Da guerra comercial à crise nuclear no Irã: o que Bolsonaro defende sobre os 4 temas que dominam o G20:10 giros gratis betano
E reúne aqui o que Bolsonaro já disse (ou não) sobre cada um desses temas.
Guerra comercial entre EUA e China
A grande expectativa para o G20 está relacionada a uma agenda paralela entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping.
Os dois líderes vão se reunir para negociar os rumos da guerra comercial travada desde abril10 giros gratis betano2018, quando o americano anunciou aumento das tarifas sobre aço e alumínio importados da China.
Desde então, os dois países têm travado uma batalha que consiste10 giros gratis betanoaumentos mútuos10 giros gratis betanoimpostos sobre importações e retaliações a empresas americanas e chinesas que operam nos seus territórios.
O pano10 giros gratis betanofundo dessa briga tem a ver com dois fatores: disputa por protagonismo tecnológico e a preocupação dos EUA com o déficit do lado americano10 giros gratis betanocerca10 giros gratis betanoR$ 3,4 trilhões por ano no comércio com a China.
Foi numa reunião do G20, no ano passado na Argentina, que Trump e Xi chegaram a um acordo para uma trégua10 giros gratis betano90 dias na guerra comercial.
Mas, desde então, a crise escalou e,10 giros gratis betanoabril, os EUA subiram10 giros gratis betano10% para 25% a tarifa10 giros gratis betanoimportação sobre US$ 200 bilhões10 giros gratis betanoprodutos importados chineses. O governo Trump também impôs restrições para que a gigante10 giros gratis betanotecnologia chinesa Huawei opere nos EUA.
Por causa das novas regras americanas, até o Google teve10 giros gratis betanorevisar serviços, aplicativos e atualizações para smartphones fabricados pela Huawei.
"Trump tem insistindo10 giros gratis betanoter uma outra reunião bilateral com o presidente chinês e isso indica que ele está pronto para firmar um acordo. E isso é10 giros gratis betanointeresse da China, que está com a economia desacelerando", disse à BBC News Brasil o professor John Kirton, chefe do grupo10 giros gratis betanoestudos do G20 da Universidade10 giros gratis betanoToronto.
"Não acho que haverá uma solução definitiva para a guerra comercial, mas é possível haver uma trégua."
O que Bolsonaro já disse sobre a guerra comercial
A guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo tem impacto direto no Brasil, que tem a China como principal parceiro comercial e os EUA como o segundo.
Durante a campanha para presidente e quando era deputado federal, Bolsonaro fez diversas críticas à China, acusando o gigante asiático10 giros gratis betanoestar "comprando" o Brasil.
Desde que tomou posse, o presidente tem se aproximado fortemente do governo Trump, sugerindo até a intenção10 giros gratis betanopromover um alinhamento automático com os americanos.
Em março, Bolsonaro fez10 giros gratis betanoprimeira visita10 giros gratis betanoEstado aos Estados Unidos. Na ocasião, Trump disse, ao lado10 giros gratis betanoBolsonaro no Salão Oval da Casa Branca, "que a relação com o Brasil nunca esteve tão boa".
Ao final da viagem, o presidente brasileiro chegou a trocar seu bordão10 giros gratis betanocampanha para incluir os EUA. "Brasil e Estados Unidos acima10 giros gratis betanotudo. Brasil acima10 giros gratis betanotodos", disse, alterando o slogan que era "Brasil acima10 giros gratis betanotudo, Deus acima10 giros gratis betanotodos".
Mas a relação com Trump e as críticas do passado10 giros gratis betanorelação à China não se reverteram, até agora,10 giros gratis betanoações para restringir o comércio com Pequim. E Bolsonaro inclusive anunciou que pretende visitar a Chia no segundo semestre deste ano.
Mas será que o Brasil vai tomar partido se a crise entre EUA e China escalar?
A tendência, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, é que o governo brasileiro se mantenha neutro. Até agora as declarações feitas por Bolsonaro sobre a guerra comercial foram no sentido10 giros gratis betanominimizar a disputa.
Em maio, durante viagem que fez aos Estados Unidos para receber um prêmio da Câmara10 giros gratis betanoComércio Brasil-EUA, ele afirmou que o "pequeno problema econômico" entre EUA e China pode "beneficiar" o Brasil.
De fato, no curto prazo, o Brasil tem conseguido aumentar as exportações10 giros gratis betanocommodities para a China,10 giros gratis betanosubstituição a produtos americanos que passaram a ser sobretaxados pelo governo chinês.
No longo prazo, porém, se a guerra comercial escalar, economistas alertam que todos tendem a perder com uma desaceleração global.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem sido mais explícito10 giros gratis betanogarantir que o Brasil deverá adotar uma postura10 giros gratis betanoneutralidade.
"Como disse o ministro Ernesto Araújo [Relações Exteriores], nós somos um país do Ocidente, somos uma democracia e sabemos quem nos inspira. Mas os Estados Unidos vêm fazendo comércio com a China há décadas, por que nós não podemos fazer?", questionou Guedes a uma plateia10 giros gratis betanoinvestidores10 giros gratis betanoWashington.
"Sabe quem tem mais investimento direto aqui nos Estados Unidos? Os chineses. Então, por que nós não podemos fazer comércio com a China e deixar que eles invistam no Brasil10 giros gratis betanoferrovias para transportar nossa soja?"
Em entrevista à BBC News Brasil, o economista britânico Jim O'Neill, conhecido como "pai do Brics", também defendeu que o Brasil mantenha boas relações políticas e comerciais com ambos os países.
O'Neill cunhou o termo "Bric" num relatório econômico para o banco Goldman Sachs quando era economista-chefe da instituição. Posteriormente, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e, mais recentemente, África do Sul seria formalmente criado.
"Sob o aspecto econômico, se os países realmente tiverem10 giros gratis betanooptar, muitos deles, e acho que o Brasil também, seriam loucos se não escolhessem a China", adverte O'Neill.
"A China se tornou muito mais importante para esses países- no caso do Brasil pela compra10 giros gratis betanocommodities- do que os Estados Unidos", lembra.
Livre comércio x protecionismo
Diante da guerra comercial entre Estados Unidos e China, a discussão sobre protecionismo x livre mercado será o principal foco dos debates coletivos entre os líderes das 20 maiores economias do mundo.
Num artigo para o livro G20 Japan: The 2019 Osaka Summit, lançado no dia 19, Bolsonaro indicou que se juntará às vozes que defendem as regras10 giros gratis betanolivre comércio, embora tenha se aproximado fortemente do governo Trump nos primeiros seis meses10 giros gratis betanogoverno e, internamente, dado sinais10 giros gratis betanoque pretende controlar preços da Petrobras.
A publicação foi organizada pelo professor John Kirton, diretor do grupo10 giros gratis betanopesquisa sobre o G20 da Universidade10 giros gratis betanoToronto.
"Estamos resgatando a vocação10 giros gratis betanolivre concorrência do Mercosul e vamos priorizar negociações que já estejam10 giros gratis betanoestágio avançado, como a negociação com a União Europeia e o Canadá", disse o presidente brasileiro, acrescentando que iniciará negociações10 giros gratis betanocomércio com Cingapura, Nova Zelândia e Estados Unidos.
No artigo, Bolsonaro também reforça a intenção do Brasil10 giros gratis betanointegrar a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, ao abordar esse ponto, volta a se dizer comprometido com o livre comércio.
A OCDE é formada por um seleto grupo10 giros gratis betanopaíses, a maioria desenvolvidos e com grandes economias. Fazer parte dessa organização funciona como uma espécie10 giros gratis betanochancela10 giros gratis betanocredibilidade internacional e10 giros gratis betanoboas práticas comerciais.
"Com a mesma determinação, desejamos nos juntar à OCDE, sem atraso. Só temos a ganhar10 giros gratis betanoadotar as melhores práticas internacionais e trocas com outros países abertos ao comércio e ao fluxo10 giros gratis betanoinvestimentos."
Segundo o professor John Kirton, por representar uma das maiores economias emergentes, Bolsonaro deverá ser ouvido com atenção em10 giros gratis betanodefesa pelo livre mercado e por reformas que tornem a Organização Mundial do Comércio mais eficaz.
"A postura10 giros gratis betanoBolsonaro quanto à liberalização econômica faz dele uma voz importante entre países emergentes e10 giros gratis betanodesenvolvimento, principalmente no tocante à defesa10 giros gratis betanoregras para conter os amplos subsídios adotados por países europeus e pelos EUA à agropecuária", disse à BBC News Brasil.
Crise nuclear no Irã
Se na área econômica a guerra comercial entre EUA e China será o centro das atenções do G20, a preocupação mais séria10 giros gratis betanorelação à paz mundial vem da crise nuclear iraniana.
Na semana passada, o Irã derrubou um drone militar americano, provocando uma escalada da tensão.
Segundo a imprensa dos EUA, o presidente Trump chegou a considerar a possibilidade10 giros gratis betanoatacar a república islâmica, mas acabou optando por impor novas sanções econômicas ao país.
O Irã já está com a economia abalada desde que o presidente americano rompeu o acordo nuclear10 giros gratis betano2015 que limitava o enriquecimento10 giros gratis betanourânio iraniano10 giros gratis betanotroca da retirada10 giros gratis betanosanções internacionais ao país.
O rompimento,10 giros gratis betano2018, foi amplamente criticado pela União Europeia, já que auditorias técnicas das Nações Unidas não haviam apontado descumprimento das regras por parte do governo iraniano.
Desde então, os EUA vêm impondo barreiras econômicas ao Irã e punindo países e empresas que comercializam com aquela nação.
A crise tem gerado pressões sobre o preço do combustível no mundo todo, já que o Irã é um dos maiores exportadores do recurso e tem tido dificuldade para vender seu produto por causa das sanções americanas.
Como o G20 tende a priorizar discussões econômicas, o viés do aumento do preço mundial dos combustíveis deve entrar na agenda10 giros gratis betanodebate, podendo levar a uma discussão sobre as ameaças que a crise entre EUA e Irã causam ao mundo, avalia o professor Kirton.
O tópico da crise do Irã também pode ser mencionado pelos líderes do G20 quando estiverem discutindo combate ao terrorismo e não proliferação10 giros gratis betanoarmas nucleares, tópicos que, segundo Kirton, são padrão na agenda10 giros gratis betanotodos os encontros do grupo.
"Agora, não se sabe se Shinzo Abe (premiê do Japão) dará tempo para uma discussão coletiva sobre a questão iraniana. É possível que ele deixe esse tópico para tratativas bilaterais, dado que o Japão tem uma relação especial com o Irã", diz Kirton.
No âmbito das discussões paralelas do G20, o tópico da crise nuclear iraniana deve ser abordado principalmente durante reunião bilateral entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O que Bolsonaro já disse sobre o Irã
Bolsonaro não tem comentado sobre a escalada da tensão entre EUA e Irã.
Mas, na prática, a forte aproximação do Brasil com Israel e Estados Unidos distancia nosso país politicamente10 giros gratis betanopaíses árabes e do Irã, acabando com uma longa tradição10 giros gratis betanoneutralidade da diplomacia brasileira.
Durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, o governo iraniano chegou a sugerir que o Brasil atuasse como mediador das negociações nucleares.
Lula chegou a ir a Teerã10 giros gratis betano2010 para negociar um acordo com os iranianos, mas os EUA ignoraram essas negociações, firmando um entendimento com Teerã apenas cinco anos depois.
No governo Bolsonaro, os planos10 giros gratis betanotransferir a embaixada brasileira10 giros gratis betanoTel Aviv para Jerusalém geraram amplas críticas do Irã.
O porta-voz das Relações Exteriores iraniano, Bahram Ghasemi, chegou a dizer que a decisão do Brasil ameaça a segurança no Oriente Médio.
Após ampla pressão do Irã e10 giros gratis betanonações árabes, Bolsonaro acabou postergando a transferência da embaixada e abrindo um escritório comercial10 giros gratis betanoJerusalém.
Mas, apesar10 giros gratis betanoo governo brasileiro ter rompido com a tradição10 giros gratis betanoneutralidade e se aliado a Israel, nenhum movimento foi feito no sentido10 giros gratis betanotomar partido quanto à atual disputa entre Irã e EUA sobre o programa nuclear iraniano.
Segundo o jornal Folha10 giros gratis betanoS.Paulo, integrantes do governo americano chegaram a pressionar o governo brasileiro a adotar uma postura mais dura10 giros gratis betanorelação ao Irã, mas não conseguiram obter o apoio do Brasil.
Mudanças climáticas
Outro tema que receberá atenção no G20 é o combate às mudanças climáticas.
Em artigo sobre os tópicos10 giros gratis betanodiscussão do encontro entre os líderes das 20 maiores economias do mundo, o primeiro-ministro japonês defendeu que seja dado amplo enfoque no estímulo10 giros gratis betanonovas tecnologias que visem a reduzir o impacto negativo do homem sobre o clima global.
"Os compromissos assumidos no Painel Intergovernamental10 giros gratis betanoMudanças Climáticas para limitar o aumento da temperatura da atmosfera a 1,5 grau Celsius até 2100 não serão alcançáveis apenas por regulação", alertou Shinzo Abe.
No quesito mudanças climáticas, o Brasil deverá ser particularmente pressionado pelos demais membros do G20, por possuir grande parte da maior floresta tropical do mundo.
Segundo o professor10 giros gratis betanopolítica econômica e desenvolvimento Diego Sánchez-Ancochea, da Universidade Oxford, a imagem internacional do governo Bolsonaro na área ambiental,10 giros gratis betanogeral, não é boa.
Mas, segundo ele, o fato10 giros gratis betanoos Estados Unidos também serem uma importante voz10 giros gratis betanoceticismo quanto ao aquecimento global poderá provocar uma divisão no G20 entre os que defendem mais ações10 giros gratis betanoproteção ambiental e os que não consideram essa questão uma prioridade.
"Como o governo Trump é cético quanto ao aquecimento global, será difícil ver uma crítica unânime a Bolsonaro. É mais provável que vejamos divisão no G20 sobre o que fazer com o meio ambiente."
Em entrevista à BBC News Brasil, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que a mensagem que o governo Bolsonaro levará ao G20 é10 giros gratis betanoque é preciso diversificar as atividades econômicas na Amazônia.
Segundo ele, é necessário oferecer alternativas10 giros gratis betanoemprego e renda para a população da região, para que as pessoas não se sintam atraídas por atividades ilegais que gerem desmatamento.
Salles também disse que quer atrair investimento estrangeiro para abrir negócios dentro e no entorno da floresta.
Entre as atividades que o governo pretende estimular estão mineração e exploração dos recursos hídricos da Amazônia para geração10 giros gratis betanoenergia.
O ministro também afirmou que o governo brasileiro deverá cobrar, no G20, que países ricos compensem o Brasil e o produtor rural pela preservação da floresta.
"É uma maneira10 giros gratis betanonós dizermos ao mundo: 'Estamos preservando, mas precisamos ser remunerados por isso'", disse.
Para Kirton, chefe do grupo10 giros gratis betanopesquisa sobre o G20 da Universidade10 giros gratis betanoToronto, a postura do governo10 giros gratis betanorelação ao meio ambiente pode acabar gerando prejuízos ao Brasil10 giros gratis betanoorganismos internacionais.
Ele dá o exemplo do pleito brasileiro10 giros gratis betanointegrar a OCDE. Recentemente, o Brasil obteve seu primeiro "ganho" com a aproximação entre Bolsonaro e Trump, quando os EUA se posicionaram formalmente a favor da entrada do Brasil no grupo.
No entanto, segundo Kirton, para obter o apoio10 giros gratis betanopaíses europeus, o governo Bolsonaro terá10 giros gratis betanose mostrar mais comprometido com o meio ambiente.
"O Brasil quer entrar na OCDE e praticamente todos os países que integram o grupo, com exceção dos Estados Unidos, acreditam numa solução multilateral liderada pela ONU para controlar as mudanças climáticas", destaca Kirton.
"Se o Brasil quer avançar no seu desejo10 giros gratis betanofazer parte da OCDE, vai ter10 giros gratis betanoadotar uma posição mais respeitável sobre mudanças climáticas, o que Bolsonaro não tem feito até agora."
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