Estudantes aprovam indenização a descendentesbanca apostanegros vendidos como escravos por universidade dos EUA:banca aposta

Hannah, Melisande, Hunter e Samantha
Legenda da foto, Hannah, Melisande, Hunter e Samantha, estudantes da universidade, conduziram a propostabanca apostapagar reparação a descendentesbanca apostanegros escravizados

A votação foi promovida pelo grupo "Students for the GU272" - o GU272 reúne os descendentes dos negros escravizados negociados pela instituição. A comissãobanca apostaeleições da universidade afirmou que 60% dos estudantes participaram da consulta pública nesta quinta-feira.

A campanha a favor da medida argumenta que os Estados Unidos construirambanca apostariqueza às custas do povo escravizado e, nos séculos que se seguiram à emancipação, promulgaram políticas para excluir os negros da divisão da riqueza do país.

Os rendimentos mais baixos, as piores condiçõesbanca apostasaúde e os elevados índicesbanca apostadetenção apresentados atualmente pela comunidade negra são destacados como vestígios deste passado.

'Pagar nossas dívidas'

A proposta prevê que todos os estudantesbanca apostagraduação da universidade paguem uma taxa semestralbanca apostaUS$ 27,20, a ser "destinada para finsbanca apostacaridade que beneficiam os descendentes", que vivem principalmente nos Estados americanosbanca apostaLouisiana e Maryland.

O valor é uma referência às 272 pessoas vendidas pela instituição no século 19, conforme relato dado ao jornal New York Times por um dos alunos envolvidos na organização da votação.

"Como estudantesbanca apostauma instituiçãobanca apostaelite, reconhecemos o grande privilégio que temos e desejamos ao menos pagar parcialmente nossas dívidas àquelas famílias cujos sacrifícios involuntários tornaram esse privilégio possível", diz trecho da proposta.

"Como indivíduos com imaginação moral, escolhemos fazer mais do que simplesmente reconhecer o passado - resolvemos mudar nosso futuro."

Melisande Short-Colomb é descendentebanca apostauma das 272 pessoas vendidas pela Universidadebanca apostaGeorgetown e se tornou aluna da instituição aos 63 anos.

"Havia trabalho escravo, possebanca apostaseres humanos e escravidão", diz Short-Colomb, apontando para os grandes prédios do campus, que a vendabanca apostaseus ancestrais ajudou a financiar.

Ela faz parte do grupo que defende a proposta e está esperançosabanca apostaque "isso vai abrir um debatebanca apostatodo o país" sobre a questão das reparações.

"As reparações e indenizações são importantes para toda a América porque somos uma sociedadebanca apostapedaços", diz ela.

"Pontes estão caindo - fisicamente, emocionalmente, mentalmente - ao nosso redor, e temos que reparar a nós mesmos".

Universidadebanca apostaGeorgetown

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A proposta prevê que todos os estudantesbanca apostagraduação da universidade paguem uma taxa semestralbanca apostaUS$ 27

Hannah Michael, aluna do segundo ano, acredita que todos os estudantes da Universidadebanca apostaGeorgetown são "beneficiários diretos" do passado escravista da organização, independentemente dabanca apostahistória pessoal.

"Eu sou filhabanca apostadois refugiados etíopes", diz Michael.

"Meus pais vieram para este país há cercabanca aposta25 anos e não têm relação com o comérciobanca apostanegros escravizados naos Estados Unidos."

No entanto, ela argumenta quebanca apostaeducação é "possível apenas por causa da escravidão e vendabanca apostaafro-americanos".

"Nossas aulas, as camasbanca apostaque dormimos, a comida que comemos, as fundações da escola foram criadas e mantidas pelo lucro obtido com a vendabanca aposta1838."

Michael tem plena consciênciabanca apostacomo a votação na Universidadebanca apostaGeorgetown reflete um debate nacional mais amplo, e espera que isso inspire mais atitudesbanca apostarelação ao tema.

"(A votação) nos diz que há coisas que podemos fazer agora para beneficiar as pessoas afetadas pela história da escravidão."

"Espero que as pessoas fora da universidade vejam que é possível lidar com a difícil história da América."

'Totalmente simbólico'

No entanto, nem todos os alunos concordam com a proposta.

Hunter Estes, que estuda política internacional, diz acreditar que a taxa é um "valor arbitrário" e "uma tentativabanca apostaagregar uma obrigação moral a todo o corpo estudantil".

Ele sugere que qualquer reparação deveria ser "opcional" para evitar "impor uma estrutura moral" que ele diz "esmagar um aspecto da liberdade".

"É movido por boas intenções", diz Estes. "Mas boas intenções não podem ser o que define a política."

Ele acredita que a universidade deveria se concentrarbanca apostaoferecer educação aos descendentes das 272 pessoas vendidas,banca apostavezbanca aposta"atacar o problema com dinheiro".

E acrescenta que é "difícil dizer" se ele foi beneficiado pessoalmente pelo históricobanca apostavendabanca apostaescravos da instituição.

"Tenho receiobanca apostaaplicar um padrãobanca apostamoralidadebanca aposta2019banca apostauma avaliação da história."

"Se ficarmos constantemente nos desculpandobanca apostarelação às questões do passado, sempre encontraremos algo para nos desculpar".

Já Sam Dubke, alunobanca apostaeconomia internacional, está preocupado com alguns aspectos práticos da proposta.

"O valorbanca apostaUS$ 27,20 é totalmente simbólico", diz ele. "Não há análise ou investigação sistemática desta quantia."

Ele também questiona como os cercabanca apostaUS$ 400 mil que se espera arrecadar no primeiro ano serão gastos, sugerindo que "não é algo que pode ser feito por um capricho".

Além disso, Dubke sugere que a ação estudantil deve ser dirigida ao Grupobanca apostaTrabalho sobre Escravidão, Memória e Reconciliação criado pela universidadebanca aposta2015 para se envolver com o passado da universidade.

"Devemos pressionar a administração da universidade a agir,banca apostavezbanca apostacontar com os estudantes para pagarem do próprio bolso".

"Os atuais alunos não são culpados pelos pecados passados ​​da instituição, e uma contribuição financeira não pode reconciliar essa dívida passadabanca apostanome da universidade", escreveu ele no jornal estudantil.

Matt Hill, porta-voz da Universidadebanca apostaGeorgetown, disse à BBC que "os referendos estudantis ajudam a expressar as perspectivas dos estudantes, mas não criam políticas universitárias e não são vinculantes para a instituição".

"Após um pedido formalbanca apostadesculpas aos descendentes, renomeando dois prédios e oferecendo aos descendentes a mesma consideração nas admissões que dá aos membros da comunidadebanca apostaGeorgetown, continuamos a aprofundar o engajamento do nosso campus para desenvolver educação e programas que permitam a todos os alunos se envolver com a história da escravidãobanca apostaGeorgetown ", afirmoubanca apostacomunicado.

Por que agora?

As reparações a descendentesbanca apostanegros escravizados se tornaram uma questão importante nos Estados Unidos recentemente, uma vez que vários candidatos democratas à presidência colocaram a proposta como partebanca apostasuas candidaturas para a eleiçãobanca aposta2020.

Embora o graubanca apostaapoio às indenizações varie entre os candidatos, o fatobanca apostaa questão ter migrado das margens para o centro da política reflete uma mudança mais ampla no discurso político dos EUA.

William Darity Jr é professorbanca apostapolítica pública na Duke University, nos EUA, e um dos principais especialistasbanca apostareparações do país.

"E uma surpresa agradável que a conversa sobre reparações se tornou tão rica e abrangente na esfera pública recentemente", diz ele.

"Ver vários candidatos à presidência falando abertamente sobre o tema significa que a conversa que estamos tendo é diferentebanca apostaqualquer outra que já tivemos sobre o assunto nos Estados Unidos."

O senador democrata Cory Booker apresentou recentemente um projetobanca apostalei para estudar a possibilidadebanca apostareparações para descendentesbanca apostaescravos como "uma maneirabanca apostaabordarbanca apostafrente a persistência do racismo, da supremacia branca e do preconceito racial implícito" nos EUA.

Cory Booker

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Cory Booker está entre os candidatos democratas à presidência que defende as reparações pela escravidão

Darity diz que esse projetobanca apostalei poderia oferecer uma maneirabanca apostaanalisar como as reparações funcionariam.

"Temos um sistema judicialbanca apostaque quando alguém é prejudicado... encontramos uma maneirabanca apostaatribuir valor a isso. Sempre fico surpreso quando as pessoas dizem que não poderíamos fazer algo semelhante para os descendentesbanca apostanegros escravizados."

O parlamentar usa o exemplo dos "40 acres" (equivalentes a 16,7 hectares ou uma área equivalente a cercabanca aposta16 camposbanca apostafutebol) prometidos, mas nunca concedidos, aos negros que foram escravizados.

"Eu fiz uma análise computacional do valor dos 16 hectaresbanca apostaterra que foram prometidos aos negros escravizados. Isso significaria algobanca apostatornobanca apostaUS$ 80 mil para cada americano elegível."

Darity diz ainda que "admira" os estudantes da Universidadebanca apostaGeorgetown, mas tem "fortes reservas" sobre "reparações fragmentadas" e espera que iniciativas locais como esta não desviem a atenção da necessidadebanca apostaações nacionais.

A BBC entroubanca apostacontato com a Universidadebanca apostaGeorgetown pedindo mais comentários.

*Cache McClay também colaborou com esta reportagem.

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