8 lições após um ano888 betensino remoto na pandemia:888 bet

Menino estudando ao lado da mãe

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Alunos equipados com notebook foram uma minoria, e a maioria faz contato com professores por WhatsApp

Foram analisados os meios usados para as aulas (como TV ou internet), seu alcance e qualidade entre as diversas etapas888 betensino e os materiais e tecnologias oferecidos aos alunos.

Os resultados, mensurados entre março e outubro888 bet2020, mostram um cenário bem ruim: a nota média dos planos estaduais no Índice888 betEducação à Distância foi888 bet2,38 (de 0 a 10) e888 bet1,6 para os das capitais.

Chamou a atenção dos pesquisadores a demora na apresentação888 betum plano depois do fechamento das escolas. Em média, as capitais levaram 43 dias, e os Estados, 34.

Também faltou supervisão para verificar se alunos estavam888 betfato acompanhando as aulas e houve pouca oferta888 betformas888 betacesso, dando aparelhos ou a conexão888 betinternet para que os estudantes conseguissem assistir às aulas online.

"A quase totalidade dos Estados decidiu pela transmissão via internet, (mas) apenas cerca888 bet15% deles distribuíram dispositivos e menos888 bet10% subsidiaram o acesso à internet", escrevem os pesquisadores Lorena Barberia, Luiz Cantarelli e Pedro Schmalz.

Menino estudando pelo computador

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, No Brasil, poucas redes se preocuparam888 betfornecer meios para os alunos se conectarem

A maioria dos planos falhou888 betoferecer estratégias888 betinteração com professores, e também888 betsupervisão e estímulo à presença, concluiu o estudo.

"Este é um elemento crucial para políticas888 betensino remoto, por permitir interações que considerem as necessidades e dificuldades específicas888 betcada aluno, sobretudo888 betum contexto888 betelevadas taxas888 betabandono escolar."

"Temos888 betcobrar do gestores que as políticas para a educação estejam na mesma velocidade da pandemia. Não podemos deixar que passem meses ou semanas sem intervir e 'no próximo semestre melhoramos'", diz Barberia à BBC News Brasil.

"O que choca é,888 betgeral, ainda não ter um plano B (entre os gestores)", acrescenta ela, citando como exemplo a interrupção das aulas na cidade888 betSão Paulo quando,888 betmarço passado, as escolas voltaram a fechar por conta da fase emergencial no Estado.

Para Luiz Cantarelli, outros problemas graves foram a falta888 betcoordenação nacional por parte do Ministério da Educação e os cortes orçamentários substanciais na área, que vão dificultar investimentos888 betacesso ao ensino remoto888 bet2021.

Cantarelli recorda que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou, por questões orçamentárias, projeto888 betlei aprovado no Congresso que previa investimento888 betacesso gratuito à internet para alunos e professores da rede pública.

2 - WhatsApp virou o principal meio888 betaula

Diante desse pouco acesso a planos888 betdados ou a dispositivos, a alternativa888 betmuitas famílias e professores tem sido se conectar via WhatsApp.

Uma pesquisa do Instituto Península apontou que 83% dos professores mantinham contato com alunos por meio dos aplicativos888 betmensagens (e foi pelo WhatsApp que ocorreu a absoluta maioria das interações), muito mais do que pelas próprias plataformas888 betaprendizagem (34%).

Isso mostra que a imagem888 betum estudante fazendo aulas diante888 betum tablet ou notebook corresponde à realidade888 betum número restrito888 betcrianças, diz Inés Dussel, pesquisadora888 beteducação no México que recentemente participou888 betum seminário virtual brasileiro sobre tecnologia e ensino, promovido pelo instituto Itaú Social.

Dussel afirma à BBC News Brasil que o mesmo fenômeno ocorreu888 bettodo o continente. "O uso do WhatsApp foi uma grande surpresa, mas é porque não temos outras ferramentas (massificadas888 betconexão) na América Latina", aponta.

"A maior parte do ensino foi feita pelo celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários membros da família). Então, é algo muito desafiador."

Mas o WhatsApp tem seus limites: evidências indicam que alunos conseguem passar mais tempo888 betaula diante888 betcomputadores do que diante888 betcelulares, aponta um guia888 betboas práticas escolares durante a pandemia elaborado pela Ofsted, a agência governamental britânica que supervisiona as escolas do país.

3- Depois888 betconectar, engajar com o ambiente remoto

Uma revisão888 betestudos sobre ensino remoto na educação básica dos Estados Unidos lembra que as evidências888 bettorno do tema são "esparsas". E, também lá, o acesso a dispositivos foi um grande desafio, seguido888 betoutro: "garantir que estudantes e famílias se engajem com o ambiente888 betaprendizado" remoto.

"Só oferecer computador ou conectividade ou distribuir apostilas pode não ser suficiente para um engajamento produtivo", diz o estudo da Universidade do Estado da Geórgia.

"Felizmente, mensagens direcionadas ou incentivos são uma forma relativamente barata e escalável888 betaumentar o engajamento parental online e melhorar o desempenho dos estudantes."

Entre as estratégias que aumentaram o uso das plataformas888 betestudo estão o envio888 betmensagens que incentivavam os pais a entrar na plataforma888 betensino para acompanhar o progresso dos filhos.

E conversas entre professores e as famílias para ressaltar que as tarefas ainda precisam ser entregues pelos alunos mesmo à distância.

4 - Simplicidade e foco no essencial

Na avaliação da Ofsted, "não é necessário complicar888 betexcesso os recursos (de aprendizagem) com muitos gráficos e ilustrações que não acrescentam conteúdo".

Na educação digital remota, a plataforma não deve ser muito complicada888 betusar, nem as aulas devem ser elaboradas demais. "A aula remota geralmente se beneficia888 betuma interface direta e simples", diz a agência888 betseu guia sobre o que funcionou melhor no ensino remoto britânico, publicado888 betjaneiro888 bet2021.

Criança fazendo aula pelo celular

Crédito, Reuters

Legenda da foto, O WhatsApp foi uma ferramenta muito importante na educação na América Latina na pandemia

Sendo assim, a recomendação é "focar no básico" ao adaptar o currículo. "Cuidado para não oferecer muito conteúdo novo888 betuma só vez. Antes, tenha certeza888 betque pontos fundamentais foram entendidos plenamente. (...) Leve888 betconta o conhecimento ou conceitos mais importantes que os alunos precisam entender e foque neles."

Em muitos casos, diz a Ofsted, "praticar e exercitar habilidades prévias pode ser útil, como escrita à mão e aritmética simples".

5 - Feedback e colaboração são 'mais importantes do que nunca'

Ainda segundo a Ofsted, embora dar um retorno aos alunos (ou feedback) sobre as atividades feitas à distância seja mais difícil do que no ensino presencial, é algo que ganhou ainda mais importância neste momento, por melhorar a motivação e o desempenho deles.

"É importante que os professores mantenham contato regular com os alunos. (...) Alguns habilitaram o envio888 betemails automáticos para perguntar888 betque etapa da atividade os estudantes estão. Isso também passa a percepção888 betque os professores estão 'assistindo' enquanto os alunos aprendem remotamente", diz a agência.

Ainda888 betabril888 bet2020, no início da pandemia, a fundação britânica Endowment Education fez uma meta-análise888 betpesquisas prévias sobre o ensino remoto, e uma das conclusões foi sobre a importância888 betcultivar interações entre os estudantes mesmo quando eles não estão no mesmo ambiente físico, "como forma888 betmotivar os alunos e melhorar seus resultados".

Inés Dussel observou a mesma coisa durante a pandemia: colaborar é importante, para alunos e professores.

"Aprendemos que precisamos dos demais: comparar estratégias, falar com outros professores e dar mais oportunidades888 bettrabalho coletivo, mesmo que seja cada um na888 betcasa", afirma.

Uma das iniciativas que chamaram888 betatenção foi feita888 betuma turma888 betpré-escola na Argentina: "A professora pediu que os alunos lessem os poemas e editou um vídeo com todos juntos, transformando a leitura888 betuma produção coletiva", explica.

Diários compartilhados da vida durante a pandemia também deram certo888 betmuitas escolas.

Menino estudando888 betcasa

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Guia britânico sugere estimular autonomia e cooperação entre alunos, para melhorar resultados do ensino remoto

Mas as iniciativas do tipo se beneficiam,888 betgrande parte, da conexão prévia entre professores, alunos e famílias, acrescenta Dussel.

"(A pandemia) ressaltou a importância do vínculo anterior entre escolas e comunidades", diz a pesquisadora. "Nas escolas que não tinham esse vínculo, as coisas (atividades remotas colaborativas) não funcionaram tão bem."

6 - É momento888 betestimular autonomia e independência

A Ofsted também concluiu, a partir888 betrevisões888 betestudos, que é possível obter melhores resultados quando se estimula a autonomia dos estudantes no ensino remoto, claro que levando888 betconta suas idades e circunstâncias.

"Estimular os alunos a refletir sobre seu trabalho ou avaliar estratégias que vão usar se travarem (em alguma parte da tarefa) foram destacadas como (ações) valiosas", aponta a agência.

"Evidências mais amplas sobre metacognição e autorregulação sugerem que alunos carentes tendem a se beneficiar888 betparticular888 betapoio explícito que os ajude a trabalhar888 betmodo independente, por exemplo, criando checklists ou planejamentos diários."

Mais do que fazer aulas expositivas, é o momento888 bet"pedir ideias e participação dos jovens", diz à BBC News Brasil Rebeca Otero, coordenadora888 beteducação no Brasil da Unesco, braço da ONU para a educação e cultura. "Queremos formar cidadãos globais, capazes888 betqualificar o planeta."

Um dos exemplos citados por ela é o do Imprensa Jovem, programa criado888 bet2005 como uma agência888 betnotícias formada oir alunos da rede municipal888 betensino888 betSão Paulo.

Durante a pandemia, o projeto migrou para o ambiente digital, mas manteve os alunos engajados construindo conteúdo para, entre outras coisas, combater a desinformação888 bettorno da covid-19 e ensinar jovens a identificar notícias verdadeiras ou falsas.

"Isso incentiva seu protagonismo e888 betautonomia para aprender, se comunicar e saber buscar informações", afirma Otero.

7- Para muitas crianças, o ano foi duro (e as perdas serão sentidas por toda a sociedade)

"Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos estudantes, (os economistas americano e alemão) Eric Hanushek e Ludger Woessmann estimam que estudantes da educação básica impactados pelos fechamentos podem esperar uma renda 3% menor ao longo888 bettoda888 betvida para cada três meses888 betensino efetivamente perdido", diz estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a educação na pandemia.

O estudo lembra que 1,5 bilhão888 betcrianças888 bet188 países do mundo ficaram fora da escola888 betao menos parte do ano passado, e o Brasil está entre os países que fecharam as escolas por mais tempo.

As possíveis perdas econômicas derivam888 betdificuldades concretas. Um estudo da Universidade Federal888 betMinas Gerais com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 9,4 mil adolescentes brasileiros, ouvidos entre junho e setembro do ano passado, apontou que 59% diziam ter falta888 betconcentração e 47,8% afirmavam estar entendendo pouco das aulas à distância.

Em dezembro, quando o Instituto Península entrevistou 2,9 mil professores do país, 60% disseram que seus alunos remotos não estavam evoluindo no aprendizado. E 91% acreditavam que isso aumentará a desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.

Um terceiro estudo, feito com professores888 betpré-escola888 betduas cidades pela Universidade Federal do Rio888 betJaneiro e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal apontou sinais888 betque crianças888 bet4 e 5 anos estavam com mais dificuldades888 betexpressão oral e corporal, principalmente as mais vulneráveis, que têm menos oportunidades888 betpintar, desenhar, recortar e ouvir histórias dentro888 betcasa.

Aluno e professor888 betaula online

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Pesquisas apontam exaustão888 betprofessores

São retratos que evidenciam as dificuldades que aguardam as redes888 betensino e escolas ao longo deste ano letivo.

"Todos trabalharam888 betcondições muito adversas (em 2020), com muitas perdas", conclui Dussel.

"Vamos precisar pensar888 betcomo agrupar os alunos e averiguar os que tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir como enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos (letivos)888 bettransição. (...) O poder público será fundamental para isso. Ou teremos uma situação888 betenorme precariedade."

8 - A exaustão dos professores,888 betnúmeros

Os professores se reinventaram e, em888 betmaioria, aprenderam novas formas888 betse conectar e ensinar durante a pandemia. No entanto, a experiência tem deixado muitos deles exauridos.

"Acordo e durmo pensando nas coisas inacabadas que tenho que fazer", disse uma professora quando questionada888 betpesquisa da Fundação Carlos Chagas no ano passado, à qual 80% dos docentes afirmaram que estavam gastando mais tempo planejando aulas, principalmente os que ensinam nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Além disso, a maioria deles disse que estava conciliando isso com o aumento888 betsuas tarefas domésticas (ou com ajudar os próprios filhos nas tarefas escolares).

Uma grande dificuldade que se apresentou nos meses finais888 bet2020, quando algumas redes públicas e privadas retomaram as atividades presenciais, foi dar conta do ensino híbrido. Alguns professores tiveram888 betdar aulas simultaneamente para alunos presenciais e remotos.

"Isso exige muito do professor, desde a conexão até a atenção dividida", explica Inés Dussel.

O Instituto Península também questionou os professores brasileiros quanto a seu estado888 betânimo888 betdezembro: 53% disseram estar mais cansados do que antes.

Mas, a despeito disso, 61% contaram que estão motivados para ensinar888 bet2021.

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