O estudantewww pagbetmedicina que morreuwww pagbetsarampo:www pagbet

Serhiy Butenko patinando no gelo

Crédito, Oksana Butenko

Legenda da foto, Serhiy Butenko morreu subitamente aos 18 anos vítimawww pagbetuma doença completamente evitável

O jovem que planejava dedicar a vida a curar doenças morreu subitamente aos 18 anos, vítimawww pagbetuma doença que as autoridadeswww pagbetsaúde dizem ser completamente evitável - o sarampo, que até alguns anos acreditava-se estar praticamente erradicado na Europa.

Serhiy Butenko

Crédito, Oksana Butenko

Legenda da foto, Serhiy Butenko morreuwww pagbetpneumonia provocada por sarampo
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"Ele era um menino brilhante", diz Oksana, do ladowww pagbetfora da pequena igrejawww pagbetcúpula prateada onde o velório do filho foi realizado.

"Ele era a coisa mais preciosa da minha vida. O sonho dele era ser médico, ele vivia para isso."

"Eu não sei por que isso aconteceu. Lembro da minha infância, todo mundo pegou sarampo, mas todo mundo se recuperou."

O sarampo é uma doença altamente contagiosa da qual a maioria das pessoas se recupera após algumas semanaswww pagbetfebre e erupção cutânea desagradável. Mas,www pagbetalguns casos - um ou doiswww pagbetcada mil -, pode levar a complicações fatais, mais comumente pneumonia.

Serhiy morreuwww pagbetpneumonia provocada por sarampo após vários dias internado no Centrowww pagbetTerapia Intensiva (CTI), com a infecção consumindo seus pulmões, incapazwww pagbetrespirar sem ventilação artificial.

Ele foi uma das 39 pessoas que morreramwww pagbetsarampo na Ucrânia desde o início do surto atual,www pagbet2017.

O sarampo está avançandowww pagbettoda a Europa - o númerowww pagbetnovos casos triplicou no ano passado, chegando a 82.596. A maioria deles está concentrado na Ucrânia, onde 53.218 pessoas contraíram a doença.

O Brasil vinhawww pagbetuma sequênciawww pagbetzero casoswww pagbet2015, 2016 e 2017 -www pagbet2016, inclusive, ganhou um certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS)www pagbeteliminação do sarampo.

Mas, então, veio 2018: 10.262 casos. No boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgadowww pagbetjunho, o Ministério da Saúde confirmou que houve 123 casos no país neste ano - mostrando uma tendênciawww pagbetqueda acentuadawww pagbetrelação ao ano anterior.

Enfermeira ao ladowww pagbetcriança com catapora
Legenda da foto, A Ucrânia teve um aumento no númerowww pagbetcasoswww pagbetsarampo nos últimos dois anos

"Temos essa tempestade perfeita que aconteceu nos últimos 40 anos e culminou no problema que temos agora", diz a ministra da saúde do país, Ulana Suprun. Ela está se referindo ao declínio drástico na proporçãowww pagbetpessoas que estão protegidas contra o sarampo pela vacinação.

Até aproximadamente 2001, diz ela, a Ucrânia importava cepaswww pagbetvírus da vacina contra sarampo da Rússia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou posteriormente ser ineficaz.

Como resultado, "cercawww pagbet44% dos casoswww pagbetsarampo na Ucrânia sãowww pagbetadultos - que achavam que haviam sido vacinados, mas a vacina não era eficaz".

Houve um problema com a cadeiawww pagbetrefrigeração - a vacina precisa ser mantida na condição térmica adequada para permanecer eficaz.

Em meio ao colapso econômico que se seguiu à dissolução da União Soviéticawww pagbet1991, com hospitais mal equipados e fornecimentowww pagbetenergia incerto, a vacina nem sempre foi mantida na temperatura correta.

Oles Pohranychnywww pagbetuma salawww pagbetaula
Legenda da foto, Oles Pohranychny: a desconfiança da vacinação reflete um mal-estar mais amplo na sociedade

Mas há um problema ainda maior do pontowww pagbetvista psicológico. Com o passar dos anos, cada vez mais gente se recusou a tomar vacina e a imunizar os filhos.

"É uma questãowww pagbetconfiança", diz Oles Pohranychny, diretorwww pagbetuma escola primária particular na cidadewww pagbetLviv, na Ucrânia.

Dois anos após a epidemia, apenas metadewww pagbetseus alunos eram vacinados contra o sarampo.

"A vacina é algo que eu tomo, e acredito que vai me proteger contra algo. Agora nossa escola tem filhoswww pagbetpais que nasceram na décadawww pagbet1990, quando ninguém acreditavawww pagbetnada. Nemwww pagbetuns ao outros, nem na medicina, nem no Estado."

"Em toda a antiga União Soviética, houve um períodowww pagbettransiçãowww pagbetuma sociedade paternalista para uma sociedadewww pagbetque você é responsável por si mesmo - mas você não sabe como ser responsável por si mesmo. Todo mundowww pagbetvolta estava mentindo - é o que as pessoas pensavam nos anos 1990."

"Você tinha que ter o punho cerrado e não confiarwww pagbetninguém. Caso contrário, você era um perdedor. A confiança era para os perdedores", acrescenta.

Suprun, ministra da Saúde, responsabiliza a imprensa e os políticos por incentivar o clima antivacinação, principalmente após um incidente amplamente divulgadowww pagbet2008, quando um estudante chamado Anton Tishchenko morreu pouco depoiswww pagbetser imunizado contra o sarampo - apesarwww pagbeto relatório médico ter mostrado quewww pagbetmorte não estava relacionada à vacina.

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Na esteira dessa tragédia, as taxaswww pagbetvacinação caíram tão drasticamente que,www pagbet2016, apenas 31% da população estava imunizada pela MMR, vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola - o nível mais baixowww pagbetimunização no mundo, menor até do que na África, como Suprun destacou.

A OMS recomenda que 95% das crianças sejam imunizadas com a vacina MMR para atingir o nívelwww pagbetimunidadewww pagbetrebanho,www pagbetque todas as crianças - vacinadas e não vacinadas - estão protegidas contra sarampo, caxumba e rubéola.

Soldados ucranianos fazem fila para serem vacinados
Legenda da foto, Soldados ucranianos fazem fila para serem vacinados

Suprun diz que mesmo atualmente ela luta contra uma ondawww pagbetdesinformação.

"Nós temos políticos tentando obter votos dizendo que você não precisa ser vacinado, que é tudo uma grande trama dos governos ocidentais para tentar controlar a mente das nossas crianças, que a vacina é um grande plano das empresas farmacêuticas para entrar e fazer muito dinheiro na Ucrânia. Infelizmente, mesmo com 39 mortes, é difícil convencer as pessoaswww pagbetque este é um problema real."

A mortewww pagbetSerhiy Butenko abalou, no entanto, seus colegas na Vinnitsa Medical University, na região central da Ucrânia.

"Houve uma sensaçãowww pagbetvazio", diz Oleh Yefymenko, chefe do conselho estudantil. "Muita gente conhecia ele, realmentewww pagbethistória mexeu com todo mundo."

O histórico médico mostra que Serhiy havia sido vacinado quando tinha um ano e seis anoswww pagbetidade, conforme recomendam as autoridadeswww pagbetsaúde. Mas a imunização não foi suficiente para protegê-lo, porque ele pegou o vírus do sarampo logo após adoecer com outra doença viral - mononucleose, também conhecida como febre do beijo.

"A mononucleose enfraqueceu o sistema imunológico dele,www pagbetmodo que não era capazwww pagbetcombater adequadamente o vírus do sarampo", explica a médica Alexandra Popovich, que supervisionou o tratamentowww pagbetSerhiywww pagbetseus últimos dias.

É possível que ele estivesse mais protegido se tivesse tomado um reforço recente da vacina.

Mas a lição mais importante a ser tirada da tragédia, diz Popovich, é que Serhiy não teria morrido se não tivesse sido exposto ao sarampo, se o nível da imunidadewww pagbetrebanho na população estivesse alto o suficiente.

Após a mortewww pagbetSerhiy, muitos colegas dele correram para se vacinar, conta o líder estudantil Oleg Yeminenko.

Oleh Yefymenko
Legenda da foto, Oleh Yefymenko diz que a mortewww pagbetSerhiy chocou outros alunos da universidade

Mas como estudanteswww pagbetmedicina, futuros médicos, não tinham pensado nisso antes? Na ocasião, o país já estava enfrentando surtowww pagbetsarampo havia aproximadamente dois anos.

A diretoria da universidade afirmou à BBC que realizou uma grande campanha no ano passado para incentivar os alunos a se vacinarem, alcançando uma taxawww pagbetimunizaçãowww pagbetmaiswww pagbet98%.

Segundo a instituição, os estudantes aprendem sobre vacinação "do pontowww pagbetvista da medicina baseadawww pagbetevidências, estudando imunologia, dados estatísticos, contraindicações e consequências".

Mas Kateryna Bulavinova, do Unicef, agência da ONU para as crianças, que tem ajudado o governo ucraniano na luta contra o sarampo, diz que a mortewww pagbetSerhiy Butenko mostrou que os reitores das universidades não estão fazendo o suficiente,www pagbetuma maneira geral, para proteger os estudantes.

"Na minha opinião pessoal, esta é uma situação horrível porque era evitável", afirma.

"Para mim, é um grande mistério, porque é o terceiro anowww pagbetsurto na Ucrânia com estatísticas significativaswww pagbetpessoas que pegaram sarampo. Mas ainda assim os reitoreswww pagbettodas as universidadeswww pagbetmedicina não se posicionaram no que diz respeito à proteção dos estudantes."

"A principal questão éwww pagbetrelação aos próprios profissionaiswww pagbetsaúde. Temos cada vez mais jovens médicos que não têm ideia sobre imunização, ou duvidam da imunização, ou são contra a imunização".

Ulana Suprun, ministra da saúde, também acredita que os próprios médicos são os principais propagadoreswww pagbetdúvidaswww pagbetrelação às vacinas.

Menino sendo vacinadowww pagbetLviv
Legenda da foto, Alguns médicos na Ucrânia aprendem que não vacinar é benéfico para as crianças no longo prazo

Ela diz que alguns estudanteswww pagbetmedicina aprendem que as vacinas não são necessárias. A justificativa é baseada na crençawww pagbetque é melhor para uma criança contrair a doença, porque estaria imunizada assim pelo resto da vida.

"Quando você tem acadêmicos nesse nível ensinando aos novos médicos que eles não precisam vacinar as crianças, isso realmente gera confusão", diz Suprun.

"Temos professores que acreditam que a vacinação contra o sarampo durante a temporada da gripe,www pagbetoutubro a maio, por exemplo, é um procedimento perigoso, porque causará imunossupressão. Isso é um mito, é uma informação falsa. É perigoso para o país", afirma Fedir Lapiy, consultorwww pagbetimunização do governo.

Suprun diz que não é possível acabar com a desinformação por parte dos profissionaiswww pagbetsaúde e acadêmicos da área médica porque as universidades são independentes e atualmente não há meioswww pagbetretirar as qualificações profissionais. Mas um sistema para conceder licença a médicos, que tornará isso possível, está sendo introduzido agora.

Fedir Lapiy
Legenda da foto, Fedir Lapiy diz que alguns acadêmicos estão espalhando mitos sobre a vacinação

Ela diz que muitos dos problemas que levaram à epidemia estão sendo superados. As vacinas são obtidas pelo Unicef, que ajudou o governo a visitar hospitais e clínicas para garantir a manutenção da cadeiawww pagbetrefrigeração.

"As vacinas que foram dadas no último ano ou nos últimos dois anos, sabemos que funcionam", diz ela. "Vacinamos no ano passado maiswww pagbet900 mil pessoas e não tivemos nenhuma morte ou complicações sérias decorrentes da vacina."

As brigadaswww pagbetvacinação itinerantes percorreram as regiões mais atingidas pela epidemia para imunizar as crianças que não tinham sido vacinadas. A vacinação gratuita também está disponível para todos os adultos agora.

No ano passado, 90% das criançaswww pagbetum ano e seis anos foram vacinadas contra o sarampo. Mas ainda resta uma enorme quantidadewww pagbetcrianças e adultos que não foram vacinados no momento certo nos anos anteriores.

E o Unicef ​​estima que até 30% dos certificadoswww pagbetvacinação podem ser falsificados.

"Quando os pais são informados que é necessário vacinar os filhos para que frequentem a escola, eles vão aos médicos e, infelizmente, compram certificadoswww pagbetvacinação", explica Suprun.

Na regiãowww pagbetLviv, a mais atingida, ela conta que "quando fomos ao departamentowww pagbetsaúde (regional) e perguntamos quantas crianças precisariam ser vacinadas, nos disseram quewww pagbetacordo com os registros eram 22 mil".

"Mas quando fomos às escolas, e verificamos quais registros eram verdadeiros, descobrimos que 50 mil crianças precisavam ser vacinadas, porque 28 mil tinham certificadoswww pagbetvacinação falsos."

Veronika Sidorenko e os filhos
Legenda da foto, A ativista Veronika Sidorenko não vacinou os filhos

Por lei, as crianças ucranianas têm que ser vacinadas contra certas doenças, incluindo sarampo, para frequentar escolas públicas. Mas a legislação nem sempre é respeitada, e também é contestada por alguns pais, incluindo Veronika Sidorenko, fundadorawww pagbetum movimento chamado "Vacinação - Liberdadewww pagbetEscolha" (em tradução livre).

Os três filhos dela não são vacinados.

"Quando comparei o riscowww pagbetcontrair a doença, contra a qual nós vacinamos, e o risco das consequências da imunização, decidi não vacinar", diz ela.

De acordo com a OMS, o riscowww pagbetsofrer uma reação alérgica grave ao vírus do sarampo éwww pagbetumwww pagbetcada um milhão. Mas Veronika desconfia das estatísticas da OMS. Ela acha que a campanha pela vacinação universal é impulsionadawww pagbetparte pelo lobby da indústria farmacêutica.

"Se tivéssemos pesquisaswww pagbetlarga escala - digamos mil crianças não-vacinadas e mil vacinadas, e pudéssemos traçar suas vidas até os 50 anos - poderíamos afirmar que [a vacinação previne surtoswww pagbetsarampo]. Mas nós não temos isso e ninguém vai fazer isso, então acredito que não podemos dizer com certeza."

Quando questionada sobre o fatowww pagbetque suas escolhas estão colocando outras criançaswww pagbetperigo, ela diz não acreditarwww pagbetimunidade coletiva.

Enquanto isso, a epidemia na Ucrânia continua a se alastrar, com quase tantos casos novos registrados nos últimos seis meses quantowww pagbettodo o ano passado. A 39ª vítimawww pagbetcomplicações decorrentes do sarampo morreu neste mês.

"Esta é a era dos iPhones ewww pagbettodos os tiposwww pagbettecnologiawww pagbetponta", diz Kateryna Bulavinova, do Unicef.

"Ter um número tão altowww pagbetpessoas morrendowww pagbetuma doença completamente evitável é horrível."

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