Cientistas rejuvenescem30 anos célulaspele humana:
Wolf Reik, chefe da equipe do Instituto Babraham,Cambridge, diz à BBC News que espera que a técnica possa um dia ser usada para manter as pessoas mais saudáveis por mais tempo à medida que envelhecem.
"Temos sonhado com esse tipocoisa. Muitas doenças comuns pioram com a idade, e pensarajudar as pessoas desta forma é superemocionante", afirma.
Reich enfatiza que o estudo, que foi publicado na revista científica eLife, estáum estágio bem inicial. E há várias questões científicas a serem superadas antespoder sairseu laboratório e entrar na fase clínica.
Mas, segundo ele, demonstrar pela primeira vez que o rejuvenescimento celular é possível foi um avanço fundamental.
As origens da técnica remontam à década1990, quando pesquisadores do Instituto Roslin, nos arredoresEdimburgo, na Escócia, desenvolveram um método para transformar uma célula da glândula mamária retiradauma ovelha adultaum embrião. Isso levou à criaçãoDolly, a ovelha clonada.
O objetivo da equipeRoslin não era gerar clonesovelhas nem sequerhumanos, mas usar a técnica para criar as chamadas células-tronco embrionárias humanas. Estas, eles esperavam, poderiam ser transformadastecidos específicos, como músculos, cartilagens e células nervosas para substituir partes do corpo desgastadas.
A técnica Dolly foi simplificada2006 por Shinya Yamanaka, então professor na UniversidadeKyoto, no Japão. O novo método, chamado IPS, envolveu a adiçãosubstâncias químicas a células adultas por cerca50 dias. Isso resultoumudanças genéticas que transformaram as células adultascélulas-tronco.
Nas técnicas Dolly e IPS, as células-tronco criadas precisam dar origem a células e tecidos que o paciente necessita. Isso se mostrou difícil e, apesardécadasesforço, o usocélulas-tronco para tratar doenças é atualmente extremamente limitado.
A equipeReik usou a técnica IPScélulas da peleuma mulher53 anos. Mas reduziu o banho químico50 dias para cerca12. Dilgeet Gill, integrante da equipe, ficou surpreso ao descobrir que as células não haviam se transformadocélulas-tronco embrionárias — mas tinham rejuvenescido, se pareciam e se comportavam como as células da pelealguém23 anos. Ou seja, alguns biomarcadores foram restaurados a "níveis mais jovens".
"Me lembro do diaque recebi os resultados e não acreditei que algumas das células estavam 30 anos mais jovens do que deveriam ser. Foi um dia muito emocionante!", diz ele.
A técnica não pode ser testada clinicamente imediatamente porque o método IPS aumenta o riscocâncer. Mas Reik está confianteque agora que se sabe que é possível rejuvenescer as células,equipe será capazencontrar um método alternativo e mais seguro.
"O objetivolongo prazo é estender a saúde humana,vez(estender apenas a duração da) vida, para que as pessoas possam envelhecermaneira mais saudável", afirma.
Segundo ele, algumas das primeiras aplicações podem ser o desenvolvimentomedicamentos para rejuvenescer a pelepessoas idosaspartes do corpo que foram cortadas ou queimadas — como formaacelerar a cicatrização.
Os pesquisadores demonstraram que isso a princípio é possível, mostrando que as células rejuvenescidas da pele se movem mais rapidamenteexperimentos que simulam uma ferida.
O próximo passo é ver se a tecnologia vai funcionaroutros tecidos, como músculo, fígado e células sanguíneas.
Melanie Welham, presidente-executiva do ConselhoPesquisaBiotecnologia e Ciências Biológicas, que financiou parte da pesquisa que levou à ovelha Dolly, disse à BBC News que os benefícios clínicos da tecnologia podem não estar tão distantes.
"Se abordagens semelhantes ou novas terapias puderem rejuvenescer as células imunológicas, que sabemos que se tornam menos responsivas à medida que envelhecemos, no futuro poderá ser possível aumentar a resposta das pessoas à vacinação, assim comocapacidadecombater infecções."
A grande questão é se os esforçospesquisa nessa área levariam a um métodoregeneração do corpo como um todo, um elixir da juventude ou uma pílula antienvelhecimento. De acordo com Reik, essa ideia não é completamente absurda.
"A técnica foi aplicadacamundongos geneticamente modificados, e há alguns sinaisrejuvenescimento. Um estudo mostrou sinaisum pâncreas rejuvenescido, o que é interessante pelo potencial para combater o diabetes".
Mas Robin Lovell-Badge, do Crick Institute,Londres, acredita que são consideráveis os obstáculos científicos entre o resultado que Reik obtevelaboratório e as aplicações clínicas mais simples.
Ele tampouco acha que será trivial reproduzir o processorejuvenescimento para outros tipostecidos ou para uma pílula antienvelhecimento.
"Seria bom encontrar outras substâncias químicas para fazer a mesma coisa, mas elas podem ser igualmente nocivas. Portanto, é ambicioso pensar que você encontrará essas substâncias químicas facilmente e que serão mais seguras."
"Também é bem possível que outros tiposcélulas exijam condições diferentes que podem ser difíceisse controlar. E se você vai poder fazer isso com o corpo inteiro com segurança, é algo tão distante, que eu diria que é pura especulação."
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