecido dias antes e sozinha buscar respostas para todas as suas dúvidas.
A autônoma já era mãewin mr betum menino, na época com 5 anos, e nunca tinha ouvida falar sobre incompatibilidade sanguínea e o que isso poderia ocasionar ao bebê. Sua primeira gestação havia decorrido tranquilamente, sem intercorrência e seu bebê foi entreguewin mr betseus braços saudável.
Cheiawin mr betdúvidas, ela passou a pesquisar sobre o assunto, buscar explicações e soluções — já que o sonhowin mr better mais um bebê permanecia.
"Eu comecei a ler sobre o assunto, sobre a composição sanguínea, porque ela acontece e como as diferenças podiam afetar uma gestação. Mandei e-mail para vários médicoswin mr betdiversos hospitais do país para tirar dúvidas e tentei ao máximo me munirwin mr betinformação correta para que quando eu engravidasse novamente eu conseguisse entender o que os médicos falassem e também saber questioná-los", conta a autônoma.
Sonhowin mr better mais filhos
Exatamente um ano após a perda da filha, Karine recebeu a confirmaçãowin mr betsua gravidez: ela estava esperando mais uma menina.
"Engravidar novamente foi uma decisão difícil porque eu queria muito, mas a tentativa poderia dar certo como também poderia não dar e eu perderia mais um bebê", diz.
Devido à incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, Karine teve intercorrências na gestação logo na vigésima primeira semanawin mr betgestação e passou a ser atendidawin mr betum hospitalwin mr betRibeirão Preto, no interiorwin mr betSão Paulo, já que emwin mr betcidade não havia todo o suporte que mãe e filha precisavam.
Para que a bebê não tivesse anemia e corresse riscowin mr betmorte, foram necessárias transfusões sanguíneas, ainda dentro do útero. As transfusões aconteceram entre a vigésima primeira semanawin mr betgestação e a trigésima terceira.
"Foram feitas seis transfusões sanguíneas para ela sobreviver e o parto foi com 34 semanaswin mr betgestação. Devido aos riscos que ela ainda corria, foi necessário que ela permanecesse por 50 dias na UTI e só depois disso ela pode vir para casa", recorda a autônoma.
Durante um ano, Karine precisou acompanharwin mr betperto a saúde da bebê, já que havia riscowin mr betanemia que pudesse atrapalhar o seu desenvolvimento. Todos os meses a menina era submetida a examewin mr betsangue.
"Após o nascimento, o bebê ainda tem muito do sangue da mãe, por isso a gente precisava acompanhar para ver como estava a questão da incompatibilidade sanguínea. Foi cercawin mr betseis meses para que o corpinho dela absorvesse todo o meu sangue incompatível e ela ficasse apenas com o dela", explica a mãe.
Três anos depois do nascimento da segunda filha veio a surpresa e Karine descobriu uma nova gestação — dessa vez sem programar. Também diagnosticada com incompatibilidade sanguínea, todo o processowin mr bettransfusões sanguíneas e acompanhamento médico intenso foram necessários. Quatro transfusões sanguíneas intrauterinas foram feitas.
A bebê nasceu no dia 2win mr betdezembro. Assim como a irmã, ela também vai precisar ficar por algumas semanas na UTI.
Alerta no TikTok
Para alertar outras mulheres sobre a eritroblastose fetal, Karine usa o TikTok e divide suas experiências e aprendizados sobre o assunto. Ela contabiliza maiswin mr bet1 milhãowin mr betvisualizaçõeswin mr betseus relatos.
"Como eu nunca tinha ouvido sobre o problema, eu decidi falar sobre o tema para ver se tinham mais mulheres enfrentando a mesma situação que a minha. Para minha surpresa começaram a aparecer diversas mulheres com o mesmo problema e desistiramwin mr betengravidar porque achavam que não era possível ter outro filho ou não tinham coragemwin mr betarriscar. Fico felizwin mr betpoder difundir o assunto porque dá para a gente conhecer ele anteswin mr betenfrentar uma situação dessawin mr betperda", finaliza.
O que é eritroblastose fetal
Eritroblastose fetal é uma doença que se caracteriza pela destruição das hemácias do feto ou recém-nascido pela açãowin mr betanticorpos da mãe. Ela acontece devido à incompatibilidade dos grupos sanguíneos da mãe e do bebê, estando relacionada à incompatibilidade do fator Rh (mãe possui a proteína sanguínea Rh- e o pai Rh+ podem gerar uma criança com Rh+).
"A doença pode causar anemia fetal hemolítica, insuficiência cardíaca fetal, hidropisia e óbito fetal. A longo prazo, a anemia fetal está relacionada com paralisia cerebral, surdez e retardo no desenvolvimento do bebê", explica o médico Alberto Borges Peixoto, membro da Comissãowin mr betMedicina Fetal da Febrasgo (Federação Brasileira das Associaçõeswin mr betGinecologia e Obstetrícia).
Segundo especialistas, a incompatibilidade sanguínea não causa aborto no início da gestação, ela se manifesta, normalmente, após a vigésima semana. O risco vai aumentando conforme a idade gestacional e com o númerowin mr betgestações.
"Uma das maneiraswin mr betcontrolar essa anemia é através da transfusão sanguínea intrauterina até o momentowin mr betque o bebê tenha idade gestacional e o parto possa ser feito e a doença possa continuar sendo tratada fora do útero", acrescenta a médica Rosiane Mattar, coordenadora cientifica da Sogesp (Associaçãowin mr betObstetrícia e Ginecologia do Estadowin mr betSão Paulo).
Já quando o bebê nasce ele pode apresentar ainda icterícia — pele e mucosas amareladas. Essa coloração é devido ao acúmulowin mr betbilirrubina, resultado da degradação da hemoglobina com uma imaturidade hepática do recém-nascido.
Como fazer o diagnóstico?
Toda mulher deve saber qual seu fator RH e o do seu parceiro anteswin mr betengravidar para saber se é possível que ela tenha a eritroblastose fetal.
Caso ela seja negativa e o parceiro positivo, pode haver a incompatibilidade fetal com o bebê. Nesses casos é indicado fazer a pesquisawin mr betanticorpos anti-Rh através do testewin mr betCoombs indireto. Esse exame deve ser repetido todos os meses durante a gestação para verificar a existênciawin mr betanticorpos anti-Rh.
Caso haja a incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, a mulher precisa tomar gamaglobulina anti-Rh — concentradowin mr betanticorpos que combate os antígenos Rh. Como os anticorpos da imunoglobulina destroem as células Rh do feto, a mãe não produzirá anticorpos anti-Rh. Desse modo, eritroblastose fetal não será desenvolvida.
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