O algoritmo desenvolvido por brasileiros para tentar prever e evitar suicídios:upbet afiliados

Imagem mostra braço se aproximandoupbet afiliadoscelular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ferramenta é capazupbet afiliadosanalisar sinaisupbet afiliadosrisco no uso do celular

O algoritmo escolhido foi o mesmo utilizado pelos e-mails para identificar quais mensagens devem ir para a caixaupbet afiliadosspams e quais devem ficar na caixaupbet afiliadosentrada.

O primeiro passo foi "ensinar" o algoritmo a identificar cartas e anotações relacionadas ao desfecho do suicídio. Para isso, foram utilizados textos escritos por Virginia Woolf dentro dos dois meses anteriores àupbet afiliadosmorte.

Este corte temporal foi determinado pelos médicos, que entendem que neste período ela já havia entradoupbet afiliadosum estágio crítico para o risco do suicídio.

Depois que o sistema estava treinado, ele foi aplicado aleatoriamenteupbet afiliadosdiversos textos da romancista, escritos tantoupbet afiliadosperíodos pré-tentativasupbet afiliadossuicídio comoupbet afiliadosoutros períodosupbet afiliadosque ela estava foraupbet afiliadosrisco.

O resultado é que o algoritmo acertouupbet afiliados80% dos casos. Ou seja, a cada 100 textos analisados,upbet afiliados80 ele apontou corretamente o desfecho: se Virgínia iria ou não tentar se matar nos próximos meses.

Segundo Passos, a ideia é que, no futuro, a mesma ferramenta possa ser transplantada para um aplicativo capazupbet afiliadosanalisar tudo aquilo que escrevemos no smartphone, como mensagens no WhatsApp eupbet afiliadosredes sociais, e que iria emitir um alerta caso haja riscoupbet afiliadossuicídio.

Mas o médico lembra que o algoritmo é individualizado, já que o padrãoupbet afiliadosescritaupbet afiliadoscada pessoa é diferente. Ou seja, o algoritmo construído para Virginia Woolf funciona apenas para Virginia Woolf.

Além disso, a ferramenta só pode ser aplicadaupbet afiliadospacientes que já tentaram se matar, justamente porque precisa ser treinada com baseupbet afiliadoseventos prévios. Como explica o professor, o principal fatorupbet afiliadosrisco para suicídio é justamente já ter tentado suicídio.

Fotoupbet afiliadosperfil da escritora britânica Virginia Woolf

Crédito, George C Beresford/Getty Images

Legenda da foto, Para desenvolver ferramenta, equipe usou textos da escritora britânica Virginia Woolf

Mais do que isso, as pessoas costumam deixar sinaisupbet afiliadosque vão se matar: "Essa pessoa que dá pistas, que fala que vai se matar, que escreve uma cartaupbet afiliadossuicídio, ou o aluno que no colégio busca o coordenador ou fala pro amiguinho que pode tentar se matar, essa pessoa a gente tem que olhar com calma. Ela pode realmente se matar".

No futuro, o modelo criado pela equipeupbet afiliadosPorto Alegre poderá se tornar ainda mais preciso pela inclusãoupbet afiliadosoutros fatoresupbet afiliadosrisco, como o sexo do paciente (no Brasil os homens se matam 4 vezes mais do que as mulheres), históricoupbet afiliadossuicídio na família ou consumoupbet afiliadosálcool ou outras drogas.

O professor não descarta que o aplicativo possa analisar inclusive variações no fenótipo digital do usuário, como o tomupbet afiliadosvoz ao telefone ou a velocidadeupbet afiliadosdigitação.

Para o médico, este tipoupbet afiliadosalgoritmo deve tornar a medicina mais preventiva: "Hoje o sujeito chega deprimido no meu consultório. Imagina que no futuro talvez ele chegue muito antes. Não vamos tratar o episódio depressivo, vamos prevenir o episódio depressivo".

O trabalho compôs a dissertaçãoupbet afiliadosmestradoupbet afiliadosGabrielaupbet afiliadosÁvila Berni e contou com a supervisão do professor Flávio Kapczinski, da McMaster University.

Para mim o mundo era preto e branco

Teresinhaupbet afiliadosLourdes da Silva tem 60 anos e já tentou se matar duas vezes. A primeira foi há maisupbet afiliados15 anos, depois do divórcio do ex-marido. Três anos depois, uma nova crise depressiva resultou na segunda tentativaupbet afiliadostirar a vida. "Eu não tinha mais graçaupbet afiliadosviver, para mim o mundo se resumiaupbet afiliadospreto e branco."

As coisas começaram a mudar quando Teresinha decidiu levar a sério o tratamento, com consultas periódicas ao psiquiatra e usoupbet afiliadosmedicação. O apoio da família também foi fundamental, especialmente nos períodos mais críticos da depressão,upbet afiliadosque ela não podia ficar sozinhaupbet afiliadoscasa.

Ilustração mostra mão alcançando outra

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Algoritimo desenvolvido por pesquisadores brasileiros visa agir preventivamente

Teresinha voltou a trabalhar como babá e fica felizupbet afiliadosservirupbet afiliadosexemplo para quem está passando por momentos difíceis. Seu principal conselho é procurar ajuda: "Nunca a gente consegue sozinho. Se eu não tivesse procurado um atendimento especializado eu tinha me consumido. Eles (profissionaisupbet afiliadossaúde) são os anjos da minha vida".

Para o médico Ives Cavalcanti Passo, o casoupbet afiliadosTeresinha comprova o quanto o suicídio pode ser evitado: "Se a pessoa tem ideação suicida, se tu identifica e trata bem, é um evento extremamente reversível".

Virginia Woolf: traumas familiares e obscurantismo

A "paciente" escolhida no estudo do HCPA teve uma vida conturbada, seja pelo âmbito familiar como pelo contexto histórico que a Europa vivia na primeira metade do século 20.

Nascidaupbet afiliados1882upbet afiliadosum distritoupbet afiliadosLondres, Reino Unido, Virginia Woolf cresceuupbet afiliadosmeio a artistas e intelectuais fortemente influenciados pelos pensamentos que surgiam na época, entre eles a psicanálise e o niilismo.

A professora do Programaupbet afiliadosPós-graduaçãoupbet afiliadosLetras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Elaine Indrusiak lembra que este ideário pré-guerras mundiais teve forte influência na vida e obraupbet afiliadosVirginia Woolf.

"O choque entre a moralidade vitoriana muito rigorosa e o obscurantismo que começa a surgir, da falênciaupbet afiliadostudo (...) Virginia colocaupbet afiliadosletras essa fragmentação que ela vivia e sentia na psique, mas que também é uma fragmentação da própria sociedadeupbet afiliadosque ela vive".

No âmbito pessoal, a vidaupbet afiliadosWoolf foi marcada pelas perdas da mãe (aos 13 anos) eupbet afiliadosdois irmãos. Várias biografias contam que ela e a irmã Vanessa foram abusadas sexualmente por dois meio-irmãos mais velhos.

Segundo Indrusiak, a escritora também não se conformava com a maneira como a sociedade subjugava as mulheres. Fatores que, associados ao diagnósticoupbet afiliadostranstorno bipolar, explicam muitas das angústias reveladas nos diários e cartas analisados pelos médicos do HCPA.

Virginia Woolf

Crédito, Central Press/Getty Images

Legenda da foto, Virginia Woolf viveuupbet afiliadoscontexto familiar e histórico conturbados

Do pontoupbet afiliadosvista literário, a professora destaca que Virginia Woolf é uma das escritoras que utilizaramupbet afiliadosforma mais magistral a técnica do fluxoupbet afiliadosconsciência e destaca três obras da romancista inglesa: Rumo ao Farol, Mrs. Dalloway e Orlando.

O CVV - Centroupbet afiliadosValorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídioupbet afiliadosforma voluntária e gratuita pelo telefone 188, sob total sigilo, 24 horas por dia. Para mais informações sobre onde procurar ajuda para si ou para amigos e familiares, acesse: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio.

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