Dois papas? As críticas1win roletaBento 16 à flexibilização do celibato proposta a Francisco:1win roleta

1win roleta O papa emérito Bento 16 saiu1win roletadefesa do celibato dentro da Igreja Católica1win roletameio às considerações que seu sucessor, papa Francisco, tem feito para flexibilizar regra imposta a homens que queiram atuar no sacerdócio.

O alemão defende seu ponto1win roletavista1win roletaum livro co-assinado com o cardeal guineano Robert Sarah, como uma resposta à proposta1win roletapermitir que homens casados possam ser ordenados padres na região amazônica.

Aposentado desde 2013, Bento 16 afirmou que não poderia ficar1win roletasilêncio sobre o tema.

No livro, ele afirma que o celibato, uma tradição secular dentro da Igreja, tem "grande significado" porque permite aos padres focarem1win roletaseus deveres. "Não parece possível executar ambas as vocações (sacerdócio e casamento) simultaneamente."

É raro que Bento 16, que foi o primeiro pontífice a renunciar1win roletaquase 600 anos, intervenha1win roletaassuntos clericais.

O Vaticano ainda não comentou o livro, cujos trechos foram antecipados pelo jornal francês Le Figaro, antes1win roletasua publicação nesta segunda-feira (13).

Analistas reagiram com surpresa à intervenção do papa emérito, sugerindo que ele pode ter quebrado protocolos.

"Bento 16 não está1win roletafato quebrando o silêncio porque ele (e seu séquito) nunca se comprometeu com essa promessa. Mas é uma ruptura séria", escreveu Massimo Faggioli, historiador e teólogo da Universidade Villanova, nos Estados Unidos,1win roletaseu perfil no Twittter.

Os comentários1win roletaBento 16 foram classificados1win roleta"incríveis" por Joshua McElwee, jornalista do veículo americano National Catholic Reporter.

Teólogo conservador com pontos1win roletavista tradicionais acerca1win roletavalores católicos, Bento 16 afirmou que ficaria "escondido do mundo" ao se aposentar, alegando saúde frágil.

Mas desde então ele tem veiculado suas opiniões1win roletaartigos, livros e entrevistas, pregando abordagens distintas do papa Francisco, que é visto como mais progressista. Bento 16 ainda vive dentro dos muros do Vaticano,1win roletauma edificação que funcionava como monastério.

Qual foi a proposta para mudar o celibato?

Em outubro, bispos católicos1win roletadiversos países se encontraram1win roletauma reunião, conhecida como sínodo, para discutir o futuro da Igreja Católica na Amazônia.

Na conclusão deste encontro, foi divulgado um documento detalhando os assuntos que concernem a instituição, entre eles a proposta1win roletaque1win roletapartes remotas da Amazônia se permita que homens mais velhos e casados possam ser ordenados padres pelo catolicismo.

A ideia seria suprir a falta1win roletapadres com a ordenação1win roletahomens considerados viri probati, expressão latina para designar aqueles tidos como exemplos1win roletaretidão moral na sociedade, com participação já consagrada no dia a dia1win roletasuas comunidades. E, no caso da Amazônia, preferencialmente indígenas.

A proposta defendida por bispos sul-americanos mira a escassez1win roletapadres na região e será avaliada pelo papa Francisco junto com outras diversas sugestões que envolvem, por exemplo, o meio ambiente e o papel da mulher na Igreja Católica.

Ele deve decidir sobre o assunto nos próximos meses.

Por que o tema é controverso?

Para muitos, o celibato é uma parte fundamental do que é ser um padre católico, do qual se espera que esteja casado com Deus e não se distraia por questões consideradas mundanas, como uma esposa ou uma família.

Tradicionalistas avaliam que esse debate sobre celibato ilustra o caminho pelo qual o papa Francisco busca encaminhar a Igreja Católica.

Alguns críticos consideram que a proposta1win roletapermitir padres casados na Amazônia pode servir1win roletapretexto para abolir o celibato como uma regra geral no sacerdócio.

Em conversa com jornalistas1win roleta2018, o papa Francisco disse que o celibato clerical, ou seja, o voto que obriga os padres a permanecerem castos, não é um dogma1win roletafé, e, sim, um regulamento da Igreja — e deu a entender que a Igreja poderia discutir o tema.

"O celibato não é um dogma1win roletafé; é uma regra1win roletavida que eu aprecio muito e acredito que seja um dom para a Igreja. Não sendo um dogma1win roletafé, sempre temos a porta aberta. Neste momento, contudo, não temos1win roletaprograma falar disso.

A visão oficial da Igreja é1win roletaque os celibatários desempenham suas funções religiosas melhor do que os casados.

"Se um homem quer se casar, isso é um sinal1win roletaque ele não foi escolhido para a função ministerial do padre", diz o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

"E, diferentemente1win roletauma profissão leiga, o sacerdócio católico é algo a que uma pessoa é chamada, algo mais que uma atividade que ela individualmente deseja fazer. Ceder às pressões para que os padres se casassem seria, na visão da Igreja, facilitar a entrada1win roletapessoas não verdadeiramente vocacionadas, que acabariam se tornando maus padres", acrescenta.

É dentro dessa perspectiva, portanto, que a Igreja se defende quando recebe insinuações1win roletaque, abolindo o celibato, iria reduzir os casos1win roletapedofilia envolvendo o clero.

Para Ribeiro Neto, esses casos "são entendidos pela Igreja como decorrência justamente da escolha1win roletapessoas sem uma verdadeira vocação e1win roletaum acompanhamento deficiente, que não fornece uma base espiritual adequada para conviver com a condição celibatária."

"Assim, a opção1win roletapermitir que os padres se casassem poderia ter um efeito até contrário, facilitando o ingresso1win roletapessoas não vocacionadas e sem uma espiritualidade sólida", diz o sociólogo, explicando o ponto1win roletavista do Vaticano.

Originalmente, os primeiros sacerdotes católicos não precisavam ser celibatários.

Por volta dos séculos 3º e 4º já existiam movimentos dentro do catolicismo propondo que os religiosos deveriam praticar o celibato.

Mas a preocupação quanto ao celibato veio à tona com toda a força a partir do século 11. Foi pauta1win roletapapas como Leão 9º e Gregório 7º. Havia uma preocupação com a chamada "degradação moral" do clero, naqueles tempos1win roletaIdade Média e Igreja Católica superpoderosa.

De forma que o celibato acabaria instituído nos dois concílios1win roletaLatrão — o primeiro,1win roleta1123, o segundo1win roleta1139. A partir deles, ficou decretado que clérigos não poderiam casar ou mesmo se relacionar com concubinas.

De acordo com o Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados, mais1win roleta7 mil brasileiros solicitaram à Igreja a dispensa do sacramento da ordem1win roletatroca do matrimônio — a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não divulga dados sobre o assunto.

Isso significa que 1 a cada 4 sacerdotes católicos ordenados no Brasil larga a batina para constituir família.

Segundo a revista La Civiltá Cattolica, publicada desde 18501win roletaRoma pelos jesuítas italianos,1win roletatodo o mundo esse número supera os 60 mil padres.

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