Os pacientes com covid longa que enfrentam dezenashttp goldasorte comsintomas, exames, remédios e consultas:http goldasorte com
Emhttp goldasorte comsegunda ida ao hospital,http goldasorte combuscahttp goldasorte comrespostas sobre a fadiga incessante, ouviu do médico que ela poderia estar com depressão e foi encaminhada para um psiquiatra. "Cada um falava uma coisa e ninguém tocava no assunto da covid." Nem Sandra, que havia cuidadohttp goldasorte comuma pessoa com covid-19 sem que tivesse apresentado sintomas mais comuns da doença, como tosse, febre e perdahttp goldasorte comolfato. Seu primeiro exame inclusive deu negativo.
Pouco tempo depois começou a sofrer com diarreia e acabou pela terceira vez no hospital. Foi diagnosticada com "alguma virose".
A partir dali,http goldasorte comcasa e por conta própria, decidiu monitorar a oxigenação com um oxímetro. Um dia o nível estava abaixohttp goldasorte com90 e foi pela quarta vez ao hospital. Ali, foi submetida a uma tomografia, na qual foi detectada uma leve inflamação do tecido pulmonar. Uma médica garantiu que não se tratavahttp goldasorte comcovid-19, mas receitou azitromicina (usado no tratamento precoce sem comprovaçãohttp goldasorte comeficácia), complementaçãohttp goldasorte comvitamina D e dexametasona (corticoide recomendado apenas para pacienteshttp goldasorte comestado grave porque pode inibir o sistema imunológico e agravar o quadrohttp goldasorte compacientes mais leves).
Tomou os comprimidos e, ao acordar no dia seguinte, percebeu um zumbido no ouvido esquerdo e nova queda da saturação. Emhttp goldasorte comquinta ida ao hospital, passaria seis dias ali, sendo três na UTI. A alta hospitalar parecia o fim, mashttp goldasorte compoucas semanas voltaram o cansaço extremo e a faltahttp goldasorte comar.
Em consulta com uma pneumologista, ouviria que adquiriu uma asma pós-covid que precisaria ser controlada pelo resto da vida. Perdeu também força muscular nos braços e nas pernas, ficou "meio careca", sente dores musculares e ouve o zumbido até hoje. São diversos comprimidos todos os dias.
Situações como ahttp goldasorte comSandra são enfrentadas por 1http goldasorte comcada 10 pacientes, segundo especialistas. Não há dados precisos sobre o Brasil, mas no Reino Unido, por exemplo, maishttp goldasorte com2 milhõeshttp goldasorte compacientes enfrentaram sintomas associados à covid-19 por maishttp goldasorte com12 semanas. E não há exatamente um padrão. Pode afetar pacientes assintomáticos ou que tiveram formas leves ou graves da doença, conhecida por nomes como "síndrome pós-covid", "covid longa", "covid persistente" ou "covidhttp goldasorte comlonga distância".
A reportagem conversou com três pacientes com sintomas persistentes da covid-19. Em geral, passaram por maishttp goldasorte com10 médicos especialistas até agora. Os tratamentos prescritos incluem antiparasitário, antibiótico, corticoide, anti-histamínico, vitaminas, expectorantes, analgésicos, relaxantes musculares, broncodilatadores, anticoagulantes, antidepressivos e ansiolíticos. Do lado dos exames, foram tomografia, ressonância magnética, raio-x, ultrassom, examehttp goldasorte comsangue e urina, ecocardiograma, endoscopia, mamografia, eletrocardiograma, espirometria e eletroneuromiografia (que avalia lesões nervosas).
Todos ainda enfrentam sintomas. Mas nos últimos meses, dois tratamentos passaram a dar sinais promissores para alguns deles: programashttp goldasorte comreabilitação com profissionaishttp goldasorte comdiversas especialidades e a vacinação. Para alguns pacientes, ambos representam até o retorno ao que chamavamhttp goldasorte com"vida normal".
Sandra diz ainda não ter chegado a esse ponto, mas conseguiu vaga no programahttp goldasorte comreabilitação da Rede Sarah e, após a primeira dose da vacinahttp goldasorte commaio, parouhttp goldasorte comter oscilações que a levaram a passar uma semanahttp goldasorte comcama e outrahttp goldasorte compé. "Vejo melhoras no aspecto geral. Eu pareihttp goldasorte comter picos e alternâncias."
Covid longa e atenção multidisciplinar
O problema inicial é que não se sabe direito nem quantas pessoas no país sofrem com os sintomashttp goldasorte comlongo prazo da covid-19. O Ministério da Saúde brasileiro divulga que 17 milhõeshttp goldasorte compessoas se recuperaram da covid, mas muitas delas passaram a conviver com sintomas motores, neurológicos, cardíacos, respiratórios, entre outros. Estudos apontam que isso atingehttp goldasorte comtornohttp goldasorte com10% dos pacientes que tiveram covid com sintomas.
O caminho percorrido por Sandra é um entre diversos relatoshttp goldasorte combrasileiros que não sofrem apenas com sintomas persistentes e possíveis sequelas. São inúmeros remédios, exames, consultas ou mesmo ceticismohttp goldasorte comparte dos médicos sobre a covid ser a real causa dos sintomas.
Um dos obstáculos para o diagnóstico dessa condição é que muitos pacientes, ao serem testados para covid, já não estão mais com o coronavírus no corpo. Pelo menos, nãohttp goldasorte comuma forma detectável por exames adotados atualmente. Por isso, parte dos médicos avalia não ter elementos suficientes para concluir que se tratahttp goldasorte comcovid longa ou acaba atribuindo os sintomas a distúrbios psicológicos, por exemplo.
Em buscahttp goldasorte comferramentas que permitam o diagnóstico da covid longa, pesquisadores do Imperial College London divulgaram terem achado um possível indicativo da doença por meiohttp goldasorte comum examehttp goldasorte comsangue: a presençahttp goldasorte comautoanticorpos ou anticorpos anômalos, que acabam atacando o próprio corpo.
Mas enquanto os especialistas não resolvem a questão do diagnóstico, o númerohttp goldasorte compacientes com esses sintomas não parahttp goldasorte comcrescer, o que tem se mostrado um desafio enorme para o já combalido Sistema Únicohttp goldasorte comSaúde (SUS).
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam faltahttp goldasorte comqualificação, pouca integração entre profissionaishttp goldasorte comdiferentes especialidades (evitando que o paciente fique sendo encaminhadohttp goldasorte comum para outro sem o acompanhamento dele como um todo), além da escassezhttp goldasorte comatendimento e análise profundos do histórico médico, como doenças que poderiam estar "silenciosas" e acabaram vindo à tona depois da covid-19.
Além disso, eles falamhttp goldasorte comobstáculos estruturais como burocracia excessiva e faltahttp goldasorte comrecursos,http goldasorte comambulatórios e centroshttp goldasorte comreabilitação especializados e tambémhttp goldasorte comestrutura para a telemedicina como formahttp goldasorte comacompanhar pacientes à distância.
Existem atualmente duas grandes linhas na rede pública brasileira para reverter esse quadrohttp goldasorte comescassez ante a crise da síndrome-pós-covid: capacitação dos profissionais e reestruturação das unidadeshttp goldasorte comsaúde.
"A covid longa trouxe à tona a importância dos pacientes que lidam com doenças crônicas no país", afirma Amanda Santos Pereira, coordenadora médica da equipe do Hospital Sírio Libanês que executa a iniciativa "Reabilitação pós-covid", com o Programahttp goldasorte comApoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Únicohttp goldasorte comSaúde, do Ministério da Saúde (PROADI-SUS).
Esse e outros profissionais treinam equipeshttp goldasorte comsaúde pelo país utilizando a metodologia Lean, a qual visa promover a organização e otimização dos serviços hospitalares, como diminuiçãohttp goldasorte comdesperdícios, capacitaçãohttp goldasorte comequipes, determinar planohttp goldasorte comretomada hospitalar segura, entre outros.
"O ideal é uma abordagem integral do paciente, que pode incluir médico especialistahttp goldasorte comreabilitação, fisioterapeuta, nutricionista, psicologia e outras especialidades. O cuidado centrado no paciente é fundamental, e uma visão holística importante, o que permite uma comunicação mais assertiva entre os profissionaishttp goldasorte comsaúde, visando a recuperação dos pacientes."
O projeto oferecido no Sistema Únicohttp goldasorte comSaúde (SUS) começouhttp goldasorte comfase experimental com treinamentoshttp goldasorte comequipeshttp goldasorte comcinco hospitais da rede pública que já atuam com reabilitação física e intelectual e pretende abranger até 10 hospitais. O SUS conta com 266 centros especializados nessa área, mas poucos deles têm estrutura ou treinamento para os pacientes pós-covid.
As diretrizes do "Reabilitação pós-covid" orientam uma intervenção, que dura quatro meses. Os resultados promissores na recuperação motora e funcionalhttp goldasorte compacientes infectados por covid levaram a uma ampliação dos treinamentos. Entre os resultados apresentados, destacam-se o aumentohttp goldasorte com26% na independência funcional dos pacientes, maishttp goldasorte com500 profissionais capacitadoshttp goldasorte comvisitas presenciais, evolução médiahttp goldasorte com81%http goldasorte comaplicabilidadehttp goldasorte comprotocolohttp goldasorte comalta segura, entre outros.
"Essa é uma cargahttp goldasorte comtrabalho que o SUS não estava preparado para absorver. Considerando todas as outras demandas que não deixaramhttp goldasorte comexistir. As equipeshttp goldasorte comsaúde da família não deixaramhttp goldasorte comcuidar dos diabéticos, dos hipertensos e dos pacientes com tuberculose. E agora estão enfrentando esse desafiohttp goldasorte comreceber uma nova cargahttp goldasorte comdoentes. Alguns deles eram plenamente saudáveis, que sequer faziam acompanhamentohttp goldasorte comsaúde", afirma o médico infectologista Fernando Bellissimo-Rodrigues, professor da Faculdadehttp goldasorte comMedicina da Universidadehttp goldasorte comSão Paulo (USP)http goldasorte comRibeirão Preto.
Bellissimo-Rodrigues coordena o ambulatório pós-covid do Hospital das Clínicas da USPhttp goldasorte comRibeirão Preto, criado no início da pandemia, quando a instituição percebeu que "os pacientes que sobreviviam à fase aguda da doença não estavam prontos para ter alta", porque precisavamhttp goldasorte comassistência e orientação para lidar com sintomas persistentes e limitações dalihttp goldasorte comdiante.
Além do ambulatório, foi desenvolvido pela fisioterapeuta Lívia Bonifácio o projetohttp goldasorte compesquisa Recovida, no qual coleta dados do ambulatório desde maiohttp goldasorte com2020 parahttp goldasorte compesquisahttp goldasorte compós-doutorado. São acompanhados cercahttp goldasorte com200 pacientes, com casoshttp goldasorte comapresentação leve, moderada e grave da covid-19. Dados preliminares apontam que dos pacientes atendidos no ambulatório pós-covid, 64% têm algum sintoma persistente seis meses depois do início dos sintomas.
Bellissimo-Rodrigues conta que o foco inicial do ambulatório eram os pacientes graves que foram hospitalizados, mas com o tempo foram incorporadas pacientes que eram profissionais da saúde, e que tinham tido formas leves e moderadas da doença, ou seja, não chegaram a ser internados, mas desenvolveram sintomashttp goldasorte comlongo prazo da covid-19.
"A gente então procura manejar esses problemashttp goldasorte commodo integrado. No mesmo momento e na mesma consulta. É um privilégio ter uma equipe tão diversa e ampla como essa", diz o professor.
Sinais promissores após vacina contra covid
Outro caminho promissor para alguns pacientes com covid longa tem sido a vacinação. A professora gaúcha Priscila Alves, 44, está entre aqueles que relataram melhoras depoishttp goldasorte comserem imunizados.
Ao longohttp goldasorte commeses, ela passou por diversos exames e consultas e enfrentou dorhttp goldasorte comcabeça, fadiga, tontura, faltahttp goldasorte comapetite, paladar afetado, dor no estômago, episódioshttp goldasorte comânsia e vômito, asma e hemorragia vaginal. Dos remédios, apenas alguns funcionavam para sintomas específicos. A única mudança concreta se deu quando ela foi vacinada.
"Os sintomas melhoraram bastante desde então. A hemorragia parou e agora só estouhttp goldasorte comtratamento com o gastroenterologista para tratar gastrite, esofagite e pedra na vesícula", relata à BBC News Brasil.
Ainda não se sabe bem por que os imunizantes têm sido benéficos para alguns pacientes com covid longa, mas o númerohttp goldasorte comrelatos tem crescido à medida que os programashttp goldasorte comvacinação avançam pelo mundo.
Um levantamento no Reino Unido sobre esse tópico, o mais amplo até agora, mostrou que 57% dos participantes apresentaram uma melhora geral dos sintomas. O estudo, ainda não revisado por outros cientistas, foi liderado pelo grupohttp goldasorte comapoio britânico LongCovidSOS e conta com a colaboração das universidades britânicashttp goldasorte comExeter e Kent.
Há diversas limitações na metodologia, como a escolha da amostrahttp goldasorte compessoas ouvidas, mas o trabalho aponta algumas pistas sobre os mecanismos por trás da vacinação.
A imunologista Akiko Iwasaki, da Universidade Medicinahttp goldasorte comYale (EUA), vem se dedicando ao tema com outros cientistas e aponta três possíveis explicações para o papel da vacina contra a covid longa.
A primeira hipótese aponta que haveria um reservatóriohttp goldasorte comcoronavírushttp goldasorte comalgum lugar do corpo que continua afetando o paciente sem ser detectado por exames. Na segunda, o combate ao coronavírus desencadeou um mecanismo autoimune no qual o sistemahttp goldasorte comdefesa ataca o próprio corpo. A terceira falahttp goldasorte comfragmentos do coronavírus continuariam no corpo como "fantasmas virais" que estimulam o sistema imunológico e provocam inflamação constante.
"Nossa (principal) hipótese éhttp goldasorte comque a covid longa é causada por uma infecção viral persistente e/ou doença autoimune", disse ela à BBC News Brasilhttp goldasorte comjunho.
Para os cientistas, provavelmente não haverá uma explicação ou solução única para todos os atingidos por um problemahttp goldasorte comsaúde tão complexo. Mas os benefícios trazidos tanto pela vacinação quanto pelos programashttp goldasorte comtratamento e reabilitação multidisciplinares, têm apontado caminhos promissores para outras milhareshttp goldasorte compessoas com covid longa.
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