Brasil seria louco se, entre EUA e China, escolhesse EUA, diz britânico ‘pai dos Brics’:grupo de palpites pixbet

Jim O'Neill

Crédito, Cortesia Jim O`Neill

Legenda da foto, Em entrevista à BBC News Brasil, Jim O'Neill diz que o Brasil tem mais a ganhar a China que com os EUA

Desde que tomou posse, Bolsonaro deixou clara a intençãogrupo de palpites pixbetse aproximar fortemente do governo americano. Mas, embora durante a eleição Bolsonaro tenha feito duras críticas à China, acusando o paísgrupo de palpites pixbettentar "comprar o Brasil", desde que assumiu a Presidência ele não adotou nenhuma ação para reduzir o comércio com os chineses.

O'Neill, integrante da Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico e ex-secretário do Tesouro do Reino Unido, observa que a China oferece um mercado consumidor para os produtos brasileiros muito maior que o americano. São 1,3 bilhãogrupo de palpites pixbetpessoas vivendo no país asiático contra 327 milhões, nos EUA. E os americanos ainda competem com o Brasil na exportaçãogrupo de palpites pixbetdiversas commodities, como a soja, enquanto a China é compradora.

E mesmogrupo de palpites pixbetdesaceleração, a China oferece mais possibilidadesgrupo de palpites pixbetinvestimentosgrupo de palpites pixbetoutros países que os EUA, principalmente no setorgrupo de palpites pixbetinfraestrutura.

Mas, se na áreagrupo de palpites pixbetcomércio exterior O'Neill considera que pode ser um erro apostar as fichas nos EUAgrupo de palpites pixbetvez da China, ele é otimista quanto à gestão do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Jim O'Neill

Crédito, Cortesia Jim O'Neill

Legenda da foto, Jim O'Neill foi o criador do termo BRIC, para se referir a Brasil, Rússia, Índia, China, países que, na visão do economista, representariam possíveis grandes potências globais

"Apesar do estilo peculiar, à la Trump, do presidente brasileiro, acho quegrupo de palpites pixbetescolhagrupo de palpites pixbetministros, especialmente na áreagrupo de palpites pixbetfinanças, mostra que o Brasil está focandogrupo de palpites pixbetquestões que pessoas como eu vêm dizendo há anos serem vitais para o potencialgrupo de palpites pixbetcrescimento do Brasil", disse.

Veja os principais trechos da entrevista.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O que esperar dos Brics durante o governo Bolsonaro, considerando que o presidente brasileiro defendeu diversas vezes aliança com os Estados Unidos e relações bilateraisgrupo de palpites pixbetdetrimentogrupo de palpites pixbetmultilaterais, alémgrupo de palpites pixbetter feito recentemente críticas à China?

grupo de palpites pixbet Jim O'Neill - Partegrupo de palpites pixbetmim está até surpresagrupo de palpites pixbetver que ele irá para a reunião, considerando o que ele aparentemente tem dito. Mas vemos que, historicamente, é fácil para novos líderes dizerem algo e a realidade da vida modificar a forma como se comportam. Então, será muito interessante ver como será a reunião com a participação dessa pessoa intrigante que o Brasil elegeu como presidente.

Eu também diria que não está claro o que os líderes dos Bricsgrupo de palpites pixbetfato alcançaramgrupo de palpites pixbetconcreto desde que criaram o grupo, alémgrupo de palpites pixbetsimbolizarem essa crença compartilhadagrupo de palpites pixbetque grandes economias emergentes precisamgrupo de palpites pixbetuma voz coletiva mais forte para além dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos.

Quando você olha para o que disseram, foram grandes declarações, mas poucas ações. Eles deveriam se perguntar o que foi feito, entre eles, que resultougrupo de palpites pixbetmaior crescimento econômico para os países dos Brics,grupo de palpites pixbetconjunto ou individualmente.

A segunda parte é sabergrupo de palpites pixbetque devem focar para melhorar a performance econômica dos países dos Brics.

Talvez o surgimentogrupo de palpites pixbetum líder não convencional possa mudar a forma como o grupo opera. Não tenho grandes expectativas. Como a pessoa que criou o termo, tenho o melhor dos interessesgrupo de palpites pixbetver os Brics prosperarem, mas gostariagrupo de palpites pixbetver o bloco mais focado e menos generalista.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Seria muito cedo ou radical dizer que o Brics está morrendo enquanto grupo organizado?

Xi Jinping e Vladimir Putin

Crédito, EPA/ALEXEI DRUZHININ

Legenda da foto, Para 'pai dos Brics', bloco se torna ainda mais importante diante das tensões entre Estados Unidos, China e Rússia. Xi Jinping e Vladimir Putin podem usar os BRICS para articulações contra ofensivas americanas

grupo de palpites pixbet O'Neill - Do lado econômico, certamente é o caso. Só 2 dos 4 integrantes originais e, se você incluir a África do Sul, só 2 dos 5 países-membros tiveram um desempenho econômico próximo do que eu previ originalmente. Brasil e Rússia tiveram uma década extremamente decepcionante. E a África do Sul, que eu nunca achei que deveria ser incluída no grupo, tem estado próxima à recessão desde que entrou para o grupo.

Então, compreendo porque algumas pessoas dizem isso (que os Brics estão morrendo). Mas os Brics simbolizam algo muito importante para todos os membros. China e Índia têm muitas discordâncias e raramente se reúnem fora dos Brics. É interessante ver que o presidente Xi Jinping parece satisfeitogrupo de palpites pixbetaceitar dialogar com a Índia no âmbito dos Brics, porque o grupo simboliza o crescimento do mundo emergente.

Portanto, acho improvável que os Brics desapareçam enquanto China, Índia e Rússia estiverem onde estão. E, por causagrupo de palpites pixbetDonald Trump e da disputa com a China, acredito que os chineses e russos,grupo de palpites pixbetparticular, podem passar a dar aos Brics uma importância ainda maior do que quando ele foi criado 20 anos atrás.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - É uma estratégia inteligente a do Brasilgrupo de palpites pixbetoptar por um alinhamento com os Estados Unidosgrupo de palpites pixbetvezgrupo de palpites pixbetestreitar as relações com a China?

Bolsonaro e Trump

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Sob o aspecto econômico, se os países realmente tiverem que optar, muitos deles, e acho que o Brasil também, seriam loucos se não escolhessem a China', diz Jim O'Neill

grupo de palpites pixbet O'Neill - Com certeza não. Eu acho que, entre as várias razões pelas quais eu criticaria Trump, não é razoável que os Estados Unidos forcem os países a tomarem esse tipogrupo de palpites pixbetdecisão estúpida. O mundo precisa acomodar tanto Estados Unidos quanto China. É uma bobagem seguir esse caminho. Sob o aspecto econômico, se os países realmente tiverem que optar, muitos deles, e acho que o Brasil também, seriam loucos se não escolhessem a China.

A China se tornou muito mais importante para esses países - no caso do Brasil pela compragrupo de palpites pixbetcommodities brasileiras - do que os Estados Unidos. Não é razoável que o Brasil tenha que fazer uma escolha e não seria lógico para o Brasil optar pelos Estados Unidosgrupo de palpites pixbetvezgrupo de palpites pixbetChina. Não seria razoável nem para o Reino Unido fazer essa escolha, imagine para o Brasil.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Mas, recentemente, o Brasil alcançou seu primeiro retornogrupo de palpites pixbetaumentar as relações com Trump, com os EUA declarando oficialmente apoio à entrada do Brasil à OCDE. É um ganho significativo?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Simbolicamente, se o Brasil entrar para a OCDE, isso será um reconhecimento ou um certificadogrupo de palpites pixbetuma nação mais sofisticada. Mas isso não influenciagrupo de palpites pixbetnadagrupo de palpites pixbettornar o Brasil uma economia mais forte ou numa sociedade mais rica, se não forem adotadas as políticas necessárias.

E é claro que, para crescer, é importante que o Brasil continue a vender o que precisa vender para os grandes mercados, particularmente a China. Não consigo acreditar que o presidente brasileiro chegue ao pontogrupo de palpites pixbetantagonizar deliberadamente com a China a pontogrupo de palpites pixbetcriar uma disputa comercial própria.

Então, independentementegrupo de palpites pixbetentrar ou não para a OCDE, não seria inteligente para o Brasil tomar partido contra a China.

Jair Bolsonaro

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, 'Apesar do estilo peculiar, a la Trump, do presidente brasileiro, acho quegrupo de palpites pixbetescolhagrupo de palpites pixbetministros, especialmente na áreagrupo de palpites pixbetfinanças, mostra que o Brasil está focandogrupo de palpites pixbetquestões que pessoas como eu vêm dizendo há anos que são vitais para o potencialgrupo de palpites pixbetcrescimento do Brasil', diz O'Neill

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O Brasil chega enfraquecido para o G20grupo de palpites pixbetcomparação com o que foi nos anos anterioresgrupo de palpites pixbettermos econômicos egrupo de palpites pixbetinfluência diplomática?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Assim como não está claro para mim o que os líderes dos Brics alcançaram, também não está claro para mim que o G20 tenha alcançado alguma coisa desde 2009. O país-sede introduz seus tópicos e isso ganha alguma atençãogrupo de palpites pixbetconjunto com o tópico do momento, no caso a guerra comercial, egrupo de palpites pixbetdois anos esse assunto já sai da agenda.

Então, se o Brasil terá algum destaque ou será propriamente ouvido no G20, na minha opinião, não é uma questão importante. O G20 estágrupo de palpites pixbetriscogrupo de palpites pixbetperdergrupo de palpites pixbetinfluência coletiva. É o grupo adequado para a discussão dos grandes problemas mundiais, mas por muitos anos tem feito declarações, mas não açõesgrupo de palpites pixbetrelação ao que é dito.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O que deve ser requisitado do Brasil no G20? A pauta, no caso brasileiro, tende a se restringir a meio ambiente grupo de palpites pixbet ?

grupo de palpites pixbet O'Neill - As áreasgrupo de palpites pixbetque seria demandado um papel mais proeminente do Brasil estariam relacionadas a questões ambientais, mudanças climáticas, segurança alimentar e a discussão sobre riscos globais à saúde causados pela resistência a antibióticos, por causa do usogrupo de palpites pixbetantibióticos na agricultura.

Acho que o Brasil vai receber alguma atenção dos líderes do G20 caso se dedique a esses assuntos.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O Brasil passou por um períodogrupo de palpites pixbetrecessão, voltou a crescergrupo de palpites pixbet2017, mas os resultados ainda são fracos. O sr. ainda acredita que o país está predestinado a se tornar uma das maiores economias do mundo num futuro próximo grupo de palpites pixbet ?

Soja

Crédito, REUTERS/Ueslei Marcelino

Legenda da foto, Principal produto exportado pelo Brasil à China é a soja. Para ex-secretário do Tesouro do Reino Unido, Brasil precisa quebrar a dependência na exportaçãogrupo de palpites pixbetcommodities. Mas, relação com a China é necessária para financiar políticasgrupo de palpites pixbetindustrialização

grupo de palpites pixbet O'Neill - As pessoas esquecem, mas eu dizia com frequência nos primeiros anos do conceito dos Brics, quando todas essas economias iam muito bem,grupo de palpites pixbetespecial o Brasil, que não conseguiríamos testar a probabilidadegrupo de palpites pixbeto Brasil emergir como uma grande economiagrupo de palpites pixbetclasse média até que se livrasse da dependência na exportaçãogrupo de palpites pixbetcommodities (produtos primários, não industrializados).

As sementes dos problemas atuais do Brasil estão na queda dos preços das commodities, no início dessa década. O Brasil ainda precisa demonstrar que pode se liberar da necessidadegrupo de palpites pixbetpreços elevadosgrupo de palpites pixbetcommodities no mercado internacional.

Por isso, algumas políticas defendidas pelo ministro da Economia do Brasil, como a aprovação da reforma da Previdência, são tão importantes para o futuro econômico do Brasil.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O maior erro do Brasil nos últimos anos foi não ter sido capazgrupo de palpites pixbetdiversificar a economia e se industrializar, especialmente durante o período do boom das commodities, quando tinha recursos para isso?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Com certeza. Nesses 20 anosgrupo de palpites pixbetBrics ficou demonstrado que o Brasil sofre as consequências da maldição das commodities e precisa se esforçar muito mais - e Austrália e Canadá são exemplosgrupo de palpites pixbetque isso é possível - para garantir que as sociedades sobrevivam à volatilidade do preço das commodities.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Muitos dizem que estamos próximos da chegada da Era da Ásia, quando o PIB combinado dos países asiáticos vai superar a soma das economias dos países ocidentais. Como o Brasil deve se preparar para isso?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Embora eu compartilhe da crençagrupo de palpites pixbetque estamos numa eragrupo de palpites pixbetcrescimento cada vez maior da influênciagrupo de palpites pixbetpaíses asiáticos, isso ainda não é uma certeza. Mas eu acho que os países devem se preparar tanto para as oportunidades da Era da Ásia quanto para os riscos.

Isso se aplica ao Brasil, assim como para o Reino Unido e qualquer outro país. É importante tentar manter e melhorar as relações bilaterais com China, Índia, Indonésia e Vietnã, porque eles parecem ter algumas décadasgrupo de palpites pixbetprosperidade pela frente e tendem a se tornar mercados consumidores importantes e investidores.

Ao mesmo tempo, é desaconselhável apostar todas as fichas nisso. Para isso, é importante aumentar a eficácia das reuniões dos Brics e do G20. Os Estados Unidos continuarão importantes, e China e outros países asiáticos se tornarão mais importantes relativamente ao restante do mundo.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Qual é a avaliação do sr., até agora, das políticas econômicas adotadas pelo governo Bolsonaro grupo de palpites pixbet ?

Paulo Guedes, Hamilton Mourão e Jair Bolsonaro

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, Para Jim O'Neill, é crucial que o Brasil aprove a reforma da Previdência para que volte a crescer

grupo de palpites pixbet O'Neill - Só se passaram seis meses, então precisamosgrupo de palpites pixbetmais tempo para fazer uma análise. Apesar do estilo peculiar "trumpesco" do presidente brasileiro, acho quegrupo de palpites pixbetescolhagrupo de palpites pixbetministros, especialmente na áreagrupo de palpites pixbetfinanças, mostra que o Brasil está focandogrupo de palpites pixbetquestões que pessoas como eu venho dizendo há anos que são vitais para o potencialgrupo de palpites pixbetcrescimento do Brasil.

Eu realmente espero que a reforma da Previdência seja aprovada e efetivada. Se isso ocorrer, será um grande feito.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Que outras políticas o Brasil deveria priorizar para retomar o crescimento, além da aprovação da reforma da Previdência?

grupo de palpites pixbet O'Neill - O Brasil deve fazer mais para criar um ambiente que favoreça investimentos do setor privado, retirando a concentraçãogrupo de palpites pixbetinvestimentos do setor público e do setorgrupo de palpites pixbetcommodities. É um paísgrupo de palpites pixbetcercagrupo de palpites pixbet200 milhõesgrupo de palpites pixbethabitantes. É número suficiente para gerar uma considerável atividade econômica interna, como é o caso dos Estados Unidos, Japão, Alemanha e China.

Mas isso só acontece se você gerar ambiente para empresas assumirem risco e fazerem investimentos. E, para isso, é preciso haver uma estratégia fiscal coerente, com redução dos gastos do governo e um ambientegrupo de palpites pixbetmenor inflação e juros. Isso pode ocorrer se a reforma previdência for aprovada.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - O mundo tem assistido a uma volta do protecionismo por grandes potências, particularmente os Estados Unidos na guerra comercial com a China. O Brasil tem que se abrir e liberalizar ou precisa proteger seus mercados diante dessa disputa?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Parte do dilema do Brasil vem exatamente do fatogrupo de palpites pixbetele ter sido protecionista. A participação do Brasil no comércio internacional, fora do âmbito da vendagrupo de palpites pixbetcommodities, é muito pequena. Protecionismo é a última coisa que o Brasil deve fazer.

Os Estados Unidos ainda são a maior economia do mundo, mas para quase metade dos países do mundo, o Brasil inclusive, a China é a maior compradora dos produtos exportados. O fatogrupo de palpites pixbetos Estados Unidos estarem adotando essa estratégia protecionista não significa que os outros países devem copiar, muito menos o Brasil.

grupo de palpites pixbet BBC News Brasil - Qual deve ser o foco do G20 este ano grupo de palpites pixbet ?

grupo de palpites pixbet O'Neill - Infelizmente, o que deve dominar o G20 são as discussões paralelas entre Trump e Xi Jinping sobre a guerra comercial. Trump sempre parece querer viver no mundogrupo de palpites pixbetacordos bilaterais, o que eu acho que é inapropriado, mas ele deve fazer o mesmo no G20.

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