4 pontos para entender a reinfecção por covid-19, agora confirmada no Brasil:dinheiro no foguetinho
Por isso o sequenciamento genético é tão importante para provar uma reinfecção: ele demonstra que se tratadinheiro no foguetinhoduas infecções diferentes, e não do "ressurgimento" ou fortalecimento do mesmo agente infecciosodinheiro no foguetinhoum primeiro adoecimento.
Em um país que onde o coronavírus já adoeceu maisdinheiro no foguetinho7,2 milhõesdinheiro no foguetinhopessoas e tirou a vidadinheiro no foguetinhomaisdinheiro no foguetinho187 mil, como devemos encarar a confirmação das reinfecções? Que riscos elas representam para as pessoas individualmente e para os rumos da pandemia?
Confira as respostas obtidas com especialistas, órgãos governamentais e pesquisas publicadas recentemente.
1. Casos registrados no Brasil e no mundo
Por enquanto, os poucos dados existentes a nível mundial mostram que a reinfecção é rara.
A agênciadinheiro no foguetinhonotícias holandesa BNO News está reunindo e publicando diariamente dados globais sobre isso — até esta segunda-feira (21/12), a plataforma Covid-19 Reinfection Tracker registrava 30 casos confirmadosdinheiro no foguetinhoreinfecção no mundo e 2.049 sob suspeita.
Dos 30 casos confirmados, o intervalo médio entre a primeira e a segunda infecção foidinheiro no foguetinho80 dias. Um deles resultoudinheiro no foguetinhomorte.
O primeiro caso confirmado no mundo,dinheiro no foguetinhoagosto, foi odinheiro no foguetinhoum moradordinheiro no foguetinhoHong Kongdinheiro no foguetinho33 anos. Ele teve covid-19 primeirodinheiro no foguetinhomarço, e depoisdinheiro no foguetinhoagosto — foram 142 diasdinheiro no foguetinhointervalo. Na primeira ocasião, ele teve sintomas leves; na seguinte, foi assintomático e só ficou sabendo da doença pois foi testado no aeroporto. Suas amostras foram submetidas a testes PCR e ao sequenciamento genômico.
Já no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro casodinheiro no foguetinhoreinfecçãodinheiro no foguetinho10dinheiro no foguetinhodezembro. Uma profissionaldinheiro no foguetinhosaúdedinheiro no foguetinho37 anos, moradoradinheiro no foguetinhoNatal (RN), teve sintomas leves e PCR positivodinheiro no foguetinhojunho e outubro. Segundo a Secretariadinheiro no foguetinhoEstado da Saúde Pública do RN, ela passa bem.
Depois, foi confirmado um segundo caso no país,dinheiro no foguetinhouma auxiliardinheiro no foguetinhoenfermagemdinheiro no foguetinhoFernandópolis (SP)dinheiro no foguetinho41 anos. Ela teve sintomasdinheiro no foguetinhoambas infecções e, segundo o secretáriodinheiro no foguetinhosaúde do município, Ivan Veronesi, passa bem.
Vários munícipios e Estados estão divulgando episódiosdinheiro no foguetinhoreinfecção que não foram computados ainda pelo ministério — que só o faz após a análise por seus laboratórios nacionaisdinheiro no foguetinhoreferência, conforme fez para os casosdinheiro no foguetinhoNatal e Fernandópolis.
Entretanto,dinheiro no foguetinhoacordo com Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratóriodinheiro no foguetinhoVírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), muitos casosdinheiro no foguetinhoreinfecção nunca serão registrados. Para começar, muitas pessoas no país nunca fizeram testes PCR — quem dirá dois, e com armazenamento satisfatório.
"Para realizar o sequenciamento genômico, é importante uma boa qualidade da amostra, com carga viral suficiente. Às vezes, essa primeira amostra coletada ládinheiro no foguetinhoabril, por exemplo, foi armazenadadinheiro no foguetinhoum freezer que varia muito a temperatura, porque não tinha mais freezer (adequado); ou foi deixadadinheiro no foguetinhotemperatura ambientedinheiro no foguetinhoalgum momento. Isso pode degradar o material genético viral — é fácil ocorrer a deterioração deste material", explica Resende, que atua diretamente com o sequenciamento genético do vírus.
"É uma realidade do nosso país a dificuldadedinheiro no foguetinhoarmazenar muitas amostras. Muitas delas estão sendo descartadas."
Para os casosdinheiro no foguetinhoamostrasdinheiro no foguetinhoque há qualidade satisfatória e que são encaminhadas para os laboratórios nacionais para confirmação da reinfecção, o intervalo entre a primeira infecção e a segunda deve serdinheiro no foguetinhono mínimo 90 dias — mas segundo a pesquisadora, esse número ainda estádinheiro no foguetinhodebate.
Isto porque já há pelo mundo relatosdinheiro no foguetinhoreinfecções mais longas e curtas — no levantamento da BNO News, há casos com intervalo que variam entre 10 dias e 185 dias.
2. Os riscos — individuais e coletivos
Outro indicador para o qual não há um padrão é odinheiro no foguetinhogravidade na comparação entre a primeira e segunda infecção.
"Há relatos publicadosdinheiro no foguetinhoreinfecção mais grave do que a primeira vez, mas também casos como o primeiro registrado, assintomático (na segunda infecção,dinheiro no foguetinhoHong Kong)", aponta a infectologista Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadualdinheiro no foguetinhoCampinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileiradinheiro no foguetinhoInfectologia (SBI).
De fato, um dos primeiros estudos que compilou casosdinheiro no foguetinhoreinfecção no mundo, publicadodinheiro no foguetinhooutubro no periódico científico The Lancet Infectious Diseases, mostrou quadros muito variados — desde um homemdinheiro no foguetinho25 anos que teve sintomas leves na primeira vez e na segunda precisou ser hospitalizado nos EUA, a uma mulherdinheiro no foguetinho51 que teve manifestações levesdinheiro no foguetinhoambos os casos na Bélgica.
Stucchi lembra que, com sintomas ou não, um paciente reinfectado pode continuar transmitindo a doença para outras pessoas normalmente.
Entretanto, por serem aparentemente raras, especialistas acreditam que as reinfecções não serão capazesdinheiro no foguetinhoprotagonizar algo como uma segunda ou terceira ondadinheiro no foguetinhocovid-19 por si só — até agora, estas estão sendo capitaneadas por novos casos.
3. O enigma da imunidade
"Se há algo ainda misterioso ou que a gente tem pouco conhecimento sobre a covid-19 édinheiro no foguetinhorelação à imunidade. Há perguntas que não foram ainda adequadamente respondidas, como por exemplo por que quem tem quadro leve pode não desenvolver anticorpos", diz a professora da Unicamp.
E, nos casosdinheiro no foguetinhoreinfecção, esse parece ser justamente o caso.
"Quem tem quadro leve às vezes não faz nem proteção contra a doença, ou se faz, faz uma quantidade pequenadinheiro no foguetinhoanticorpo que dura muito pouco tempo", explica a infectologista, apontando que os casosdinheiro no foguetinhoreinfecção têm acontecidodinheiro no foguetinhogeral com pessoas saudáveis, sem deficiências anteriores na imunidade (pessoas imunossuprimidas), por exemplo.
Nosso sistema imunológico se defendedinheiro no foguetinhoduas frentes.
A primeira está sempre pronta para agir, assim que um agente estranho é detectado no corpo: é a resposta imune inata, que inclui as células brancas e substâncias que levam à inflamação no corpo.
Mas esta é uma estratégia "genérica", diferente da resposta imune adaptativa, que se adequa a um invasor específico — como o coronavírus. Um dos soldados dessa frente são os linfócitos T, capazesdinheiro no foguetinhoatacar apenas as células infectadas pelo vírus.
Acontece que o desenvolvimento dessa resposta adaptativa toma tempo — alguns estudos referentes à covid-19 sugerem que a produçãodinheiro no foguetinhoanticorpos começa após 10 dias. Por isso, há dúvidas se pessoas assintomáticas ou com sintomas leves chegam a desenvolver este tipodinheiro no foguetinhoestratégia.
Caso sejadinheiro no foguetinhofato desenvolvida, a imunidade adaptativa pode deixar uma memória no corpo que evitará infecções como aquela no futuro.
Essa memória dura mais ou menos, a depender da doença. O sarampo é altamente memorável — uma infecção pelo vírus é capazdinheiro no foguetinhogerar imunidade para toda a vida. Por outro lado, o vírus sincicial respiratório (VSR) pode infectar crianças várias vezes no mesmo inverno.
Não se sabe ainda quanto tempo dura a imunidade para o Sars-CoV-2, mas outros seis coronavírus podem dar uma pista. Quatro deles produzem sintomasdinheiro no foguetinhoum resfriado comum e têm uma resposta imunedinheiro no foguetinhovida curta, com pacientes podendo ser reinfectados um ano depois.
Já um estudo do King's College London sobre o novo coronavírus sugeriu que os níveisdinheiro no foguetinhoanticorpos contra ele diminuíram ao longodinheiro no foguetinhotrês meses.
Para Paola Cristina Resende, tudo indica que o problema da reinfecção está mais relacionado à resposta imunológica do paciente do que com o vírusdinheiro no foguetinhosi.
"A reinfecção não se dá tanto pelo vírus e o quanto ele evolui, mas pelo indivíduo edinheiro no foguetinhocapacidadedinheiro no foguetinhoproduçãodinheiro no foguetinhoanticorpos contra o vírus", diz a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz.
"A quantidadedinheiro no foguetinhovírus circulando na população é grande, e a possibilidadedinheiro no foguetinhoum indivíduo que já teve o coronavírus ser exposto (ao patógeno, novamente), também."
4. Lições
Para as entrevistadas pela BBC News Brasil, ainda que raras, as reinfecções reforçam uma lição para todos.
"Muita gente que acha que já pegou covid-19 e está imune, e que isso seria como um passaporte para largar todas as medidas preventivas. A confirmaçãodinheiro no foguetinhocasosdinheiro no foguetinhoreinfecção (no Brasil) mostra que não: enquanto houver circulação do vírus, precisaremos manter as medidas preventivas e vai demorar um pouco mais para voltarmos à nossa vida normal", destaca Resende.
Raquel Stucchi concorda.
"Quem teve e quem não teve covid-19 deve continuar usando máscaras, evitando aglomerações, entre outras medidas preventivas", conclui a infectologista.
*Com informaçõesdinheiro no foguetinhoAndré Biernath, da BBC News Brasildinheiro no foguetinhoSão Paulo; edinheiro no foguetinhoJames Gallagher, da BBC News
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