Por que roncamos e quando isso é um problema?:bet7k endereço

"O ronco é um sinalbet7k endereçoalerta, um sintoma. Habitualmente, o ronco é um sinalbet7k endereçoque a via aérea está obstruída, reduzidabet7k endereçotamanho", afirma à BBC News Brasil Luciane Mello, pneumologista e pesquisadora do Instituto do Sono.

Além dos efeitos diretos e indiretos, é preciso investigar também a existênciabet7k endereçopatologias, como a Apneia Obstrutiva do Sono, uma obstrução da via aérea na garganta que faz com que a pessoa pare temporariamentebet7k endereçorespirar (em casos graves ela pode até matar).

Ou seja, roncar pode até ser comum, mas para os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil definitivamente não é normal, mesmo que seja tratadobet7k endereçoforma até bem humorada pela população.

É comum que um roncador se descubra assim por meiobet7k endereçooutra pessoa, geralmente familiares ou alguém com quem se divide o mesmo espaço. Muitas vezes, essa companhia se sente incomodada, algumas exigem tratamento e,bet7k endereçoalguns casos extremos, até levam à separação do casal.

Além dos fatores listados acima, vale lembrar que homens tendem a roncar mais do que as mulheres. "Isso se dá porque a faringe deles é maior e tem maior colapsibilidade. Já as mulheres passam a roncar mais depois da menopausa, na fase do climatério, pela reduçãobet7k endereçohormônios como o estrógeno e a progesterona", explica Danilo Sguillar, otorrinolaringologista coordenador do Departamentobet7k endereçoMedicina do Sono da Associação Brasileirabet7k endereçoOtorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

Mas o ronco não se resume a sinaisbet7k endereçoque algo está errado ou a problemas sociais com quem dorme próximo.

A saúde física, mental e socialbet7k endereçoquem ronca também pode ser bastante afetada. Associada a uma noite intranquila, a piora da qualidade desse sono está ligada a maior riscobet7k endereçodoenças cardíacas, acidente vascular cerebral, transtornos depressivos e outros problemas relacionados à saúde.

Entenda mais abaixo.

O que é o ronco, e quais são os seus efeitos?

A anatomia das nossas vias aéreas superiores é composta pelo nariz, faringe e laringe. E "o ronco nada mais é do que o ar que passabet7k endereçoforma turbilhonadabet7k endereçolocalbet7k endereçoestreitamento da via aérea superior", explica Sguillar. Com esse estreitamento, há uma redução do fluxobet7k endereçoar que prejudica a oxigenação durante o sono, chegando ao bloqueio totalbet7k endereçoalguns casos (a chamada apneia).

Esse ruído pode estar ligado também à flacidez da musculatura, a alterações no fechamento da faringe, a alterações hormonais e, muitas vezes, ao usobet7k endereçosubstâncias que provocam maior relaxamento da musculatura, como álcool, ansiolíticos (remédios para transtornosbet7k endereçoansiedade) e relaxantes musculares.

Há, portanto, diversas causas possíveis. A anatomia do pescoço, como ter garganta estreita ou muito comprida, amígdalas aumentadas e adenoidite, também pode causar o ronco. O mesmo vale para históricobet7k endereçodoenças alérgicas (bronquite, rinite, sinusite etc), doenças respiratórias que dificultam a respiração pelo nariz, adenoides, desviobet7k endereçosepto e até imperfeições anatômicas na arcada dentária e usobet7k endereçochupeta.

Sem falar na posiçãobet7k endereçoque a pessoa dorme: dormir com a barriga virada para cima pode levar ao ronco porque essa posição afeta a posição da língua dentro da boca, que fica mais para trás.

Esse quadro geralmente é associado a noites mal dormidas.

Dormir bem é um fator importante para a saúde e qualidadebet7k endereçovida: é no sono que a musculatura relaxa, hormônios são liberados e a memória é fortalecida. Em geral, o sono que descansa e repara não tem agitações ou interrupções e dura cercabet7k endereço7 a 9 horas para os adultos ebet7k endereço12 a 17 horas para as crianças, a depender da idade, segundo o Sistemabet7k endereçoSaúde Britânico (NHS).

De outro, os efeitosbet7k endereçouma noite mal dormida podem aparecer já no dia seguinte, comprometendo a capacidadebet7k endereçomemória, concentração, raciocínio e coordenação motora. Irritação, doresbet7k endereçocabeça, pressão arterial alterada também são decorrência disso. Além dos efeitosbet7k endereçomédio e longo prazo, como os mencionados acima.

Diagnóstico dos fatoresbet7k endereçotorno do ronco

Antesbet7k endereçotudo, é importante enfatizar que somente um profissionalbet7k endereçosaúde especializado deve diagnosticar e tratar a causa do ronco. Recomenda-se buscar atendimentobet7k endereçoum otorrinolaringologista ou um médico especialistabet7k endereçomedicina do sono. O tratamento e o diagnóstico podem envolver também outros profissionaisbet7k endereçosaúde, como fonoaudiólogo e cirurgião dentista.

O diagnóstico é feitobet7k endereçoconsulta com análise dos sintomas, históricobet7k endereçosaúde detalhado do paciente, e se possível acompanhadobet7k endereçofamiliares ou companheiro, se tiver, pois essa pessoa pode ajudar muito. "A gente pergunta, se eventualmente junto desse ronco, o parceiro ou uma parceira, observa uma parada respiratória associada", explica Mello, do Instituto do Sono.

A depender da consulta, o médico poderá solicitar uma laringoscopia, examebet7k endereçoque se avalia as vias aéreas altas, como o nariz, faringe e laringe, ou exames para diagnosticar distúrbios respiratórios do sono (DBS), quando há um padrão anormal ao respirar dormindo, que pode ocasionar roncos e até pausas na respiração durante a noite.

A avaliação do sono é feita por um exame chamado polissonografia, que é a vigília do paciente dormindo, com sensores que ajudam a monitorar os roncos.

É fundamental que se observe o sono do paciente que ronca e faça uma avaliação do comportamento, se há agitação, despertar noturno, faltabet7k endereçoar, padrão do ronco, intensidade, posição corporal etc.

O ronco pode estar associado à apneia obstrutiva do sono, "uma patologia preocupante que pode gerar consequências graves cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, arritmia, derrame e hipertensão arterialbet7k endereçodifícil controle", segundo Sguillar, Associação Brasileirabet7k endereçoOtorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

O que é apneia obstrutiva do sono?

Um estudo publicado na revista científica The Lancet estimou que quase 1 bilhãobet7k endereçopessoas no mundo sejam afetadas pela apneia obstrutiva do sono (AOS), doença que costuma ser ignorada pelos pacientes e até por alguns médicos que não se atentam ao sono do paciente, a qual é definida como obstrução da via aérea ao nível da garganta, fazendo com que a pessoa tenha uma parada na respiração.

Ela é um dos distúrbios respiratórios do sono e está associada ao ronco, mas nem todo mundo que ronca tem apneia obstrutiva do sono.

Há três tiposbet7k endereçoapneia: a apneia central, que é quando não há esforço inspiratório, apneia obstrutiva que é quando há esforço inspiratório associado a cessação do fluxobet7k endereçoar, e apneia mista que é quando acontece as duas ao mesmo tempo.

Segundo o Ministério da Saúde, quando isso acontece pode durar cercabet7k endereço20 segundos, mas há casosbet7k endereçodois minutos, e pode acontecer, inclusive, seguidas vezes ao longobet7k endereçouma mesma noite.

Homens são mais afetados pela Apneia Obstrutiva do Sono, e 30% destes têm maisbet7k endereço50 anosbet7k endereçoidade. Mas crianças também são e podem ser afetadas pelo ronco, cercabet7k endereço1% a 4% das crianças têm apneia obstrutiva do sono.

No caso das crianças, é fundamental observar sinais ou sintomas, como respirar com a boca aberta, se há transpiração e agitação durante o sono, como ficar trocandobet7k endereçoposição na cama enquanto dorme, despertar noturno. Urinar dormindo também pede atenção. Tudo isso pode ser sinalbet7k endereçoapneia obstrutiva do sono durante a noite.

Sonolência excessiva diurna, sono não reparador, fadiga, inquietação e dorbet7k endereçocabeça pela manhã também são sinaisbet7k endereçoalerta,bet7k endereçocrianças e adultos.

Alguns estudos afirmam que cercabet7k endereço15% das gestantes acima do peso sofrembet7k endereçoapneia obstrutiva do sono. Nos casosbet7k endereçoque a gestação ébet7k endereçoalto risco, a incidência pode aumentar até 60%, com impactos inclusive para o bebê.

Os principais sintomas da apneia obstrutiva do sono são:

Ela pode ir do estágio primário, considerado o mais benigno, que é quando a respiração é obstruída sem haver faltabet7k endereçoar, e chegar até a Síndrome da Apneia-Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), a qual é evolutiva e por isso pode ser leve, moderada ou grave.

Apneia ocorre quando há interrupção completa do ar: quando o fluxobet7k endereçoar para os pulmões diminui, reduz os níveisbet7k endereçooxigênio na corrente sanguínea e o paciente acorda. No caso da hipopneia, há redução do ar.

Mello, do Instituto do Sono, exemplifica. "Às vezes, o paciente faz um ronco ressuscitativo, um roncobet7k endereçoretorno muito intenso - ele para e depois volta a roncar intensamente. Essa parada muitas vezes está associada à apneia do sono. Ele ronca, ronca, ronca e para [de respirar]. Ronca, ronca, ronca e para. Essa parada pode ser um fechamento da via aérea completa."

Em casos graves, o ciclo pode acontecerbet7k endereço30 a 50 vezes por noite.

Como tratar ou reduzir o ronco?

O tratamento depende da causa e pode envolver diversos departamentos clínicos e profissionaisbet7k endereçosaúde.

Aos que roncam pouco, baixo ebet7k endereçoocasiões pontuais, como no casobet7k endereçoobstrução nasal decorrentebet7k endereçouma gripe, por exemplo, a simples mudança da posição ao dormir pode ser suficiente para amenizar ou resolver o problema.

Isso inclui tanto dormirbet7k endereçolado quanto inclinar a parte superior do corpo com ajudabet7k endereçoum travesseirobet7k endereçoelevação, por exemplo, pode contribuir para manter as vias aéreas superiores abertas (há opçõesbet7k endereçotravesseiro antirronco que podem ser recomendados por um profissionalbet7k endereçosaúde).

Mudanças no estilobet7k endereçovida são igualmente recomendadas, como perder pesobet7k endereçocasobet7k endereçopacientes obesos, pararbet7k endereçofumar e tratamentos para alergias e doenças respiratórias (se for essa a causa associada ao ronco), praticar atividades físicas na rotina, manter a pressão arterial sob controle e realizar exercícios que fortalecem a estrutura da garganta.

O tratamento pode contar também com dilatadores nasais, esteroides intranasais e adenotonsilectomia. Mas, novamente, tudo isso só poderá ser definido após diagnóstico feito por um profissionalbet7k endereçosaúde.

Em casos moderados e graves, o usobet7k endereçomáquinabet7k endereçopressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) pode ser recomendado, pois ajuda a manter as vias aéreas abertas por meiobet7k endereçouma correntebet7k endereçoar. O uso passa por uma máscara conectada a um tubo, como as usadas para fazer inalação, da qual sai uma correntebet7k endereçoar que vai para a garganta e mantém a via aberta durante a noite. Quem indica a máquina e a pressão do ar é o especialista que está acompanhando o paciente.

Caso nenhuma dessas opções resolva o problema, o especialista pode avaliar a possibilidadebet7k endereçocirurgia (chamadabet7k endereçouvulopalatofaringoplastia).

"A criança também pode ter apneia obstrutiva do sono, e nestes casos, a indicação da remoção das amígdalas e da adenoide pelo otorrinolaringologista se faz necessária", afirma Sguillar, do Departamentobet7k endereçoMedicina do Sono da Associação Brasileirabet7k endereçoOtorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.

"Se houver uma obstrução nasal, eventualmente a amígdala, muitas vezes a gente opera esses pacientes para poder melhorar essa condição nasal. Ela é uma coadjuvante dessa história, que muitas vezes a gente tem que tratar também. Obstrução nasal com rinite às vezes dá ronco noturno e a gente consegue ao tratar a rinite, melhorar o ronco. Muitas vezes, a gente trata a via aérea com fonoterapia, com fonoaudiologia específica para fortificar a musculatura, o que ajuda nesse perfilbet7k endereçoronco. Mas tudo vai depender da causa. A gente vai analisando cada paciente e avaliando qual é a melhor estratégia", conclui Mello, do Instituto do Sono.

Esta reportagem foi originalmente publicada neste link

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