Cientistasbanca betesporteCambridge tentam descobrir o que acabará com a humanidade (e como nos salvar):banca betesporte

Ilustraçãobanca betesporteuma explosãobanca betesporteuma cidade

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Desde 2015, um pequeno grupo interdisciplinarbanca betesportepesquisadores investiga os perigos que podem levar à extinção da humanidade ou ao colapso da civilização

Ele mesmo reconheceubanca betesporteuma palestrabanca betesporteTED que "nos preocupamos muito com riscos menores: acidentesbanca betesporteavião improváveis, alimentos carcinogênicos, baixas dosesbanca betesporteradiação... Mas nós e os políticos que nos governam vivemos na negação dos cenários catastróficos".

Mas quando veio 2020, cada palavrabanca betesporteRees passou a ter uma atualidade assustadora.

Por exemplo, naquela palestra que proferiubanca betesporte2014, ele afirmou que agora "os piores perigos vêmbanca betesportenós": "E não há só a ameaça nuclear. No nosso mundo interligado (...) as viagens aéreas podem espalhar pandemiasbanca betesportequestãobanca betesportedias e as redes sociais podem espalhar pânico e boatos literalmente à velocidade da luz".

Mas havia quem não precisasse da pandemia da covid-19 para prestar atenção a Rees.

Desde 2015, um pequeno grupo interdisciplinarbanca betesportepesquisadores trabalha sobbanca betesporteliderança no chamado Centrobanca betesporteEstudosbanca betesporteRisco Existencial (CSER) da Universidadebanca betesporteCambridge, no Reino Unido.

O centro, que conta com a assessoriabanca betesportepersonalidades da academia e da indústria — como o empresário Elon Musk —, investiga os perigos que podem levar à extinção da humanidade ou ao colapso da civilização e o que fazer para mitigá-los.

É justamente nesse segundo aspecto que atua a bióloga molecular peruana Clarissa Ríos Rojas, que ingressou no CSERbanca betesportemarço, pouco antesbanca betesporteo governo britânico decretar a quarentena do coronavírus.

Clarissa Ríos Rojas

Crédito, Gentileza Clarissa Ríos Rojas

Legenda da foto, A bióloga molecular peruana Clarissa Rios Rojas atua no CSER na áreabanca betesportepolíticas públicas

"Já tivemos pandemias antes, mas a covid-19 nos pegou desprevenidos", disse Ríos à BBC Mundo, o serviço hispânico da BBC. "Então, o que deu errado? Quais são as lições que podemos aprender com este experimento e como podemos nos preparar novamente para o futuro?", questiona.

Seu trabalhobanca betesporteCambridge é identificar por que previsões baseadasbanca betesportedados científicos não são ouvidas e, assim, gerar políticas públicas que preparem a humanidade para a próxima catástrofe global.

A crise profunda causada pelo coronavírus não foi a primeira — e não será a última.

Cinco áreasbanca betesporterisco

A primeira coisa que Ríos explica é que existe uma diferença entre risco catastrófico e risco existencial.

Embora as definições variem ligeiramente entre elas, geralmente entende-se que eventosbanca betesporterisco catastrófico são aqueles que, se ocorrerem, matariam 10% da população mundial ou causariam danos equivalentes.

Para referência, considera-se que o acontecimento mais letal do século 20 foi a pandemiabanca betesporteinfluenzabanca betesporte1918, mais conhecida como gripe espanhola,banca betesporteque entre 1% e 5% da população mundial morreu, segundo diferentes estimativas.

Ilustraçãobanca betesporteuma pessoa com uma máscarabanca betesportegás e uma planta

Crédito, Getty Images

Por outro lado, um eventobanca betesporterisco existencial implica o aniquilamentobanca betesportetodos os seres humanos ou uma redução populacional tão grande que não permita continuar com os padrõesbanca betesportevida atuais, que acabe drástica e permanentemente com seu potencial.

O CSER estuda este último tipobanca betesporteeventos, que dividebanca betesportecinco grandes áreas: riscos biológicos, ambientais, tecnológicos, derivados da inteligência artificial e injustiças sociais.

Alguns exemplos são muito claros, como pandemias, na área biológica, ou mudanças climáticas na área ambiental. Outros perigos naturais — como o impactobanca betesporteum asteroide ou a erupçãobanca betesporteum supervulcão — estão muito presentes no imaginário coletivo, pois já demonstraram seu poder devastador no passado.

Mas existem outros riscos existenciais menos óbvios, como a inteligência artificial.

"O medo da inteligência artificial não é que surja um Arnold Schwarzenegger que mate todos", diz Ríosbanca betesportereferência ao personagem do filme O Exterminador do Futuro.

"Na realidade, pode acontecer que, para atingir o objetivobanca betesportesalvar a humanidade, todo o ecossistema seja destruído porque não foram dados os parâmetros necessários para guiar aquela inteligência artificial que continua a aprender por si mesma", explica.

Martin Rees

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Martin Rees é um dos principais pesquisadores do mundobanca betesporteevolução cósmica, buracos negros e galáxias

Nesse caso, a tarefabanca betesporteRíos seria, por exemplo, trabalharbanca betesporteconjunto com os governos para estabelecer protocolos e ferramentasbanca betesportemonitoramento para instituições da área, ou garantir que os programasbanca betesporteestudos das universidades vinculadas à engenharia tenham uma sólida base ética.

A injustiça social é outra área cujo nívelbanca betesporterisco pode não ser tão perceptível. Mas há um exemplo muito claro na história: a conquista europeia da América.

Este episódio "resultou na perda potencialbanca betesportemaisbanca betesporte80% das populações indígenas, no colapso das civilizações asteca, inca e zapoteca e na morte, tortura, ruptura cultural e desestabilização política que ocorreram como resultado do comércio transatlânticobanca betesporteescravos", o CSER afirmabanca betesporteseu site.

E acrescenta: "Até hoje, a colonização europeia continua a ter impactos catastróficosbanca betesporteescala global, incluindo a negligência com as doenças tropicais".

Efeito covid-19

Para Ríos, a pandemiabanca betesportecovid-19 — que já matou maisbanca betesporte1 milhãobanca betesportepessoasbanca betesportetodo o mundo — está ensinando aos governos e à sociedade o que significa se preparar para o pior.

Ilustraçãobanca betesporteum furacão

Crédito, Getty Images

"A covid-19 mostrou como os sistemas começam a entrarbanca betesportecolapso um por um", diz ela.

"Poderia se pensar que só o setor saúde seria afetado, mas, na verdade, o transporte, a agricultura, a educação, a economia, o trabalho foram afetados...", acrescenta.

Segundo a pesquisadora peruana, uma formabanca betesporteincorporar essas lições nas políticas públicas seria criar equipesbanca betesportegoverno que analisassem os potenciais riscos catastróficos vinculados ao país ou à região (como mudanças climáticas na América Central ou armas nucleares na península coreana) e gerar protocolosbanca betesporteação.

Mas, como reconhece Ríos, "as políticas podem ser belas, mas se a sociedade não as quiser aceitar e, por exemplo, continuar a sair sem máscaras, então são inúteis".

Para alcançar o compromisso social, ela diz que poderia ser incorporado um módulo sobre o que aprendemos com a pandemia covid-19 no ensino médio e criado um mestradobanca betesporterisco catastrófico global poderia ser criado.

"Se quisermos colocar esses temas na agenda política, é preciso haver um esforço conjunto e não só da Universidadebanca betesporteCambridge", diz Ríos. "Precisamosbanca betesporteuma mentalidadebanca betesportecidadania global."

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