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Nem masculino, nem feminino, nem neutro: como o inglês perdeu o gênero gramatical:betway 100 bonus
Os adjetivos também faziam flexãobetway 100 bonusgênero e, como era um idioma com grande quantidadebetway 100 bonusdeclinações (mudanças nas terminações das palavras, conformebetway 100 bonusfunção dentro da frase), esse contraste acabava alterando a terminação dos substantivos e adjetivos.
Mas quando e como o inglês perdeu o gênero gramatical? Quais fatores influíram — sociais, linguísticos e fonológicos? Para responder a estas perguntas, é preciso voltar ao início do desenvolvimento do idioma.
A origem do inglês
O inglês descendebetway 100 bonusum grupobetway 100 bonusdialetos germânicos que eram faladosbetway 100 bonusregiões que vão do que hoje é o norte da Alemanha ao sul da atual Dinamarca, passando pelas ilhas Frísias até o litoral da Holanda. Eram provavelmente dialetos diferentes, mas compreensíveis entre si.
Os jutos, anglos, saxões e frísios se estabelecerambetway 100 bonusdiferentes regiões da principal ilha britânica (onde fica hoje a Inglaterra) entre meados e o final do século 5°. Seus dialetos se fundiram no idioma inglês e, logobetway 100 bonusseguida, esses povos ficaram conhecidos como os ingleses.
Como ocorre com a maioria dos idiomas, o ancestral do inglês teve contato com outras línguas. Primeiramente, os invasores encontraram povos que falavam diferentes dialetos celtas. Pouco a pouco, esses povos foram deslocados para o oeste da ilha, onde hoje ficam o Paísbetway 100 bonusGales e a Cornualha, que é o extremo sudoeste da Inglaterra.
Por um lado, muito poucas palavras do idioma celta nessa época eram originárias do inglês. Mas alguns especialistas acreditam que o fatobetway 100 bonusque muitos adultos celtas falassem inglês como segundo idioma tenha causado influência profunda na estrutura da língua inglesa.
Igualmente, nos séculos 9 e 10, houve uma grande migração dos vikings, que falavam a língua nórdica (ou escandinava) e se assentaram na regiãobetway 100 bonusYorkshire, no norte da Inglaterra. A migração viking foi "um importante catalisador para mudanças no inglês", segundo Robert McColl Millar, professorbetway 100 bonuslinguística ebetway 100 bonusidioma escocês da Universidadebetway 100 bonusAberdeen, na Escócia.
Millar diz que "o nórdico tem parentesco próximo com o inglês e [ambos] provavelmente foram,betway 100 bonusparte, compreensíveis entre si naquela época, o que causou profundos efeitos".
O inglês antigo — como seus ancestrais, os dialetos germânicos — e o nórdico tinham os mesmos gêneros gramaticais e também eram declinados, mas com algumas diferenças.
Muitas palavras compartilhavam a mesma raiz e eram parecidas, mas o mesmo substantivo podia ter gênero masculinobetway 100 bonusum idioma e feminino, ou neutro,betway 100 bonusoutro. Um dos muitos exemplos modernos deste fenômeno é a palavra "idioma" — femininobetway 100 bonusalemão ("die Sprache") e neutrobetway 100 bonusnorueguês ("Sproke").
Além disso, o idioma ancestral nórdico (como o norueguês moderno) não tem artigo definido antes do substantivo. Ele tem uma partícula definida — um sufixo, usado no final da palavra. Tudo isso alterava a declinação dos substantivos e adjetivosbetway 100 bonusacordo com abetway 100 bonusfunçãobetway 100 bonuscada frase.
"Imagine Yorkshire no século 9", propõe o professor Millar, referindo-se a uma conversa entre falantes do idioma anglo-saxão e do nórdico vivendo lado a lado. "Eles tentam procurar bases comuns. Como o que hábetway 100 bonuscomum são as palavras e não as informações gramaticais, eles simplificam e racionalizam o sistema."
Por isso, a conversa ocorria sem os artigos definidos. "A eliminação do gênero gramatical nivelava o terreno para que todos pudessem se entender", diz o professor.
A diluição do artigo definido
Outros especialistas defendem que a questão não ébetway 100 bonuscompreensão, masbetway 100 bonusfonologia.
"Nós não nos desfazemos das coisas porque outras pessoas não nos entendem. Se alguém não entende, é problema deles", afirma Aditi Lahiri, fonóloga e professorabetway 100 bonusLinguística da Universidadebetway 100 bonusOxford, na Inglaterra.
"O gênero gramatical é marcado com sons especiais. A fonologia mostra como os sons mudam conforme o contexto e como eles desaparecembetway 100 bonusum contexto específico", segundo Lahiri.
"Em alemão, por exemplo, o artigo definido tem três formas: 'der', 'die' e 'das' (masculino, feminino e neutro). 'Der' é pronunciado quase como 'dea' e, se a consoante finalbetway 100 bonus'das' desaparecesse, seria realmente difícil diferenciar os três artigos", explica a professora. "Muitos idiomas perdem a qualidade distintiva da vogal quandobetway 100 bonusposição não é acentuada."
"A faltabetway 100 bonuscontraste sonoro neutraliza o contrastebetway 100 bonusgênero", afirma Lahiri. "Se não houver marcas fonológicas que informem qual o gênero da palavra, o contraste desaparece. A única formabetway 100 bonusconhecer o gênerobetway 100 bonusuma palavra neutralizada seria pela declinação do adjetivo, mas ele também foi neutralizado [em inglês]."
A professora indica que esta é uma questãobetway 100 bonuserosão gradual. Se o som não for suficientemente contrastante, ele vai se diluir. As gerações seguintes já não terão essa referência e, pouco a pouco, ele desaparece.
É muito difícil determinar quando foram estabelecidas essas mudanças, mas Millar suspeita que, na forma falada, os povos tenham se desfeito do contraste muito rapidamente nos diferentes dialetos, embora não todos ao mesmo tempo.
Texto ambíguo
Já no idioma escrito, o primeiro sinal existente do fenômeno surge no início do século 10, com a coletânea inglesa dos famosos Evangelhosbetway 100 bonusLindisfarne, um dos mais importantes manuscritos remanescentes da Inglaterra anglo-saxã.
"Em grande parte, [o manuscrito] está no que chamaríamosbetway 100 bonusinglês antigo clássico, mas também inclui dialeto nortúmbrio acrescentado pelo comentarista, um sacerdote chamado Aldred", conta Millar. "Ele usa um artigo definido 'incorretamente' — um artigo definido feminino com um substantivo neutro."
Este "erro" é algo que a população do sudoeste da Inglaterra, onde se falava o saxão ocidental, nunca cometeria.
Mas existe uma difusão gradual do uso não específico do gênero e surge uma ambiguidade crescente sobre qual era a forma correta, segundo Millar. Essa ambiguidade começa no norte, mais ou menos no século 9, e é gradualmente difundidabetway 100 bonusdireção ao sul.
Resíduos do gênero gramatical
Após a conquista normanda,betway 100 bonus1066, o inglês sofreu mudanças significativasbetway 100 bonuspronúncia, ortografia, gramática e, principalmente, vocabulário, devido à monarquia francesa que se estabeleceu na Inglaterra por séculos. É o período do inglês médio.
Muitas palavras francesas foram incorporadas ao idioma e sobrevivembetway 100 bonusinglês até hoje. Mas o gênero gramatical, mantido no francês, não voltou a ser praticadobetway 100 bonusinglês.
"O contato com outros idiomas tem seus limites", segundo Lahiri. "A tendência é tomar emprestados principalmente substantivos, mas uma categoria gramatical é muito difícil. Seria alterado todo o sistemabetway 100 bonusclassificação."
Em inglês atual e nos dialetos modernos, encontram-se alguns resíduos do gênero gramatical, que atraem apenas o interesse dos linguistas. Mas existe,betway 100 bonusalgumas variantes, a tendênciabetway 100 bonusmarcar as palavras com algo talvez parecido com o gênero gramatical, como a tendência dos marinheirosbetway 100 bonuschamar seus barcos pelo feminino ("ela").
Millar faz referência a um desenvolvimento específico dos dialetos das ilhasbetway 100 bonusShetland e Orkney, no norte da Escócia. Neles, a maioria dos objetos inanimados tem gênero masculino ou feminino.
E há diferenças entre os dialetos. Em Orkney, por exemplo, fala-se "a ponte";betway 100 bonusShetland, "o ponte".
"Não sei se são reminiscências do gênero gramatical ou não, mas algo disso certamente sobrevive", diz ele.
Neutralização do pronome
Uma distinção que permanecebetway 100 bonusinglês é a dos pronomes pessoais conforme o gênero, pelo menos no singular. Segundo Lahiri, isso ocorre porque a fonologiabetway 100 bonus"he/she" (ele/ela, pronomes do caso reto, usados como sujeito) e "him/her" (pronomes do caso oblíquo, usados como objeto) é muito diferente.
Mas, no plural, os pronomes (eles/elas) têm gênero neutro: "they" e "them".
Nos últimos anos, o uso da palavra neutra "they" no singular, para designar pessoas não binárias, vem gerando ardentes discussões. Vários movimentos vêm tentando eliminar a distinção por gênero e estabelecer pronomes ou sufixos neutros,betway 100 bonusinglês ebetway 100 bonusoutros idiomas.
Existem idiomas que nunca tiveram este problema. O finlandês, por exemplo, nunca teve gênero gramatical, nem um pronome que diferenciasse o masculino do feminino. O sueco também usa o pronome não específico com muito sucesso, segundo Robert McColl Millar.
"O inglês não tem tanta adaptação, porque mantivemos as divisões sexuais naturais nos pronomes. Para nós, parece natural", comenta ele, "mas acredito que irá acontecer, veremos issobetway 100 bonus20 ou 30 anos".
Já a fonóloga Aditi Lahiri acredita que elementosbetway 100 bonusum idioma não devem ser eliminados por decreto. "Deveríamos eliminar a palavra 'gênero', pois a classificação não tem nada a ver com o gênero das coisas, é gramatical", segundo ela.
A classificação das palavras era determinada conforme elas se referissem a algo animado ou inanimado. "Em vezbetway 100 bonusmasculino, feminino e neutro, poderia se chamar a, b e c, o que seria mais fácil ou aceitável", conclui ela.
- Este texto foi publicado originalmentebetway 100 bonushttp://vesser.net/geral-62760495
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